A Mulher mais próxima de Deus
Cap-I (Guerra e paz irmãs são)
Após a última Batalha, contra o Deus dos Deuses, Zeus, tudo estava calmo no Santuário. Todos os Cavaleiros ressuscitados, parecia que alguém tinha passado uma borracha em tantas lutas sangrentas. Finalmente, os outros Deuses tinham deixado Athena em paz, afinal, não valia a pena combater aquela Deusa tão determinada, nas palavras de Zeus «a minha filha favorita, mas a que herdou toda a minha teimosia». Vendo bem- consideraram os Deuses- ela só queria governar em paz. No Domínio Sagrado, a Deusa rebelde descansava. Era maravilhosa aquela tranquilidade. Mesmo os três Cavaleiros renegados, Saga, Shura e Kamus estavam de volta às suas casas.
Saga vivia agora em família na Casa de Gemini, tendo por companhia o seu irmão Kanon, com quem se tinha reconciliado, a sua esposa Ishtar, a Deusa do Amor, e o seu filho Tammuz. E, no meio daquela paz...Saga aborrecia-se mortalmente! Quem tanto tinha lutado pela paz, ansiava agora por uma batalha que o viesse tirar daquele marasmo. -Só uma luta, só uma batalhazinha, Athena!- pedia de joelhos-Mas Athena abanava a cabeça. Até podia compreende-lo, mas não havia inimigos, Graças aos Céus! Saga teria de se entreter de outra forma. O pobre Saga voltava para casa tão desconsolado, que a sua amada receava que ele viesse a sofrer de um sério esgotamento nervoso. O amor de Ishtar, renovado noite após noite na cama dos dois, a presença do filho que ele adorava, por si só, não realizavam o homem que estivera tão perto de governar o mundo.
-Ah, aborreço-me! Vou morrer de tédio! – desabafava com Kamus. -De que te queixas tu? - replicou o outro, mordendo indolentemente uma maçã. -Zombas de mim, Kamus? Não vês aquilo em que me transformei ?- respondeu, levantando-se indignado – sou um homem de família! Kamus riu-se francamente do amigo. De facto, Saga gozava agora uma vida muito próspera e feliz. Amado pela mais bela das Deusas, a própria Afrodite, por quem era apaixonado além da sensatez; pai de um filho maravilhoso de cuja companhia podia finalmente usufruir depois de tempos conturbados; era um homem belo e rico, e, acima de tudo...vivera novamente. Que mais alegrias podia ele desejar? Saga olhou-o, nervoso, agitando os braços. -Guerra! Sinto a falta da Guerra! O Cavaleiro de Aquário baixou os olhos. -Entendo-te! Treinámos tantos anos, para agora vivermos...como Lordes. -Isso. -Mas que queres? Começar guerras outra vez só para te divertires? Saga fitou-o, estúpido. -Não... -Então habitua-te, meu caro, e para de te queixar... já viste como és egoísta? -Egoísta, eu?- Saga agora começava a irritar-se deveras com a placidez de Kamus. Sempre tão calmo, tão conformado, dava nervos! Kamus fez-se vermelho. -Julgas que eu não estou entediado??? Que os outros não estão aborrecidos? – gritou, gesticulando muito – Ah, mon amie, também eu morro de chatice neste Santuário! Todos nós! O Cavaleiro de Gémeos sentou-se, vencido, na poltrona. Teria de se conformar com a realidade: treinos, férias e viagens com Ishtar, festas com os amigos no Domínio Sagrado. Seria esse o seu destino? Desejar somente o que não podia ter? - Nós somos guerreiros, Saga. Fazemos a guerra para buscar a paz...
Outro companheiro entrava na sala de Kamus. Nada mais nada menos do que o folgazão Shura. Estava pálido. -A minha pobre cabeça! -O que foi que aprontaste desta vez, Shura? –perguntou o grego com um sorriso inexpressivo. -Ontem à noite bebi além da conta com Miro...ah, como a paz pode ser chata! Os outros dois desataram a rir.
Ver «A Maldição de Saga» da mesma autora.
