- PR"LOGO -

Inglaterra - 1474

Já passava da meia-noite e as estrelas brilhavam no céu enquanto na terra um vento frio penetrava as ruas e casas daquele lugar escuro. Os moradores da vizinhança observavam por trás das cortinas de suas janelas enquanto Leyla descia a rua em direção àquela mansão sinistra; O rosto suave e radiante que há alguns meses atrás encantara o povo, agora estava tenso e sombrio.

Todos sabiam o que estava prestes a acontecer e ninguém teve coragem de impedi-la, e mesmo que tivessem, não se atreveriam, pois sabiam que o que Leyla estava prestes a fazer os salvaria de um grande mal.

Ela chegou aos grandes portões de ferro, no final da rua, que cercava a propriedade de Soror, e com um pequeno movimento da mão derrubou-os ruidosamente. Ao entrar, Leyla sentiu as vibrações sinistras que vinha da casa, e seu coração pesou ao pensar que o motivo de todo aquele horror e sofrimento que se espalhara pelo mundo, era seu próprio amigo. Sem hesitar ela se dirigiu até a mansão, pronta para enfrentar o seu destino.

A partir dali, ninguém nunca mais a viu. Depois de alguns minutos que pareceram horas, quem estava do lado de fora viu a explosão de uma luz azul, e em seguida o barulho de pedra sendo destruída – a mansão tinha desabado. Apesar da paz e alegria que aquela destruição trouxera para os bruxos, nenhum se atreveu a comemorar, pois algo que eles tanto adoravam tinha sido destruído também.

O que acontecera naquela casa naquele momento ninguém nunca soube. Também ninguém nunca mais tocou no assunto, tanto que tudo o que se passara naqueles últimos meses virou lenda em épocas futuras.

– CAPÍTULO UM –

O Ataque Surpresa

O inicio das férias de Harry na rua dos alfeneiros passaram em perfeita harmonia. Harry poderia até dizer que estava contente por estar ali. Ele não precisava mais ter que agüentar a raiva e o desprezo de seus parentes, não precisava mais ter que fazer seus trabalhos escolares escondido debaixo de um cobertor enxergando apenas à base de uma lanterna, e não precisava mais ter que manter Edwiges presa na gaiola, e tão pouco a si mesmo. Ele estava livre, e tudo isso graças ao fato de que ele recebia, constantemente, a visita de uns amiguinhos da Ordem da Fênix.

Como Harry descobrira no ano anterior, bruxos que trabalhavam em uma ordem secreta (que é comandada por Alvo Dumbledore) o seguiam escondidos para protegê-lo de qualquer perigo – seus guarda-costas de um certo modo. Mas agora que Harry descobrira toda a verdade, ele os convidava a casa para ficarem mais à vontade.

Harry sabia que isso deixava seus tios um tanto zangados – "à beira de um colapso nervoso" seria mais apropriado -, mas também sabia que eles tinham medo o bastante (principalmente do Sr. Olho-Tonto Moody) para não protestarem (pelo menos não na frente dos bruxos). A única coisa que os Dursley tinham coragem de fazer era discutir em voz alta (em um cômodo diferente, pois não atreviam ficar no mesmo local que as aberrações) como os bruxos não prestam e também apelavam para a mal-educação, torcendo para que os bruxos, chateados, fossem embora de desgosto. Mas os amigos de Harry não ligavam, faziam é rir, o que deixava Tio Valter, e Tia Petúnia, roxos de raiva.

Mas os dias se passam, e o que era doce acabou-se e tudo começou a ficar azedo. Para a infelicidade de Harry as visitas, que antes eram constantes, passaram a cessar. Devido aos assuntos da Ordem (que ninguém se prestava a contar) os guarda-costas de Harry deixaram de aparecer. Claro que não deixavam Harry sozinho com a proteção dos Dursley; sempre que algo acontecia e não tinha quem cuidar de Harry, mandavam-no para a casa da Sra Figg. Quase todas as tardes Harry ficava na casa dela, o que já não era tão ruim como antes; a Sra. Figg se revelara uma ótima contadora de histórias do mundo bruxo. Harry também descobrira, no ano anterior, que a Sra. Figg era uma aborto, ou seja, era nascida de pais bruxos, mas não tinha poderes mágicos. Mas não era preciso fazer mágicas para ler livros, e a Sra. Figg já lera bastante livros - o que ajudou bastante a Harry; ele conseguiu fazer ótimas redações pedida pelo Prof. Beans. Harry também ajudara bastante a Sra. Figg com poções e outras coisinhas que eram ensinadas no Feiticexpresso (a Sra. Figg fazia o curso).

