DISCLAIMER: DN e seus personagens não me pertencem, isso é apenas um fanfic despretenciosa com intuito de divertimento.

Homenagem in memoriam a L - 05/11.Repouse em Paz, Lawliet.


Cravos

Vendi muitas flores essa semana. Cravos, na maior parte do tempo. O estoque acabou e não pedi mais. Não irei repor até o próximo ano.

Quando for época de cravos novamente.

"O cravo brigou com a rosa

Debaixo de uma sacada"

Em plena quarta-feira, fecho a loja. Pode parecer estranho que faça isso logo após trabalhar em um feriado, mas para mim é o gesto óbvio.

O dia de luto é hoje.

"O cravo saiu ferido

E a rosa despedaçada"

Tirei do armário a caixa encapada com papel florido. Desta vez é particularmente sofrido retirar uma a uma as fotos amareladas pelo tempo, como se descascasse aos poucos as camadas do meu coração.

Até o miolo ser exposto.

"O cravo ficou doente

E a rosa foi visitar"

Jardins, lagos, neve, deveres, sonhos. Quem diria que tanto havia sido registrado? Limpo as lágrimas que transbordam quando chego ao dia do sorvete de pistache que dividimos. Dividimos?! Você ficou com a maior parte.

Quanta gulodice. Doces, sorvetes, bolos, frutas. E eu no meio disso tudo.

Por que não controlou sua gulodice por charadas?

"O cravo teve um desmaio

E a rosa pôs-se a chorar"

Ouço a sua voz despreocupada dizendo "Esse caso me interessa muito", enquanto devora os pêssegos em calda. Aquele hotel caro tinha cravos nas sacadas. Lembro-me bem.

Foi quando me deu esta caixa cheia, ainda que desencapada.

Queimar?

Sabia que eu não o faria.

Ignorando o respeito que se deve aos mortos, a palavra "idiota" se forma em meus lábios.

Me desculpe, me desculpe.

Hoje não olharei a foto de você correndo na chuva.

É que hoje tive um sonho sem sentido, sonho sem começo e sem final e sem lembrança, que só merece ser chamado de sonho porque nos flashes confusos o seu rosto, o seu cheiro e a sua voz límpida se destacam dos borrões, um sonho irrelevante e triste, "Este caso não me interessa", você diz, põe de lado o jornal e continuamos a comer pêssegos em calda e sorvete de pistache, e assim acordo da mesma forma que todos os dias depois de viver um sonho incompleto, só com meio, sem começo e sem final, apenas suspenso no ar sem sustentação como a assistente do mágico fajuto em um show de mentirinha.

Hoje não olharei a foto de você correndo na chuva.

A única que eu mesma bati, momento que só eu vi.

"Acabaram os cravos, só ano que vem."

Quanta inveja dos que têm um túmulo para levar flores!

Mas em você que não se importou em não ter nome, doerá falta de lápide?

Por via das dúvidas, gravei "L Lawliet" na lateral da caixa. Não há nada seu aqui. Nem carne ou pó de osso.

Nem cinzas ou mesmo fios de cabelo.

Mas que importam restos mortais que se desfazem? O melhor de L Lawliet partiu com ele.

Registros dos casos?

Desconheço.

Proezas do detetive L?

Ignoro.

Nesta caixa repousa apenas um testemunho:

L Lawliet viveu.


Notas finais: é, bem... acho que nunca escrevi tão pouco!Isso é uma pequena homenagem ao dia da passagem do nosso querido L, vivo em nossos corações. Não tem muito que explicar, só digo que foi baseado em um sonho que tive de verdade faz algum tempo. Já está escrita há quase dois meses, mas a postagem tinha que ser hoje.

Remeber, Remember, 5th November.