Bella olhava a água cristalina e convidativa do lago na sua frente. Sempre acabava naquele lugar quando queria ficar sozinha. Sua casa nunca foi um lugar calmo. Sempre muita gente, sempre muita gritaria. Ela não teria que suportar os gritos e a confusão por muito mais tempo, mas desconfiava que acabaria sentindo falta. Afinal era sua casa, o lugar onde tinha nascido e crescido e afinal aquela era a sua família. Em breve seria o dia do seu casamento. Bella tinha completado 22 anos. Sempre soube que se casaria com essa idade. Tinha sido criada e preparada para o casamento tal como todas as mulheres da ilha Blackstone. Bella não sonhava particularmente em se casar. Não tão cedo, pelo menos. Muito menos sem conhecer seu noivo e futuro marido. Bella sabia que fora da ilha, os costumes eram outros. Que as pessoas se conheciam antes de formar compromisso. Que decidiriam se realmente queriam casar. Que poderiam desistir caso não desse certo. Ou que até mesmo poderiam viver uma vida sem nunca falar os votos. Bella não tinha nada contra o casamento, ela só não queria acabar casada com alguém que ela não suportava e a chance de isso acontecer, era enorme. Calmamente Bella começou a se livrar do seu vestido. Talvez não tivesse outra chance de voltar a entrar no lago. Com uma careta de dor ela conseguiu finalmente ficar apenas de roupa interior. Ainda estava um pouco dolorida depois dos rituais realizados antes do casamento. Suas costas ainda estavam tensas e a tinta negra usada para traçar as linhas do brasão da família que seria a sua, ainda lhe causava pontadas repentinas de dor. A água fria serviria como calmante. Bella não tinha olhado suas costas. Mesmo que tivesse, ela não conhecia os brasões das famílias mais ricas de Blackstone. As únicas quais orgulhosamente tinham um brasão. Não conseguiria nenhuma pista de quem seria seu futuro marido. Ela nunca esperou ser escolhida para casar com alguém de uma família renomada. Ela nunca se achou especialmente bonita ou especialmente inteligente. Não era especialmente boa nos domínios femininos considerados imprescindíveis para uma mulher de família e ainda tinha os boatos de que ela tinha sido tocada por um demônio logo que nasceu, por conta dos seus olhos peculiares. Seu olho direito azul e seu olho esquerdo verde, tinham dado muito que falar na pequena vila onde ela vivia. Tinha até algumas pessoas que preferiam manter a distância como se Bella carregasse com ela alguma doença contagiosa ou se fosse a chave para o inferno em pessoa. Seus cabelos negros também não eram os preferidos dos filhos de senhores com sobrenomes importantes. Eles sempre acabavam preferindo as mulheres de cabelos mais claros, mas por alguma razão, Bella tinha sido a escolhida. Talvez ela tivesse se saído melhor no teste de inteligência do que ela pensava. Bella entrou no lago com calma. Deixando o corpo se acostumar com a água fria. Deixou a água cobrir o seu corpo esperando que funcionasse como anestesia e tentou imaginar o rosto do marido que seria seu em breve.

