Título: Eles Estão Aqui!
Autor(a):Crica

FANDON: BONANZA

Shipper: Não há
Gênero: Aventura, Comédia, Universo Alternativo, Ficção
Censura / Classificação: M
Capítulos: vários
Completa: Não
Resumo ou uma promo: Não vou escrever sinopse porque esse é um presente para todas as minhas amigas Bonanzers e não vou estragar a surpresa. Então, se quiserem saber do que se trata, leiam!

Eles estão aqui!

CAPÍTULO 1: TEMPESTADE DE AREIA

O sol escaldante do deserto de Nevada queimava os rostos dos três Cartwright que cavalgavam ansiosos por chegarem em casa, depois de terem cumprido, com sucesso, o negócio do qual seu pai os incumbira uma semana mais cedo.
_ Raio de calor... – Joe reclamou, limpando o suor que escorria do rosto com a manga da camisa _ Não vejo a hora de estarmos em casa.
_ Nem eu. – Adam, o mais velho dos irmãos, concordou, arrolhando o cantil quase vazio.
_ Mal posso esperar para saborear o rosbife especial de Hop Sing, camaradas.
_ Você só pensa em comida, Hoss. – o caçula do trio reclamou novamente – Vamos acelerar o passo ou não deixaremos este maldito deserto antes do anoitecer – e passou pelo irmão do meio, batendo-lhe no grande chapéu que quase foi ao chão.
_ Pare de gracinha, seu peste! – Hoss gritou para o outro que tomava a sua distância e cutucou seu cavalo para segui-lo.
_ Oh, céus... – Adam rodou os olhos e sorriu – Vamos correr, então...
A cavalgada dos três homens levantou um espesso rastro de poeira na planície desértica. Quem os visse, ao longe, pensaria que um bando inteiro de Apaches estaria em seu encalço.
Não tardou para que os cavalos dessem sinal de cansaço e a marcha tivesse que ser desacelerada. Todos os três apearam junto de um córrego ínfimo, de águas escuras e salobras para que os animais matassem a sede e recuperassem a força.
_ Bem – O mais velho retirou o chapéu preto e abanou-se com ele _ Podemos estar mais perto, mas ainda me sinto assando.
_ Essa sua correria maluca não foi de muita ajuda, irmão menor – Hoss bateu atrás da cabeça de Little Joe.
- Ah, cale a boca, grandalhão! – Joe fechou a cara _ O que você queria? Passar mais uma noite nessa droga quente e poeirenta? – Colocou as mãos na cintura em tom desafiador _ Pois eu não. Não vejo a hora de me jogar numa banheira cheinha e na minha cama macia e cheirosa.
_ Está falando como uma mocinha, irmãozinho – Adam decidiu pilheriar _ Quem o escutar vai pensar que não é homem o bastante para enfrentar uma cavalgada no deserto.
_ Ora, seu... – Joe foi impedido de avançar no pescoço de Adam pelo braço poderoso do irmão do meio que o deteve, segurando-o pelo cinto das calças.
_ Fiquem frios, vocês dois e escutem.
_ Escutar o que? – Adam levantou-se.
_ Não ouço nada – Joe concordou, parando de lutar para libertar-se.
_ Pois é justamente isso... – Hoss tirou o chapéu alto e virou um pouco o rosto na direção do Sudoeste _ Silêncio demais... Isso não é bom.
_ E não seria bom, por que... – Adam não podia perceber o motivo de tanta preocupação, mas de uma coisa ele sabia: se Hoss estava preocupado com algo, ele também ficaria porque seu irmão tinha um talento especial para interpretar os sinais da natureza.
_ Porque esse monte de banha está ficando caduco, é isso. _ Little Joe bateu a poeira acumulada em sua camisa.
_ Cale a boca, Joe ou vou socar essa sua cara agora mesmo! – Hoss fechou o punho.
_ Está certo... – O caçula dos irmãos largou-se junto ao pequeno córrego e apanhou um bocado de água entre suas mãos, molhando o rosto para aliviar o calor.
_ Você não estão ouvindo ainda? – Hoss insistiu, franzindo o rosto numa preocupação crescente.
_ Que diabos você está ouvindo, Hoss? – Adam perdeu a paciência _ Diga-nos logo ou vamos sair deste lugar de uma vez.
_ Era só o que nos faltava...
_ Hoss, eu estou avisando... – Adam empurrou o chapéu para trás e empinou o dedo indicador na direção do irmão.
_ Montem. – Finalmente o homem respondeu _ Montem e cavalguem o mais rápido que puderem – correu na direção de Chubb.
_ E essa agora! – Joe ergue-se num salto _ O que deu nele?
_ Andem logo, vocês dois! - Hoss gritou, virando e atiçando seu cavalo _ Tempestade de areia e das grandes! Montem!
_ E só agora você avisa? – Adam reclamou, correndo para montar Sport no mesmo segundo em que Joe saltou sobre Cochise.
Todos os irmãos puxaram seus animais ao limite de suas forças enquanto a parede de vento e poeira crescia às suas costas e ganhava terreno. Joe e Adam sabiam, agora, o que tanto prendia a atenção do seu irmão do meio, porque a imagem daquele rolo compressor de vento e areia que os caçava era assustadora.
_ Andem! - A voz de Hoss sumia dentro do ronco da tempestade _ Ela vai nos pegar!
_ Os cavalos não podem mais! – Joe respondeu tão alto que sua garganta doeu.
Antes que qualquer um pudesse ensaiar uma saída, a parede volumosa os envolveu, de forma que um não conseguia mais avistar o outro.

