N.A.: Olá, sim, mais uma fic Twilight minha, e essa é totalmente inspirada na fic da Alix, Lycantropus. E a da Just, Masks. Perfeitosas demais, leiam as duas. Mas nada a ver com as fics delas, que fique bem registrado, hein? Eu utilizo o fim de Eclipse, pq pra mim, a série Twilight acabou ali. Só esperando por MS. E não espere achar a Bella aqui, pois apenas menciono a pobre coitada. E não espere também que eu faça algo como a nossa "adorada" Meyer e crie coisas impossíveis como baby's mutantes, ta?

Just, oh sim, vc é culpada disso também, não impedindo que minha mente doentia pare de funcionar. E Alix, vc tbm é culpada, pois me incentivou. Ahuahauhauha.

E claro, um mais do que mto obrigada para Dona Evo (Sami), que betará essa insanidade. Sami, sem vc eu morro, sabia? Twi e Jacob é vida... ahauhauhaua

E a maravilinda B. Wendy que fez a capa mais fofa de todas... é só procurarem no meu perfil, está linda e maravilhosa... Valeu gata, amo-te...

Garotas, valeu.

Gosta do Jake, mesmo sem a Bella? Ótimo, está no lugar certo.

Não gosta do Jake sem a Bella? Melhor apertar X ou Voltar.

Boa Leitura pra quem se arrisca.


Don't

por Fla Apocalipse


Capítulo 1 – Conhecendo o Perigo

Péssimas palavras em péssimas horas. Tudo girou e parecia que a terra era fofa demais embaixo de seus pés. Olhou para cima, vendo do sol entrando por entre as copas das árvores. Nenhuma nuvem. Não havia volta. E corria cada vez mais, cada vez mais rápido, afastando-se de Forks, de La Push. Afastando-se dela.

Jacob correu mais rápido do que normalmente corria quando estava transformado, e sentia o pulmão queimando, as pernas fraquejando e a mente confusa. Por que aquelas letras eram tão duras em si? Por que o maldito Cullen enviara aquele papel? Por que deixá-lo saber daquele modo? Não, não queria saber as respostas para aquilo, apenas queria se afastar, correr, fugir. Enganar a si mesmo que estar longe dela iria fazer sua dor diminuir, estar longe da verdade faria tudo ser menos real. E mesmo que seu corpo pedisse para que parasse, ele não conseguia. Tinha que estar longe, estar distante e assim, talvez, fosse possível continuar a suportar.

Ouviu barulho de água caindo e então decidiu que poderia parar, o riacho mais perto de Forks, por dentro da floresta, era pelo menos a dez quilômetros. Desacelerou a corrida e cambaleou, os pulmões ardendo e sua visão embaçando. Precisava se acalmar ou desmaiaria. Conseguiu dar alguns passos na direção do riacho, vendo que a estrada não era tão longe dali e que poderia seguir seu caminho para longe de Forks por ela. Mas antes tinha que recuperar suas forças, de nada adiantaria continuar daquele jeito que não chegaria longe.

Viu duas pedras grandes na beira do riacho e aproximou-se, não conseguindo sentar-se direito nelas, acabou escorregando e caindo deitado. Sua visão ainda estava embaçada, via as copas das árvores ao redor todas manchadas, como se alguém pintasse um quadro e jogasse água logo após. O ar entrava com força em seu corpo e saia mais rápido ainda, dificultando normalizar sua respiração. Sentia suas roupas rasgadas, pouco o cobrindo, mas isso não lhe importava.

Tudo que importava nesse momento era conseguir desaparecer daquele lugar, esquecer que um dia vira Bella Swan, que um dia ela o chamara para andar na praia, que conversaram, que ela tomara conta de seu coração, que já a havia beijado e que a perdera para aquele vampiro. Queria esquecer de tudo e começar outra vez, mesmo com a dor que sentia. Tinha esperança de que um dia, aquilo passaria, mesmo que demorasse.

