N/A: Twilight não me pertence.
Olá! Essa fic faz parte do projeto One-shot Oculta, um amigo oculto entre autoras, em homenagem aos 10 anos da estreia de Crepúsculo no Brasil. Cada uma enviou 4 fotos e músicas para servir de inspiração à pessoa sorteada. Confira todas as 10 participantes na página /~projetooneshotoculta, o link está no meu perfil.Bom, era pra ser uma o/s, mas eu me empolguei demais (saudades!) então achei melhor dividir em 3 capítulos, que serão postados ao longo do dia de hoje.
Vamos a leitura, eu falo mais no final (pra variar).
Obrigada Dans por ser uma beta incrível, só perde pra sua função de amiga! ;)
Essa fic é dedicada a minha amiga oculta Ana Pascuim.
TODOS ESSES ANOS
Parte I
Sexta-feira
— Eu deveria ter sido a responsável por organizar essa festa. — Bella protestou enquanto Alice conferia o nome de todos os convidados na lista.
— Ai, Bella, você sabe que eu gosto de controlar as coisas. — Alice respondeu. — E, do jeito que sou, provavelmente iria reclamar de algo e no final das contas a gente ia brigar na véspera do meu casamento.
— Ainda não consigo entender que tipo de despedida de solteira é essa que o noivo participa.
— É a minha despedida de solteira, eu lá quero saber do convencional?! Você ia chamar um monte de strippers aqui para a casa, fala sério. O único homem que eu quero ver pelado pelo resto da minha vida é o Jasper.
— Era a nossa chance de fazer alguma coisa no estilo Magic Mike.
— Esse filme nem é bom.
— Como assim?! — Bella questionou sentindo-se ofendida. — Até hoje eu não consigo superar o fato que pessoas foram pagas para serem figurantes naquele filme e não fui uma delas.
— Quando for a sua despedida de solteira, a gente faz o seu sonho se tornar realidade.
— É, pelo andar da carruagem acho melhor eu assistir ao show em Las Vegas.
— Para de ser pessimista. Edward está vindo...
— E? É óbvio que seu irmão compareceria ao seu casamento, ele é o padrinho. — Bella tentou aparentar que não se importava, mas Alice sabia ler a expressão de sua amiga como um livro antigo que era mantido na cabeceira.
— Ele perguntou de você, como sempre.
— Alice, eu não quero falar sobre ele.
— Tudo bem. — concordou em cessar o assunto, mas antes tinha que forçar a barra só mais um pouquinho. Elas não falavam sobre isso há tanto tempo. — Só espero que dessa vez vocês conversem. Deveriam pelo menos tentar ser amigos.
Bella preferiu não responder. Ela e o irmão de Alice haviam namorado na época do colégio e, desde então, há quase uma década, mal trocavam palavras quando se encontravam. Falar sobre Edward incomodava Bella, mas Alice jamais perderia as esperanças de unir seu irmão e sua melhor amiga.
— O que mais precisamos fazer? — perguntou Bella.
— Nada. O resto fica por conta do pessoal da decoração e do buffet. Eu vou subir para me arrumar, falta menos de 2 horas para o início da festa. Vou ver se Jasper ainda está no banho, quem sabe me juntar a ele...
— Me poupe dos detalhes, Alice.
— Estou brincando, quer dizer, mais ou menos. — sorriu. — Aproveita e vai se arrumar também. Você vai por aquele vestido azul, não é? Você fica tão linda, mais do que já é.
— Sim, senhora. Vestido azul, maquiagem... Quem sabe eu não arrumo alguém no fim do dia para fazer um strip particular para mim? — brincou.
— Meu irmão... — Alice começou a falar, mas foi interrompida por Bella.
— Alice, eu não quero nem comentar o quão esquisito e errado é você sugerir que seu irmão faça um strip pra mim...
— Te deixaria mais feliz que... — tentou argumentar, mas Bella colocou as mãos nos ouvidos como quando fazia quando era pequena e não queria mais dar atenção a sua amiga.
— Blá blá blá, não quero falar disso! — ela gritou e Alice simplesmente rolou os olhos e subiu as escadas indo em direção ao seu quarto.
Bella foi para o quarto de hóspedes e decidiu fazer tudo com calma, talvez assim conseguisse se preparar para a chegada de Edward. Encheu a banheira e tomou um banho relaxante. Depois, secou seus cabelos e fez sua maquiagem olhando um tutorial que havia visto no YouTube. Estava longe da perfeição, mas dava para o gasto. Colocou o vestido azul que estava separado no armário e olhou seu reflexo no espelho. Estava deslumbrante.
Um som do lado de fora da casa chamou sua atenção e, ao olhar através das enormes janelas de vidro do quarto de hóspedes, a morena avistou Edward. Usava uma calça jeans escura, uma camiseta clara e um blazer azul marinho. Os cabelos dele estavam mais compridos do que se lembrava, apontando para tudo que era lado. Parecia um pouco mais forte também. Ele conversava com uma das meninas que fazia parte da organização da festa e dava seu famoso e charmoso sorriso que era capaz de deixar qualquer um de pernas bambas. Era como se o tempo tivesse virado para ele e falado "ah, você não, você eu não vou destruir… vou te tornar ainda melhor", ela pensou.
Bella se distanciou da janela e sentou na cama com a mão no coração que batia tão forte que precisou respirar fundo para tentar se acalmar. Ela queria vê-lo mais de perto, ver seus marcantes olhos verdes, mas ao mesmo tempo queria trancar a porta do quarto a sete chaves. Não tinha condições alguma naquele momento de trocar sequer um "oi" com ele.
Era difícil para ela falar sobre Edward. Ele foi seu primeiro amor e, mesmo depois de tantos anos, por mais que doesse admitir para si mesma, não conseguia esquecê-lo. Tentou transformar o sentimento em ódio e depois em indiferença, mas aquela saudade, aquele afeto, ainda estavam ali. A última vez que se viram foi quando Edward anunciou que iria se casar, em mais um dos tradicionais Natais na casa da família Cullen. Bella ficou tão bêbada, que desde então prometeu que nunca mais iria se embriagar daquela forma. Hoje estava cogitando quebrar sua promessa. Naquele fatídico Natal Bella chorou muito no colo de Alice e a amiga jamais pediu uma explicação, pois não era preciso.