Edward não sabia mais que caminho ele estava indo. Era capaz de jurar que não estava voltando pela mesma estrada de antes. Claro que seria mais fácil de voltar pelo caminho certo se não tivesse bebido tanto. Deveria ter parado de beber quando começou a sentir que os seus movimentos não eram mais tão graciosos, ainda assim acabou pedindo mais uma e outra garrafa de vinho. Já era manhã e certamente o caminho parecia completamente diferente do que ele havia feito durante a noite. Ele nem mesmo lembra de andar tanto. Talvez ele devesse tentar andar em uma linha reta para começo de conversa. Edward bufou irritado, tentando passar os ramos quebrados no chão que lhe pareciam armadilhas para alguém com pouco equilíbrio. Já era um desafio ter que se manter de pé em solo plano. Ao longe ele pensou ter visto movimentos. Queria se aproximar para pedir indicações de como voltar para casa. Era ridículo que ele tivesse crescido naquele lugar, mas que apenas alguns anos fora da ilha tivesse sido suficiente para perder o rumo. Era óbvio que a bebida também estava contribuindo para a sua falta de orientação. Mais perto ele percebeu que os movimentos que tinha enxergado de longe eram de uma mulher. Ela tinha cabelos negros e pele clara. O vestido azul era simples, mas caia bem no corpo esbelto. Edward parou por uns momentos se apoiando na árvore para obter algum equilíbrio. Precisava recuperar o fôlego. Era como se já estivesse andando há horas. Edward observou a mulher se levantar. Se livrar do vestido sem a menor pressa. De o deixar cair no chão sem a menor preocupação. Com certeza ela não suspeitava que estava sendo observada. Edward se esforçou para focar os traços desenhados nas costas dela. Era uma mulher comprometida, Edward sabia pelos traços nas suas costas. Comprometida e fiel, já que os traços não tinham o menor vestígio de terem sido tocados. A magia que a tinta dos rituais continha, não permitiria que outro homem além do prometido tocasse no corpo da mulher sem danificar os traços. Se alguma outra mão tocasse a sua pele, os traços perderiam a forma, a pele seria desbotada. Mas aquela mulher, não havia sido tocada por ninguém. O Edward sóbrio sabia que não deveria estar espiando uma mulher comprometida. Observando uma mulher que não era dele. Muito menos sem o conhecimento dela. Mas Edward não estava sóbrio e tudo o que ele via era os traços negros na pele clara. As curvas delicadas do corpo dela. Os cabelos negros presos no alto da cabeça meio bagunçados. O corpo dela desapareceu na água. Cambaleando, Edward deu alguns passos para se aproximar. Ele queria ter sido silencioso, mas sua falta de destreza a meio da bebida o denunciaram. A mulher olhou em redor desconfiada. Edward teve uma breve visão dos seus seios antes dela os cobrir com os braços. Pela expressão dela, estava mais furiosa do que horrorizada. Edward tentou pedir perdão antes de cair no chão sem equilíbrio. A mulher escutou os seus lamentos de dor. Saiu do lago, alcançando o seu vestido. Foi até ele com o vestido colado no corpo. Ele tinha uma careta de dor estampada no rosto e uma mão na cabeça. "Meu Deus. Está mais bêbado que um gambá." ela disse. Edward se esforçou para abrir os olhos. O mundo girava ao redor dele. "Estava me observando por um acaso seu perverso?" ela cruzou os braços, claramente chateada. Edward olhou diretamente nos olhos dela. Não conseguia perceber se seus olhos eram verdes ou azuis. Apenas tinha certeza de que eram claros e que o olhavam com desaprovação. "Sim." ele disse. Ela abriu a boca em choque. Não esperava que ele realmente admitisse. "Ora seu - " ela dizia sendo interrompida por ele. "Não, eu quero dizer. Eu me perdi. Não sei que caminho tomei, só estava querendo chegar em casa. Onde estou?" - a mulher franziu o cenho, desconfiada. "Você não é da Ilha. Ninguém se perde por aqui." ela disse. Edward tentou se levantar. O mundo estava girando demais e sabia que não podia continuar deitado. A mulher o ajudou a sentar ao ver as tentativas falhadas dele. "Misericórdia. Eu só queria um pouco de paz hoje e tinha que cair um idiota bêbado nos meus pés." Ela resmungou com ela mesma. "Não sou um idiota." Edward se defendeu. "Estou bêbado, mas não sou um idiota." A mulher riu. "Me perdoe por não concordar. Parece-me idiota o suficiente para ficar bêbado e não saber como voltar para casa." Ela disse desistindo de o ajudar a sentar. Estava sendo uma missão impossível. "Apenas me diga onde estou, e voltarei ao meu caminho." Ele disse caindo no chão em seguida como um peso morto. A mulher se debruçou sob ele para ter certeza que ele não tinha quebrado a cabeça. Não sentiu nenhum ferimento, mas sentiu a maciez dos cabelos ruivos dele. "Nem mesmo consegue se levantar como pensa voltar para casa qual não conhece o caminho de volta." ela disse. Em resposta ela obteve uma respiração pesada e regular. Não podia acreditar que ele tinha adormecido. O que ela faria com ele? Olhou as roupas finas que ele usava, embora estivessem sujas. Olhos os traços belos do rosto dele. A barba ruiva que começava a surgir no rosto. Ela bonito, ela pensou. Era bem bonito, na verdade. Ela se perguntou o que ele fazia em Blackstone. Não era comum haver caras desconhecidas por ali. Talvez na capital, mas a capital era apenas para os ricos. Ela ficou com ele por algum tempo na esperança de que ele acordasse. Ele nem mesmo se mexia. Ela até mesmo teve que confirmar algumas vezes de que ele respirava. Estava ficando tarde e por mais que ela se sentisse mal em abandonar um homem que estava perdido e adormecido, ela não podia se colocar em problemas a poucos dias antes do seu casamento. Bella alcançou sua bolsa. Pegou seu diário e em uma folha escreveu.

