DisclaimerBlood + e seus personagens não me pertencem. A não ser o Hagi, que é meu e ninguém tasca!

Aviso: Yo Pessoas! Se é que tem alguém lendo essa história isolada e pioneira em Blood +... Espero que gostem desse capítulo único que apenas deixará de ser único se alguma boa alma quiser alguma continuação. (gota) O que eu duvido, já que é a primeira história de Blood em português. Mas enfim, espero que gostem... (bola de poeira passa voando) Eco... Eco... Eeecooo!!!

Bem, já chega de papo! Boa leitura!

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Sameru

Por Domina Gelidus

Capítulo único

Lembranças

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Entornou mais uísque dentro do copo de cristal adornado e pôs a garrafa de volta no lugar. Inspirou fundo. Tantos problemas lhe passavam pela cabeça naquele presente momento que mal podia concentrar-se naquela simples tarefa. Sentia-se tão estressado quanto o pai, mexendo-se desconfortavelmente na poltrona em sinal de irritação. Deixou que o tronco caísse de encontro ao espaldar e fechou os orbes azuis. Tantas organizações e tantos assuntos pendentes por trás de cada uma delas; sentia-se a ponto de enlouquecer.

- Todos fazendo alguma coisa e você continua sentado relaxando! – ouviu a voz jovem e conhecida e sorriu com o canto dos lábios.

- Não seja ridículo, Kai... O único que não sabe fazer nada além de torrar a paciência dos outros, é você! – sorveu mais um gole da bebida e olhou para o homem parado à porta.

Ambos sorriram brevemente antes de deixarem a fisionomia séria pairar em suas faces. Há quanto tempo não relaxavam realmente? Sim, desde de que uma delas havia desaparecido. Três semanas, talvez quatro; haviam perdido totalmente a noção do tempo. Os problemas passaram a crescer aritmeticamente, tomando todo e qualquer momento de lazer.

Ainda sentado na poltrona envelhecida, o jovem quase desejou poder desaparecer dali para sempre. Mirou as cortinas finas e deteve-se a observar os raios de sol que brincavam no piso de madeira escura. Sentia falta da infância e da companhia despreocupada do pai; agora só o que via era uma carranca séria e sempre nervosa, com milhares de tarefas importantes para fazer. Ao menos sua companhia ainda não lhe fora privada.

- Pretende ficar aí sentado até quando? – a voz interrompeu-lhe novamente.

Soltando uma boa quantidade de ar que estava presa aos pulmões, ele sorriu com simplicidade.

- Acho que se não parasse por cinco minutos, acabaria enlouquecendo. – confessou, mirando Kai com os olhos vidrados – Como estão as investigações? – indagou sem esperar o comentário do outro.

- Devagar, mas estão andando... – ele pôs-se a caminhar na direção do homem sentado à poltrona – Seu pai está bastante ativo, apesar da idade... – gracejou, pegando um copo e preenchendo-o com a mesma bebida de sempre.

- Eu deveria dizer o mesmo de você... – correu o olhar até ele, esperando alguma reação de desagrado no rosto jovem.

Kai sorriu e virou o copo de bebida de uma só vez. Já estava ficando acostumado com as constantes piadas do filho do chefe. Mas não iria demorar muito para que perdesse completamente a sua curta paciência.

- E onde está sua protegida? – o outro indagou, voltando a observar o sol.

- No jardim... – soltou um suspiro longo – Ainda está deprimida pela irmã. – deixou que uma onda de remorso invadisse-lhe o corpo e estremeceu levemente – Quer que eu a chame?

Sorveu mais um pequeno gole e ponderou sobre a pergunta que lhe fora feita. A tristeza da pequena, assim como a do "pai", era quase palpável. Não poderia dizer que não estava abalado pelo sumiço da outra gêmea, mas jamais demonstraria seus sentimentos.

- Não, deixe que se distraia... – respondeu apenas, mirando a lareira como se houvesse algo de muito interessante nela.

Não houve resposta por parte de Kai; apenas ouviu seus passos vagarosos distanciando-se pelo corredor, deixando-o novamente sozinho com sua mente conturbada a trabalhar. Sentia-se quase inútil por não conseguir fazer nada melhor para animar o amigo. Mal podia ele próprio manter-se lúcido, como conseguiria responsabilizar-se por um outro alguém? Observou o líquido dourado dentro do copo e depois mirou o porta-retratos em cima da lareira. Todos sorriam alegres enquanto duas pequenas garotinhas brincavam sentadas ao chão. Perdeu-se naquela imagem que por pouco não fora apagada de sua memória repleta de problemas. Havia um sorriso pronto para mostrar-se em seus lábios, mas que a preocupação e a ansiedade reprimiam. Esqueceu-se dos rostos sorridentes da imagem e passou a analisar a estrutura antiga atrás de todos. Quase pôde sentir a brisa fresca que batera em seu rosto da primeira vez que fora visitar o túmulo de mármore onde ela jazia adormecida. Quanto mais tempo teriam de esperar para que finalmente ela estivesse pronta para voltar à realidade?