Fechou os olhos e levou a mão até os cabelos, tirando-os do rosto. Estava suando de tanto correr, e pensando melhor, tinha percorrido uma grande distância em pouco tempo. O que poderia ser considerado uma insanidade, pois uma pessoa normal, já estaria desmaiada. O ar começou a atingir de verdade sua mente, e Jacob prendeu a respiração ao ouvir ao longe uma voz fina.

-Ei, você está ferido? – alguém perguntou, e ele identificou como a voz vindo da estrada. Virou a cabeça devagar naquela direção e abriu os olhos, tentando focar a figura que lhe perguntava.

-Não. – sua voz não passava de um sussurro. Viu a pessoa descer pelo pequeno declive e olhar para o chão ao andar beirando o riacho que, naquele ponto, estava paralelo com a pista.

-Está ferido? - Jacob decidiu apenas balançar a cabeça invés de responder a pergunta da garota, era mais fácil. Fechou e abriu os olhos novamente, sem sair da posição que estava nas pedras e viu melhor quem estava ali. Uma garota não muito alta, cabelos vermelhos, pele clara, olhos azuis, o olhava preocupada, tentando chegar perto dele sem assustá-lo. – Precisa de ajuda?

Ela chegou ainda mais perto, parando a três árvores apenas de Jacob. Ele negou novamente e sentou-se, olhando do riacho para a floresta e somente então olhando para a garota um pouco mais atentamente. Ela estava com muitas blusas de frio, botas e uma grande mochila nas costas.

-Sei que já respondeu, mas tem certeza que não precisa de ajuda? – ela perguntou outra vez, aproximando-se devagar e parando perto dele. Ela o olhou e estranhou ver um rapaz com apenas uma camiseta e calça jeans, rasgados, naquele frio. Mas nada disse, apenas reparou nos cabelos dele e em como a pele dele era morena, diferente de todas as pessoas naquela redondeza.

Jacob sentiu o ar ser sugado de seus pulmões em meros segundos, como se alguém tivesse sentado em seu peito. Eram aqueles olhos azuis que estavam fazendo isso, aqueles cabelos vermelhos, aquele pele branca. Nunca pensara que sentiria tanta dor em um só momento, mas sentia. Era como se lhe arrancassem os dedos, batessem com todas as armas possíveis em suas pernas e que o mundo começasse a ruir, começando embaixo de seus pés. E se sentia quente, fervendo, a pele ardia, o sangue corria mais rápido do que nunca correra. E todas as vozes do mundo se transformaram em uma só, a voz de seu pai. E elas lhe diziam a mesma coisa: impressão.

Fechou os olhos e balançou a cabeça, sentindo que estava tudo errado. Não era possível, não era possível mesmo que aquilo acontecesse. Ainda mais com aquela garota que não parecia ser dali.

-Estou bem. – respondeu, sentindo a cabeça começar a latejar e seus olhos se abriram e fitaram a garota de novo. Parecia que tudo que conseguia fazer era olhá-la nos olhos, vendo todas as tonalidades que aquele azul tinha, tentando concentrar-se em responder o que ela estava perguntando.

-Sabe, às vezes, é melhor conversar, sabia? Mesmo que com um estranho. – ela disse, sentando-se no chão de terra e o olhando, esperando qualquer reação dele. Mesmo que negativa. Tirou a mochila e colocou a seu lado, olhando outra vez para o rapaz à sua frente, que ainda a olhava de forma atenta.

-Não sei o que quer dizer. – Jacob colocou firmeza nas pernas e a olhou novamente, tentando se levantar.

-Bom, então se sente e tente se recuperar pelo menos, parece que está desorientado. – completou Callie, arrumando os cabelos para trás e os prendendo. – E, sinceramente, parece que precisa de um ouvinte. Vamos, conte o que te aconteceu.

