Disclaimer: Naruto e seus personagens pertencem a Masashi Kishimoto, mas o Sasuke é meu e o Gaara da Thami e fim de papo.

Sumário: Sakura, após sofrer a perda de seu grande amor de infância, sabe que é impossível permanecer em Konoha e parte em busca de algum tipo de futuro. Só que o que ela não contava era com a possibilidade de amar novamente, envolvendo-se com alguém também tão misterioso e problemático. Estaria ela pronta a entregar seu coração para esse novo amor?

Personagens: Sakura e Gaara

Dedicatória: Só mesmo minha super amiguinha Thami (ou Dark Thami, para quem conhece seu lado negro da força) para fazer com que uma Sasukete escreva uma fic da Sakura com o Gaara. Mas eu nunca deixaria de dar esse presente de aniversário pra minha amiguinha que fez aninhos no dia 06/11. Feliz Aniversário e saiba que você mora numa parte do meu coração. Sua amizade é muito importante. Essa mini-fic ou two-shots é especial para você. Parabéns.


Uma nova chance de amar

Parte I – O amor que se finda

O sol quente torturava tudo o que havia naquela região. Ao alcance da vista tudo era seco, areia, desolação. Nem mesmo os escorpiões ousavam caminhar àquela hora, escondendo-se em cada pequena rocha que encontravam. Mas ela não se importava. Seu coração estava tão seco quanto a paisagem que a rodeava. A única coisa que fazia era seguir em frente, de cabeça baixa, um pé a frente do outro, tentando alcançar, sem esperança, um destino melhor.

Sakura, desde nova, sempre fora apaixonada por ele. Dedicara parte de sua juventude a tentar se aproximar dele, de achar um meio de alcançar seu coração rodeado de ódio. No fundo, ele sempre fora o responsável dela buscar ser melhor. Primeiro para estar no time dele, depois para conseguir seu reconhecimento e, finalmente, para tentar resgatá-lo do futuro negro que ele se encaminhava.

E ela lutou até que seu maior medo realizou-se. Ela não fora capaz de salvá-lo. Simplesmente fracassou. Incrédula, ela o viu trair a Vila e seus amigos. A fé que ela e Naruto depositaram em sua força fora falsa. Acharam que, mesmo rodeado por ódio, ele seria capaz de resistir. Mas não foi. Ele simplesmente se deixou levar pelas mentiras de Madara e atacou Konoha, derramando o sangue de inocentes.

Nunca a Vila presenciara tamanha destruição, nem mesmo com o ataque devastador da kyuubi no passado. A Akatsuki veio com todo seu poder, unindo sua força com a dos bijuu´s que extraíram.

Nessas horas, os heróis se revelam e mais uma vez, aos portões da cidade, postaram-se aqueles mesmos shinobis que há muito tempo passaram por aquele exame chuunin juntos. Eles tinham crescido e estavam preparados, menos para aquilo. Especialmente ela que não conseguia acreditar no que seus olhos lhe mostravam. Sasuke estava lá, ao lado de Madara, com a capa da Akatsuki. Seu sorriso frio deixava claro o que ele fazia lá. Ele tinha ido por vingança.

E ele a conseguiu. De forma satisfeita, ele matou os Conselheiros lentamente. Os últimos assassinos de seu clã tinham pago o preço do sangue de sua família. Ele poderia agora recomeçar. Mas não dava mais. No fundo, ele não tinha mais esperanças. E seu antigo grupo sabia disso. Foi com grande terror que ela o viu simplesmente baixar suas defesas, deixando-se acertar pelo poderoso Rasengan de seu irmão de coração e eterno rival, Naruto.

Ela ainda correu até ele, mas era tarde. De forma silenciosa ele morreu sem pedir perdão ou se arrepender de tudo que fizera em sua vida. Com um sorriso triste, ele finalmente descansou em paz. Pena que não foi esse o seu legado. Pelo caminho que trilhara, ele não deixara apenas morte e destruição, mas um coração despedaçado. Chorando sobre o corpo inerte dele, ela viu toda sua fé no amor se esvaindo com suas lágrimas.

Mas nada como o tempo para curar tudo e a Vila começou a ser reconstruída. As casas novamente foram erguidas e um novo Hokage assumiu. Tsunade, num último esforço, dera sua vida pelo bem de todos. Kakashi-sensei assumia agora a responsabilidade por continuar o sonho, aguardando Naruto se tornar pronto para lhe suceder. A alegria e o brilho voltavam aos poucos à Aldeia, mas não ao coração dela.

Nada a animava. Para cada lado que olhava, uma lembrança dele a assaltava. Ela não seria capaz de recomeçar lá. Ela tinha que partir. E praticamente implorou a Kakashi que a mandasse em missão para longe, para qualquer lugar. Era isso ou ela abandonava de vez a vida de kunoichi.

Naruto, incapaz de fazer algo, apenas a viu se afastar cada vez mais. Diferente da vez anterior, ela não ficara obstinada e deixou se abater pelas circunstâncias. Ele não queria, mas acabou concordando que seria melhor ela partir. Não queria ver a amiga seguindo os passos de Tsunade.

Depois de muito relutar, Kakashi acabou aceitando e a enviou para Suna pesquisar plantas medicinais somente ali cultivadas. No começo, aquilo a animou um pouco e o brilho de sua alegria habitual voltou de forma breve. Mas bastou avistar Suna para se lembrar de tudo que passara lá. Não fora muito tempo atrás que ela estiver lá, arrecadando informações para encontrá-lo. Também sua infância veio a mente, junto com o exame chuunin.

