De suas mãos

De suas mãos, naquela noite fora tirado algo que ele tinha como certo. Era realmente mais uma possibilidade, talvez uma vã esperança...

Contivera-se ao receber a notícia. Soubera, por fim, dos gritos de Potter, de seu desespero, e riu da ironia, porque, a seu ver, não fora o garoto quem, de fato, sentiria a ausência.

Tentara se justificar pela perda, quando ainda não admitira a própria culpa. Alertara Sirius, contatara Dumbledore, reunira a Ordem... não fosse a maldita impulsividade dos grifinórios, nada disso teria acontecido.

Diante da tragédia, relutou em lembrar a si mesmo que Sirius não era seu amigo. Não era isso, nem algo mais, desde que ele sonhara em adquirir poder e se tornar um mago das trevas. Sirius jamais demonstrara algum interesse pela ridícula figura de Comensal da Morte que ele apresentava.

A realidade gritou em sua mente, apontando que, de fato, ele nunca demonstrara interesse algum. Desde o princípio, sempre fora Severus quem o procurara, quem falara sobre os colegas sonserinos, sobre Dumbledore, sobre Voldemort...

Sirius jamais insistira em uma amizade, preferindo sempre andar com James Potter ou aqueles malditos grifinórios. Como então Severus continuava o culpando por tudo ter dado tão errado? Fora sua a falta, por não ter percebido as maiores verdades que existiam entre eles. Fora sua a falta por ter deixado as coisas se despedaçarem, por ter permitido que...

A ida ao Departamento de Mistérios não era a única coisa que ele deveria – poderia – ter impedido. No momento em que reconheceu isso, conseguiu absolver Sirius; não conseguiu absolver a si mesmo. Tornou-se indiferente, porque era tarde, e aquele que morre, jamais volta à vida – nada mais poderia acontecer entre os dois. Não havia esperança para mais nada. Nem para ele.