Jacob ficou a olhar para a garota, tentando entender por que não conseguia se afastar. Na verdade, sabia por que não conseguia se afastar, mas não entendia porque sua mente girava e parecia que tudo estava perdendo o foco outra vez. Deixou o corpo cair na pedra outra vez e a fitou, vendo-a ainda sentada no chão de terra, as pernas cruzadas e o rosto pacífico, esperando por ele começar a falar. Não via porque não falar, a garota nunca saberia de quem ele falaria, e talvez – como uma remota esperança – aquela dor diminuísse. E talvez, aquela sensação que tinha sobre aquela garota, também sumisse.

-A garota que gosto vai se casar. – disse de uma só vez, fechando os olhos e evitando qualquer contato visual com a ruiva. Percebeu que ela ficara quieta e resolveu continuar, o pior já tinha passado. – E recebi o convite.

-Crueldade. – comentou e viu o rapaz olhá-la de canto de olho. – Bom, como não sou sua conhecida, vou falar o que acho, certo? – Jacob apenas assentiu devagar, e ela sorriu. O moreno sentiu o peito apertar nesse momento. - Você recebeu o convite, claro que ela o mandou sabendo o que você acharia. E ela sabia o que você sente?

-Sim, sabia. – a dor pareceu aumentar ao invés de diminuir, como havia pensado.

-Ela sabia o que sentia, sabia que só iria te magoar ao ver o convite, e ainda assim, o enviou? – Callie balançou a cabeça em negação e continuou. – Ela não gosta de ti, como você parece gostar dela.

-O noivo me enviou o convite. – cerrou os dentes ao se lembrar de Edward Cullen.

-Bom, aí a situação muda de figura.

Jacob perdeu-se nos momentos em que ficou a conversar com a ruiva, falando e ouvindo-a comentar em alguns trechos. Era quase impossível que estivesse confortável a falar com aquela desconhecida sobre sua vida, sobre ela. Só percebeu que já havia se passado muito tempo quando a luz do sol se foi, por completo. Mas a ruiva parecia nem perceber que isso havia acontecido. Estava sorrindo e falando com ele como se fossem grandes amigos.

-Olhe, você é um rapaz bonito, divertido e... – olhou para as roupas dele e riu. – Só precisa de um banho. – Jacob riu com ela sobre isso, olhando suas roupas. Era engraçado sentir vontade de rir por algo, e de se matar por outra coisa. – Tenho certeza de que outras garotas morrem por você.

-Não, isso não acontece.– viu a ruiva se levantar e colocar a mochila nas costas.

-Não acontece porque você não percebe. – o rapaz se levantou perto dela e Callie teve que olhar para cima. Seu um metro e sessenta e três não eram nada comparados a altura dele. – Meu Deus, quanto você mede?

-Dois metros.

-Alto demais. – disse, rindo e andando na direção da estrada e vendo que ele a seguia. Jacob sentiu-se bem outra vez ao ouvi-la rir e não entendeu aquela sensação. – Bom, espero ter ajudado. E, sinceramente, volte pra casa, seu pai deve estar preocupado. Eu ficaria se você fosse meu filho.

-É, acho que sim. – Jacob disse, incerto, e olhou para a estrada que daria em Forks, o levando novamente para aquele tormento.

-Espero ter ajudado você em algo. Agora, me ajude, pra onde fica Forks? – ela apontou para ambos os lados da estrada, fazendo-o entender que estava perdida. Callie naquele momento olhou dentro dos olhos do rapaz como nunca tinha feito antes durante todo aquele tempo, e tudo pareceu parar.

O tempo travou naquele segundo e ela viu tudo que ele sentia: a dor, a humilhação, a paixão. Tudo. E sentiu-se mal por ele, como se fosse capaz de sentir tudo que ele sentia por algum tipo de ligação. E no segundo seguinte o mundo girava normalmente, no segundo seguinte, Callie ainda prendia a respiração e o rapaz a fitava de forma mais séria.