Mas o que Harry mais gostava de fazer era andar pelo Parque à noitinha. Todo dia antes de voltar para casa ele passava no parque e ficava andando (ou ficava sentando nos balanços) pensando em várias coisas que estavam acontecendo - e o que viria a acontecer. Ele sabia que não devia ficar perambulando por aí sozinho, mas o quê que poderia acontecer com ele por aquelas bandas? Tudo bem que ele já foi atacado ali uma vez, mas o responsável pelo ataque já foi detido, e os comensais de Voldemort já foram presos (pelo menos alguns) e também não teria coragem de atacá-lo ali na frente de trouxas. Pelo menos foi o que ele pensara...

Faltava uma semana para o aniversário de Harry e ele estava saindo do parque no Largo das Magnólias quando ouviu alguém sussurrar o seu nome. Ele segurou firme a varinha, que estava dentro do bolso, e, cautelosamente, olhou para trás – não viu nada. Mas ao virar-se um jato de luz atingiu-o no peito jogando-o fortemente contra o tronco de uma árvore – seus óculos e sua varinha caíram fora de seu alcance.

- Harry, Harry, Harry...Você vai pagar pelo o que nos fez. – disse uma voz zangada.

Harry tentou, inutilmente, achar seus óculos e sua varinha, mas antes que pudesse se mexer um outro raio o atingiu jogando-o para o lado. Vozes riam friamente. Harry sentiu alguém lhe agarrando pelo pescoço jogando-o de costas contra uma árvore.

- Seu pirralho! Pensou que se veria livre de nós? Pois fique sabendo que o poder das trevas está aumentado e logo daremos o primeiro passo à vitória. – disse uma voz familiar. – Em pouco tempo você estará morto, Potter!

- Não enquanto eu estiver por perto! – alguém falou, e Harry reconheceu a voz de Lupin.

Soltaram o pescoço de Harry e ele sentiu que quem lhe agarrara foi lançado para longe. Pelo barulho e gritos que seguiram Harry adivinhou que uma batalha entre bruxos começara. Sem enxergar e indefeso, ele se atirou no chão e começou a procurar pelos seus óculos e varinha. Mas alguém chegara antes; entregaram-lhe seus óculos e imediatamente Harry os colocou - ele se via de frente para uma garota morena de, mais ou menos, sua idade, e atrás dela, há alguns metros, Lupin, Mundungus, Moody e outros dois bruxos estavam duelando com homens vestidos com capas pretas que lhes cobriam as caras.

- Quem é...?

- Não há tempo para perguntas agora. Vamos. – a garota disse (com um sotaque estranho) puxando-o pelo braço e entregando-lhe sua varinha. Eles começaram a correr (Harry sendo puxado pela garota).

- Mas... – Harry disse parando. – Nós temos que ajudá-los...

- Eles se cuidam. Anda! – ela disse puxando-o. – Não há nada que você possa fazer.

- Espera aí, Quem é você? Como vou saber se é confiável? – Harry parou mais uma vez. A garota se virou impaciente e logo em seguida se jogou para cima de Harry derrubando no chão – um feitiço passou voando por cima de suas cabeças.

- Isso responde à sua pergunta? – ela disse ajudando-o a se levantar.

Eles correram de volta para a rua dos alfeneiros, e para a casa nº04. Assim que entraram, a garota trancou a porta e correu para fechar as cortinas das salas.

- Tem mais alguém aqui? – ela perguntou.

- Não. Todos saíram.

- Certo. Lupin pediu para que você arrume suas malas. Vão te tirar daqui.

- Minhas coisas estão trancadas debaixo da escada (Tio Valter voltou a trancar os materiais de Harry depois que pararam de visitá-lo), e não posso usar mágica para destrancá-la.

A garota tirou algo do bolso, se ajoelhou de frente pro armário embaixo da escada e começou a cutucar na fechadura até que a porta se abriu.

- Agora, rápido. O Nôitebus já vai chegar. – ela disse. –

- Nôitebus? Mas o nôitebus não é muito seguro, é?

- Pergunte ao Lupin. Temos que nos apressar.

Sabendo que não adiantaria nada pedir respostas, Harry se apressou para pegar suas coisas. Depois de alguns minutos Harry já estava com tudo pronto ao pé da escada.