Logo que a viu, ele se surpreendeu com as mudanças que tinham se operado nela. O que tinha realmente acontecido? Onde estava aquela kunoichi forte e decidida que ele aprendera a admirar? Por causa dela, ele fora resgatado e estava vivo para continuar sua missão.

Ele sabia muito bem tudo o que tinha acontecido em Konoha. Naruto tinha lhe mandado uma carta muito truncada, relatando mais ou menos o que tinha ocorrido e o porquê de Sakura estar indo para Suna. Mas será que ela estava daquela forma realmente por causa do Uchiha? Ela o amaria tanto assim? Definitivamente aquele deveria ser o real significado do amor. Ele não conseguia entender como Sasuke fora capaz de desprezar um sentimento desses. Ele morreria feliz se fosse capaz de se sentir amado daquela maneira, nem que fosse por um momento.

O coração de Gaara se enche de angústia ao ver os verdes orbes dela sem o brilho da esperança. Aquilo não era certo. Ele não ficaria inerte vendo-a sofrer. Ela era muito especial para todos ali. Ele tinha que fazer alguma coisa.

- Kankouru – chamou baixo o irmão que estava ao seu lado.

- Sim, Kasekage-sama?

- Instale Sakura na minha casa.

- Como? Na sua casa? Mas nós já providenciamos para ela um alojamento próprio – e ele se cala sob o olhar frio do irmão – hai – concorda e parte para cumprir suas ordens.

Gaara se adianta e a cumprimenta assim que ela cruza os portões da Vila. Ela tinha sido avistada de longe e o Kasekage avisado, indo pessoalmente recebê-la.

- É uma grande honra para Suna recebê-la mais uma vez.

Sakura se surpreende com as palavras dele e deixa um pequeno sorriso surgir tímido em seus lábios.

- Na verdade, o prazer é meu.

- Não. Você é muito admirada por aqui. Suas habilidades médicas e o modo como enfrentou Sasori junto de Chiyo ainda são lembradas. Virou uma verdadeira lenda.

Ela cora e dá um sorriso bem mais sincero.

- Foi só meu trabalho.

Por um momento ela se perde na profundeza de seus misteriosos olhos. Como era estranha aquela sensação.

- Venha, você deve estar cansada e querendo se refrescar.

- Bem, estou um pouco – reponde um tanto encabulada.

E eles começam a percorrer as ruas poeirentas de Suna. Nunca o caminho lhe pareceu tão longo. Eles foram parados por diversas vezes por moradores que tinham ouvido sobre sua chegada e vinham cumprimentá-la. Mas o que mais lhe impressionou foi o carinhoso respeito da população por Gaara que respondia o afeto deles pacientemente.

A imagem que ela fazia dele, frio e distante, ia se desmoronando aos poucos. Como fora engraçado ver uma senhora idosa se agarrar a ele aos prantos só por ter o Kasekage se lembrado o nome dela e perguntado especificamente pelos membros de sua família. Aquelas eram pessoas simples que demonstravam a admiração por ele da forma ao alcance deles. Ele deveria ser realmente especial.

Após muitas paradas, eles chegam a casa dele e ele faz sinal para que ela entre.

- Mas onde eu vou ficar? – pergunta reticente assim que cruza a porta. Ele tinha dito que iria levá-la até o local em que ela ficaria. Definitivamente não deveria ser na casa do Kasekage.

- Aqui.

- Aqui? Na sua casa? Mas... mas eu vou atrapalhar.

- Não, você nunca atrapalharia.

- Mas eu não posso, você é o Kasekage e deve ter visitas e...

- Sim, eu tenho – e depois de um tempo ele complementa – você.

Ela novamente cora, se sentindo uma tola por ter uma reação tão infantil, mas será que ele precisava olhá-la de uma forma tão intensa?

- Espero que goste do quarto – e ele indica a porta do cômodo.

- Eu sei que vou – diz evitando a todo custo olhá-lo.

- Posso contar com sua presença no jantar? Temari adoraria conversar com você.

- Claro – e com um sorriso tímido, ela pede licença e entra no quarto.

No centro havia uma grande cama e ela prontamente se joga para pensar no que tinha acontecido até aquele momento. Gaara tinha mudado muito. Parecia mais humano, mais acessível, porém seus olhos continuavam misteriosos. Ele ainda sabia guardar seus pensamentos muito bem, assim como o outro. Uma lágrima solitária escorre por seu rosto e ela se irrita por novamente chorar por ele. Sasuke tinha conseguido o que sempre quis, sua vingança idiota. Ela sempre soube que aquele seria o resultado, então por que ainda sofria por ele? Irritada com sua fraqueza, ela resolve tomar um banho.

Na hora do jantar, ela vai até a sala e é recebida calorosamente por Temari que a abraça e pergunta por todos, principalmente por Shikamaru. Kankouru também a recebe muito bem. Ele tinha um carinho especial por Sakura. Muito galante, ele fez questão de puxar a cadeira e de perguntar se ela precisava de algo. O que ela quisesse era só falar com ele que seria providenciado.

Ela agradece pela quinta vez toda aquela atenção e novamente seu rosto se vira em direção a cabeceira da mesa, para a figura silenciosa de Gaara. Ele ainda não tinha falado com ela, só cumprimentara de cabeça, nem se aproximando muito, mas, desde que ela entrara no cômodo, seu olhar quase não a abandonara. Ela sabia disso. Podia facilmente sentir a vigilância constante dele. Sakura tentava a todo custo ignorar, mas não conseguia. Parecia que sua pele estava queimando. Aquilo já a estava incomodando. Talvez se o encarasse, ele entendesse o recado e parasse com aquilo.

