A Lack of Love
Ela tinha um jeito de me dominar que era impressionante. Ela manipulava minhas decisões, minhas vontades, tudo o que fosse possível. Eu sempre dizia que era a última vez que cederia aos caprichos dela, mas sabia que não era verdade, cada sorriso dela me deixava ofuscado e ela sequer era tão bonita, mas os olhos dela tinham alguma coisa, um brilho de inteligência difícil de encontrar nas mulheres hoje em dia.
Essa era Pansy. Com seus movimentos delicados capazes de me envolver em todas suas teias. Todas as suas prisões feitas de sentimento e culpa.
Eu era importante. Era rico, herdeiro de fortunas, ensinado nas melhores escolas, assim como ela, assim como todos os nossos amigos e desde aquele tempo ela tinha um jeito diferente das demais, um jeito que atraiu todo e qualquer rapaz. Mais uma vez, não que ela fosse realmente bonita, ela era apenas diferente, sedutora, interessante demais, inteligente demais.
Pansy moldava minhas vontades e eu pouco me importava, só queria aquele corpo junto do meu, só queria o perfume dela nas minhas roupas e acordar ao lado dos cabelos negros dela, cabelos curtos e brilhantes.
"Eu te amo, Pansy."
"Também, Blaise."
Não sou nenhum bobo iludido, mas era fácil perceber o quanto éramos perfeitos juntos, o quanto qualquer um nos acharia um casal incrível, um casal perfeito. Não havia dúvida alguma, se ela não fosse tão inteligente, tão esguia, tão independente. Tão livre. Porque era isso que Pansy era, a expressão da liberdade. Ela ia e vinha quando quisesse e por mais que eu fingisse, não tinha controle algum sobre ela.
Mas ela tinha controle sobre tudo, sobre meu dinheiro, sobre mim, sobre o que ela desejasse e então ela não me desejou mais.
Então ela desapareceu, ela levou tudo que era meu, ela levou meu dinheiro, minha dignidade, minhas vontades e eu acabei rindo um pouco de mim. Não que ela tenha levado tudo, por favor, eu não poderia ser tão obtuso e cego, mas ela levou algo bem considerável, ela não se importou em me trair desse jeito, não se importou em tirar o que pôde e me deixar, não se importou em me esquecer e esquecer tudo o que ela significava pra mim.
"Fique feliz que ela não te matou."disse Draco batendo nas minhas costas e me estendendo o copo de whisky.
Me recuperei de tantas formas, fiz meu dinheiro crescer mais uma vez e tudo estava bem, até entrar naquele hotel e encontrá-la sentada no bar tranqüilamente. Ela não se virou, nem mesmo me viu, estava usando um vestido azul escuro e tão linda como jamais poderia tê-la visto. Segurava a taça com vinho e os olhos estavam perdidos em lugar nenhum.
Quando sentei-me ao lado, ela me olhou e pareceu surpresa, suas mãos tremeram.
"Não vou fazer nada com você, Pansy."
"Não tive medo que fosse."
"Por quê?"
"O quê?"
"O motivo para tudo que você fez. Qual foi?"
Ela continuou me olhando nos olhos, ela piscou algumas vezes e deu um sorriso torto, enquanto abaixava a cabeça, ela parecia um pouco transtornada. Eu sabia que ela estava irritada.
"Eu estava cansada de fingir."
"Você me amava."
"Eu nunca te amei."
"Você está mentindo."
"Se eu menti para você e você acreditou, o problema não é meu."
Ela se levantou e me deixou sozinho no bar. Ela saiu majestosa, o salto alto fazendo barulho e claramente irritada.
Pansy havia me traído, havia mentido, havia me roubado e me deixado, mas ela também traíra si mesma naquele momento, ela escolha ser como sempre fora, ser livre e ser sozinha, ela poderia me amar, seria melhor e todos poderiam ser felizes, mas talvez não houvesse muito de amor nela.
