Se apaixonar é como perder a cabeça.

Não sei o que estava acontecendo comigo. Peitos e bundas já não me impressionavam mais.

Aliás, eu sabia. Chegara a minha vez.

Eu queria uma namorada de verdade.

O sentimento vêm quando a gente menos espera.

O rosto dela estava virado. Ela observava alguma coisa. Aqueles cabelos vermelhos, lindos e abundantes, caiam sensuais pelas costas dela. Ela mordiscava, distraidamente, o lábio inferior. Oh, Merlin, a visão do paraíso.

E bagunça com tudo.

Eu desviei o olhar, coçando a nuca. Merlin, eu adoro conversar com o Rem. A gente falava muita bobagem, mas com ele eu posso falar de coisas sérias, falar dos meus sentimentos sem parecer um completo babaca.

- Não era pra ser assim, Rem. - eu disse por fim.

- Não, James, não era. - ele sorriu, me dando tapinhas amigáveis nas costas. - Mas então... você não acha que o Pad precisa urgentemente de um banho de água fria?

Quando você se dá conta, a besteira já está feita.

- Ah, era isso que eu queria falar com você. Os McKinnon vão trazer uma convidada esse ano. Uma amiga da Marlene, que vai passar o Natal com eles. Como era o nome dela... Lissy, Lucy...

- Lily? - Sirius perguntou, incerto.

- Isso, querido, era uma coisa assim.

- Ou pode ser a Alice - ele disse, rápido.

- Espera, ela tinha um sobrenome... Era alguma coisa com "e". Edward... não, não era isso...

Há certas coisas que duram apenas minutos.

- Olha, foi um erro tá? - ela suspirou. - Eu estava já meio alta pela bebida, e meio eufórica pela vitória. Espero que você não tenha levado a sério, porque eu não levei.

Outras duram dias.

- Aqueles incompetentes da floricultura não me mandaram as flores certas. Lírios! No Natal, imagine!

- Lírios são bonitos.

- Preciso que vocês dois vão até Columbia Road Market e me comprem gérberas. Ouviram? Gérberas. Nada de margaridas, flores do campo nem rosas. Gérberas.

- Sim, senhora P. Gérberas. Quantas? - Sirius perguntou, já de pé.

- Tudo que vocês puderem achar.

Eu e Sirius nos entreolhamos. Tudo o que nós pudermos achar? Mamãe enlouqueceu?

- Aqui, tomem. Acho que isso dá - ela nos entregou 500 libras.

Nos entreolhamos. Definitivamente louca.

E há aquelas que duram anos.

- A festa só começa quando você chega, Lily.

Essas palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse pensar. Minha mãe me olhava, piscando atônita. O queixo de Lily havia despencado, e Marlene dava risadinhas. Eu mesmo estava absurdamente surpreso com tamanha ousadia.

- Bem... - minha mãe foi a primeira a se recuperar do choque - Marlene, querida, porque você não me conta sobre o bolo de laranja que você faz? Sua mãe disse que seu bolo de laranja era delicioso... - ela foi arrastando a McKinnon pra dentro do salão.

Poderia aquilo durar...

- E agora? - ela perguntou baixinho, perto do meu ouvido.

Eu não respondi. Apenas levantei delicadamente o queixo dela, fazendo ela me encarar. Por alguns segundos, me perdi no mar de sensações que encarar aquelas duas esmeraldas despertavam em mim. Então, eu a beijei. De novo.

... para sempre?