Você está no Lago dos Desejos, na Floresta dos Ossos. Para Oeste fica Steel e para Este a Capital Diamante. Creio que é para onde pensa voltar. Não sei como desenhar mapas, então espero que estas informações sejam suficientes. Não volte mais a este lugar pois ele é meu. E no futuro não observe mulheres desconhecidas em segredo. É de bom tom se fazer anunciar. Na verdade, não observe mulher alguma em segredo, não é nem um pouco cortês. E talvez seja boa ideia não beber tanto pois é uma humilhação para a sua pessoa. Bateu forte com a sua cabeça, pelo menos duas vezes pela minha conta então se morrer já sabe o motivo.

Até nunca mais.

Edward acordou com a cabeça latejando. Não conseguiu abrir os olhos de imediato, mas tinha uma leve visão de uma mulher de cabelos negros e olhos azuis na sua mente. Ou seriam verdes? Ele não tinha certeza, mas lembrava perfeitamente do quanto era bela. O corpo dele doeu. Quando levou a mão ao rosto, sentiu algo na sua mão. Com esforço abriu apenas um dos olhos. Olhou o pedaço de papel na sua mão. Leu o bilhete várias vezes e não queria acreditar na ousadia e descaramento. "Não beber mais." ele disse bufando. "Ela nem mesmo me conhece. Tampouco sabe dos meus motivos." Ele continuou falando consigo mesmo enquanto levava mais tempo do que deveria para se levantar do chão. Finalmente em pé, ele leu o bilhete novamente. Levou a mão á cabeça onde sentiu um enorme galo. Ela não estava mentindo. Realmente tinha batido a cabeça. Guardou o bilhete no bolso e seguiu as indicações dadas no bilhete. Esperava conseguir chegar em casa.

