_ Eu não consigo! Não dá! Alguém me dê uma peridural, por favor! _ Molly falava com o que restava de seu fôlego.
_ Molly, querida. Vamos esperar mais um pouco, certo? Seu bebê está quase aqui e um peridural agora não vai fazer muito efeito. O que nós podemos fazer é usar o gás do riso, vai aliviar um pouco. _ a parteira disse enquanto tirava as luvas e as jogava no lixo.
_ Minha mulher e meu bebê não vai respirar Óxido Nitroso! _ Sherlock protestou secando o suar da testa de Molly.
_ Sherlock, por acaso você está com 8 centímetros de dilatação? Não! Sherlock, por acaso você oh, oh, oh. Deus, isso é horrível! _ uma contração tirou sua respiração e a fez perder a fala. Seus dedos apertavam os pulsos do homem ao seu lado. A dor que estava sentindo só piorava.
Uma hora. Um centímetro dilatado se tivesse sorte. Ela conhecia bem do corpo humano, sabia o que estava acontecendo com seu corpo e do trajeto que o seu bebê estava percorrendo. _ Eu estou com vontade de fazer força! Está tudo bem se eu fizer força?
A parteira se colocou no fim da maca e examinou Molly por alguns segundos. _ Molly, tem ainda um pouco de cérvix no caminho do seu bebê. Você pode até empurrar, mas será um tanto complicado para você.
Exausta, a mulher soltou um gemido baixo e olhou para Sherlock.
_ Eu não sei se eu aguento isso por muito mais tempo, Sherlock. _ ela se deixou chorar. _ Essa criança nem nasceu e já é tão teimosa quanto você!
O homem riu e beijou e pressionou os lábios em sua testa enquanto outra contração se manifestava. Enquanto sua mulher gemia de dor embaixo de seus lábios, ele se lembrava de quando recebeu a notícia que Molly estava grávida de seu filho.
" _ Você tem certeza?
_ Não, Sherlock. Eu sou uma idiota... É claro que eu tenho certeza! _ Molly andava de um lado para o outro com o teste em suas mãos. _ Eu fiz três de marcas diferentes, todos deram positivos. A análise do meu sangue já está no laboratório, mas eu acho que já sabemos a resposta.
Sentado em sua poltrona, ele pensava consigo mesmo nos motivos que o deixaram tão vulnerável ao ponto de sentir seus olhos lacrimejarem. Sentimento. Você a ama. Casou-se com ela e agora tem um bebê a caminho. Um bebê. Um conjunto de átomos, moléculas, células que iriam formar outro ser humano. Metade ele, metade sua Molly.
Um sorriso brotou de seus lábios.
_ Bem, senhora Holmes... Nós vamos ter que nos mudar. "
_ Molly, você pode começar a empurrar agora. Com força, Molly. Respire fundo e empurre com toda força que tiver! Vamos, vamos! Muito bem, isso foi lindo! _ a parteira orientava a mulher que fazia toda força que ainda restava em seu corpo. O alívio de começar a fazer força foi substituído pelo ardor. Ela gemeu alto e apertou com uma força incrível a mão do marido.
_ Eu sei que está doendo, amor. Mas é o caminho final do nosso bebê. _ com a mão de Molly na sua mão esquerda e a perna de Molly na direita, Sherlock conseguia ter a visão dos ângulos importantes. Ele conseguia ver o progresso que Molly fazia com cada força. _ Ele está quase aqui, Molly. Tão perto!
Nas próximas contrações, mais força, mais dor. Molly tinha saído de si, todos os seus pensamentos e ações eram para aquele momento, era pra ter seu bebê em seus braços daqui poucos minutos.
Com um ultimo empurrão seu filho tinha chegado ao mundo, gritando e chorando em plenos pulmões. Ele parecia muito mais comprido do que estimavam, mas considerando a altura de Sherlock era compreensível.
_ Bem vinda, pequeninho. _ a enfermeira disse colocando o pequeno bebê rosado em seu peito.
A conexão foi imediata. Com aquele pequeno perfeito amontoado de átomos seu coração foi completo, naquele mesmo instante ela sabia que se arrastaria pelo mundo inteiro por ele, morreria e mataria pelo seu filho.
Com lágrimas nos olhos, Sherlock Holmes olhou para seu filho. _ Ele tem o seu nariz, Molls. _ sorrindo e beijando as mãos gordinhas de Cristoph George Holmes.
Com o cordão umbilical cortado, Molly suspirou _ Agora somos dois, filho. _e fechou os olhos acariciando as costas da mão de Sherlock. Por mais que tenha feito o maior esforço do mundo, ela se sentia revigorada, pronta para passar o resto da vida amando essa nova vida que chegará ao mundo.
Quando Mary, John e a pequena Eliza entraram no quarto, Molly estava de banho tomado, com uma cara apresentável e com um bobo Sherlock Holmes com o filho no colo.
John se aproximou do amigo e encostou a mão em seu ombro. _ É um belo garoto, Sherlock. Você fez um filho lindo!
Sherlock não tirou os olhos do bebê e apenas sussurrou _ Pelo visto, é o que eu faço de melhor!