-Vamos, eu moro em Forks. – foi a única coisa que Jacob disse antes de pegar a mochila das costas dela e começar a andar na direção correta. – Meu nome é Jacob Black.

-Meu é Callie Smith. – sorriu, tentando acompanhá-lo pelo asfalto e sorrindo quando ele sorriu, mesmo que forçando. – Quantos anos tem, Jacob?

-Dezessete e você? – a pergunta soou estranha, e ele não conseguiu descobrir de imediato o porquê.

-Vinte e cinco. – disse mais baixo, envergonhada por ser tão mais velha que ele. E continuou o caminho em silêncio, pensando em todas as coisas que Jacob havia lhe contado. Como havia ficado mal pela garota, e ele tomara todo cuidado para não revelar nenhum nome ou aonde os protagonistas de sua história moravam. E mesmo se o tivesse feito, ela não iria atrás nem gostaria de conhecê-los, apenas ficaria mais fácil. Deu de ombros e sorriu, sentindo que ele estava lhe olhando de canto de olho, tentando analisar cada movimento seu.

Aquilo era estranho. Sentir o que ela sentia, sem nem saber quem ela era. Não perguntara nada a não ser seu nome e idade. E aquilo não dizia nada sobre ela, não lhe dava nenhuma explicação. Ela era uma total desconhecida para ele e, mesmo assim, era o que ele mais desejava no mundo. Mesmo que não quisesse. Mesmo que seu corpo precisasse, era de outra que sua mente queria.

Callie olhou no relógio de pulso e viu que já se passava das nove e meia da noite e não pareciam estar chegando em Forks, e seu cansaço começou a ficar maior. Jacob percebeu isso e resolveu que o silêncio não estava ajudando. Tentou puxar assunto. Qualquer assunto.

-Você não mora por essas redondezas, não?

-Não, moro no Brasil. – respondeu feliz por ele querer conversar novamente, aquilo a distrairia do longo caminho. – E por falar em Brasil, daqui a pouco chegamos lá, não?

-Não, já estamos em Forks. – Jacob respondeu, rindo dela, que começou a olhar para os lados, procurando qualquer sinal de placa. Callie viu que não estava mais em uma estrada e sim em uma rua, com calçadas e casas. Sorriu por finalmente estar em Forks, só restava achar uma pensão ou pousada e instalar-se.

-Nossa, não percebi. Onde fica a pousada mais próxima? – perguntou e não entendeu quando o rapaz desatou a rir dela e parou, esperando que ele parasse de rir e respondesse. – Qual é a graça?

-Você. – riu mais um pouco e respondeu. – Pousada "mais próxima"? Aqui só existe uma pensão, e não é muito grande.

Jacob continuou a andar e Callie o seguiu, ainda examinando tudo a seu redor, inclusive como todo seu corpo ainda tremia de frio, e Jacob com poucas roupas, e ainda por cima rasgadas, não parecia se importar com a temperatura.

-Não sente frio? – Callie perguntou, levantando a mão e tocando de leve o braço do rapaz. E espantou-se ao sentir a pele tão quente dele, mesmo que não protegida do tempo.

-Me acostumei. – deu de ombros e parou de andar, em frente a uma casa com a luz da varanda acesa. – Chegamos. – percebeu que a mão dela ainda estava em contato com seu braço, e sentiu-se estranho por isso.

-Oh, certo. Obrigada por me ajudar. – Callie ficou vermelha por perceber que ainda o tocava e afastou a mão rapidamente, pegando a mochila que ele lhe entregava. – É, então acho que é isso. Se cuide e pare de achar que ela te merece. – aproximou-se e sorriu abertamente. – E nos vemos, acho.

-Talvez, mas duvido. Moro na reserva perto da praia. Não é tão longe, mas precisa ir de carro. – respondeu e andou até a pequena varanda da pensão, acompanhando a ruiva. – Mas se você for na praia, quem sabe.