É muito raro Bella ir até a capital. Embora ela achasse tudo muito lindo, ela não gostava de sentir os olhares nela. Os ricos não costumam gostar de ter pessoas mais simples entre eles. Talvez eles pensassem que a pobreza era uma coisa contagiosa. Mas hoje não tinha como evitar. O casamento estava próximo e esta seria a última prova que Bella faria com o seu vestido de noiva. A família a qual ela faria parte muito em breve, estava cuidando dos gastos tal como era o costume. O vestido era digno de uma princesa. Bella não teria condições de colocar um vestido desses nem na próxima encarnação. Primeiramente ela se sentiu estranha ao colocar um tecido tão caro no corpo. Macio demais. Leve demais. Mas depois de ter provado inúmeras vezes e ter assistido o vestido se tornar cada vez mais dela depois de todos os ajustes, Bella sentia que estava pronta para o usar. Que realmente o queria usar. Aquela seria a peça mais bem cuidada que ela já tinha tido na sua vida. A única que realmente tinha sido feita apenas para ela. Com as reais medidas do corpo dela. O vestido dourado, como mandava a tradição, tinha alguns bordados em tom claro. O véu era tão fino que parecia flutuar e dava um toque de leveza fazendo-o parecer branco. Os bordados cobriam os braços de Bella mas não suas costas. Deveria estar completamente descobertas para que o brasão da família fosse visto por todos. Bella se olhou no espelho. Se sentiu bonita. Bonita de verdade. Pegou seus cabelos e os apanhou em um coque alto. Queria olhar suas costas, mas no mesmo segundo perdeu a coragem. Devolveu o vestido e foi lhe prometido que seria entregue na sua casa na manhã da cerimônia. Que estaria perfeito. Antes de voltar para casa decidiu olhar as vitrines um pouco mais. Bella nunca tinha pressa de voltar para casa. Olhou os perfumes em potes delicados. Pareciam caros e Bella se perguntou que cheiro teriam os ricos. Ela mesma fazia seu óleo de alecrim para se perfumar e achava que era bom o suficiente. No reflexo do vidro na sua frente ela viu os cabelos ruivos que chamaram a sua atenção. Observou através do reflexo o homem que tinha aparecido no lago caindo de bêbado. Parecia sóbrio pelo menos. Parecia ter encontrado seu caminho de volta. Ele caminhou graciosamente com um outro homem que parecia pouco mais velho que ele. Bella observou o quanto ele era elegante. Não estava errada ao pensar que o caminho que ele procurava era em direção da capital. Os dois homens pararam olhando a vitrine da joalheria. Os colares de pérolas, os brincos de ouro e as pulseiras de diamante brilhavam até mesmo na distância. Eles ficaram ali por um tempo até que resolveram entrar. Discretamente, Bella caminhou até a vitrine. Facilmente achou os cabelos ruivos através do vidro. Ele pegava uma gargantilha de pérolas na mão. Parecia aborrecido, mas assentiu como resposta ao entusiasmo do amigo e do vendedor. Era possível ele estar escolhendo um presente para sua esposa. Talvez até mesmo sua amante. Era mais do que comum. Mas Bella percebia que tudo o que ele menos queria era estar ali. Talvez sua cabeça ainda doesse, ela pensou. Tinha batido forte. Duas vezes. Suspirando Bella se afastou. Se perguntou se ela acabaria se acostumando à vida da capital. Se ela acabaria se acostumando a ser uma senhora e não apenas a Bella. No fundo Bella esperava que tudo desse certo depois do casamento. Tinha inclusive esperança de que conseguisse ser feliz. Que o destino lhe tivesse guardado um bom marido. Que a sua nova família a aceitasse e que gostasse dela. Estava cansada de se sentir sozinha. Estava cansada de estar rodeada de pessoas, mas ainda assim sentir que não tem ninguém que realmente se importe com ela. Nesse instante os dois homens abandonam a joalheria. Bella observou o homem ruivo com um pacote bonito nas mãos. O olhar dele cruzou com o dela. Ele parece confuso. Bella fica nervosa. O achava malditamente lindo. Bella desviou o olhar e seguiu seu caminho. Ele poderia até ser o homem mais lindo do mundo, mas não seria dela. Pois Bella já era comprometida e tinha os traços negros nas suas costas para comprovar.

