N/A: Essa idéia apareceu na minha mente na minha semana de provas. Surto de criatividade expontânea é a única explicação, de novo.

Disclaimer: Pedi pra mamãe, mas ela disse que tava caro. Então não, eu não sou dona de Rurouni Kenshin. Eu só uso os personagens para o prazer da minha mente problemática.


Provas. A maldição de todo estudante. Nessa única folha de papel, descansa o resultado de se você realmente conseguiu cumprir todas aquelas promessas que todos fazem no fim do ano, de que "eu vou melhorar ano que vem, vou estudar todo dia" e blábláblá. Mas, quando você lê a primeira pergunta e mais parece que você está lendo grego, quando você percebe que esqueceu como é o seu nome... E que você não sabe que droga de matéria é aquela que o sacana do professor colocou na prova... Você percebe um fato bem simples – provas foram criadas para arruinar a vida dos pobres estudantes desavisados, que tentaram fazer o possível para manter a sanidade nesse inferno que chamam de ensino médio.

- Kamiya.

Mas quem foi o imbecil que deu essa idéia? Por que eu tenho que decorar 60% da matéria que esses professores jogam em cima de mim para poder seguir em frente com a minha vida, se mais da metade eu não vou usar, mesmo?

- Kaoru.

Hm... estranho... acho que ouvi alguém me chamar... de qualquer forma, aonde eu estava? Ah, sim. Provas. Droga. Olha, esse desenho parece a professora... mais alguns raios... um em cima dela.... quem sabe um piano caindo? Não, muito clichê de desenho animado. Já sei!!! Tubarões!! Não, clichê... ah, quer saber? Coloca tudo – raios, piano, tubarões, jacarés, najas, uma bigorna, uma bomba... MUAHAHAHA morre, professora idiota!!! Toma essa!!

- Kamiya Kaoru, o que você pensa que está fazendo!?

E, com apenas 9 palavras, eu soube que eu tinha me ferrado. Então, como sempre, me apressei em explicar para a professora que o desenho me ajuda a pensar, e que eu realmente não tenho controle sobre o que eu estou desenhando, e que cada um tem suas manias e blábláblá. Tudo mentira...bom, quase tudo. Os desenhos realmente me ajudam a concentrar. Sim, estranho, eu sei, mas é a vida, né? E, enquanto eu falava todo o meu discursozinho pronto, a professora ficou me olhando com cara de que "uhum, faz de conta que eu acredito..."

- Kamiya, se importa de descrever o que você desenhou?

Droga, droga, droga, droga.

- Hm... uma mulher que eu não sei quem é... passeando por um campo.... na chuva... e... com um piano... e uma bigorna... ela vai...forjar uma...ferradura para o...jacaré aqui do lado... e...o tubarão estava sem muito o que fazer e decidiu ir com ela assim como...as najas, e isso que... parece uma bomba, é um balão com pouco gás que ela está usando para produzir o fogo para forjar a ferradura! – Eu estava sinceramente orgulhosa da minha criatividade. Ela nunca poderia discutir com isso, certo? Claro, eu ignorei as risadinhas da turma.

- Kamiya, uma bela explicação, se não fosse pelo fato de segundo sua própria legenda, essa mulher que você não sabe quem é sou eu. E, óbvio, se não fosse as palavras "MORRE, DESGRAÇADA" escrito embaixo sublinhado. Sem contar que jacarés não usam ferraduras, como você obviamente parece achar.

Mais risadinhas da turma enquanto eu me encolhi na minha carteira, corando de vergonha. E ainda reclama de eu matá-la em todos os meus desenhos. E, óbvio, a tirana me mandou levantar e ir para a diretoria, com minha prova, para discutir a tendência um tanto psicopata dos meus rabiscos. Ela chamou meus desenhos de rabiscos!! Vadia. Devia ter desenhado ela em um incêndio.

Enfim, pela quinta vez esse mês, me encontro sentada na sala do diretor, com ele me dizendo exatamente porque desenhar formas de se matar minha professora não é saudável e tudo isso. Tipo, ele também tem que ensinar para a gente que matar professores é errado, mesmo em desenho, certo? NÃO!! Cadê a liberdade de expressão!? Estou sendo reprimida! Exijo meus direitos!!

- Kaoru, você escutou alguma das coisas que eu disse?

- Honestamente...? Não.

Esse era o bom do nosso diretor – ele era legal. Quer dizer, quando ele não estava ocupado com suas idéias pervertidas. Ele tinha uma cara bem de avô, e em geral era animado e simpático, sempre pronto para te ajudar.