Bella tentava imaginar como iria disfarçar seus sentimentos ao ver Edward. Na realidade, como iria evita-lo, em primeiro lugar? No final do ano passado, descobriu através de Alice que o casamento com Irina havia sido cancelado. Será que ele traria alguém para a festa? Sabia que Alice ia ficar chateada caso ela fosse grosseira com seu irmão, não queria aborrecer sua melhor amiga nas vésperas de seu casamento, mas Alice sabia o quanto era difícil para Bella. Numa estratégia covarde, a morena pegou o celular e mandou uma mensagem para a amiga.
B: Se eu ficar no quarto até o começo da festa, você vai ficar chateada comigo?
A: O que houve?
B: Eu vi seu irmão chegando. Eu preciso que tenha mais gente na casa. Não vem aqui e não conta pra ele que eu estou aqui, por favor, pela nossa amizade.
A: Só Deus sabe o quanto eu estou me segurando para não me meter nisso. Vocês precisam conversar, por favor.
B: Eu estou tão nervosa que juro que não conseguirei falar sequer um boa tarde para ele.
A: Eu vou esperar 20 pessoas chegarem. Quando tiver 20 pessoas dentro dessa casa, eu vou aí te buscar.
B: Eu te amo.
A: Eu também.
Bella deixou o celular na cama e ligou a televisão. Tentava se concentrar, mas sua memória a levou de volta para o dia onde tudo começou a dar errado.
— Edward, eu queria falar com você.
— O que foi?
— Acho que é melhor a gente terminar. — ela falou da forma robótica como ensaiou no carro mais cedo.
— Como assim?
— Não vai dar certo, você em New Hampshire, eu aqui...
— A gente já não teve essa conversa antes?
— Sim, mas eu não quero mais ter que passar por isso. Mudei de ideia. As pessoas mudam o tempo todo.
— Estou vendo que mudam mesmo. Você está sendo escrota comigo a semana inteira e agora isso?!
— Espero que dê tudo certo para você lá...
— Isso que aconteceu no último ano não significou nada pra você, né? — questionou retoricamente, claramente exasperado. — Quer saber, Bella? É melhor mesmo, tenho certeza que eu ia acabar me envolvendo com alguma garota na faculdade, não ia aguentar ficar sem ninguém por perto. Que ótima ideia, sério mesmo. Eu acho que não terminei antes porque fiquei com dó.
— Você não precisa falar desse jeito comigo.
— Por que você tem me tratado muito diferente nesses últimos dias, né? Quer saber? Vai embora. Eu tenho muita coisa pra resolver antes da viagem amanhã, não preciso perder meu tempo com isso. Que bom que você arrumou uma solução ótima para nós dois.
Isabella conseguiu segurar as lágrimas até chegar em seu carro. Edward havia confirmado todas suas inseguranças. Ela sabia que era apaixonada pelo rapaz, sabia que seria capaz de esperar por ele, mas temia que ele não fosse fazer o mesmo.
Ainda perdida em seus pensamentos, Bella mal percebeu quando Alice entrou no quarto e sentou na cama ao lado dela.
— Tem quase 30 pessoas lá embaixo. Estava esperando nossos pais chegarem. Sua mãe está perguntando por você.
— Obrigada.
— Posso falar uma coisa?
— Sobre Edward?
— Sobre você.
— Já sei que não vou gostar.
— Eu sei que você ainda tem sentimentos fortes por ele...
— Alice...
— Eu não vou falar dele!
— Você acabou de falar!
— O que eu quero dizer é que além dessa paixão, você ainda guarda muita mágoa. Você é maravilhosa, mas eu te conheço, sei que você evita conflito, que é teimosa, orgulhosa... Você precisa de um ponto final, ser livre disso, sabe? Você é tão especial, Bella. Pra que carregar isso? Parece que vocês criaram um personagem na memória de vocês que foi montado em cima da insegurança de cada um e estavam...não, estavam não, estão tão cegos que não conseguem ver o que todo mundo que estava de fora enxergava.
— É sempre diferente para quem está de fora. Ninguém viveu o que a gente viveu.
— É, mas eu conheço vocês. — contestou. — Ele vai tentar conversar com você hoje.
— Alice, eu não acredito que você...
— Eu não falei nada, não pedi nada. Ele veio me contar que quer falar com você e eu apenas ouvi. Aliás, estou aqui te avisando para você já se preparar pelo que vem pela frente.
— Meu coração vai explodir. Isso é tão ridículo, meu Deus, eu não tenho mais 18 anos. — falou com raiva.
— Desce comigo. Vem falar com seus pais. Se você quiser pode voltar para cá quando bem entender, mas eu não acho que deveria fazer isso. Está na hora de deixar isso para trás, de concluir a história de vocês, de resolver desavenças. Já passou tempo demais. Escuta ele e resolve isso.
— Você fala assim porque ele é seu irmão...
— Muito pelo contrário. Falo essas coisas porque você é como uma irmã para mim. Eu fui obrigada pelos meus pais a dividir o útero da mamãe com Edward por 8 meses, mas você não...você eu escolhi. Eu só o amo por obrigação mesmo. — falou brincando.
— Idiota. – respondeu com um sorriso.
— Segue meu conselho só uma vez na vida.
— Você é tão exagerada. Eu te escuto...
— Você pode até escutar, mas não absorve. Vamos, levanta essa bunda. Eu sou a porra da noiva, tenho que estar prestigiando meus convidados na minha despedida de solteira fajuta.
— Ok, estou indo.
— Está indo, mas não levanta.
— Se tivessem strippers eu teria descido mais cedo. Só avisando... — disse finalmente ficando de pé e se olhando mais uma vez no espelho antes de deixar o quarto.
— Não vou nem me dar ao trabalho de te responder.
A sala de Alice já estava tomada por pessoas e Bella sentiu alívio ao dar de cara logo com seus pais. Renée e Charlie Swan conversavam com seus amigos de longa data, Esme e Carlisle Cullen.
— Oi! — Bella falou se aproximando deles. Colocou os braços em volta dos pais e deu um beijo na bochecha de cada um. — Desculpa a demora, vocês sabem que eu não perco a oportunidade de economizar e não contratei ninguém para fazer minha maquiagem. Tutoriais do YouTube são mais complicados do que parecem.
— Como se você precisasse de muito! Linda, como sempre. — Esme elogiou.
— É porque você me ama. São seus olhos. — Bella brincou. — Vocês também estão todos maravilhosos! Quero ver você na pista de dança mais tarde, Carlisle. Até hoje é difícil definir quem é o pior dançarino, você ou papai.