E ela resolve fazê-lo. Mas ela não contava com quão obstinado ele era e acabou por mergulhar na vastidão do mar verde de seus misteriosos orbes. Novamente ela sentiu como se ele pudesse ler sua alma e seu coração. Apesar de parecer longo, com os segundos escoando lentamente, o contato não durou muito tempo e Sakura desviou assim que Temari lhe fez uma pergunta. Ela sorriu sem graça, tentando conter o rubor de sua face, respondendo reticente a pergunta, enquanto buscava as palavras em sua mente embaralhada.

E isso continuou durante todo o jantar, com ela conseguindo resistir bravamente à tentação de novamente encará-lo, tentando ao máximo parecer o mais natural possível. Assim que terminou, ela se desculpou alegando cansaço da viagem e retirou-se para o seu quarto. Se Gaara resolvesse manter essa atitude, seria realmente complicado permanecer aquele período na mesma casa que ele.

Após se trocar, ela se deita. No final, ela não tinha mentido e estava mesmo cansada, logo pegando no sono. Novamente ela se vê mergulhada na batalha sangrenta em Konoha, com Sasuke morrendo em seus braços. Ela acorda soando e chorando. Era o mesmo pesadelo que ela tinha todas as noites. Tolamente tinha imaginado que ao mudar de ares, tudo iria passar, mas se enganou. O que deveria mudar seria ela e não o ambiente ao seu redor.

Mais calma, ela tenta novamente dormir, mas não consegue se reconciliar com o sono. Estava quente e o quarto lhe parecia abafado. Talvez o ar noturno estivesse mais agradável. A idéia de dar uma volta pareceu uma boa saída.

Após colocar uma roupa simples e confortável, ela abre lentamente a porta de seu quarto. A casa está toda apagada e em silêncio, todos deveriam estar dormindo. Cuidadosa, ela avança pelo corredor até chegar na sala. O cômodo era amplo e tinha uma enorme porta de vidro que dava para uma atentadora varanda.

Lá fora, uma grande lua projeta seu brilho, convidando-a a saudá-la. Hipnotizada pela beleza do astro, ela faz correr a porta e se encosta no beiral da varanda, namorando a bela lua.

O ar da noite é frio e faz sua pele se arrepiar. Um leve estremecimento passa por seu corpo ao ouvir uma voz baixa atrás de si. Ela não tinha percebido que existia mais alguém ali.

- Está uma bela noite.

- Kasekage-sama, espero que não tenha feito barulho.

- Chame-me de Gaara.

- Mas...

- Por favor.

- Está certo, Gaara-sama.

- Não tão formal.

Ela sorri sem graça e tenta.

- Gaara-san? – e ela espera por uma reação positiva que não vem.

- Gaara-kun? Pergunta corando, principalmente ao vê-lo aquiescer de cabeça.

Por um momento os dois ficam em silêncio admirando a noite, até que aquilo se torna insuportável para Sakura que resolve perguntar.

- Não consegue dormir?

- Não... eu raramente durmo... e você?

- Também não.

- Por que?

Ela fica atrapalhada com a pergunta.

- Eu sou uma fraca, ainda me torturando por lembranças bobas – desabafa irritada consigo mesma.

- Não é – e ele se aproxima dela.

Ela pressente e se vira para ele, tendo novamente seus olhos capturados pela força dos dele. Parecia que ela iria se perder algum dia naquela vastidão. Ela sente o chão se mover sob seus pés e perde ligeiramente o equilíbrio, se segurando no beiral da varanda.

- Mas o que é isso? – pergunta espantada ao ver a areia se juntando sob seus pés.

- Não tenha medo – e ele estende sua mão para ela – venha, eu quero lhe mostrar algo.

Ela hesita um pouco, mas acaba aceitando. O modo como ele falava com ela fazia esquecer todas as angústias que a afligiam por tanto tempo. E ela queria aquele refrigério. Precisava daquilo. Ela entrega sua mão a força da mão dele e logo sente ser levantada pela plataforma de areia que se formara.

E ele a leva sobrevoando a Vila, para além dos muros em rumo a escuridão do deserto. Sakura observava tudo fascinada. Como era bela a Vila de cima e, principalmente, como era estranhamente sedutor o deserto de noite. Nas sombras, ela conseguia ver movimento. Diferente do dia, havia vida correndo por todos os lados.

Animada com o que via, ela se vira para seu companheiro para comentar algo, mas ela se cala frente a forma com que ele a olhava. Praticamente ele examinava com detidão cada mudança no rosto dela, cada pequena nuança de sua pele, cada indício de contentamento.

Naquele minuto ela sente que eles continuavam de mãos dadas e ela cora violentamente, retirando de forma tímida sua mão da dele.

Ele arqueia uma sobrancelha com a reação dela, mas resolve não comentar, eles estavam chegando no lugar que ele queria mostrá-la. Eles começam a descer até encostar levemente no chão.

- Mas isso é um...

- Sim, um oásis.

E eles começam a caminhar a esmo pelas árvores que estavam ao redor de um pequeno lago. Era incrível como poderia existir vida em meio a um deserto tão árido como o de Suna. Diversos bichos noturnos estavam bebendo água àquela hora e se assustam com a aproximação deles.

- Nossa, é lindo, eu nunca imaginei que pudesse ser assim.

- Venha, não é isso que eu quero lhe mostrar.

E ele a conduz até uma série de arbustos. Sakura segue ao seu lado até que fica paralisada com o que vê. Sob a luz do luar, toda aquela parte da vegetação estava tomada pelas mais belas flores brancas que ela já tinha visto.

- Elas são maravilhosas – murmura se aproximando lentamente.

O aroma era delicioso, conferindo uma mágica ao local.