- Você não vai melhorar, vai? – ele disse, com um suspiro

- Eu estava pensando na resposta da pergunta! – mentira, mas ele não precisa saber disso – E a liberdade de expressão? De acordo com a constituição, eu tenho o direito de desenhar e escrever tudo o que eu quiser!

Me sinto como uma artista revoltada com a sociedade.

- Kaoru, por mais que eu entenda que você acaba fazendo essas coisas quando está entediada, Komamura não está exatamente feliz com você por isso.

- Eu percebi – respondi, revirando os olhos – é a quinta vez esse mês, certo?

- Agora você conta? – Kashiwazaki perguntou, rindo de leve.

Eu dei ombros. Ele sabia a resposta assim como eu.

- Enfim, tente evitar ao máximo seus desenhos assassinos da Komamura-sensei, e tudo vai ficar bem, certo?

Ele odiava brigar com a gente, era fácil de perceber.

- E, quanto a prova, pode ir para a biblioteca para terminá-la por lá. A bibliotecária vai te vigiar, e dessa vez, tente evitar os desenhos.

Eu suspirei, mas concordei com a cabeça. Era melhor que ficar sem nota, que nem na última prova... quer dizer, eu só tinha escrito um versinho!! Não vejo porque a Komamura-sensei ficou tão irritada por isso. Sem contar que eu não faço essas coisas só com ela, faço com todos os professores, e só ela fica irritada.

Pouco tempo depois, lá estou eu, sentada na biblioteca. A prova parece estar zombando de mim. Maldita. Enfim, pensamentos irritados a parte... essa prova é de que mesmo? Eu olho para cima, e a bibliotecária está me encarando como um gavião, como se no momento que ela piscasse, eu fosse conjurar uma cola do ar e fazer tudo antes de ela voltar a abrir os olhos. Haha. As vezes eu acho que ou eu que sou de outro mundo ou essas pessoas estranhas que são.

Certo... pensa...

Para minha surpresa, não foi tão difícil depois que eu me forcei a me concentrar. Eu estava na última pergunta, a mais complicada, quando eu escutei alguém entrando na biblioteca. Obviamente, olhei para cima de novo, e quase congelei. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o cabelo – comprido, preso em um rabo de cavalo alto, e de um tom de vermelho forte que eu nunca tinha visto antes. Depois foram os olhos, de um violeta forte com um fino círculo dourado em volta da pupila. Uh-lá-lá! Meu deus, isso foi gay até para mim... Enfim, ele era lindo. Devia ser só um pouco mais alto que eu, e eu não pude deixar de notar como as roupas que ele estava usando – uma blusa preta simples e jeans folgado – caiam bem nele...

É, eu realmente fiquei babando no carinha desconhecido, algum problema? Enfim, ele me olhou rapidamente, com curiosidade, provavelmente por eu ser a única estudante na biblioteca no meio do horário, e foi até a Bibliotecária Gavião. A voz dele sem dúvida era tão bonita quanto ele. Não que eu tenha entendido, já que ele falou baixo, mas deu para ter uma idéia.

- Kamiya, era para você estar fazendo prova!

Uma vez mais, a maldita prova arruína a minha vida. Eu abaixei a cabeça, sentindo o sangue correndo para meu rosto enquanto ele me olhava. O que tem de errado comigo? Babar em carinhas randômicos não é normal para mim! ...Ok, é normal sim, mas não é normal eu corar e ficar me sentindo como uma idiota só porque ele olhou para mim. Duas vezes. Yay! Realmente tem algo errado comigo. Eu continuei tentando fazer a prova, tentando ignorar ao máximo um certo desconhecido extremamente atraente.

Quando eu finalmente terminei de escrever a resposta da última questão com um floreio, eu me levantei de um salto, dando soquinhos no ar. Eu sou dramática, dá licença? Enfim, lá estou eu, comemorando alegremente, quando eu escuto um riso baixo. Eu olho para cima e, para minha humilhação, o único que estava por perto para ver meu pequeno showzinho de vitória era... sim, você adivinhou. Ele estava rindo de leve, os olhos violeta brilhando levemente de divertimento.

Hoje realmente não é meu dia. Eu paro minha dancinha, me concentrando, enquanto isso, em parar de corar. Bem mais difícil do que parece, na verdade. Depois de um tempo que parecia se arrastar para sempre, Bibliotecária Gavião finalmente nos dá o ar de sua graça. Eu entrego a prova o mais rápido que eu posso para ela, e tento fugir da biblioteca antes que me humilhe ainda mais. A palavra chave sendo "tento".

- Kamiya, você tem que esperar o sinal tocar.

Essa mulher tem que estar de brincadeira. Eu me arrasto de volta para a mesa, e me deixo cair com um resmungo. Pouco depois, enquanto eu estou tentando entrar de volta naquele lugarzinho feliz que eu tenho na minha mente, percebo que a cadeira ao meu lado foi puxada... e um certo alguém está sentando nela. Ele me deu um sorriso leve. Eu sorri de volta.