-Sim, pode ser. – Callie subiu os dois degraus da varanda e virou-se, encarando Jacob quase que da mesma altura. A ruiva aproximou-se dele, beijando seu rosto do lado direito e afastando-se devagar para ver a reação dele, surpreso, mas que sorria brevemente. – Boa noite e cuide-se, sim?

-Sim. E você também. – respondeu, virando-se e saindo da luz da varanda. – Boa noite, Callie. – desejou e começou a andar pela calçada, seguindo seu caminho para casa. A mente entrando outra vez no motivo para o qual ter fugido de lá. O melhor era enfrentar tudo e seguir o conselho de Callie, ir em frente.

E agora, mas que nunca, tinha que ir em frente, pois como explicar para seu pai, para Sam e para todos que tivera sua impressão, mas que seu coração pertencia a outra pessoa? Como conseguir controlar seu corpo, sua mente e seu coração, quando sua vida estava destinada a alguém e você escolhera outra pessoa?

Não era possível que tivesse a impressão com alguém que em poucos dias deixaria a cidade e, talvez, nunca mais voltaria. Uma pessoa que poderia já ter alguém para si, uma pessoa livre e que não sabia de todas as situações de sua vida. Alguém normal, sem paixões por vampiros ou por lobisomens. Alguém que simplesmente, não poderia ser sua. Mas agora era, e ele era dela, mesmo que ela não soubesse ou não quisesse. O destino se encarregaria de colocá-los juntos e Jacob sabia que para continuar vivo e com sua sanidade intacta, tinha que tê-la, fazê-la ficar. Amá-la.

E seu coração já amava, já estava ocupado. E o destino pouco ligava para isso. O destino traçara sua vida e sua perdição, pouco se importando com o que ele precisava ou queria. Era aquilo e pronto. Teria que aceitar.

Callie ficou parada algum tempo na varanda, vendo Jacob descer a rua devagar, cabeça baixa, pensando em algo. Era estranho sentir o que ele parecia sentir, mas também sentia que ele sabia que ela estaria ali caso ele precisasse. E ele parecia que precisaria de algumas outras conversas. Balançou a cabeça e virou-se olhando a pequena pensão e sorriu. Aquilo definitivamente não parecia uma pensão, parecia mais a casa de uma senhora, as paredes pintadas de amarelo claro, as janelas com cortinas brancas e rendadas, e a porta com um enfeite vermelho que dizia: Lar Doce Lar.

Sorriu e tocou a campainha, escutando passos lentos virem na direção da porta. Uma senhora que aparentava ter setenta anos abriu a porta devagar e sorriu para Callie, abrindo mais e a convidando para entrar. A ruiva aceitou e entrou olhando para a casa, que na verdade, era uma pensão realmente, com balcão, sala de jantar com diversas mesas e cadeiras, uma sala de estar com três sofás e uma televisão.

Ficou com o último quarto da casa e desejou boa noite para a Sra. Allanis e seguiu para seu quarto, desejando um banho quente e uma cama macia. Percebeu que todos os outros quartos estavam vazios e que o silêncio reinava na casa. Abriu a porta e não conseguiu não sorrir, o quarto parecia um quarto de casa de boneca.

Uma cama de casal logo a frente da porta, com lençol e cobertores rosa, o chão de madeira, mas com vários tapetes de flores espalhados. A estampa do papel de parede era de um campo bem verde, com flores e nuvens rechonchudas. Não tinha guarda-roupas, apenas uma cômoda branca com puxadores pintados de amarelo claro. Logo acima, um espelho oval e um vaso de rosas bem vermelhas; ao lado, uma cadeira branca e um mancebo, também amarelo claro.

