A Minha Verdade
By Baby Moon
Capítulo 1: Solidão
Numa noite fria e chuvosa, á beira de uma janela, encontrava-se uma mulher, esta que fitava as gotículas de água percorrerem o vidro embaçado, e pensava em tudo aquilo que ocorrera nos últimos dias. Tivera sido tão rápido que nem percebera a estupidez que cometera. Quando se deu conta do tempo, já se percebia o sol querendo aparecer e esquentar a vida dos seres que ali abitavam.
- Há tempos que estou assim... Voando nos meus pensamentos, sem perceber o tempo passar... Desde aquela tarde...
Enfim, depois de um longo suspiro, ela se levanta e põe-se a caminhar pela enorme sala, em direção a seu quarto. Indo até sua suíte, passou pelo espelho e quase deu um grito de espanto, pois a imagem que viu, não era da mesma mulher que conhecia. Uma mulher que sempre cuidara do corpo, pele, visual, mas sem exageros, gostava sim de ser vaidosa, mas era uma vaidade controlada e estar naquele estado deplorável, não era nada normal. Olhos inchados, aparência cansada, cabelos desalinhados, tudo causado pelas noites de insônia, má alimentação e principalmente por causa da solidão.
- Nunca me senti assim, largada, sem forças para cuidar de mim, sozinha... Nunca pensei que me sentiria tão solitária depois da ida dele.
E com esses pensamentos, decidiu banhar-se. Um banho demorado, porém relaxante. Secando-se e caminhando até seu closet, escolheu algo leve, mas quente. Uma calça de moletom preta e uma blusa de gola alta e de mangas compridas branca e um par de meias com pequenos desenhos de flores. Deitou-se e logo adormeceu.
"Uma coisa é certa para todos, o tempo passa e não volta mais. Não importa a gravidade, circunstância ou causa do problema. Temos sempre que aproveitar a vida e as oportunidades que ela nos dá, pois se não o fizermos, concerteza nos arrependeremos mais tarde."
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Em uma casa á beira mar, um homem morava solitário, exceto pelos empregados que ali viviam. Na varanda de um dos quartos, estava o dono da residência, este estava observando as ondas do mar se chocando contra a areia.
- Como será que ela está? Continua a mesma? Com os mesmos pensamentos?
Perguntava-se a si mesmo. Quanto tempo ainda iria aguentar ficar sem aquela mulher. Desde pequenos foram criados juntos, se tornaram melhores amigos de infância e logo depois, pela parte dele, uma paixão avassaladora, tentou esconder, omitir seus verdadeiros sentimentos, mas não conseguiu se conter, pois em certos momentos, seus ciúmes eram exuberantes demais. E finalmente, por causa de uma discussão tola, o final de uma amizade duradoura, ou pelo menos, um rompimento momentâneo.
"Nunca deixe de fazer ou falar amanhã, o que você pode fazer hoje. Porque, em algum momento, você irá perder a sua chance."
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Por volta das onze horas da manhã, uma jovem acorda de mais um pesadelo, o qual vem atormentando á cabeça dela á dias. De noite, não conseguia dormir, e na parte matutina, o momento que adormecia, tinha pesadelos fortes, ou melhor dizendo, lembranças de um acontecimento trágico.
- Porque você não me deixa em paz? Tem que sempre voltar e me atormentar? Te mandei embora, mas... parece que não quer me deixar... porque?
Perguntas, perguntas e mais perguntas. E sem respostas. Será que era tão difícil assim conseguir uma simples coisa... Esquecer aquele que nunca poderia ter abitado o seu coração.
- Ainda pensas em mim? Aonde você está? Está com raiva de mim ou não? Sentes saudades? Que droga! Só me vem perguntas, porque não vem logo as respostas.
Resmungava para si mesma. Algo dentro dela dizia para ir atrás do seu passado, e outra parte, dizia para esquecê-lo, partir para outra, tentar viver novamente, respectivamente era isso. Seu coração, o queria de volta. Mas sua razão, não permitiria e nem se perdoaria se algo acontecesse á ele.
Não podia simplesmente ir atrás dele, se fosse assim a sua decisão, pois não queria que o seu melhor amigo, e secretamente, amado, corresse algum tipo de perigo. Deveria desvendar e acabar com aquele maldito mistério, antes de correr atrás do seu desejo. Mas por enquanto, continuaria a viver daquele jeito. Sozinha. Fechada na sua própria... solidão.
"O tempo é o dono do mundo, ele comanda o universo, controla as emoções, e perfura razões e orgulhos. Tudo em nome da verdade."
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- Senhor, o almoço já está pronto. Gostaria que o servíssemos agora?
Um homem de aparentemente cinqüenta anos perguntou. Altura mediana, cabelos grisalhos, olhos pretos e um corpo, basicamente, bom para a idade. Seu mestre, que estava sentado numa poltrona á frente de uma escrivaninha, respondeu.
- Sim, e por favor, traga-o até aqui.
E antes que o servo saísse para fazer como o mandado, ele indagou.
- Será que ela ainda se lembra de mim? Devo ir atrás dela? Ou irei fazer o que?
Nervoso e apreensivo. Odiava ficar indeciso, e não poderia conversar com ninguém mais, se fechara para o mundo, os seus únicos amigos eram: seus cães de guarda e companhia e seu servo mais fiel e compreensivo. Precisava desabafar tudo o que estava sentindo e escondendo, ou se não, explodiria de tanta angústia.
- Se me permite senhor. Faça o que o seu coração quer, sei que amas muito aquela jovem, e ficar aqui sofrendo sozinho ou tendo medo de ir procurá-la e declarar-se, não vai adiantar. Corra atrás do seu sonho, seu desejo. Não faça com que o tempo, os anos ou a dúvida deixe você ficar se martirizando por algo que nem tentou. Ande, levante-se e erga a cabeça. Nesses momentos, não é muito bom usar a razão e o orgulho. Só se usa ela, quem souber unir: a emoção e a razão. E pelo que vejo, não é o senhor que sabe usar esses dois elementos. Agora se me permite, vou aprontar o que me pediu. Com licença.
E depois desse discurso, se retirou do quarto, e foi em direção á cozinha, preparar o prato do rapaz.
- Ele está certo, fico aqui me martirizando por algo que nem tentei. Talvez, tudo aquilo que ela disse naquela tarde, fosse mentira. Um plano para me proteger, mas... se sempre confiamos um no outro. Ela podia estar correndo riscos... ou ela queria guardar só para si mesma o seu sofrimento. Qual será a verdadeira verdade disso? Vou usar alguns dos meus dons para descobrir, e silenciosamente, ficarei protegendo a minha amada.
"As vezes, demoramos demais para perceber as coisas mais belas e que nos fazem mais feliz na vida, que gentilmente chamamos de: Amizade e Amor"
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Sob o pôr-do-sol, num parque, duas mulheres caminhavam e conversavam. Uma desabafava e a outra aconselhava. Esta segunda, estava informada do caso que ocorrera a algumas semanas.
- Tem certeza que vai fazer isso? É muito perigoso, e nesta data, infelizmente, nem eu ou o meu parceiro poderemos lhe ajudar. Temo pela sua segurança, amiga.
- Não se preocupe, estarei bem. Prometo manter contato contigo. E além do mais, não quero morrer ainda, estou jovem demais.
E por ali em diante, se instalou uma conversa engraçada e saudável.
"Os dados foram jogados, a ampulheta virada, tudo agora depende de cada um e de suas escolhas. O tempo mostrara o verdadeiro vencedor."