- Você é novo aqui? –Isso, brilhante! Puxe assunto! É bem melhor que esse silêncio desconfortável.

- Aham. Meu nome é Himura Kenshin. – Sorriso. Ele tem um sorriso legal, que faz você sorrir junto.

- Kamiya Kaoru. – Ok... puxar assunto quando você não tem assunto é complicado. Ficamos em silêncio... não aquele normal, mas aquele de quando você tentou falar, mas acha que já pagou mico demais na frente do outro para começar a falar, principalmente porque você não pensa muita coisa coerente e...

- Como foi na prova?

Que?

- Que? – Que lindo, uma das primeiras vezes que falei o que eu pensei!

- Você estava fazendo uma prova, né?

- Hm... aham. Acho que fui bem. – respondi, com otimismo. Eu fui bem. Eu espero. Rezo. Ok, chutei umas duas....das 5. Duas e meia. Mas dane-se.

- Por que você estava fazendo uma prova na biblioteca?

Eu sabia que a maldita perguntinha ia aparecer em alguma hora.

- Hm... a professora meio que... me expulsou da sala no meio da prova. – Respondi, sem jeito. Assim que o sinal tocar, ele vai correr e chamar um hospício, não duvido nada.

- Por que?

- Bom... eu estava tentando pensar na resposta para a pergunta e comecei a desenhar... E ela não gostou do desenho.

- Só por isso? – Ele parecia chocado. Ele realmente acha que eu fiz um desenho tipo uma florzinha ou algo assim?

- É que eu desenhei ela... Cercada por tubarões, jacarés, najas, uma bomba, um piano e uma bigorna caindo em uma tempestade de raios. – eu falei o mais rápido que eu consegui. Já consigo ouvir a ambulância.

Ele me olhou, surpreso, os olhos violeta enormes. Silêncio... Quanto sangue pode ir para a cabeça de uma vez só em um único dia? É a... Terceira ou quarta vez que eu coro, e só nessa biblioteca! Sem contar na sala, quando a professora ficou me enchendo. Tem que ser um novo recorde. E ele vai mesmo ficar só me olhando?

E, como se tivesse finalmente entendido o que eu tinha dito, ou lido meus pensamentos – o que não seria surpreendente, já que as vezes eu penso em voz alta – ele começou a rir. Muito. E, meio que sem querer, eu comecei a rir junto. Por que eu ri quando ele riu? Sei lá, reflexo, mesmo motivo de eu ter sorrido quando ele sorriu. Sem contar que eu estava com vontade de rir daquele desenho a um tempo. Então continuamos rindo, as vezes tentando segurar o riso, mas aí voltávamos a rir de novo... Nem mesmo a Bibliotecária Gavião conseguiu nos fazer parar de rir. E ela tentou bastante. Quando finalmente conseguimos algo que lembrava ao menos um pouco com alto controle, o sinal tocou. Maravilha, quando finalmente algo dá certo, essa droga de sinal vem e atrapalha tudo.

Então, nos levantamos, pegamos as mochilas. Joguei a minha por sobre um ombro, sem me importar, e ele fez o mesmo. Andamos em mais um silêncio até a porta, nos despedimos e cada um foi para o seu canto. Ou tentei, pelo menos, já que era o recreio do ensino fundamental, e eu de repente me vi tentando caminhar por sobre uma corrente de pirralhinhos que corriam e berravam. Sério, o que esses pirralhos tem? Até parece que tem um psicopata assassino atrás deles com facas. Ou com um DVD do Barney.

Depois de ser atropelada, pisoteada, empurrada e quase jogada pela janela do segundo andar por essas miniaturas de gente... Eu finalmente cheguei na minha classe e entrei, comemorando mentalmente por ter sobrevivido. A turma riu de mim, como sempre, mas já acostumei. Eu sou a artista louca da sala, ou pelo menos é assim que eu ouvi um dos garotos me chamarem. Eu fui para meu lugar – a única carteira toda rabiscada da sala. Sério, o tampo nem branco mais era – e me joguei na cadeira.

Misao, - vulgo: doninha, minha amiga, a pessoa que senta na frente de mim – quase que pulou em cima de mim, se não fosse pelo professor estar preparado.

- Sentada, Misao.

Ela deu um suspiro e revirou os olhos antes de se virar na cadeira,

- E aí, o que o Jiya disse? – Ah, esqueci de mencionar que a Misao é a neta do diretor. Neta adotiva, pelo menos. Ele que a criou desde pequena.