- "timo, o nôitebus chegou. – a garota disse assim que Harry desceu com a gaiola de Edwiges (Edwiges não estava, havia saído para caçar).

Ela abriu a porta voltou para ajudar Harry a carregar o malão.

- Para onde nós vamos? – Harry perguntou, quando estavam a meio caminho ao nôitebus (que estava na frente da calçada), mas a resposta ele não ouviu.

Eles ouviram passos de pessoas correndo e viram que Mundungus, e mais um homem, vinham correndo em sua direção, e estavam sendo perseguidos por três pessoas de capas pretas.

- Para o ... nôitebus ... corre! – mundungus gritou antes de levar um feitiço nas costas que o derrubou de cara no chão.

O que aconteceu depois disso Harry não soube; ele foi surpreendido por uma dor terrível em sua cicatriz, que o fez derrubar o malão e cair de joelhos no chão com as mãos na testa. A dor era tão intensa que Harry gritava e se contorcia no chão, parecia que estavam cortando sua testa com uma lâmina enferrujada que ardia feito brasa.

Ele ouvia a garota gritando, mas não conseguia entender o que ela falava. A dor o cegava e bagunçava sua cabeça. Ouvia gritos de dor e desespero, súplicas por piedade, e no meio dessa gritaria ele ouvia gargalhadas de pura satisfação, era uma gargalhada fria e cruel, e só podia ser de uma pessoa, Voldemort. "São boas notícias", mais gargalhadas, ""timas notícias! Tudo vai mudar agora. Tudo! HAHAHA!". A maldita dor não parava e a gargalhada, e os gritos também, eles só faziam aumentar. Harry já estava se sentindo agoniado com toda aquela confusão em sua cabeça e com o que quer que estava acontecendo ao seu redor. Ele ia perder o controle de si. Começou a rir também, e dava gargalhadas como as que ouvia, queria comemorar. Comemorar o fato de que, finalmente, o que ele mais queria estava prestes a acontecer, ele finalmente achara o que tanto procurara. "Harry! Harry me escute. Preste atenção", essa voz era diferente, era reconfortante e familiar, mas Harry não se lembrava de quem era e nem prestou atenção nela, ele não se importava, ele só queria comemorar. "Harry, concentre-se. Bloqueie-o, não o deixe entrar. Lembre-se das aulas de oclumência", Harry se sentiu atraído por aquela voz. Tentou se concentrar, mas não conseguia.

"Hahaha! Harry, Harry...Como você é fraco...Como esperam que um garoto como você possa me derrotar?! Sinto muito, mas tenho planos para você...Garanto que vai adorar...Hahaha!", Harry ouvia aquela voz fria em sua cabeça e não conseguia deixar de ouvir, "Agora vamos brincar um pouco...Ora, ora, ora, se não são os nossos amiguinhos...", uma imagem de Rony e Mione conversando alegremente surgiu em sua mente, "O que será que os aguarda quando eu voltar ao poder?", a imagem alegre dos dois ficou escura e horripilante, Rony e Mione estavam caídos num lugar frio, mortos. Enquanto Voldemort ria cruelmente, imagens de todos os que Harry conhecia foi passando por seus olhos, e todos estavam mortos.

- NÃO! – Harry gritou afastando as imagens de sua cabeça. E então tudo ficou claro e calmo, sua mente se esvaziou, sua cicatriz não doía tanto agora, e a voz de Voldemort sumira.

Harry abriu os olhos e se viu cercado por Lupin, Mundungus, Moody, a garota, dois homens e, para sua surpresa, Dumbledore. Os bruxos que os atacara haviam sumido.

- Você está bem, Harry? – Lupin perguntou ajudando Harry a se levantar.

- Sim.

- Certeza?

- Sim.

- "timo. – Dumbledore disse seriamente. – Levem-no para o nôitebus. Não vão para Grimmauld Place, não é seguro, podem estar espionando. Lupin, leve-os para a casa do Sr. Weasley, ele já deve estar sabendo do que aconteceu.

Lupin ajudou Harry a ir até o noitêbus e o sentou em uma das camas, a garota sentou-se de frente para ele. Mundungus entrou carregando o malão e a gaiola de Edwiges, depositou-os ao lado da cama, deu tchau e saiu. Antes do noitêbus partir em disparada, Harry viu que o resto da tropa havia aparatado.

- Você tem certeza de que está bem, Harry? – Lupin perguntou preocupado.

