Persona

Você realmente é o que parece...

Originalmente escrito por: Spheeris1 (spheeris1@yahoo.com- e-mails em inglês.)

Traduzido por: Suu (thesuufiles@mail.nu)

Eu me levanto e estou vazio.

Então, como um pintor, eu crio.

Transformo-me.

Aliso as cores, mudo a forma, cubro a tela.

Eu sou o orvalho prateado e a verde floresta, rodeada de uma escuridão sem fim.

Por uma noite sem fim.

E todos os artistas têm ironia...

Eu também a tenho. Veja a minha auréola...

Como pode o bonito ser ruim?

Como pode o belo fazer coisas erradas?

Como pode o mal parecer tão bom?

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Eu vejo isso em seus olhos, vejo as perguntas dentro de você.

Você, meu novo-rico abatido.

Quando passamos pelos salões, meus ombros ficam frios.

E seus olhos crescem silenciosamente.

E eu quero saber o que aconteceria.

Se... Eu deixasse a máscara cair?

O caos reinaria?

Tocaria sua bochecha e deixaria a escuridão lhe encobrir?

Ou você me devoraria?

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Cada beijo concedido, uma maldição em minha alma.

Eu sobrevivi a sua inexperiência, seus erros, seus dentes cortando o meu pescoço.

Eu sobrevivi ao seu calor, ao seu fogo.

E agora eu sou o Garoto-Que-Sobreviveu-Após-Foder-O-Garoto-Que-Sobreviveu?

Devo mostrar para eles as minhas cicatrizes, feitas pelo fato do seu corpo estar no meu?

Não, eu passo por você. Passo ao seu lado. Ando longe de você.

E o sorrisinho falso.

Mostrando em dolorosa certeza como Harry Potter não significa nada para mim.

E todos vêem isso.

Porque todo mundo nos assiste.

Um duelo de titãs.

Tadzio e Christopher Robin, brigando com palavras infantis e perigosa beleza.

Crescendo.

Crescendo separados.

Crescendo a dor e o desejo como Dulcamaras.

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Pergunte-me e eu lhe direi...

Se isso era um jogo, com quem você estava brincando?

E assim a historia continua, mas ninguém sabe a conseqüência.

Eu sou o vilão. Eu visto preto.

Você é o herói. Você veste branco.

E a equipe de apoio do 'você é cruel!' e 'você é incrível!' agem como um coral grego.

Como nós amamos brincar disso, Potter.

Potter salva. Potter mata. Potter ganha.

E eu me contento com a cena do meu leito de morte, aproveitando o fracasso como se ele não machucasse.

Nós somos crianças. Não é de verdade.

É um jogo.

Mas não... Não, isso não é uma brincadeira.

E todas as cores são cinzas.

E o holofote está sobre você. E sobre mim.

E você segura a minha mão e implora para que eu fique.

E eu te empurro.

E eu te deixo para trás.

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Eu me levanto e estou vazio.

Eu reviro meus sentimentos como roupas em um armário.

O que vestir hoje?

Pirralho condescendente? Alma torturada? Louco calculista?

Todas me vestem tão bem.

Tão confortáveis.

E eu imagino quem você será hoje, Potter.

Cavalheiro? Pensador? Magoado?

Você e eu temos muito em comum, acho.

Nós colocamos nossas armaduras. Nós fazemos a guerra.

Arthur e Lancelot. Batman e Coringa.

Exceto pelo fato de que nós cruzamos a linha.

Nós queremos mais do que a vida nos deu.

Nós ultrapassamos os limites e desmoronamos.

E eu cubro as cicatrizes, sim.

Você também.

Cicatrizes de amor e necessidade. Cicatrizes de sexo e desejo.

E hoje... Hoje...

Hoje é outro dia de te odiar. De te amar.

De tirar uma máscara apenas para colocar outra.