Entrou no quarto e ficou a fitar o cobertor rosa, algo que definitivamente não combinava com ela, mas não podia fazer nada, a situação era aceitar. Tinha que se lembrar que estava ali para trabalhar. Tirar fotos dos lugares, das paisagens, das praias e dos caminhos pela floresta, escolher as melhores e enviar para seu editor. E só então partir para a próxima cidade escondida, mostrando ao mundo – ou ao Brasil – uma parte que as pessoas não conheciam do planeta aonde viviam. E gostava demais do que fazia, tinha oportunidade de conhecer pessoas e lugares que de outro modo nunca conheceria.

Colocou a mala no chão e a abriu, pegando seu kit de higiene, uma troca de roupa e toalha, tomaria um banho e dormiria até a manhã seguinte. Trabalhava melhor completamente descansada e de cabeça vazia, por que no momento só conseguia pensar em como Jacob Black poderia estar.


-Achei que não voltaria. – Jacob já sabia que Sam estaria ali, mas nem se importou em levantar o rosto e olhá-lo. Continuou somente a fitar o chão e passou para dentro de sua casa, ignorando Sam que estava sentado perto da porta da cozinha. – Resolveu enfrentar a situação?

-Não. – Jacob respondeu, sabendo que Sam o seguiria para dentro, e pouco se importou ao ouvi-lo fechar a porta com força, atravessando a cozinha atrás de si.

-Jacob, ela vai se casar, grande coisa. – disse, como se aquela notícia realmente fosse somente mais uma notícia e que não poderia machucar a Jacob. – Você não teve sua impressão com ela, ainda achará a mulher que vai amar de verdade.

-Já tive minha impressão. – Jacob virou-se de repente, falando sério com o outro rapaz, e olhou para o lado, vendo que seu pai estava parado na porta do quarto dele, olhando-o surpreso e triste. – E ela também vai embora. Também vai deixar Forks.

-Jacob! – chamou Billy ao vê-lo entrar no quarto e fechar a porta, mas Sam o impediu de ir até lá. Billy ficou a fitá-lo, tentando entender o que se passava, tentando entender porque o rapaz o impedira.

-Deixe-o ficar sozinho um pouco, Billy. Talvez ele consiga colocar a cabeça no lugar e depois nos conte sobre a impressão. – disse baixo e deu de ombros, ao qual Billy concordou e olhou tristemente para a porta do quarto de seu filho.

-Acha que ele realmente teve a impressão?

-Sim. – Sam respondeu, indo na direção da porta da cozinha e abrindo-a. – E Billy, ele sabe bem o que terá que fazer com relação a isso.

Billy viu o rapaz fechar a porta e ir embora, deixando-o no mais completo silêncio, sua mente analisando tudo que escutara. Seu filho tinha tido a impressão, mas já estava apaixonado por outra pessoa. E isso seria um grande problema, se já não existisse outro: a garota iria embora. Mas quem era essa garota? De onde ela viera e para onde ia? E, mais importante, quando ela iria?


Callie levantou-se no dia seguinte sentindo-se descansada, como se tivesse dormido em sua própria casa, como não fazia há dois anos. Viajar por todos os lugares do mundo seria mais divertido se ela não tivesse aceitado tal serviço por uma necessidade. Mas mesmo assim, gostava do que fazia e sentia que levaria consigo experiências ótimas de Forks. O lugar era frio, quase sem sol algum, mas que tinha ótimas paisagens, como árvores para todos os lados. Vira no caminho até ali com Jacob algumas estradas para dentro da floresta que poderiam levá-la até o pé de alguma montanha ou penhasco, tudo era possibilidade.

Olhou pela janela do quarto e viu o céu com nuvens pesadas e apenas um resquício do que poderia ser o sol. Tentou sorrir alegremente, mas não conseguiu, Jacob Black tinha voltado em sua mente, e ela só conseguia pensar se ele realmente tinha voltado para casa e conseguido entender que ele poderia muito bem seguir em frente sem a tal garota.