- O de sempre: Não devo desenhar Komamura-sensei morrendo de qualquer forma. Mas ele não disse nada sobre torturas.

- Não se preocupe, Komamura-sensei é uma...

- Misao, o que eu disse? – O professor nos interrompeu. Como sempre. Ele era um dos mais legais, mas... é o trabalho dele, né? Sem contar que a Misao fala alto...

- Que eu não podia me levantar – Misao respondeu, angelicalmente. Quase pude ver uma auréola em volta dela. – Você não disse nada sobre conversar.

- Sem conversas também. – O professor completou, rindo de leve, antes de voltar para o quadro.

Então, como sempre, a Misao catou meu caderno e minha lapiseira e escreveu rapidamente.

"Ouvi dizer que tem um aluno novo!!"

... Eu não acredito que tudo o que ela queria dizer era isso. Misao sempre sabe tudo pela escola, ou pelo menos tudo que vale a pena saber. Quando éramos pequenas, ela sempre dizia que era uma ninja, e até hoje, eu não sei se ela largou os ninjas completamente. Ela sempre está no lugar certo na hora certa, é rápida (faz parte do time de corrida da escola, a melhor corredora do time feminino) e é boa em ginástica... Mantenho minha teoria de que ela está secretamente treinando para ser ninja, e depois vai treinar outros e formar um exército de doninhas ninjas hiperativas para tentar dominar o mundo! Mas essa é só minha teoria, claro.

"Tem sim, eu o conheci na biblioteca. Ele chegou atrasado, acho. Bem atrasado, já que era metade do segundo horário"

"E...?! CONTA MAIS!!!"

"Quer que eu te conte o que?"

"Para começar, se ele é gostoso. E depois, sobre tudo, cada palavra que vocês disseram, se ele suspirou, se ele riu... TUDO."

E eu que sou a fofoqueira, né? Tirando o fato de que ninguém nunca me chamou de fofoqueira, mas você entendeu o que eu quis dizer.

"Dados – Aproximadamente da minha altura, cabelo ruivo comprido, olhos violeta. Incrivelmente bonito, de um jeito elegante..."

"Elegante? Como assim?"

.... "Estilo meio bishounen, feliz?"

"Muito. Mas só uma coisa – cabelo comprido ruivo? Olhos violeta? Baixinho? Tem certeza que ele é bonito?"

"Obrigada pelo seu comentário pela minha altura. Como se você fosse mais alta que eu. E acredite, o cabelo fica bem nele. E os olhos dele são bem... não sei dizer...."

"Gays?"

"MISAO!"

"Roxo é a cor do homossexualismo, sabe? É uma cor gay!"

"Antigamente era nobreza. E ele não tem jeito de gay. Nenhum cara gostoso que nem ele pode ser gay, a vida não seria justa."

"A vida NÃO É justa, Kaoru."

Isso me fez pensar. E se... Não, ele não era gay. Ele não tinha jeito de ser.

"NÃO."

"Veremos... eu tenho um sexto sentido para essas coisas."

"Misao, você não percebeu que o Kamatari era gay! Você nem percebeu que ele era um cara!!!"

"Você se apega demais a detalhes. Enfim, continue a descrever"

"Paguei mico duas vezes na frente dele, ele riu. Aí eu terminei a prova, e fiquei esperando o sinal tocar. Ele perguntou por que eu fiz a prova na biblioteca, eu falei a verdade, a gente riu e pronto."

"Só isso? Você fica metade de um horário com um cara que, por você, é incrivelmente lindo, e vocês conversam?"

"Oh, puxa, você tem razão. Eu devia ter agarrado ele e o levado para a sessão de antropologia que ninguém usa mesmo e ter ficado me agarrando com ele."

"ISSO!"

"Eu estava sendo sarcástica, doninha"

- Misao, Kaoru. Sem bilhetinhos. – O professor nos interrompeu, de novo.

- Mas você não disse nada sobre bilhetes!! – Misao reclamou imediatamente.

A turma riu – sério, as vezes eu acho que nós somos a distração cômica de todas as aulas. Mas quem sou eu para falar algo? Me ferro, mas me divirto. EU me divirto com a gente. Sério, é meio estranho. Misao fez um hang loose para o professor, o que fez a turma rir ainda mais. Nada como seus amigos estranhos... eles são únicos. E eu não sou melhor.


N/A: Espero que tenham gostado. Esse é só o primeiro capítulo e, sinceramente, eu não tenho certeza no que vai acontecer. Estou trabalhando no segundo capítulo, mas ele está mais difícil de escrever que o primeiro, então tenham paciência! Mas eu garanto que vou tentar postar o mais rápido que eu puder.

E deixem reviews! É bom saber que tem alguém que vai querer ler o resto!