- Eu não as conheço. Que flores são essas?

- Elas só crescem aqui, em meio a aridez desse deserto.

- Elas são incríveis, como resistem?

- Elas são como você, Sakura.

E ela se espanta com o comentário dele. Ela sente a aproximação dele, mas não ousa o encarar, até que ele coloca a mão no braço dela e a vira para si.

- Sei que a vida tem sido dura e lhe exigido muitas provas, mas isso só a fez florescer ainda mais e se tornar a mais bela e forte de todas.

Ela abaixa o rosto e replica numa voz triste.

- Eu não sou tão forte.

Ele coloca a mão no rosto dela, levantando-o carinhosamente, enquanto passou a acariciar de leve. Sua voz toma um tom mais rouco e continua.

- É sim. Mesmo essas flores precisam de um pouco de água para sobreviver. Eu sei que você amou e nunca foi correspondida, mas ao se sentir verdadeiramente e unicamente amada, voltará a ser a kunoichi determinada que sempre foi, ainda mais bela e forte.

As palavras dele a emocionam e, mesmo sem querer, ela levanta os olhos e fita profundamente os dele. A luz da lua incidia diretamente sobre o casal, conferindo ainda mais beleza e mágica a cena. O cenário estava perfeito, com um leve vento que fazia o cabelo dela balançar sensualmente.

Gaara não perdia nem um só detalhe do rosto dela. Desde o leve rosado de suas bochechas, o vermelho de seus lábios que ela torturava mostrando seu nervosismo e o modo que ela tentava desesperadamente desviar o contato de seus olhos, mas não conseguindo. Ela tinha medo dessas novas sensações que a tomavam e ele sabia, dando-lhe ainda mais prazer. Ela parecia uma flor intocada que ele queria provar seus encantos. Não tinha como resistir. Sem pensar nas conseqüências, ele segura seu rosto e se inclina sobre ela. Seus lábios já estão quase para se tocar quando Gaara se endireita e se afasta dela. O clima tinha sido quebrado.

- Sim? – questiona com uma voz dura.

Um shinobi surge das sombras e se desculpa.

- Perdão Kasekage-sama, mas vimos uma sombra e resolvemos checar.

- Hum. Não se preocupe, é seu trabalho. Agora vá, está tudo bem aqui.

O shinobi concorda e parte. Gaara fita novamente Sakura que tinha se virado um pouco e, antes que ele fosse capaz de dizer qualquer coisa, ela sugere sem o olhar.

- É melhor irmos, está ficando tarde.

Ele apenas concorda de cabeça e faz novamente a plataforma de areia surgir e levá-los para casa. Durante o percurso, os dois permanecem em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos. Após uma breve despedida, Sakura segue para seu quarto. Ela sabia que não iria dormir, mas não queria se arriscar a permanecer mais na presença dele.

Seu coração estava aos pulos e sua mente com um turbilhão de pensamentos. De qualquer forma, ele não fez nenhuma menção que gostaria que ela ficasse ali com ele. Provavelmente tudo tinha sido um mal entendido causado pela beleza exótica do local. Ele tinha sido cortês em tentar animá-la e ela acabara por confundir tudo. Era realmente uma tola. Até chegar essa conclusão, ela passara longas horas se remexendo na cama, dormindo quase de madrugada.

No dia seguinte, ela acorda tarde e com uma leve dor de cabeça. Ela temia se encontrar com Gaara, mas era ridículo ficar se escondendo como uma criança no quarto. Mas cedo ou mais tarde teria que falar com ele. O problema era que ela não sabia direito como reagir quando o visse. Tudo estava muito confuso.

Para seu alívio, assim que ela chegou a sala, Kankouru avisou, sem que ao menos ela precisasse perguntar, que Gaara já tinha ido pra sede resolver assuntos urgentes da Vila, mas que o tinha designado para levá-la até a estufa de plantas e apresentar para todo o pessoal.

Mais animada, ela sorriu satisfeita e, depois de um rápido café, foram logo para a nova tarefa.

Para seu deleite, Suna tinha uma enormidade de espécies de plantas medicinais que ela não conhecia e ela mergulhou imediatamente no trabalho, esquecendo todas suas tristezas. Mal sentira o dia passar e almoçara ali mesmo.

Quase no final da tarde, Kankouru apareceu para levá-la para casa para jantar. Apesar de um pouco relutante, ela concordou e o acompanhou.

- Não se preocupe, elas não vão fugir – implica ele de bom humor, tentando quebrar o ar sério de Sakura.

- Quem? – pergunta intrigada.

- Suas plantas. Elas não vão sair correndo. Estarão do mesmo modo de manhã.

Ela acaba rindo com o comentário bobo dele e se deixa levar por seu humor leve e suas brincadeiras infantis. Mas o que ela realmente temia não era perder suas plantinhas, mas ficar sozinha na presença dele. Só que ela não teria esse problema. Assim que eles entram na casa, Kankouru avisa.

- Ah, temos visitas. Um senhor feudal está de passagem e deve ficar hospedado aqui com sua família por alguns dias.

Sakura fica um pouco mais aliviada, mas por dentro, bem lá no fundinho, ela se sente decepcionada. Por que seria aquilo? Seria bem melhor assim, ela não teria mais contato direto com ele. Mas será que ela realmente queria aquilo? Perdida em suas reflexões, ela ingressa no seu quarto até se deparar com uma belíssima visão. Na mesinha ao lado da cama, estava colocado um belo vaso de cristal adornado pelas mesmas flores que ela vira na noite anterior.

Emocionada, ela se aproxima para aspirar o perfume. Realmente aquelas flores eram especiais. Junto havia um pequeno cartão com uma única frase: "ainda mais bela e forte".