— Eu sou ótimo, Bells. — Charlie respondeu. — Deixa só começar a tocar um Bee Gees...
Bella até tentou prestar atenção no que o pai estava falando, mas de canto de olho, conseguiu perceber que Edward estava se aproximando deles.
— Gente, eu vou pegar uma cerveja e falar com uns amigos que não vejo há mais tempo que vocês, já volto.
Desta forma se deu a primeira hora da festa. A cada vez que Edward chegava há menos de 2 metros de distância, Bella escapava para falar com qualquer pessoa que conhecesse, pegar uma comida, uma cerveja. Ela achou que estava enganando alguém, mas os Cullen e os Swan estavam acompanhando aquele jogo de gato e rato como se fosse a final da NFL.
Bella pegou mais uma cerveja com o garçom e se distanciou da barulheira que tomava conta da casa, estava se sentindo esquisita. Involuntariamente seus olhos sempre rondavam os cômodos da casa a procura de Edward e aquilo estava a deixando louca.
Abriu a porta que dava para o gramado na frente da casa e sentou-se por ali mesmo. Dalí, conseguia observar a Baía de São Francisco e a Golden Gate Bridge. Era uma vista espetacular. Achou que estando distante do aglomerado de pessoas, finalmente encontraria paz, mas de repente, sentiu a presença de alguém ao seu lado.
— Tudo bem por aí? — ele questionou a pegando de surpresa.
— Tudo... Desculpa, não estava esperando ninguém. Achei que tinha conseguido sair sem ser percebida.
— Você até deve ter conseguido, mas a casa é toda de vidro, então não é muito difícil ver quem está aqui fora. — constatou e naquele momento Bella se sentiu muito idiota. Maldita casa de vidro. — Será que eu poderia sentar aqui contigo um pouco?
Ela queria responder que não, mas sabia que seria rude, então apenas acenou com a cabeça indicando que ele poderia ocupar o lugar ao lado dela. Tanto esforço para fugir dele, e caiu na própria emboscada. Não é que ela odiasse Edward, o problema era justamente o contrário. Odiava o que sentia quando pensava nele, estando em sua presença era pior ainda.
— Lá dentro está um caos, quantas pessoas Alice convidou?
— Duzentas, mas tenho certeza que tem bem mais.
— Quando Alice comprou essa casa, eu achava que ela estava exagerando, mas a vista aqui é bonita pra cacete.
— Exagero é com a sua irmã mesmo. — falou sorrindo. — Essa é minha parte favorita dessa casa também. Eu poderia passar horas só encarando a Golden Bridge.
— Como você está, Bella? Tem mais de dois anos que eu não te vejo.
— Tudo bem, nada de surpreendente. — falou tomando mais um gole de sua cerveja. Nesse momento, pensou que deveria ter optado por vodca.
— Alice me contou que você está abrindo uma segunda confeitaria aqui em São Francisco. Parabéns.
— Obrigada. — respondeu com timidez. Isso quer dizer que ele estava fazendo perguntas sobre ela para Alice ou que Alice desembestava a falar sobre Bella quando estava perto do irmão?
— Agora que eu estou voltando definitivamente para cá, não perderei a oportunidade de conferir. — afirmou e Isabella agradeceu por não estar com nenhum líquido na boca, pois com certeza iria cuspir tudo em cima de Edward.
— Como assim você está voltando? O que aconteceu com Boston?
— Depois que me separei de Irina não vi motivos para continuar lá. Ninguém te contou?
— Não! Como assim? Desde quando você planeja voltar pra cá?
— Tem uns 5 meses. Eu pedi para Alice não contar para ninguém enquanto eu não estivesse com tudo certo, o que aconteceu só mês passado. Eu contei para os meus pais, achei que eles teriam contado para os seus. Parece que pela primeira vez todo mundo respeitou mesmo minha privacidade, estou surpreso.
Bella estava em choque. Como Alice havia omitido essa informação? Depois pensou um pouco melhor e lembrou que toda vez que Alice tocava no nome de Edward, ela insistia para que a amiga não prosseguisse no assunto. Mas uma informação como essa? Uma notícia dessa tem que ser repassada! Bella estava tão nervosa, que sentia sua pressão subir.
— Tudo bem? — Edward indagou.
— Sim. É o pôr-do-sol... Eu fico sempre emocionada. Olha todas essas cores...
— É de tirar o fôlego. — respondeu observando Bella.
— Eu amo essa cidade.
— Eu também. Estou feliz em estar de volta. Eu fui muito feliz aqui.
— E em Boston não?
— Eu aprendi muito lá. Mas meu coração esteve sempre aqui.
— Hmmm... — apenas murmurou, pois o que se dizia após tal constatação?
— Posso te fazer uma pergunta, Bella?
O coração de Bella disparou, parecia até mesmo que Edward ia fazer uma pergunta de vida ou morte. Tentou, mais uma vez, transparecer que não estava abalada pelas palavras do rapaz.
— Claro.
— Eu fui tão babaca com você para ser evitado dessa maneira?
— Como assim?
— A gente era tão... unido. Nós éramos amigos também, não éramos? Será que eu tinha uma versão doida na minha cabeça do que aconteceu entre nós? E nesses últimos tempos a gente trocou quantas palavras?
— A vida é assim. — ela respondeu dando os ombros. — Alguns amigos se distanciam...
— Deixa para lá... já vi que você não quer conversar sobre isso.
A morena achou que com isso ele iria se levantar e ir embora, mas ele continuou do lado dela. O silêncio que faziam observando a cidade era contrastante com o som de seus corações.
— Por que você não se despediu de mim? — Bella finalmente questionou.
— Porque você estava me tratando tão mal. Você terminou comigo no dia anterior.
— Porque eu era insegura! Você estava indo pra outro estado, como eu deveria me sentir?
— Não sei, Bella. Eu sei que eu me senti mal pra caralho. Eu era completamente apaixonado por você.
— E quando que você me falou isso? Pois eu não sabia.
— Posso fazer a mesma pergunta pra você!
— Eu me esforçava tanto para não demonstrar o que eu sentia por você. — Bella admitiu tomando mais um gole de sua cerveja. — Eu pensava mil vezes antes de fazer qualquer coisa, com medo que você descobrisse o que eu sentia de verdade. A gente faz essas merdas quando é jovem. Tentei me proteger com medo de me magoar.
