Beta Reader: Anarco Girl

Eu não sou a J. K. Rowling.


Dado viciado

by Mello Evans


Eu te odeio, Potter. Ahh, como simplesmente eu te odeio. Você é irritante. E eu abomino a forma como você mexe na cicatriz – parece que vai arrancar o próprio cérebro por aquela rachadura – os seus cabelos espetados e sem direção alguma, o fitar enraivecido, a gravata afrouxada, o jeito que provoca arrepios na minha espinha e todas essas pieguices tolas, mas o que eu odeio mesmo, Harry Potter, é a aptidão que você tem de me fazer te amar.

Eu te amo desde o primeiro olhar, mas não aqueles superficiais que as mulheres dão para confundir os homens, e sim os intensos, os demorados, os profundos. Eu amo o mistério do teu verde contra o meu cinza, do armário de vassouras trancado no quarto andar, dos encontros em surdina depois do meu treino, das mãos calejadas na minha pele de seda, dos lábios levemente carnudos no meu pescoço, do "eu te amo" que você dizia – inocente, pensando que nosso relacionamento nunca teria um fim e eu amo isso, embora eu odeie de igual modo.

Mas o meu amor é como um dado viciado, corrompido. Tão corrompido que eu te traí, vociferei xingamentos, acusei, rebaixei, humilhei. Ohh grande Harry Potter, eu fiz coisas que até eu mesmo – sendo um Malfoy – não senti orgulho. Talvez algumas coisas fossem realmente verdade, afinal o Salvador-do-Mundo-Bruxo era uma aberração (e só minha), que a maioria dos que estavam ao seu lado só se importavam com a glória (diferente de mim, claro, a minha fama é natural).

E você me abandonou.

Agora estamos aqui, dezenove anos depois do fim da guerra e você está com aquela ruiva sem sal, você não me entendeu e me deixou para trás. Eu te derrubei e com rancor você me deu as costas e tudo isso porque você é burro, não percebeu o que estava subentendido. O meu amor é doente. Eu só queria te machucar para depois te consolar, acalentar e curar os machucados que eu mesmo fiz. Que você chorasse e eu enxugasse suas lágrimas depois de um punhado de sarcasmo.

Você nunca teve ciúmes, não? Seu idiota filho da mãe. Porque eu sim, e muito, e de você. Você tinha apenas que ser meu e não do mundo – como você mesmo queria, lembra? E é por isso que eu te odeio, por que você é obtuso, não percebeu o implícito.

Eu é que era para estar ao seu lado nessa maldita plataforma, de mãos dadas. Eu é que deveria te abraçar, sentir o teu calor, beijar os teus lábios – eu quase não me lembro mais o sabor –, ser seu sem medo de derrubar máscaras, sentir o frio do metal dos óculos viajando junto com sua língua em caminhos que me levam à loucura e fazer o mundo mágico saber que você é meu.

Porque eu sou egoísta, mimado e fútil.

Mas não se preocupe querido Harry Potter, você voltará para Draco Malfoy.

Fim.


Há tempos que eu não fazia nenhuma Drarry =) fiquei feliz com essa apesar de ser extremamente inocente comparado as minhas antigas, hehehe. – E pensar que eu só pensava nesse ship...

Review?