Um sorriso bobo surge em seus lábios e ela segue feliz para o banho. Sem se preocupar em descobrir o porquê, ela se arruma um pouco mais para o jantar, penteando diferente o cabelo e colocando uma roupa mais ousada que achou no fundo da mala. Provavelmente Ino a tinha colocado lá. No espírito que ela fizera a mala antes de partir de Konoha, ela praticamente só teria roupas de trabalho. Ainda bem que podia contar com sua amiga que se aproximara ainda mais depois de todo o ocorrido.

Quando pronta, ela segue para a sala de jantar com uma questão remoendo seus pensamentos. Como ela iria agradecê-lo pelas flores. Mas, na verdade, ela não precisaria se preocupar com isso. Era quase impossível ter um momento a sós com ele.

Além dos irmãos, se juntou à mesa do Kasekage o senhor feudal, sua esposa, seu filho e sua filha adolescente que, muito vaporosa, ficava a todo momento falando de forma dengosa com Gaara.

Ele, muito sério, não correspondia a atenção, para satisfação de Sakura que já começava a ficar irritada com aquela situação. Será que os pais dela não viam o papel ridículo que ela fazia? Realmente estava na adolescência, dando em cima do primeiro par de calças que via pela frente. Definitivamente aquele não era o comportamento de uma moça de família, tentando a todo custo flertar com Gaara. Não que isso tivesse algum problema, afinal, ele era livre e desimpedido e Sakura não tinha nada a ver com isso. Mas alguém deveria dar alguns conselhos para aquela menina.

O que aplacava um pouco sua indignação era o modo indiferente que Gaara mantinha para com a garota e os olhares constantes que Sakura sentia ser objeto. Mas, bem, por outro lado, talvez fosse melhor ele se envolver com outra, assim deixaria de ser tão cortês com ela. No fundo, ela não queria sofrer com falsas esperanças. Ela ainda estava muito frágil com tudo que passara e temia amar novamente sem ser correspondida.

O jantar acaba e todos se espalham pela sala para conversar um pouco. Temari, que também não tinha gostado da garota, monopoliza Sakura, tagarelando sem parar. Pelo menos aquilo a faria esquecer um pouco de como iria se aproximar de Gaara para agradecer. Por um momento, sua amiga pede licença e vai resolver rapidamente algumas questões dos quartos para os novos hóspedes. Seu olhar segue perdido pelos personagens que a rodeavam. Gaara conversava com o Senhor Feudal que tinha sua esposa ao seu lado e sua filha que não tirava os olhos do Kasekage. Quanto ao filho do Senhor Feudal, Kankouru o entretinha com histórias de shinobis lendários de Suna. Praticamente só sobrava Sakura perdida na sala.

Desinteressada pela conversa entabulada, ela se levanta e vai até a varanda matar saudades de sua amiga noturna. Quantas noites ela só a teve por companheira, escutando todas as mágoas que estava cheio seu coração. Mas seu intento é logo interrompido por uma voz séria atrás de si.

- Gostou das flores?

Ela se vira rapidamente e responde de forma tímida.

- Sim, eu adorei.

Ele apenas concorda de cabeça e o silêncio se instala entre eles. Havia tanto para ser dito, mas as palavras faltavam para ambos. Como narrar o medo e a emoção que tomavam conta do coração dela? E como Gaara poderia rotular aquela sensação quase insana de querer tê-la nos braços, sem se preocupar com as conseqüências? Ele também estava nervoso com tudo aquilo. No começo sua intenção era apenas de animá-la, retribuindo o carinho que ela despendeu no passado por eles, mas o objetivo foi superado e modificado. Agora era ele quem precisava dela, que queria provar mais daquela sensação. Ela parecia como a água límpida e cristalina de uma fonte proibida que ele desejava do fundo de sua alma. Ele sabia que beber uma vez seria insuficiente e que, mesmo que fizesse isso por toda sua vida, nunca seria satisfeito da necessidade de tê-la para si.

Gaara respira fundo e tenta dizer alguma coisa. Mas era tarde. Temari retorna e a conversa toma outro rumo. Passado algum tempo, todos se recolhem para dormir. Naquela noite, Sakura permaneceu em seu quarto, temendo voltar a sala e encontrá-lo novamente. Ela sentiu que ele tentava falar alguma coisa e ela temia por aquelas palavras.

Antes de dormir, ela fez questão de repetir um hábito que desenvolvera há muito tempo. De sua bolsa, ela tirou a velha foto amarelada e amassada de seu antigo time e ficou apreciando tristemente o semblante de seus companheiros. Seus olhos enchem de lágrimas ao se deter na face de seu antigo amor, mas dessa vez ela não se permite chorar. As flores que estavam ao seu lado lhe lembravam de sua força e ela se manteve firme, apenas pensando com carinho. Isso era algo que ela sempre carregaria consigo. Não era justo que ele passasse pela vida e que ninguém mais se lembrasse dele de forma doce. Ele sempre teria um lugar reservado em seu coração.

Com um suspiro, ela guarda a foto debaixo do seu travesseiro e se deita de modo que ficasse contemplando as flores dadas por Gaara. E, assim, elas foram as últimas imagens que ela vira de noite e as primeiras logo na manhã seguinte.

Nesse novo dia, a rotina praticamente se repetiu, com Kankouru a levando para o trabalho e indo buscar no final da tarde. Novamente a família do Senhor Feudal jantou com eles, com Sakura se recolhendo em seguida. Mais uma vez ela segurou com emoção a foto de seu grupo e dormiu, em seguida, em direção às flores que permaneciam tão belas quanto a primeira noite. Realmente a força era tão intensa quanto a formosura.