— Serviu de alguma coisa?
— Não. Foi uma merda quando você foi embora. Eu te amava demais. Perdi meu primeiro amor e meu melhor amigo de uma só vez.
— Me desculpa se eu fui uma pessoa ruim para você naquela época. — expressou com honestidade — Eu devia ter te procurado, mandado mensagem... mas eu tinha tanto ressentimento naquele primeiro ano, sabe?
— Sim, eu estava muito magoada também.
— E depois o tempo foi passando e a vida foi acontecendo. Eu senti a sua falta. A gente não conversa desde aquele dia que fui embora, porque nem vou chamar as poucas palavras que trocamos nesses últimos oito anos de conversa. Só eu sinto falta daquilo?
— Claro que não, Edward. É difícil para mim.
— O que eu tenho que fazer? — questionou frustrado passando as mãos pelos cabelos.
— Me desculpa. — Bella falou baixo. — Eu achei que as coisas seriam mais simples se a gente mantivesse a distância, que com o tempo tudo ia ser diferente. Se posso ser honesta, sempre pensei que você não se esforçou muito, achava que no fundo você não estava nem aí.
— É difícil demais escalar todas essas paredes que você constrói ao seu redor.
— Eu posso ter feito isso, mas a minha sensação, naquela época, foi que você não se importava nem para pegar uma escada. Você usou palavras tão cruéis comigo.
— Claro que me importava, Bella. Eu só fui... sei lá, burro e estúpido. Naquele dia falei um monte de merda pra você porque queria que você se sentisse tão mal quanto eu. Meu mecanismo de defesa foi esse. Me desculpa. Se você me permite ser sincero agora, queria dizer que gostaria muito que as coisas tivessem acontecido de forma diferente e, principalmente, gostaria de ter minha amiga de volta, queria que você ainda fizesse parte da minha vida. A gente se conhece desde os 4 anos.
— Você tinha 5, eu ainda tinha 4. — Bella o corrigiu.
— Que seja... — murmurou.— Eu pensei que você só estava querendo se divertir. Aliás, foi assim desde o começo. Conversei muito com a Alice sobre isso. Ela sempre dizia que você era louca por mim, mas você nunca demonstrava. As vezes eu até achava que sim, pelo jeito que você me olhava quando a gente estava junto, como me beijava... mas eu também era tão inseguro e inexperiente. Eu menti para você, sabia?
— Quando? — indagou curiosa.
— No dia que a gente começou a meio que namorar. Ou pelo menos foi quando todo mundo assumiu que estávamos juntos, mesmo que nós nunca tenhamos oficializado nada.
— Como assim?
— Você entrou no meu quarto no meio da madrugada e me beijou, lembra?
— Ai meu Deus. — Bella falou colocando as mãos no rosto, totalmente constrangida. — Eu estava me sentindo tão confiante naquele dia.
— Eu achei que estava sonhando! — Edward disse com uma risada. — Você subiu na minha cama, começou a me beijar e veio com um papo de que não confiava em nenhum outro garoto para perder a virgindade e me perguntou se eu topava por ter mais experiência.
— Ai, não me lembre desse dia, que vergonha.
— E eu que topei e menti? Falei que tinha experiência. Eu era virgem também, Bella.
— Mentira!
— Eu não durei nem um minuto!
— Por que você não me contou?!
— Porque eu fiquei com medo de você desistir e eu queria perder minha virgindade com você também! E depois você ainda ficou sentindo dor naquela semana... Eu pensei que tinha feito alguma coisa errada, aí resolvi não falar nada mesmo.
— Eu tive uma infecção urinária. A gente transou tanto naquele fim de semana.
— Ah, a adolescência... — brincou.
— Sim. — concordou.
— Eu só quero... sei lá, conversar com você de novo. Saber o que aconteceu na sua vida nesses últimos anos. Te contar o que aconteceu na minha...
Edward não sabia mais o que falar. Estava frustrado. Bella parecia distante, tentava demonstrar indiferença, mas ele conseguia ver no olhar dela que ela também sentia falta do contato entre eles. Por que tudo tinha que ser tão difícil?
— Tá bom. — Bella respondeu olhando ele nos olhos.
— O que? — questionou surpreso.
— Me conta tudo, que eu te conto tudo.
— Ah... OK. Bom, melhor sempre começar do começo, né? — disse um pouco sem graça. Já se imaginou tantas vezes contando sobre sua vida para Bella que agora que tinha a oportunidade, estava sem palavras.
— Como foi quando você chegou em Dartmouth?
— Foi estranho. Pensei que deveria ter feito que nem Alice e ter ficado em São Francisco, porque pareceu tão pesado carregar o fardo de ter que estudar na mesma universidade que meu pai. Eu era um excelente aluno no colégio, você lembra, mas na faculdade tive que realmente me esforçar para tirar notas boas. Fora que senti muita falta de casa no primeiro mês. Depois fui me adaptando, fazendo amigos, só que sempre ficava ansioso para vir para cá nos feriados. Nunca conte isso pra Alice porque ela vai encher meu saco, mas senti muita falta da pentelha. Como eu enchia o saco dela com mensagens!
— Ela sentia muito sua falta também.
— Não só dela eu senti falta… de você também, nós éramos unha e carne. Sentia muita vontade de falar com você. Eu te liguei algumas vezes naquele primeiro ano. — confessou.
— Eu sabia que era você!
— Eu também sabia que você sabia. — ele riu. — Principalmente uma vez que você falou "Edward, se for você, vai a merda!".
— Acho que naquele ano eu te amei e te odiei na mesma proporção, mas esse dia em específico me lembro muito bem. Eu estava em um encontro! Finalmente tinha aceitado sair com um garoto da faculdade e no meio do encontro quando a gente estava se beijando, você me ligou! Fiquei com tanta raiva que o clima acabou e pedi para ele me levar para casa.
— Ele que estava com você na festa de Natal daquele ano?
— Não, esse era outro. — respondeu. — Jacob.
— Ah, Jacob! Eu queria matar Jacob naquele ano.
— Por quê? — questionou surpresa e cheia de curiosidade.
— Porque fui para casa naquele Natal pronto para conversar com você. Queria que tudo voltasse a ser como antes, sei lá, estava disposto a tudo, mas aí te vi e você estava tão diferente daquele último dia quando eu fui embora.