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Agitou os orbes cobertos pelas pálpebras em uma incômoda tentativa de situar-se. Sentiu as pontas dos dedos formigarem constantemente e umedeceu os lábios com a língua. Inspirou. Esticou, após longos anos, os dedos de ambas as mãos e ficou a brincar com as juntas recém reativadas por alguns minutos. Seu coração pulsava mais avidamente e o sangue agora corria rápido pelas veias. Esticou os braços e tocou algo macio; rodou mais uma vez os orbes fechados em uma cansada tentativa de despertar.

Agarrou os dedos finos na estrutura que a envolvia e, inconscientemente, começou a despedaçá-la. Uma onda de calor invadiu-lhe e, contorcendo-se incomodada, ela abriu os olhos avermelhados. Os dedos realizando os movimentos involuntários em uma ansiada tentativa de libertá-la do que quer que fosse que a envolvia. Soltou um gemido de satisfação quando o ar fresco do lado de fora lhe atingiu a face, mas logo torceu o nariz para o cheiro. Alguma coisa em seu interior revirou e, enojada, pendeu o corpo para fora não tendo forças para manter-se e atingindo o chão frio com um baque violento.

Deixou que parte do calor do corpo fosse roubada pelo solo gelado já que não tinha nenhuma intenção de pôr-se de pé. Por que se sentia tão absurdamente fraca? Não sabia. Como viera parar ali também lhe era um mistério; tampouco sabia onde "ali" era. Inspirou fundo contra a vontade e sentiu aquele cheiro estranho novamente. Lembrava-lhe algo cadavérico, fechado e embolorado. Precisava de ar, ar puro e fresco. Mas onde?

Usando-se de todas as suas energias restantes, levantou o rosto e olhou a sua volta. Viu um garoto alto e ruivo passar correndo e sumir antes de terminar seu trajeto. Lembranças? Ou peças que sua mente adormecida decidira pregar-lhe? Uma pequena fresta de luz chamou-lhe a atenção enquanto uma brisa quente invadiu por detrás de alguma pedra aparentemente enorme e pesada. Sem forças, arrastou-se vagarosamente até a possível saída e, exausta, recostou-se à parede perdendo a consciência em seguida.

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Observava a lua como se fosse encontrar as respostas nela. No fundo de sua mente, bem desejava que estivessem todas ali. Apenas o fato de existirem respostas, mesmo que muito longes, acalmaria seu coração. Riu-se por pensar algo tão incrivelmente estúpido e, correndo as cortinas pesadas, ignorou a luz contínua da noite que insistia em atravessar os tecidos grossos. Ouviu longas batidas à porta e passou as mãos nervosas pelos cabelos grisalhos que um dia haviam sido loiros.

- Entre... – respondeu calmamente, sentando-se na beirada da cama.

- Ainda acordado? Achei que o encontraria sonhando com a mamãe. – o jovem alto adentrou e fechou a porta em seguida – Está tudo bem, meu pai?

O velho suspirou e mirou seu filho com certa admiração. Estava mais parecido com a mãe do que podia imaginar, ou queria admitir.

- Não preciso sonhar com sua mãe... Ela volta de Paris amanhã. – retrucou, fazendo sinal para que ele se aproximasse – O que deseja, Adam?

O jovem sorriu e sentou-se ao lado do pai. Fazia tempo que não tinham uma boa conversa de homem para homem. Diria até que sentia falta disso, se não fosse tão orgulhoso.

- Não é nada... Só queria ver como estava passando. – disse simplesmente.

O velho franziu o cenho.

- Anda passando tempo demais em companhia do Kai! – resmungou, abrindo um largo sorriso em seguida.

O jovem gargalhou por alguns instantes, lembrando-se de algumas horas mais cedo quando fora apanhado por Kai, sentado na poltrona do escritório. Eram amigos há tanto tempo que faziam quase tudo juntos. Sentiria falta se tivesse que se separar dele de repente.

- Sinto muito se pareço um pouco distante às vezes, meu filho... – o velho disse repentinamente – Creio que estou sendo vencido pelos problemas que nos rodeiam.

Adam respirou longa e profundamente; por vezes sentia que seu pai podia ler seus pensamentos e emoções. Aplacou a vontade de sorrir e manteve o semblante sério.

- Está tudo bem, velho David. – ele gracejou, pousando carinhosamente a mão sobre o ombro do pai.

Algumas batidas frenéticas na porta interromperam os dois. Adam quase desejou matar o infeliz se ele não se revelasse como Kai. Viu quando o jovem ruivo abriu a porta, afobado, desculpando-se pelos modos ansiosos.

- Pois diga de uma vez o que quer menino! – David esbravejou, levantando-se devagar.

- Está tudo bem, Kai? – Adam perguntou, levantando-se também em seguida.

O jovem de cabelos ruivos apontou para fora, desajeitado, e passou as mãos trêmulas pelos cabelos bagunçados.

- Senhor... – levou a mão ao peito tentando ritmar as batidas frenéticas do coração – Nós detectamos movimentos no casulo!

David arregalou os olhos enquanto Adam passou correndo por Kai na direção do corredor. Seria possível? Trinta anos passados assim tão de repentes.