Na mesma estrada, 154 anos mais tarde...

_ Cara, Maria, essa ideia de ir a Carson City numa road trip pareceu legal a princípio – Virgínia reclamou, prendendo os longos cabelos louros num rabo de cavalo _ Mas está um calor dos infernos!
_ Se você tivesse escolhido um carro fechado com ar condicionado... – Crica enxugou o suor que escorria por trás dos óculos.
_ Qual é, meninas! – Maria ajeitou o lenço que cobria sua cabeça e empurrou os óculos escuros para cima _ Que graça teria uma road trip se não fosse num Cadillac conversível?
_ O Cadillac é sensacional, Maria – Ana deu apoio à amiga _ Mas a gente poderia levantar a capota um pouquinho. Vamos combinar que o sol está de lascar...
_ E que a gente vai chegar à convenção parecendo um prato de camarões fritos – Bonanzer espalhava o bloqueador solar sobre a pele.
_ Caramba, vocês estão parecendo um bando de velhotas. – Por essa, Maria Vaz não esperava, suas amigas reclamando o tempo inteiro _Onde está o espírito aventureiro?
_ Maria, minha filha, sair do Planalto Central pra me meter no deserto com 6 amigas que nunca se viram, num carro alugado, já é um ato de coragem.
_ É, a Virgínia está certa.
_ Até você, Crica? – Maria enviou um olhar fumengante à amiga _ Não estou acreditando nisso...
_ Relaxa, Maria – Penny tentou esfriar os ânimos _ Falta muito pra próxima cidade? Se a gente der uma parada pra tomar um banho fresco, vamos ficar mais calmas e...
_Gente... – Ninguém tinha reparado que Bonanzer estava de joelhos no banco traseiro do automóvel.
_ Está maluca, Bonanzer! – Virgínia puxou-a para baixo _ Do jeito que a Maria corre, você vai despencar lá no meio da estrada!
_ Gente...
_ Está certo, Bonanzer – Crica afirmou, ao lado da motorista _ Nós vamos nos acalmar e assim que a...
_ GENTE!
_ O QUE É?! - Todas as outras mulheres perguntaram, irritadas, em uníssono.
_ Gente... – Bonanzer tinha os olhos arregalados _ Vocês assistiram "A Múmia" ?
_ O que é que A Múmia tem a ver com a convenção de Bonanza, minha filha? – Virgínia rolou os olhos.
_ Pode ser que eu me engane, mas aquilo lá atrás não é uma tempestade de areia?
As companheiras de viagem, exceto a motorista – por motivos óbvios – voltaram-se para trás em busca do que estava assustando tanto sua amiga e, ao se depararem com a imensa cortina de poeira e vento se erguendo violentamente do chão e se revirando no céu em rolos de terra amarelada, perceberam que aquilo logo estaria sobre elas.
_ Pisa, Maria! – Ana gritou, cutucando o ombro de Maria que ainda não tinha percebido o tamanho do problema, até prestar atenção no espelho retrovisor.
_ Anda, Maria, acelera essa coisa! - Penny gritou, meio apavorada.
_ Já pisei tudo! – Maria engoliu em seco _ Se for mais depressa a gente decola!
_ Isso não seria uma má ideia agora, amiga... - segurando-se ao bando dianteiro, Sílvia empurrava os pés contra o assoalho do carro como se, com isso, pudesse fazê-lo ir mais rápido.
O antigo Cadillac não era páreo para a parede tempestuosa que voava sobre as viajantes com uma fúria assustadora. Elas jamais pensaram que um dia poderiam ter que enfrentar uma das conhecidas tempestades de areia dos velhos filmes de faroeste que tanto gostavam de assistir.

CONTINUA...