— É? Como? — indagou fascinada por se ver nos olhos de outra pessoa.
— Sim. Você parecia tão feliz.
— Eu estava feliz.
— Sim. Com um cara de 2 metros de altura ao seu lado.
— Ele tinha 1,98m na verdade. — ela corrigiu e Edward rolou os olhos exatamente da mesma forma que Alice fazia. Bella queria rir com a semelhança.
— Eu me senti traído, mesmo sem direito. Não entendi como você conseguia ser feliz com outra pessoa e eu não.
— É diferente…
— Sim, claro, entendo isso hoje, mas naquele dia não entendia. Aí fiquei puto e não conversei com você. Na verdade acho que eu mal olhava na sua cara.
— O que só contribuiu para eu me convencer que você era realmente um idiota e nem se lembrava mais do que tinha se passado entre gente.
— A primeira parte pode estar correta, mas a segunda jamais. — admitiu. — Como foi pra você aquele primeiro ano?
— Foi confuso. Quando você foi embora eu fiquei uns meses mal. Na real fiquei bem na merda mesmo. Depois foi ficando melhor. Também tive que me esforçar muito na faculdade. Foi bem diferente no aspecto que no colégio tinha você e sua irmã, sempre fomos nós três e na universidade eu estava sozinha… fiz alguns amigos, dois inclusive são sócios da confeitaria.
— Sério? Que legal.
— Sim. Mike e Angela. Fomos amigos durante toda faculdade e somos até hoje. Depois eu comecei a namorar o Jake, que foi quem você conheceu.
— Ele foi na minha festa de aniversário do ano seguinte, mas no Natal não vi mais rastro. O que houve?
— Não deu certo, mas a gente foi muito feliz. Ficamos juntos quase um ano. Ele era uma boa pessoa, acho que não estávamos na mesma página naquele momento. Aliás, eu o vi tem pouco tempo. Ele já tem dois meninos, são uma gracinha.
— Devem ser uma gracinha que nem ele. — debochou e Bella empurrou o ombro dele, o que fez com que ele desse uma risada.
— Admite, isso é ódio no coração porque ele era bem gato. — Bella brincou.
— Na verdade acho que eu impliquei com ele porque quis culpar alguém pela minha falta de atitude. Me faltou coragem para falar com você e é sempre mais fácil jogar a responsabilidade em cima de outra pessoa do que admitir que quem errou fomos nós mesmos.
— Quando que você ficou tão consciente assim?
— Eu sempre fui consciente!
— Aham, tá bom...
— Eu fiz terapia.
— Sério?
— Sim. E ela falou que você é a razão de todos os meus problemas. Brincadeira. Viu? Mais fácil colocar a culpa em cima dos outros.
— Idiota. — retrucou. — Me conta sobre a terapia.
— Eu vou contar, mas a gente ainda está em 2011, a parte da terapia só foi acontecer em 2017. Vai, me conta como foi seu ano.
— Ai, minha memória é um lixo. Calma, deixa eu pegar meu celular, vou olhar as fotos pelos anos, assim acho que fica mais fácil de me lembrar. — falou mexendo no aparelho. — Ah, eu fui no show do Muse! Lembra quando fomos no seu aniversário de 16 anos?
— Sim! Foi tão bom…
— Eu pensei tanto em você nesse dia. Me deu muita vontade de te ligar, eu só ia colocar a música pra você ouvir, nem ia falar nada.
— Sério? — questionou, a voz cheia de esperança.
— Sim. — respondeu trocando olhares com ele, mas logo depois retornou sua visão para as fotos. — Assiste esse vídeo aqui! Eu me apresentei em uma feira da faculdade. Tínhamos que mostrar uma habilidade aleatória e eu cantei.
— Você sempre cantou bem. — comentou enquanto assistia ao vídeo. — Que lindo, Bella. Você ganhou?
— Ah, não, mas me senti tão orgulhosa nesse dia, sabe? Você lembra que eu era tímida nessas coisas de apresentação…
— Verdade.
— Eu melhorei muito.
— Hoje em dia 0% de inibição?
— 0% não, mas talvez uns 10%? — falou com um sorriso no rosto. — Ah, olha essa foto aqui. Da sua festa de aniversário que estávamos comentando antes.
— Que por sinal você nem me deu parabéns.
— Claro que dei, falei "Feliz Aniversário, Edward" quando te vi.
— Você murmurou tão baixo, que pra mim poderia ter sido "Você é um otário, Edward".
— Aí, para de ser mentiroso! — ela falou com uma risada. — Dava pra entender sim.
— Você não me deu nem um abraço.
— Precisa de abraço para ser um parabéns válido?
— Sim. Pelo menos isso.
— Ok, anotado.
— Seu cabelo estava diferente.
— Sim, eu tinha cortado.
— Como sempre, você estava linda e sorridente.
— Você também.
— É, acho que sim. Aquele ano foi legal. Acho que comecei a gostar da faculdade. Estava me saindo bem nas provas, comecei a ir para umas festas.
— E arrumar umas namoradas, né? Naquele Natal quem estava acompanhado era você.
— Ah, sim. Tanya.
— Sim. Minha vez de querer te matar.
— Por que? Ciúmes também? — questionou com uma piscadela em direção a morena.
— Primeiro porque você ficava olhando para a minha cara e rindo.
— Putz… esse Natal. Bella, eu estava muito chapado.
— Sério? Eu desconfiei e sua irmã também.
— Sim. — ele riu. — Meu Deus, eu estava muito chapado mesmo. Meu pai me deu um sermão épico e depois ainda tive que ouvir a minha mãe.
— Bem feito. E o segundo motivo é porque você ficava se pegando com aquela garota, parecia que estavam querendo encenar um filme pornô. Eu vi você com a mão dentro da saia dela duas vezes, foi muita falta de educação.
— Mas era basicamente isso mesmo, a gente mal conversava, só transava.
— Eu quis muito te matar a cada risadinha. Parecia que você estava debochando de mim.
— Desculpa. Bom, minha relação com cannabis foi intensa e passageira, tipo meu relacionamento com Tanya.
— Lembra quando a gente fumou orégano? — Bella questionou Edward e ele deu uma risada tão gostosa que a morena queria ouvir de novo em loop.
— A gente tinha 15 anos.
