O que os hormônios não fazem...
Quatro horas da tarde. Alguns minutos de descanso e um bom café preto eram tudo que o coronel Roy Mustang precisava naquele momento. Afinal, passar o dia inteiro olhando para uma pilha de papéis sobre a mesa não é lá uma tarefa muito agradável e revigorante de se fazer, principalmente se consiste em apenas olhá-los e não pegá-los um por um, como deveria ter feito ao chegar no quartel naquela manhã.
A única solução que encontrara para tão difícil dilema fora mandar chamar sua tenente, Riza Hawkeye, e entregá-la todos os documentos pendentes, de forma que a culpa não seria dele se houvesse atraso na entrega - o que não ocorreria, pois ela se encarregaria de checá-los e enviá-los ao Fuhrer a tempo.
Mal sabia ele que sua tão estimada tenente não estava de muito bom humor naquele dia pelo fato de:
a) Ter passado a noite em claro olhando os papéis que deveriam ter sido entregues no dia anterior, e
b) Sofrer de um pequeno mal feminino chamado de TPM.
E se seus motivos hormonais não eram suficientes, a paciência que tinha para com seu superior já se esgotara há muito tempo. Hawkeye não entendia como um bebezão folgado como ele ganhara a patente de coronel.
"Então," - Riza fitou a pilha a ser analisada. "quer dizer que o senhor ficou de papo para o ar o dia inteiro e não olhou nada?" - Roy pigarreou.
"Perdão, tenente? Acho que não te ouvi direito."
"... Eu perguntei se o senhor estivera ocupado demais essa manhã para olhar esses documentos." - Mas se ele estivera mesmo ocupado ou não, podem apostar, a situação dela era pior. Além das próprias tarefas, ela ainda tinha que cumprir as atrasadas dele!
E, infelizmente para ele, isso não ia acontecer. Ah, não, não ia acontecer mesmo.
"Sim, muito ocupado. Ocupadíssimo, na verdade." - o coronel soltou um suspiro de "cansaço". Cansaço de não fazer nada, pensou a Hawkeye.
"Entendo, coronel." - as palavras saíam automaticamente enquanto ela contornava a mesa. "O senhor quer que eu termine pra você?
"Eu..." - Roy paralisou quando a tenente girou a cadeira, colocando um joelho entre suas pernas.
"Ou será que o senhor prefere..." - os lábios de Riza roçaram em sua orelha. A voz saía baixa, sensual. - "que eu faça outras coisas?"
Roy sentiu a garganta seca. Os atos da loira eram tão atípicos que ele se perguntou se ela estava bêbada. Seja o que fosse, não era ele quem ia reclamar.
"Eu prefiro outras coisas."
Seu nojento, nojento pervertido!
"Outras coisas?" - a tenente se afastou lentamente. - "Que pena que eu não vou poder atender os seus desejos, coronel. Preciso olhar uma pilha enorme de documentos até o final da tarde, sabe..." - e deslizou o dedo na mesa, com um semblante de decepção no rosto.
"Pilha? Que pilha? Ah, essa pilha? Pode deixar que eu acabo com essa pilha em cinco minutos, tenente. Afinal, eu sou o magnífico coronel Roy Mustang, não sou?"
"E quanto àquela outra de documentos atrasados?"
"Eu vejo tudo naquela também, mande trazê-la aqui."
"Estou dispensada de minhas tarefas, então."
"Dispensada. Dispensadíssima, tenente."
"Oh, muito obrigada, coronel." - Riza lançou-lhe uma piscadela e, em seguida, virou as costas para sair da sala. - "O senhor é um homem muito generoso." - E idiota também, pensou.
Ao fechar a porta atrás de si, não conseguiu conter o riso. Se fizesse o jogo dele mais vezes, talvez ficasse livre de suas obrigações para sempre.
E ele pensando que ela ia mesmo "fazer outras coisas"... Tsc, tsc, tsc. Homens, tão ingênuos.
Prometo que escreverei um melhor. 8D'