Esperava que ele entendesse que todas as pessoas tinham decepções amorosas, mas que era somente uma questão de saber resolvê-las. E queria ajudá-lo, sentira no dia anterior que era a primeira vez que o rapaz passava por isso, e que mesmo que ele tivesse o pai para apoiá-lo, ela poderia ajudar de algum modo.

Porém, não sabia onde encontrá-lo, apenas sabia que ele morava na reserva; mas que tamanho era e quantas pessoas moravam nessa reserva? Seria algo sensato sair a perguntar se alguém conhecia Jacob Black? E se por um acaso o encontrasse, como explicaria que queria ajudá-lo sem parecer uma enxerida? Não, melhor deixar as coisas como estavam e seguir em frente, se o destino assim quisesse, ela o encontraria outra vez e, talvez, ela pudesse ajudá-lo mais um pouco.

Saiu da pensão não encontrando Sra. Allanis, mas deixou um recado, avisando que estaria na cidade, procurando por uma loja onde poderia comprar algo para comer e revistas. O frio lhe atingiu a pele clara assim que saiu pela porta, mas não ligou, teria que se acostumar, ficaria mais alguns dias em Forks, e não poderia sempre sair com três casacos, duas calças, duas meias e botas. Agora vestia apenas uma blusa e uma jaqueta, uma calça jeans e botas de couro, tentando aquecer seus pés, sempre tão frios.

Andou alguns minutos por ruas com poucas pessoas e sorriu para todas, que pareciam gentis. Mexeu na câmera pendurada em seu pescoço e tirou algumas fotos de casas, paisagens e pessoas. Adorava poder mandar fotos diferentes para a revista que trabalhava no Brasil. Fotos que tinham conteúdo e história, que faziam as pessoas lerem de verdade a matéria ao lado e olharem com atenção a foto, vendo o que realmente ela poderia mostrar.

Passou vários minutos somente olhando para as coisas em seu caminho e percebeu que estava na frente de um pequeno mercado, onde alguns carros estavam estacionados na entrada. O movimento de pessoas era pouco, mas ainda assim via mais pessoas do que vira ontem, e isso a alegrava muito. Tirou fotos da fachada da loja e de algumas pessoas ao longe, incluindo um belo fundo. Virou-se novamente para a loja, decidida a entrar e comprar várias coisas que precisava quando um carro vermelho, muito chamativo e diferente dos carros locais, parou na única vaga vazia, quase passando por cima do pé de Callie.

A ruiva ficou a fitar a porta do motorista, esperando que o irresponsável saísse do carro e ela pudesse lhe dizer algumas coisas. Mas Callie calou-se assim que a porta se abriu e de dentro saiu um rapaz alto e forte, de porte atlético. Prendeu a respiração, como se algo nele fosse tão diferente que ela não conseguia desviar a atenção. Ele fechou a porta e se dirigiu a ela, como se fosse falar algo. Callie apenas observou seu modo de andar, o modo como seu corpo era forte, como seus braços pareciam ter músculos a mais, e como seus olhos eram dourados. Os cabelos curtos castanhos contrastavam com a pele clara demais, algo que realmente era normal naqueles lugares. Mas que definitivamente destoava de algumas pessoas locais. Continuou fitando-o, dessa vez de forma mais séria, lembrando-se de que ele quase a atropelara.

-Boa mira. – disse quando ele passou, dirigindo-se a porta de entrada da loja. O rapaz olhou para trás e a encarou, sem parar de andar.

-Disponha. – respondeu e entrou, sorrindo pelo canto da boca e fazendo Callie ficar ainda mais nervosa. Aquele garoto, definitivamente, não tinha bons modos, e pelo carro que tinha, não deveria ser da cidade.