- Parecia que você estava sendo torturado, mas ao mesmo tempo dava gargalhadas. – disse a garota.

Todas aquelas imagens que Harry vira passaram pelos seus olhos novamente. Ele sacudiu a cabeça para fazê-las desaparecer.

- Eu estou bem. Só uma dor de cabeça, e nada mais. – ele respondeu. Mas Lupin o olhava desconfiado como se soubesse que algo acontecera e que Harry não queria contar. A verdade é que realmente acontecera alguma coisa, mas Harry não sabia o que era. E isso o deixou intrigado.

- Lupin, por que estamos indo de nôitebus? Não é perigoso? – Harry sussurrou.

- Bom...qualquer lugar é perigoso hoje em dia. Mas o ataque dos comensais a você nos pegou desprevenidos, fizemos o que podemos. – Lupin respondeu cansado, e se encostou à cama.

- Você está sangrando. – a garota disse subitamente segurando o braço direito de Lupin. Harry notou que as vestes dele estavam rasgadas e naquele braço a roupa estava manchada de sangue. – Hey! Você! Tem um kit de socorros aí? – a garota perguntou ao homem que parecia ser condutor do nôitebus.

Um homem baixinho e gorducho se aproximou desastradamente segurando uma caixa de madeira.

- Aqui está. – o gorduchinho depositou a caixa ao lado da garota e observou o corte no braço de Lupin. Ao ver o sangue ele cambaleou e tentou se conter. – Para onde os senhores desejam ir. – ele disse.

- Para Ottery St. Catchpole. – Lupin disse enquanto a garota cortava com uma tesoura, que tirara da caixa, a manga das vestes de Lupin. – À casa dos Weasley, Bobby. Lembra onde fica?

- A...To-toca. – Bobby, o gorduchinho, respondeu meio tonto – a garota mostrara um corte profundo no braço de Lupin. Ele virou-se meio vesgo e saiu para avisar ao motorista.

- O negócio está feio aqui. – a garota disse analisando o ferimento. Em seguida pegou um frasquinho com alguma poção da caixa e com um pedaço de algodão começou a passar na ferida. Parecia que já tinha feito isso antes.

- Aquele maldito! – Lupin vociferou, em parte pela raiva e em parte pela dor que a poção causava na ferida.

- Quem? – Harry perguntou curioso.

- Malfoy!

- Malfoy estava lá?! – Harry quase gritou, mas conteve a voz.

- Estava, e todos aqueles outros que o ministério prendeu com ele.

- Mas...Como?...

- Fugiram. Esta noite. Vieram direto para sua casa, provavelmente para se vingar. Os dementadores devem ter ajudá-los.

Harry pensou se aquela era a razão pela felicidade que Voldemort sentira, mas algo lhe dizia que não era só isso.

- Pronto! – a garota disse ao terminar de prender uma atadura em volta do braço de Lupin. – Agora tome isso e descanse. – ela continuou, entregando um frasquinho com uma poção vermelha para ele e empurrando-o para a cama.

- Obrigado, Christine. – Lupin disse deitando-se.

- Seu nome é Christine? – Harry perguntou. Ele ficara curioso para saber quem era ela. Lupin obviamente a conhecia, e o que é que ela fazia com ele?

- Sim. – ela respondeu enquanto fechava a caixa.

- Prazer. Eu sou...

- A salvação de todos nós. – ela interrompeu-o meio indiferente. – Sei quem você é.

E pela primeira vez na vida Harry viu que alguém não ficava fitando-o como se fosse um milagre, dizendo "Oooh!" ou "É uma grande honra conhecê-lo, Sr. Potter", ela nem mesmo desviara o olhar para sua cicatriz. Mas o fato dela tê-lo chamado a salvação de todos nós o deixou desconcertado.

Alguns minutos se passaram em silêncio, enquanto harry lançava olhares curiosos a Christine e Lupin. Ele estava se perguntando se a garota sabia da ordem, e se sabia, quem era ela, e como? Primeiro ele achou que ela poderia ser filha de algum membro, mas não tinha certeza. Em um desses olhares curiosos Harry foi surpreendido pelos olhos de Christine, que, por um segundo, pareceram familiares.

- O que foi? – Christine perguntou.

Harry pretendia matar a curiosidade – tanto que abriu a boca, mas a fechou em seguida -, mas mudou de idéia.

- Nada. – ele respondeu. E então voltaram a ficar em silêncio, novamente.