A pior época do ano era aquela em que nos encontrávamos: o natal. Muitas crianças gostavam do natal, inclusive o seu pequeno meio irmão. Mas ele não era uma festa muito inadequada, as pessoas se reuniam por puro interesse aquisitivo, ganhar presentes uma das outras, espalhar um pouco mais de falsidade, do que o habitual, e essas coisas.
A casa estava cheia dos parentes do não admirável Sr. Cooper, seu pai, eram parentes nunca o visitavam, apenas vinham nessa época, e depois, voltavam apenas na ação de graças, ou época semelhante, onde pudessem devorar a comida alheia, e se banhar em falsidade pura.
– Vincent, saia do escritório e vá brincar com os seus primos, você só tem 10 anos, não precisa ficar lendo tanto. – Um de seus tios, o tirou de seu pensamento.
– Não se preocupe, já estou indo. Vou terminar de guardar os livros. – O jovem garoto de 10 anos saiu de trás de uma pilha considerável de livros.
– Não se demore, seus primos querem lhe ver. – Teria frase mais horrível que aquela? "Seus primos, querem lhe ver, os senhores sem cérebro, querem lhe ver". Demorou-se mais do que o aceitável, colocando os livros, na velocidade de uma tartaruga em cada uma das estantes.
Algumas horas se passaram, de forma extremamente lenta, afinal, se tratava da véspera de natal, e aparentemente, as horas se demoravam mais, como se algum ser oculto, estivesse atrapalhando o delicado movimento elíptico praticado por nosso planeta, em volta do glorioso sol. A hora da ceia finalmente chegou, e o jovem Vincent, caminhou da biblioteca, para a sala de estar, que por um milagre, estava completamente límpida, onde meus parentes, ou porcos, como eu costumava chamá-los, chafurdavam conversando sobre imbecilidades, não havia um único ser de intelecto, para comentar sobre as recentes reformas no Ministério da Magia.
– Finalmente, Vincent. – Um dos primos anunciou, enquanto o já sonolento Vincent despontava a sala.
– Boa noite, Frederick. – Ele o respondeu, de forma sonolenta, estava esperando apenas a meia noite, para recolher o presente de sua mãe, e subir para se deitar.
Frederick era seu primo mais velho e mais detestável, estava no ultimo ano de Hogwarts, e graças a Deus iria se formar antes de ele entrar na escola.
– Pessoas como você, são devoradas vivas em Hogwarts Vince. Você tem que ser mais ativo, e não ficar lendo sempre. – Antares, meu segundo primo mais velho resolveu se manifestar. Era a desgraça da família, havia caído na Grifinória, estava em seu sexto ano.
– Brilhante Anta, digo, Ant. – Vince comentou, quando o sono lhe batia, ficava mais ácido do que de costume. – Vou ir mais próximo a arvore, quero sair logo daqui. Boas noites aos que ficam. – Disparou, caminhando em direção à árvore de natal que estava mais próxima a cozinha.
– Quanta audácia. – Ouviu-se Antares berrar.
A noite de natal se decorreu como de costume, Vincent sentou-se a mesa dos adultos, mesmo a contragosto de alguns dos presentes. O presente que recebera de sua mãe, ainda permanecia incógnito, primeiro como de costume, a ceia foi servida, todos devoraram aquela comida como se fosse a ultima do universo. Um bando de selvagens.
– Pronto, podem abrir os presentes. – A nova Sra. Cooper anunciou.
Vince que quase já dormia, caminhou em direção a árvore, alguns presentes estavam endereçados em seu nome, mas ele apenas se interessou no presente que estava com aquela caligrafia tão particular que era a de sua mãe. O presente era o melhor que ele poderia ter ganhado, era um medalhão, o cordão era feito de ouro puro, e o pingente uma esmeralda com um "S" em forma de serpente dentro dela, atrás, podia-se ler: "Cogito ergo sum", que significava: "Penso, logo existo". Do famoso filosofo Descartes.
O resto da noite não custou a passar, as crianças eram obrigadas a ficar acordadas, era uma estranha tradição da família, onde todos só poderiam dormir depois de observar o primeiro lusco-fusco do dia.
O jardim da casa, geralmente maltrapilho e descuidado, estava perfeitamente arrumado, para que os porcos se chafurdassem na lama mais, mas Vincent destoava deles, não ria exageradamente, não falava dos outros, não tinha um espírito pequeno, e com toda certeza, teria um futuro glorioso. Havia se retirado para seu quarto, para refletir sobre o presente que havia ganhado. Em seguida, pegou a nova edição do Profeta Diário, que havia chegado há poucos minutos. Mas não teve tempo para lê-lo, foi chamado por Antares, o lusco-fuscoestava começando.
– Já vou, já vou. – Anunciou, colocando o jornal em cima da cama, e pegando um casaco a mais, o frio estava ficando mais rígido.
Caminhou em direção ao jardim, e não demorou muito para que o lusco-fusco aparecesse, e com isso todos foram dormir, alguns foram embora, para voltar mais tarde. Vince caminhou em direção ao seu quarto, atirando-se na cama, e com as últimas palavras, antes de ser levado aos braços de Morfeu, disse: – Com toda certeza, eu odeio crepúsculo.