O dia seguinte parecia ser uma cópia do dia anterior, se não fosse por um pequeno evento que aconteceu no final da tarde. Após analisar as diversas espécies de plantas medicinais, ela selecionou uma pequena quantidade para começar a fazer testes mais específicos. Ao observar a reação dos pigmentos aplicados nas amostras pelo microscópio, seu cabelo, que estava mais cumprido, acabou escapando e entrando no seu campo de visão.

- Cabelo idiota que só atrapalha – resmungou, pegando a primeira coisa que achou pela frente para prender o coque que fez de qualquer jeito.

Mas ela não estava mais sozinha e seu gesto não passou despercebido. Uma sensação estranha a invade e ela sente como se estivesse sendo vigiada. Irritada pela interrupção, ela já estava pronta para reclamar até que vê quem era.

- Gaara... kun – complementa depois de um tempo.

Ele se aproxima e de forma interessada começa a examinar o modo como estava seu cabelo. Ela cora e passa a mão para tentar arrumar. Por fim desiste e resolve soltá-lo.

- Ele está um pouco comprido, não tive tempo de cortá-lo.

- Fica melhor assim.

- Bem... é que eu não trouxe nada para prender e acaba por atrapalhar – responde consciente do elogio dele.

Ele concorda de cabeça e muda de assunto.

- Vim lhe buscar.

- Já?

- Está na hora do jantar.

- Nossa, bem, então espere só um pouco – e ela começa a juntar cuidadosamente toda sua pesquisa.

Ele espera pacientemente ela terminar e os dois retornam para casa. Apesar de caminharem apenas os dois, eles não estavam sozinhos. Praticamente tinha uma Vila inteira entre eles, os vigiando e comentando. Naturalmente uma barreira invisível de precauções surge entre eles, deixando-os silenciosos e distantes. Quase no final do percurso, Gaara decide informar Sakura dos futuros acontecimentos.

- Depois de amanhã teremos uma festa em homenagem ao Senhor Feudal.

- Festa? – e refletindo de forma alta – mas eu não tenho roupa apropriada.

- Como?

- Ah, desculpe – e ela replica sem graça – eu pensei alto.

Eles entram em casa e Gaara chama a irmã antes que Sakura pudesse seguir para seu quarto.

- Temari, quero que amanhã leve Sakura para comprar um vestido pra a festa.

- Que legal, Gaara.

- Imagine, não quero incomodar.

- Não será incômodo, muito pelo contrário, será um prazer – completa Temari animada.

Sakura ainda tenta argumentar, mas Gaara pede licença e as deixa. Temari também não lhe dá ouvidos, animada com o programa do dia seguinte.

Com sua agenda alterada, Sakura resolve aproveitar a manhã seguinte para terminar alguns testes e acorda mais cedo. Como sempre, Kankouru a esperava para acompanhá-la, entregando-lhe um embrulho assim que a viu.

- O que é isso?

- Gaara-sama pediu para lhe entregar.

- A mim? O que é?

- Ele não me disse.

E ela guarda o embrulho para depois ver. Não queria abrir na frente de Kankouru. Os dois seguem para o laboratório e a manhã passa rápida com Sakura terminando suas pesquisas. Ao usar o microscópio, seu cabelo a lembra mais uma vez de sua desídia por não cuidar bem dele e, resmungando, ela pega a pequena bolsa que trouxera, tentando achar algo que desse um jeito nele. Antes que conseguisse algo que servisse, seus dedos tocam no pequeno embrulho dado por Gaara. O que seria? Com o trabalho, ela praticamente tinha esquecido.

Curiosa, ela resolve abri-lo. O papel era rústico, com apenas um barbante o segurando. Mas o interior estava longe de revelar a mesma simplicidade. Embrulhada em outro papel de seda finíssimo, estava a mais bela presilha em formato de borboleta que ela já vira. Uma idéia cruza sua mente e ela sorri. Provavelmente ele lembrara o que tinha acontecido no dia anterior e tinha lhe dado aquele pequeno mimo. Ela logo arruma o cabelo e o prende. Ficara perfeito. Pronto, seu trabalho já tinha sido esquecido. Ele conseguira fazê-la perder minutos preciosos, apenas relembrando toda a atenção que ela tinha sido alvo desde que chegara. Como ele estava sendo cortês e gentil com ela. E ele não precisava fazer nada disso. Por mais gratidão que ele tivesse por Konoha, não precisava ter tanto trabalho com uma mera kunoichi de lá. Será que existiria mais alguma coisa?

Perdida em seus pensamentos, ela nem nota Temari chegar, até que a kunoichi loira berrou esganiçada em seu ouvido, a despertando para a realidade.

- Acorde, vamos, já estamos atrasadas.

- Ah, como?

- Está dormindo em pé? Vamos, temos que fazer compras.

- Certo, mas ainda nem almoçamos.

- Não faz mal, comemos algo no caminho.

E a tarde passou entre o visitar de lojas e o provar de vestidos. Sakura ainda estava muito contrariada por ter suas vestes pagas pelo Kasekage e escolheu o kimono mais simples pra ocasião que ela conseguira achar. Temari já não era tão escrupulosa e aproveitou bem a verba disponibilizada pelo irmão.