— Alice pediu para colocar mais e você falou "Alice, eu estou fazendo um baseado, não pizza". E a gente não tinha onde enrolar, então você usou uma folha de caderno. — ela lembrou e com isso Edward deu uma gargalhada tão alta, que ela não aguentou e se juntou a ele. Quando perceberam, lágrimas saiam de seus olhos com aquela recordação.
— Eu te beijei pela primeira vez nesse dia. Você lembra?
— Sim, claro que eu lembro. Você falou que estava chapado, que estava te dando a maior vontade de beijar na boca, aí você foi e me beijou!
— Você falou que ficou com vontade também!
— Alice ficou puta e xingou a gente. Ela falou com aquela voz que ela sempre usa quando fica irritada. "Vocês são ridículos". Certeza que ela disse isso.
— Sim. E eu falei que ela deveria estar tendo uma bad trip. — falou olhando para Bella e eles caíram novamente na gargalhada. — A gente era tão covarde, meu Deus, as merdas que a gente inventava para se beijar. Talvez a gente deveria ter fumado baseado de orégano todos esses anos, quem sabe teríamos voltado a se falar antes, já que nos deixava corajosos.
— É, quem sabe… — riu. — Aí, que ridículos… eu nem lembro mais do que a gente estava falando.
— Minha fase maconheiro e Tanya.
— Ah sim, ela era muito bonita.
— Sim. Nunca mais tive contato com ela. Ela era mais velha, se formou naquele ano.
— Foi no ano seguinte que você começou a namorar Irina?
— Não, naquele ano eu estava sozinho, acho. Saia com umas garotas, mas nada sério. Foi em 2012 que Alice começou a desenvolver aquele aplicativo, né? Filha da mãe é tão inteligente que tenho certeza que ela sugou um pouco da minha inteligência no útero.
— Sim, foi nesse ano. A gente foi para Vegas no meu aniversário de 21 anos, que era algo que sempre sonhei.
— Eu lembro.
— Achei que não ia rolar, mas Alice pagou tudo sem eu saber. Me contou uma semana antes. Eu tentei argumentar porque, bom, você sabe, porque eu sou eu.
— Claro.
— Mas você também conhece a sua irmã. Não tive escolha a não ser aceitar. Foi incrível.
— Eu vi as fotos que ela postou. Vocês pareciam estar se divertindo.
— Sim, meu Deus, todo dia eu acordava na merda.
— Me conta…
— A gente basicamente bebia todas as noites e com certeza não sabemos nomear todos os caras que beijamos. Nenhum momento de glória para nós duas, mas foi muito divertido.
— Sempre a dupla dinâmica aprontando. — comentou. — A gente se viu um pouquinho depois naquele ano.
— Quando?
— Em outubro.
— Ah, verdade, foi o enterro da sua avó. Ah, Edward, me desculpa. Eu ia falar com você, mas… as vezes a gente é egoísta, orgulhoso.
— Tudo bem.
— Você estava acompanhado, achei que seria estranho.
— Era minha amiga Rosalie.
— Ela me fulminou com o olhar. — Bella contou e com essa informação Edward riu.
— Soa como algo que Rose faria.
— Ela ainda é sua amiga?
— Sim. Vou ser padrinho de casamento dela ano que vem. Ela seria madrinha do meu. Numa oportunidade melhor, gostaria de te apresentar a ela. Vocês vão se dar bem.
— Ela é de onde? Boston?
— Não. Ela estudou comigo. Agora ela mora em Nova Iorque. Contei para ela sobre você. Na verdade, expus a minha versão sobre nós dois. Por isso ela deve ter feito cara feia naquele dia.
— Quer dizer que eu fui pintada de vilã?
— Por mim? Acho que um pouco no começo, mas… sei lá, a gente só foi imaturo.
— Naquele ano eu não te vi na festa de Natal porque estava namorando um babaca.
— James?
— Sim. Como…? Ah, Alice! A presidente do fã clube "Eu odeio James".
— Sim, ela falava mal dele para mim. Ele realmente era um cuzão. Alice disse que reclamava de tudo, te colocava para baixo.
— Eu não queria ficar sozinha. — admitiu. — Aí acabei ficando com James e aprendi que aquele ditado realmente é verdade. Antes só do que mal acompanhada.
— Alice falou que ele deu em cima dela.
— Meu Deus, que fofoqueira!
— Olha, eu tenho que defender a minha irmã. Ela foi pouquíssimo fofoqueira, te juro. Eu perguntava sempre de você e ela sempre falava que se eu quisesse realmente saber de algo teria que ir direto na fonte, mas essa história… Você a conhece, ela estava soltando fogo por todos orifícios.
— Sabia que o dia que terminei com James foi o mesmo dia que Alice conheceu Jasper? Até hoje ela fala que foi um sinal divino.
— Ela já me falou isso também. Por sinal, foi o mesmo ano em que eu conheci Irina.
— Ah, é? Onde vocês se conheceram? — indagou. Estava curiosa, mas ao mesmo tempo com receio de ouvir sobre a mulher com quem Edward quase se casou.
— A gente se conheceu por acaso em um seminário. Trocamos telefone e começamos a sair.
— Ah, verdade, ela também era dentista, né?
— Sim. Nós tínhamos um consultório juntos em Boston.
— Você não foi para a festa de Natal dos seus pais aquele ano, eles ficaram tão chateados.
— Pois é, fiquei na casa dos pais de Irina. Já estava com planos de me mudar para Boston e morar com ela depois da minha formatura.
— Eu sempre achei que você ia voltar para São Francisco depois que terminasse a faculdade.
— Não só você, eu inclusive, mas também imaginei que muita coisa na minha vida ia ser diferente. — admitiu.
— Foi nesse ano que comecei meu estágio. — Bella contou. — Eu estava me sentindo! Todo mundo que vinha falar comigo, eu já começava "Sabe quem é a mais nova estagiária de contabilidade da Eclipse? Isabella Swan!". Eu queria tanto aquela vaga. Acho que foi uma das coisas que mais pesaram quando fiz a entrevista para conseguir a bolsa para o MBA.
— Londres, né? — ele questionou.
— Sim. Em 2014 depois que eu me formei fui para lá. Foi um ano incrível, Edward. Aprendi e viajei tanto. Acho que foi um dos momentos mais felizes da minha vida.
— Você foi para Paris? — perguntou, mesmo já sabendo a resposta.