Entrou na loja e resolveu que começar o dia ficando irritada com alguém desconhecido, não lhe faria nada bem. Decidiu deixar o assunto de lado e começou a colocar na pequena cesta que pegara na entrada, todas as coisas que precisava. Em poucos minutos percorrera a loja toda e já tinha muitas das coisas que queria, incluindo algumas revistas para se distrair. Andou calma em direção ao caixa e respirou fundo ao ver que tinha duas pessoas em sua frente, o último sendo o rapaz mal educado do carro vermelho.

Callie respirou fundo mais uma vez e aproximou-se, vendo-o olhar brevemente para trás e sorrir pelo canto da boca, em forma de deboche. Tentou não se irritar, mas tornou-se impossível quando ele olhou novamente, ainda sorrindo daquele modo.

-Deveria ter mais cuidado ao dirigir. – disse baixo, evitando chamar atenção de qualquer outra pessoa.

-Não está morta ou sem as pernas. – o rapaz respondeu e virou-se, entregando as compras para a garota do caixa, que o encarava com certo receio.

-Mas poderia estar. – Callie disse outra vez baixo, mas a garota que computava os preços, a olhava surpresa. Olhou para a compra dele, ele apenas levava alguns pacotes de ração para gato e o olhou novamente, esperando qualquer resposta dele.

-Mas não está. – respondeu e pegou a compra e o troco, saindo da loja sem olhar novamente para trás ou para Callie, que ficou no mesmo lugar sem conseguir entender como aquele rapaz poderia ter olhos tão penetrantes e ao mesmo tempo ser um perfeito idiota no volante.

-Próximo? – a garota perguntou e Callie saiu do que parecia um transe, olhando para a caixa pedindo desculpas e passando suas compras.

Já saindo da loja, viu que o carro já não estava mais lá e que no lugar estava uma caminhonete vermelha, um pouco velha demais para ser segura. E uma garota estava dentro da cabine, as mãos coladas ao volante e os olhos baixos, como se estivesse chorando. Mas poucos segundos depois ela levantou o rosto e saiu do veículo, andando decidida para dentro da loja, passando por ela e sorrindo fracamente quando a ruiva sorriu.

Callie andou pela calçada com as sacolas na mão, vendo as casas e as árvores que apareciam na paisagem, querendo ou não. E seu celular começou a tocar, seu coração apertou e sua mente se focou em uma só pessoa. Largou as sacolas no chão, pegou o celular no bolso de trás da calça e atendeu. Tudo à sua volta pareceu se tornar um borrão e os joelhos cederam, batendo contra o chão frio.

-Não... não...


Levou as mãos ao peito e afastou as cobertas, levantando-se da cama, mas caindo de joelhos logo em seguida. Aquela dor que ele não entendia de onde vinha, e por um momento, temeu estar com algum problema. Mas então sentiu, sentiu aquela pontada diferente que lhe explicava tudo. Aquela dor não era sua, não era algo que o atingia, mas sim atingia Callie. Ela estava sofrendo, sentindo dor, alguém a machucava. E sabia perfeitamente que não era fisicamente. Era uma emoção terrível, algo que não o possibilitava levantar os joelhos do assoalho de seu quarto, mas que era suficiente para que ele soubesse do que se tratava. E então o sangue ferveu, sua pele esquentou depressa, como se toda aquela dor estivesse se transformando em algo menos saudável. Algo que ele conseguiu identificar como raiva. Ódio.

Jacob Black sentiu um ódio que simplesmente, não lhe pertencia.


N.A.:  Olá pessoas, como vcs estão? Espero que bem...

Bom, vou dar uma explicação antes de continuar essa fic e espero que vcs comentem e tal... eu vou escrever sobre o lado mais sombrio da impressão. Algo que até agora não consegui achar de verdade em nenhuma fic... ou seja, se ficar triste e difícil para o nosso lobinho maravilhoso, não fiquem bravos... eu apenas quero mostrar o outro lado, qual acho que poderia ser, na verdade...

Vc que está lendo isso, já comentou?

Não?

Comenta? Please? Vai?

O que acharam?

Kiss