Mas a simplicidade da veste de Sakura não tirou em nada sua beleza, muito pelo contrário, apenas foi um humilde complemento para realçá-la ainda mais, foi a conclusão que Gaara teve ao fitá-la já pronta no dia seguinte. Depois de muita insistência de Temari, ela aceitou que fosse penteada e a profissional soube fazê-lo perfeitamente, prendendo de forma a dar leveza, deixando apenas alguns fios soltos de forma sensual. Seu kimono era rosa chá, bordado com pequenas flores de cerejeira em prata. Apenas estava faltando alguma jóia, mas ela não tinha trazido nenhuma. Talvez pedisse um par de brincos emprestados quando visse Temari.

Quando pronta, ela achou melhor ir até a sala e esperar pelos outros. O local parecia ainda deserto até que o viu parado em um canto. Gaara já a tinha visto e permanecia parado, quieto, em contemplação. Ela parecia um anjo. Ela nota seu olhar admirado e acaba corando de contentamento.

- Você está linda... mas falto algo – diz se aproximando, como um animal frente a sua presa, de forma lenta, para não assustar, mas para dominar na hora certa.

- O que? – pergunta um pouco contrariada com a observação. Como assim faltava algo? Até ela concordava que o kimono tinha lhe caído perfeitamente. Ela podia ver o olhar de admiração dele. Então o que poderia faltar?

E ele começa a analisar, caminhando ao seu redor, até que se detém atrás dela e ela sente o toque dos dedos dele na macia pele de seu pescoço. Ele estava colocando um colar nela.

- Agora está completa – diz perto de sua orelha.

Ela consegue sentir sua respiração acariciando seu pescoço de forma quente e ela fecha os olhos com a sensação. O que estaria acontecendo com ela? Por que ele conseguia mexer tanto com ela? Sua simples presença já a estava fazendo tremer nas bases. O que seria aquela sensação em seu estômago? Por que estava difícil de respirar? Após prender o colar, os dedos do rapaz não a abandonam e passam a percorrer sua pele numa leve carícia até chegar no rosto dela.

- Como você cheira bem – diz ainda mais perto, quase encostando os lábios na parte de trás do pescoço de Sakura.

Ela estremece com a proximidade e ele segura em seu braço de forma firme, pronto para virá-la e tomar seus lábios, quando eles escutam uma risada se aproximando. Imediatamente ele a solta e se afasta um pouco. Sakura nervosa, tenta a todo custo disfarçar, e se apega na primeira coisa que vê, a jóia que acabara de ganhar.

Ela era de ouro branco, cravejada de esmeraldas, e ela aproveita para ficar admirando as nuanças da pedra que tomava à medida que a luz incidia em suas facetas, ganhando tempo para fazer seu coração voltar as batidas normais. Mas ele não daria tempo para isso.

- Para combinar com seus olhos – e ele a estende um estojo – essas, é melhor você colocar – retruca de forma maliciosa, fazendo Sakura corar ainda mais. Mas ela se recusava a cair novamente em seu jogo e retruca da forma mais natural possível.

- São maravilhosas –contemplando os brincos e a pulseira que faziam conjunto – mas eu não posso aceitar, é excessivo.

- Nada é em excesso para você.

Novamente a malicia toma o tom de sua voz. Afinal, o que ele queria com ela? Berrava a mente de Sakura desesperadamente, tentando controlar o coração que já estava batendo mais forte por ele. Se Gaara estivesse só brincando com ela, seria muita crueldade.

- Mas... – e ela não é capaz de continuar com suas argumentações pela entrada de Temari e os demais hóspedes na sala. Na mesma hora, Temari percebe o conjunto e seus olhos saltam para o irmão. Um sorriso gaiato surge em seus lábios, enquanto se aproxima de Sakura e começa a elogiar suas roupas de forma sincera. Temari também estava muito bela, com um kimono vermelho bordado com dragões dourados e seu cabelo solto.

O grupo fica completo com a chegada de Kankouru e eles se preparam para seguir até o salão. Logo ele oferece o braço pra filha do Senhor Feudal que ainda lança um olhar frustrado pra Gaara, mas que acaba aceitando a oferta, frente a frieza dele. O irmão dela acaba oferecendo pra Temari e o Senhor Feudal acompanha sua esposa. Para surpresa de Sakura, Gaara se aproxima e a convida para acompanhá-lo, o que ela prontamente aceita e passa o braço pelo dele.

A festa aconteceria no salão principal da sede da Vila que já estava ricamente adornado. A maioria dos convidados já estava presentes, compostos na grande maioria pelos clãs mais importantes de Suna e os shinobis de grau mais elevado, que de pé, recebem de forma respeitosa o Kasekage e seus convidados.

Primeiramente seria servido um jantar e eles seguem para uma mesa. Gaara se posiciona em seu lugar, com o Senhor Feudal ao seu lado, seguido da esposa e do filho. Sakura ficaria do seu outro lado, mas a filha do convidado se adianta e se posiciona em seu lugar. Kankouru assume logo a outra cadeira, restando apenas dois lugares. Temari, um pouco irritada pelo comportamento da garota, que não gostara desde o primeiro momento que a vira, logo acha um meio para resolver aquela situação. Ela senta e indica o lugar ao seu lado para a amiga.

Sakura estava ainda um pouco atordoada com os acontecimentos e se senta mecanicamente até que percebe o que tinha acontecido. Praticamente estava no lugar diretamente a frente de Gaara. Realmente Temari não fazia nada de caso impensado.

- E então, gostou da jóia? – Pergunta Temari.

- Sim – e ela leva sua mão até o colar – mas é muito, não deveria aceitar.

- Hum, Gaara me encheu o saco até descobrir com que cor de roupa você ia para providenciar. Nunca pensei que ele pudesse ser tão detalhista.

O coração de Sakura se preenche de contentamento e ela deixa um belo sorriso aflorar em seu rosto. Pela primeira vez, desde aquele fatídico dia, ela sorria de forma plena, da mesma forma que fazia quando era nova e tinha esperanças. Gaara percebe e se delicia com a felicidade que via estampada no rosto dela.