— Oui! Eu fui para Paris sozinha! — exclamou com tanta animação que Edward não conseguiu segurar o sorriso que tentava escapar de seus lábios. — Deixa eu te mostrar as fotos. Olha, eu na frente do Louvre. Aqui sou eu na frente da Torre Eiffel.
— Olha esse sorriso. Isso é pura felicidade. — Edward comentou dando um zoom no rosto de Bella. Resistiu a vontade de encaminhar a foto para si mesmo.
— Sério, minha ida a Paris estava escrita nas estrelas. Lá conheci a última e mais importante sócia da confeitaria: Jane. Ela está lá dentro em algum lugar, sua irmã a adora. Não tem como odiar alguém que cozinha, para ser honesta.
— Posso continuar vendo as fotos? — questionou a mostrando o celular.
— Claro.
— Ah, eu adoro essa. — ele falou com uma risada. Era Bella fingindo estar segurando a Torre de Pisa.
— Sim, viva o clichê.
— Já que a gente está tendo uma conversa honesta... Eu já vi alguma dessas fotos. — confessou.
— Onde? Alice, de novo?
— Não. Eu entrava no seu Instagram. Por sinal, eu queria te matar toda vez que você trancava sua conta.
— Para! — ela falou com uma risada. — Eu não acredito que você fazia isso, Edward.
— Era mais forte do que eu. Você sabe que sempre fui curioso, é alguma coisa no DNA dos Cullen. Ninguém escapa. Por sinal, você não me aceitou no Facebook até hoje.
— Claro, a gente brigou, mal trocava olhares, só faltava um querer matar o outro e você manda um pedido de amizade para mim? Ah tá que eu ia aceitar um pedido de amizade antes de um pedido de desculpas. Quando eu vi aquilo, juro que quis te esganar.
— Imaginei que ia ser algo assim, mas eu queria demais saber o que estava acontecendo com você.
— Ficou só na vontade mesmo.
— Fiquei. — concordou e voltou a observar as fotos de Isabella no celular. — Eu queria ter viajado mais.
— Nunca é tarde demais. Estou planejando uma viagem incrível para o verão do ano que vem. Vou para a Croácia. Já tem mais de dois anos que não tiro férias. Desde que a primeira confeitaria abriu minha vida está sendo só trabalho.
— Mas vale a pena, né? Você faz o que você ama?
— Sim. — sorriu. — Eu não poderia ser mais feliz profissionalmente.
Ele devolveu o celular para sua dona e observou Bella. A morena desviou o olhar, pegou o aparelho e fingiu procurar por alguma mensagem. Edward, por sua vez, continuou com o olhar em cima dela. A conversa entre eles estava fluindo melhor do que ele imaginou que seria e, por isso, sentia-se aliviado e seguro do tópico que estava prestes a abordar.
— Você lembra do Natal de 2015, Bella? — ele indagou.
— Quando você contou que estava noivo de Irina?
— Sim, mas quero dizer... você lembra de tudo? Você tinha bebido tanto...
— Como assim?
— Eu subi para pegar um casaco no meu quarto e você foi atrás de mim...
— Fui? Ah meu Deus... O que eu fiz?
— Você me fez perguntas...
— Fiz? Meu Deus. Eu não sei se eu quero saber. — ela respondeu deitando no gramado e cobrindo o rosto. — O que eu falei?
— Você me perguntou se eu amava Irina. Eu respondi que sim e você começou a chorar.
— Eu não acredito que eu fiz isso. — Bella falou ainda com o rosto tampado, sem ser capaz de olhar para Edward. Ele ficou em silêncio. — Tem mais, não tem?
— Você me perguntou se eu te amei.
— O que você disse? — ela inquiriu, desta vez destampando o rosto e olhando para ele.
— Eu disse que sim.
— E o que eu fiz?
— Mais duas pergunta.
— Quais? — questionou, claramente constrangida.
— Se ela me amava da mesma maneira que você sentia a minha falta. E se ela me beijava, do jeito que você me beijava. E aí, você me beijou. Você não parava de me beijar e eu não estava te beijando de volta. Você ficou puta, me empurrou e falou "Você não sente nada? Sou só eu? Me beija!"
— Você me beijou?
— Não... eu te devorei. — respondeu. — Meus lábios, meu corpo inteiro parecia estar em chamas. Eu te beijei tão forte que sei lá, Bella... Alice apareceu na hora, brigou comigo... A gente ficou quase um mês sem se falar.
— Eu perguntei para ela depois se eu tinha te beijado, ela falou que eu estava alucinando. Desculpa, Edward. Meu Deus... Eu quero ficar invisível. Não acredito que eu fiz isso.
— Aquele dia passou tanto na minha memória esses anos. Eu não queria te ver de novo, queria fazer meu relacionamento com Irina dar certo. — confessou. — Como você sabe, não deu. No ano seguinte estávamos focados no nosso consultório e prometemos deixar para resolver as coisas do casamento em 2017. Morando e trabalhando juntos, a nossa convivência foi ficando difícil... Eu amei Irina, mas no dia que resolvi ser honesto comigo mesmo, admiti que não queria passar o resto da minha vida com ela. Cancelamos o casamento e decidimos que não deveríamos seguir adiante com o nosso relacionamento.
— Eu chorei tanto naquele dia. Sua irmã ficou muito preocupada. — Bella contou. — Depois disso eu pedi para ela nunca mais me falar nada de você também. Queria seguir em frente com a minha vida.
— Ano passado eu comecei a fazer terapia e aprendi muita coisa sobre mim. — ele contou, desta vez se deitou ao lado de Bella. — E entendi também que eu precisava conversar com você, que necessitava deixar isso que aconteceu com a gente para trás. Precisava te pedir desculpa por não ter sido honesto, nem com você nem comigo.
— Me desculpa também. — ela pediu. Dessa vez conseguiu segurar o olhar no dele.
Eles continuaram deitados no gramado. Não queriam sair de perto do outro, mas não sabiam também o que falar.
— Alice deve estar puta que a gente não está participando da festa dela. — ela falou.
— Bella, eu aposto 50 dólares com você que se a gente olhar para a casa, ela vai estar espiando a gente. — Edward falou e na mesma a hora a cabeça de Bella virou para a sala. Sem surpresa, lá estavam Alice e Renée Swan. Ambas tentaram disfarçar, mas a morena já havia percebido. — Ganhei?
— Sim. — ela riu.
— Vamos lá pra dentro. — ele disse se levantando e estendendo o braço para Bella.
— Ok.