Bella foi até ao lago. Seu lugar preferido. Havia silêncio e ela poderia ter momentos de paz antes de voltar para casa. Pegou seu diário com a intenção de escrever um pouco nele, mas passos atrás de si, chamaram a sua atenção. Bella se levantou, fechou as mãos em punho caso precisasse usar a violência. Viu os cabelos ruivos bagunçados surgirem na sua frente. "Está bêbado de novo?" - Ela gritou a distância. Viu um sorriso crescer no rosto dele. Caminhou até ela. "Não sabe seu caminho de volta? Francamente, é melhor comprar um mapa." Bella disse levando as mãos à cintura. "Não estou bêbado e não estou perdido." Ele disse. "Pois então o que faz aqui? Lhe disse para não voltar, este é o meu lugar. Não sabe ler é?" - Bella já começava a ficar irritada. E se ela estivesse novamente no lago? "Sei muito bem senhora, mas gostei deste lugar. Dormi muito bem aqui." - Ele disse ainda com um sorriso nos lábios. "Se esperava me encontrar no lago novamente, chegou cedo demais." - Bella disse e se abaixou para pegar o seu diário jogado na grama. Ele pareceu incomodado com a observação de Bella. "Eu lamento muito."-Ele disse. Não que ele lamentasse ter visto a mulher que roubava sua atenção sem roupa no lago, mas não seria muito cavalheiro se o dissesse em voz alta. "Não tive intenção de a perturbar. Foi um acidente. Aceite minhas desculpas por favor."-Ele disse se curvando um pouco na sua frente. Bella o analisou por um momento. Parecia sincero. Não parecia um tarado que observava mulheres escondido, mas ainda assim, seria melhor tomar cuidado. "Tudo bem. Com certeza não viu nada que nunca tivesse visto antes." -Bella disse. Ele abriu os olhos surpreso pela ousadia. "Me permita me apresentar Senhora. Meu nome é Edward Cullen." -Ele disse esticando a sua mão, esperando a dela. Bella ofereceu sua mão meio receosa. "Bella." ela disse simplesmente. "Não sou nenhuma senhora." Ela disse e voltou a se sentar na grama. Curioso para saber mais sobre ela, Edward se sentou do seu lado. Mantendo uma distância consideravel. "Vai se casar em breve? Vi o brasão nas suas costas." - Ele disse. Talvez não devesse tocar no assunto nudez novamente. A lembrar de que a viu nua. Bella o olhou indignada com o descaramento. " Não que seja da sua conta, mas vou sim." Edward observou os olhos dela. O olho verde e o olho azul. Nunca antes tinha visto nada assim e tinha algo que o estava enfeitiçando. "Também irei me casar em breve. Dizem que é o dia mais feliz das nossas vidas. Acha que será?" - Ele perguntou. Bella nunca tinha realmente pensado sobre isso. Cresceu escutando a palavra casamento. Acreditava mais que era um dia inevitável acima do dia mais feliz da sua vida. "Talvez fosse se você soubesse com quem irá casar. Conhece sua noiva?" Edward balançou a cabeça. "Apenas sei o que me falaram dela. Que é bonita e inteligente. Que será boa esposa para mim." Bella bufou. "Isso é só conversa. Me falaram o mesmo sobre meu noivo. Que é bonito e será bom para mim." Edward se aproximou um pouco mais. Nunca antes conversou com uma mulher que não tinha medo de falar e de dizer o que estava pensando. Bella não parecia pensar antes de usar as palavras. Estava sendo sincera nas suas respostas. Não falava o que ele queria ouvir e isso o agradava. "Não é do seu agrado o seu casamento?" -Ele arriscou perguntar. Bella o olhou. Com aqueles olhos claros brilhantes que pareciam ter um monte de coisas por dizer. "Eu só queria ter tido a chance de o conhecer antes, entende? Ele mesmo pode não gostar de mim." - Edward conseguia entender o que ela estava dizendo. Talvez fosse o momento de começar a mudar as tradições e costumes. Talvez fosse bom conhecer a pessoa com quem terá que passar o resto da sua vida antes de falar os votos. Perceber se realmente existe alguma coisa em comum entre eles. "Não vejo razões para que não seja do agrado de seu noivo." -Ele disse olhando Bella. Tinha os lábios rosados. O pescoço esbelto. Sabia que debaixo daquele vestido estava um corpo elegante de pele clara. Gostaria de saber se sua pele era tão suave quanto ele imaginava. "Está me encarando ."