Após o jantar, diversos casais começam a dançar com a música lenta que era tocada e logo Kankouru a tira para dançar. Temari também já estava na pista de dança e aproveitava ao máximo. Por um momento, seu olhar cruzou com Gaara antes de aceitar. Seu semblante estava frio e fechado, mostrando sua contrariedade com o fato. Mas seu comportamento ao invés de inibi-la, a irritou ainda mais. Por que raios ela foi olhar para ele? Parecia que ela estava pedindo autorização. Ele não tinha esse direito sobre ela. Não era porque lhe dera um jóia que poderia julgar com quem ela deveria dançar.

Com um sorriso malicioso, ela aceita e vai dançar com o irmão do Kasekage. Depois dele, ela não voltou a sentar mais. Toda vez que a música estava ao final, outro shinobi parecia a sua frente e a convidava. Ocasionalmente, ela olhava furtivamente para a mesa, divertindo-se com a expressão severa de Gaara que a acompanhava. Ao seu lado, a filha do Senhor Feudal tinha cansado de tentar conquistar suas atenções e, com seu orgulho feminino ferido, tentava melhor sorte com Kankouru.

Mais uma música termina. Sakura já estava cansada e pretendia parar um pouco e se despede de seu último par, pensando em voltar para a mesa, quando se vira para se deparar com outra mão estendida a convidando. Ela já ia recusar quando nota quem é que a chamava para dançar. Era Gaara. Ela fita seu rosto e tem seu olhar novamente capturado pelo dele. Como ele conseguia fazer isso com ela? Ela se sentia como se fosse hipnotizada toda vez que encarava aqueles misteriosos orbes verdes dele. Talvez ele fizesse algum jutsu para prendê-la. Mas ela sabia que aquilo não era verdade. Ela não sabia o que era, mas era algo mágico que a fazia esquecer de todo o passado e querer viver apenas o presente, sem se preocupar com o futuro.

Sem perceber, ela aceita e os dois começam a dançar ao som da música lenta. Tudo ao seu redor parece desaparecer, restando apenas o casal evoluindo através do acordes românticos que preenchiam o salão. Nada mais importava, nem o que tinham passado, a posição deles e as conseqüências que poderiam advir. Eles se fitavam de forma em que palavras eram desnecessárias. A frieza abandonou por fim o semblante de Gaara e ele deixou transparecer a paixão que sentia por Sakura. Ela o tinha conquistado. Sakura também colocou de vez o tudo o que acontecera para trás e decidiu mergulhar naquela situação.

Mas eles não estavam sozinhos, estavam cercados por todos os principais da Vila que não ficaram muito contentes com o que vêem. Sakura era uma kunoichi habilidosa, mas não era de Suna. E a última coisa que eles queriam era o Kasekage se envolvendo com alguém de outra Vila.

Mal a música acaba e um ancião chama Gaara para conversar. Ele fica sem jeito, mas acaba cedendo e pede licença para Sakura. Ela, por sua vez, ficar perdida em meio ao salão, notando os gestos reprovadores de todos que observaram a dança minutos atrás. Aquilo a enche de indignação. Quem eles eram para julgar os dois? Antes que tomasse alguma atitude impensada, ela vai até o banheiro passar uma água no rosto.

Quando estava prestes a sair, ela escuta uma conversa até que bem interessante perto da porta.

- Você viu como o Kasekage a segurava?

- Sim, um escândalo. Mas também, ela estava fazendo de tudo para enfeitiçá-lo.

Sakura fica intrigada com a afirmação e resolve escutar o restante. Será que Gaara tinha dançado com mais alguém? Porque certamente elas não deveriam estar falando dela.

- Eu ouvi dizer que foi ela quem pediu pra vir pra cá. Parece que o outro shinobi que ela dava em cima, morreu, e ela ficou perdida lá.

- Hunf, eu ouvi essa história. E ela gostava do último Uchiha. Será que ela não se enxerga, ela não é do nível deles. Provavelmente o Kasekage-sama só irá se divertir e quando enjoar a jogará fora.

- Com certeza.

- Afinal, ele não pode ter mudado tanto. Por mais apaixonado que pareça, ele sempre foi frio e distante nas questões do coração.

E as duas continuam conversando, mas Sakura não queria ouvir mais. Aquilo era como a morte para os sentimentos tão prematuros que começavam a surgir em seu coração tão torturado. Não pelas críticas recebidas. Ela sabia bem sua importância e não seriam comentários daquele tipo que iriam deixá-la chateada. Mas o que a angustiava era o dito de Gaara. Será que ele enjoaria dela? Pois certamente elas o conheciam bem mais do que ela. E ela tinha sentido a reprovação dos convidados do salão quando os dois acabaram de dançar. Provavelmente a Vila nunca a aceitaria. Será que ele seria capaz de enfrentar o Conselho por ela? Além do mais, será que tudo não seria apenas fruto da sua imaginação? Afinal, até aquele momento nada de concreto tinha acontecido. Ele nem se quer tinha a beijado ou se declarado. Provavelmente eles confundiam uma leve afeição com paixão.

Com esses pensamentos sombrios, ela resolve tomar um pouco de ar e vai até a cobertura do prédio. Ela se encosta no beiral e fica pensando em seu futuro. Será que ela seria capaz de amar novamente? As perspectivas não eram nada positivas. Ela tinha medo de entregar seu coração para um amor impossível e se machucar ainda mais. Ela deixa escapar uma lágrima solitária até que escuta uma voz recriminadora atrás de si.