— Posso te pedir uma coisa antes? — ele perguntou com timidez.
— O que?
— Posso te dar um abraço?
— Claro, Edward.
Ele abriu os braços Bella se aninhou ao corpo dele. Quando sentiu seu cheiro amadeirado, foi invadida mais uma vez por todas lembranças de Edward em sua vida e, para sua própria surpresa, começou a chorar. Se deu conta, ali, naquele abraço, do quanto sentia falta dele. Edward a abraçou mais forte ainda, também estava emocionado. Beijou seu cabelo, sua testa.
— Todos esses anos... — ele começou a falar, mas sentia sua voz embargada.
Ela não era capaz de falar nada, só queria ficar ali, sentindo o toque dele. A cada beijo que Edward dava em sua cabeça, ela o apertava mais forte.
— Você ainda usa o mesmo perfume. — ela afirmou com o rosto colado ao peitoral dele.
— Sim. — respondeu acariciando os fios de cabelo dela. Não se aguentou e depositou mais um beijo no topo de sua cabeça.
— Meu coração está tão acelerado perto do seu. — Isabella comentou.
— É? Agora que você me abraçou, acho que ele encontrou paz, porque estava parecendo uma máquina de lavar velha há alguns minutos. — disse com humor.
— A gente já tá se abraçando há tempo suficiente pra ficar esquisito? — ela questionou com tom de riso, mas não fez esforços para largar o rapaz.
— Jamais. Aliás, acho que se a gente ficar aqui pra sempre, ninguém vai nem notar. — Edward brincou.
— Vamos entrar. — ela falou se afastando dele e limpando os olhos. — Parece que eu chorei?
— Sim. — ele riu e colocou as mãos no rosto de Bella para limpar os resquícios de lágrimas. Ela fechou os olhos, só o toque dele já mexia demais com ela. — Pronto. Agora está linda como sempre.
— Não precisa puxar meu saco. — ela falou com um sorriso tímido. — Eu já te perdoei.
Ele apenas sorriu e colocou um braço por cima do ombro dela, como sempre fez na adolescência. Desta forma, os dois entraram na sala.
— Vocês são os piores padrinhos de casamento que eu podia ter arrumado, eu juro! — Alice falou, mas o sorriso enorme que estava nos lábios dela ao ver os dois juntos não passou despercebido. Edward apenas levantou o dedo do meio para irmã.
— Não faz isso com a sua irmã. — Bella falou empurrando a mão de Edward.
— Tudo certo? — ela perguntou olhando para a amiga.
— Sim. — Bella respondeu com um sorriso.
— Doeu? Precisaram esperar esse tempo todo? — Alice perguntou retoricamente.
— Se ele te der dedo de novo, eu não vou mais te defender. — Bella comunicou.
A festa seguiu e, diferente da primeira parte da comemoração, desta vez os dois não conseguiam se distanciar.
Como Bella tanto esperou, Carlisle e Charlie se juntaram na pista de dança e a mulher mal conseguia controlar sua risada. A situação ficou ainda mais cômica, quando Edward resolveu acompanhar os dois homens mais velhos.
— Vem dançar comigo. — ele pediu a Bella.
— Tá louco? Eu faço questão de ficar aqui apenas registrando tudo isso na minha memória. Meu Deus, olha meu pai.
— Ele é um homem muito feliz. — Edward respondeu. — Vem ser feliz com a gente!
— Estou sendo feliz demais só observando vocês.
— Chata.
— Insistente.
— Fazer o que? — deu os ombros. — Sua perda.
Com isso, ele voltou a dançar e Bella, por mais que tentasse, não tirava os olhos dele. Se pudesse ser honesta, até que Edward não era tão mal dançarino assim.
Quando a festa já se aproximava das onze da noite, Alice agradeceu pela presença de todos e disse que mal conseguia esperar para se casar com o homem que não estava em seus sonhos, mas que roubou seu coração. A quantidade de pessoas foi se dissipando e, quando restavam apenas os membros da família Cullen e Swan, Edward se aproximou mais uma vez de Isabella.
— Eu já vou. Tenho que organizar algumas coisas em casa ainda. Tudo meu está dentro de caixas. — Edward contou. — Posso falar com você rapidinho antes de ir embora?
— Ué, agora estão de segredinho? — Alice interrompeu.
— Vem cá. — Edward falou ignorando a irmã e puxando Bella para perto da porta da casa.
— O que foi?
— Aceita meu pedido de amizade no Facebook. — falou dando seu charmoso sorriso. Era difícil negar qualquer coisa, e ele sabia.
— Ai, não acredito que você me chamou para isso. Pra quê? Para você ficar fuxicando meu perfil quando chegar em casa? Eu já não te contei o suficiente?
— Bella, assim você me ofende. — falou. — Até parece que eu vou esperar chegar em casa. No momento que você apertar o botão de "aceito" já vou olhar post por post.
— Você é ridículo! — disse com uma risada. — Vou pensar no seu caso.
— Até amanhã. Ah, me aceita no Instagram também.
— Ai meu Deus... Tchau. Até amanhã. — respondeu e ficou na ponta dos pés para dar um beijo na bochecha dele.
No caminho para seu novo apartamento, Edward percebeu que agora era amigo de Isabella Swan nas redes sociais. Quando chegou em casa, tomou um banho, deitou na cama e ficou observando foto por foto. Quando uma mensagem de Bella surgiu na tela de seu celular, quase deixou o aparelho cair no rosto.
B: PARA DE DAR LIKE NAS MINHAS FOTOS E VAI DORMIR.
E: Como se você não estivesse olhando as minhas.
B: Que convencido!
E: Você tem a maior cara de que só olha as fotos, daqui a pouco você vai dar um like sem querer. Eu ainda te pego no flagra.
B: Bobo hahaha.
E: O dia foi tão melhor do que eu esperava.
B: Sim, tomou um rumo completamente inesperado. Que bom que você veio conversar comigo. Acho que eu não teria sido capaz. Estou feliz.
E: Eu também. Senti a sua falta.
B: Eu também senti a sua. Ai que melosos. Vou dormir. Amanhã sua irmã vai querer saber tudo que a gente conversou. Ela já perguntou pra você?
E: Milagrosamente não. Boa sorte para nós.
B: Sim! Boa noite. Beijinhos.
E: Beijão.
O semblante de felicidade era o mesmo no rosto dos dois quando fecharam os olhos para dormir.