-Ela disse. Edward piscou os olhos várias vezes, sendo chamado a atenção. "Seus olhos, nunca vi nada tão belo. Se incomoda se eu olhar de perto?" - Ele disse já se aproximando antes mesmo de escutar uma resposta. Bella ficou quieta. Ele se aproximou o mais que conseguiu embora nenhuma parte dele tocasse em nenhuma parte dela. Olhou os olhos dela com certo fascínio. Bella quase podia sentir que ele estava olhando a alma dela. Lendo seus pensamentos. Que estava tocando em algo dentro dela que ela não fazia ideia de que poderia ser tocado. "Tem os olhos mais lindos que eu já vi." - Ele murmurou. Por momentos Bella pensou que a mão dele iria tocar o seu rosto. Bella não o impediria, mas foi bom que ele mesmo se conteve. Bella se afastou levemente. "Você foi o primeiro que alguma vez elogiou meus olhos. Me chamam de filha do demônio, sabe."-Ela disse, nervosa. Estava falando rápido demais. Sinal óbvio que estava nervosa. Que ele estava mexendo com ela. Sentia o coração bater tão rápido como nunca antes. "São todos uns tolos isso sim" - Ele disse voltando a colocar alguma distância entre eles. "Como está a sua cabeça?" Bella perguntou,querendo desesperadamente mudar de assunto. "Sobrevivi então eu acho que está tudo bem."-Ele respondeu. Bella riu. Levou a mão à boca querendo impedir a risada. Sua mãe sempre disse que não era de bom tom gargalhar. Que damas com classe apenas sorriem. "Me desculpe. Não tive intenção de rir do senhor. Na verdade, eu tive sim, mas sei que não é de bom tom. Apenas o achei muito engraçado." Ela disse. Estava começando a tagarelar. Outra coisa que ela também sabia não ser de bom tom. "Está pedindo perdão por rir Bella? Por Deus, pois pode rir sempre que quiser." - Ele disse. Queria escutá-la rir. Queria escutá-la falar. Queria ficar ali olhando ela. O sorriso dela foi crescendo. Edward observou uma pequena covinha na bochecha direita. Era tão adorável que ele quis tocar seu rosto novamente. Os dois se olharam por vários momentos. Bella sentia suas mãos pinicar, querendo tocar os cabelos dele. Sabendo que não podia, ela se levantou. "Preciso ir."-Ela disse. E era verdade. Estava escurecendo e talvez ela já estivesse metida em problemas. Sua mãe estaria histérica esperando e seu pai provavelmente estaria louco. "Bella." -Ele disse ao vê-la se afastar. Bella parou. Ficou surpresa por gostar do som do seu nome nos lábios dele. "Se incomoda se eu voltar aqui para a ver?" - Ele perguntou. Bella sentia que o coração podia saltar pela boca. Ele realmente estava perguntando se podia voltar para a ver? Mesmo sabendo que ela estava comprometida. Mesmo estando ele mesmo comprometido. "Para me ver?" -Ela perguntou sem saber o que dizer. Edward encolheu levemente os ombros. "Não tenho a menor intenção de a desrespeitar. Apenas senti que temos algo em comum. Que poderíamos quem sabe, ser amigos." Ele disse. Estava claro que a amizade teria pouca duração. Marido algum a permitiria ter um amigo homem. Muito menos Bella achava que poderia voltar ao lago para o ver. Bella nem mesmo sabia se poderia existir uma amizade entre um homem e uma mulher. Mas ainda restava alguns dias antes do casamento. Ele mesmo disse que não tinha intenção de desrespeito. Bella não era idiota o suficiente para achar que alguém com intenções menos boas o admitiria, mas também não achava que Edward era do tipo mentiroso. Por alguma razão sentia que podia acreditar nele. Além do mais ela também tinha sentido que eles tinham algo em comum. Que havia algo entre eles que tinha dado certo. "Se o Senhor encontrar seu caminho, estarei aqui amanhã." - Bella disse sorrindo. O sorriso dela fez o dele crescer. "E por favor não apareça bêbado!" - Ela gritou antes de desaparecer entre as árvores. Edward ficou ali por mais alguns momentos. Sorrindo. Sem saber realmente o que estava acontecendo, mas gostando.

Continua…