- Saya... – disse para si mesmo, tomando o mesmo caminho que seu filho.

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Já se fazia noite quando acordou novamente, sentindo os músculos doloridos cobrarem seu preço pelo esforço repentino. Sentia a brisa cálida vir arrastando-se pelo chão e varrendo algumas folhas secas que invadiam pela fresta pequena. "É verão em Okinawa...", concluíram seus pensamentos confusos quase tão depressa que ela mal pôde assimilá-los. Okinawa? O que era aquele nome que martelava em sua memória?

Contraiu a palma das mãos subitamente em um estranho acesso de desespero. Não tinha forças, não tinha memórias e não tinha ninguém para ajudá-la. Estava sozinha dentro de algum lugar escuro, frio e sujo. Deixou uma lágrima quente escorrer-lhe pela face e conteve um soluço. Onde estava, afinal? Deveria gritar por ajuda, então? Não! Onde quer que estivesse, seria mais seguro sair dali sozinha ainda que suas forças não estivessem renovadas. Apoiou-se então na parede rugosa e úmida que havia se encostado e, focalizando seu objetivo em mente, pôs-se de pé com alguma dificuldade. A vista ficou embaçada e os sons distorcidos.

Recusando-se se dar por vencida, balançou a cabeça para os lados de modo a espantar o mal estar e deu alguns passos inseguros na direção da fonte de luz noturna. Sozinha ou não, ela sairia dali e procuraria por aquele estranho garoto ruivo que insistia em aparecer na sua memória vazia. Talvez ele soubesse responder-lhe como viera a chegar ali.

Inspirou uma boa quantidade de ar e jogou todo o seu peso sobre a estranha pedra de mármore. Sentiu as pernas ficarem bambas e os joelhos amortecidos, mas nem por isso deu-se por vencida. Sem esperar por algum resultado, ela soltou o ar com força e inspirou novamente, empurrando a possível saída. Surpreendentemente, uma boa fresta abriu-se e, com as esperanças renovadas, ela continuou a empurrar até que o espaço fosse suficiente para que conseguisse atravessar. Não demorou muito para que mais alguns centímetros cedessem e, esgueirando-se com certa dificuldade, ela mais uma vez encontrou o chão frio do lado de fora. Exausta, apenas ficou a respirar sofregamente, tentando sorver o ar fresco da noite. Conseguira, finalmente, sair de dentro daquele estranho lugar apertado e enregelado.

A situação, entretanto, não parecia ter mudado muito. Continuava sem saber onde estava, porque estava e se encontraria alguém para ajudá-la. Contendo mais lágrimas e engolindo o desespero crescente, ela jogou os cabelos longos para trás e observou as árvores altas que a cercavam. Sentou-se então depois de muita dificuldade e mais uma vez viu aquele menino alto e ruivo, correndo e rindo, sendo seguido por um pequeno garoto de cabelos castanhos. Sorriu imperceptivelmente e esticou os braços para tocá-los. Um estranho vulto atravessou sua ilusão, fazendo com que desaparecesse no ar. Admirou com medo e curiosidade aquela figura alta que lhe interrompera suas lembranças e, com os olhos vidrados, assimilou o rosto do rapaz ruivo que terminara de subir os degraus e caminhava agora na sua direção.

Encolheu os ombros e estremeceu quando mais vultos estranhos cercaram-na por todos os lados, apontando para ela ameaçadoras armas grandes e engatilhadas. Correu os olhos pelo círculo de homens fardados e depois pairou os orbes naquele que lhe interrompera seus devaneios. Parecia-lhe tão estranhamente familiar que quase desejou poder abraçá-lo se não fosse a situação.

- Achei que não fosse viver para vê-la despertar novamente. – uma voz envelhecida soou trás do rapaz, provindo de um homem igualmente alto e um pouco encurvado pela idade.

Arrastou-se alguns centímetros para trás e viu quando os homens a seguiram com a mira. Provavelmente apenas esperando que cometesse algum deslize. Mas, que tipo de deslize? Mal sabia onde estava!

- Sei que está confusa, já cuidaremos disso. – ele bradou novamente – Não precisa ter medo de nenhum de nós, ninguém irá feri-la.

Sem muitas esperanças, ela lançou um olhar confuso para as armas que lhe acompanhavam os movimentos, voltando a observar o homem grisalho em seguida.

- Baixem as armas. – ele ordenou de repente – Ela não representa nenhum mal.

Ainda confusa e amedrontada, ela apenas estremeceu no lugar e continuou a observar a todos com extrema curiosidade. Amigos, ou inimigos? Porque sua memória insistia tanto em falhar quando mais precisava dela? Fechou as mãos em desgosto e continuou a esperar por alguma reação por parte dos estranhos. O silêncio tomara conta subitamente e à medida que passava tornava-se quase palpável.

- Precisamos de sua ajuda... – a voz cortou o desconforto - ...Saya.

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\o/ Espero que tenham gostado pessoas.

Eco... Eco... (gota)

Bem, é isso então. Espero receber algum incentivo para continuar a postar. Beijos e abraços a todos que leram...

(bola de poeira passa voando de novo)

Kissus... (sorriso sem graça)