I. EM MEIO ÀS COBRAS, LITERALMENTE.

Há seis anos eu me perguntava o porquê de estar na Sonserina, e nunca encontrei respostas. Eu era mestiça, o que já fazia com que alguns de meus colegas torcessem o nariz ao passarem por mim, e, ao contrário de todos os outros da minha casa, não via o fato de ser uma sonserina como grande coisa. Aliás, a única coisa que eu tinha a ver com a maioria de meus colegas era a cor dos cabelos: louros. Longos e louros cabelos, que eu me irritava todas as manhãs na hora de pentear.

Quando eu estava no segundo ano, fiz amizade com Hermione, uma garota da Grifinória. Ela gostava de passar um bom tempo na biblioteca, assim como eu, e conseguia me superar em inúmeros feitiços, apesar de ser nascida trouxa. Era simplesmente incrível. Graças a convivência com ela, adquiri nojo pela casa em que eu me encontrava, principalmente por Draco Malfoy e dois amigos asquerosos dele. Cheguei a pedir ao Chapéu Seletor para que me trocasse de casa, o que ele não permitiu. Minha amizade com Harry Potter e os irmãos Weasley também não me ajudou muito a adquirir muito respeito em meio aos sonserinos. Cheguei inclusive a sair com Fred Weasley quando eu estava no quinto ano, éramos colegas em poções, mas durou apenas dois meses. O que já era de se esperar, já que passávamos mais tempo fazendo armadilhas para aquela gata maldita do Filch do que namorando. Ficamos bons amigos, no final das contas.

No início de meu sexto ano, conheci Cedric Diggory, que estava no sétimo ano pela Lufa-Lufa. Confesso que no início eu sentia vontade de lançar o feitiço da perna presa nele quase toda a vez que o via. Ele era tão arrogante, irritante e metido a galã que eu realmente achava que ele merecia estar na Sonserina em meu lugar. Muitas vezes pensei que ele nutria essa mesma "afeição" por mim, pois sempre me encarava quando cruzávamos o caminho um do outro. Mas um dia eu o encontrei na biblioteca lendo um de meus livros trouxas favoritos, um que Hermione inclusive havia me presenteado em um natal, e resolvi conversar com ele. Ele mostrou-se o oposto do que eu havia imaginado, e logo estávamos amigos. Ou melhor dizendo, melhores amigos. Não tínhamos nenhuma aula juntos, pois ele estava um ano na minha frente, e ficávamos realmente chateados por não podermos sentar juntos no jantar e falar mal dos sonserinos. Por isso aproveitávamos todos os momentos que podíamos juntos. Algumas pessoas chegaram a insinuar que estávamos namorando ou algo do tipo, o que eu achava um absurdo, éramos só muito amigos. Ok, ele até me dava lírios amarelos (minha flor favorita) algumas vezes, na maioria para se desculpar de não ter ido me encontrar em algum lugar ou quando brigávamos por algum motivo, mas isso não queria dizer nada.

Ainda lembro o dia em que Dumbledore anunciou, durante o jantar, que Hogwarts sediaria o Torneio Tribruxo e que Cedric decidira colocar seu nome no Cálice de Fogo. O dia em que a minha vida começou a mudar para sempre.