Finalmente. As férias de verão finalmente acabaram para os alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Todos se encontravam extremamente ansiosos para regressar no lugar em que estavam rodeados de iguais, onde os hormônios estavam à flor da pele, esperando uma oportunidade de serem colocados para fora.

Já a bordo do Expresso de Hogwarts, Lily Evans contava as suas amigas Andrômeda e Marlene como sua repugnante irmã Petúnia havia arranjado um namorado enquanto procuravam um vagão para se sentarem.

–... Sabe? Vocês namorariam um garoto baixinho e gordinho chamado Válter Dursley? – perguntou Lily, fazendo as amigas rirem de deboche. – Pensando bem, é o cara perfeito para Petúnia. – concluiu.

Andrômeda e Marlene caíram na gargalhada em concordância enquanto passavam pelos vagões lotados.

Lily aprendera e descobrira muitas coisas durante o verão. Mas, acima de tudo, descobrira que Tiago Potter era apaixonado por ela. De verdade. Ela achara todos esses anos que ele só a via como mais uma em Hogwarts. Lily não sabia o que sentir com essa notícia, guerras de sentimentos tomavam conta de seu coração.

Perdendo apenas para Sirius Black, Potter era um dos maiores pegadores de Hogwarts naquele momento. Mas que garota nunca se apaixonara por um dos marotos?

Elas acharam um vagão vazio e ocuparam-no. Acomodaram suas bolsas e malas nos compartimentos de cima e se esparramaram nos bancos, rindo animadas com o ano que teriam pela frente.

De repente, uma movimentação podia ser vista na porta do tal vagão. As três meninas se voltaram para olhar e observaram quatro garotos muito familiares parados ali, sorrindo.

– Podemos nos sentar aqui? – perguntou Almofadinhas, com um tom travesso.

– Claro, meninos. – afirmou Marlene – como foi o verão de vocês?

Tiago abriu um largo sorriso e sentou-se ao lado de Lily. Ela corou e revirou os olhos, o que só alargou o sorriso de Tiago. Sirius sentou-se ao lado de Marlene e displicentemente passou o braço pelos ombros dela, despenteando seus cabelos loiros de propósito. Ela sorriu e o empurrou. Lupin sentou-se ao lado de Andy. Ela corou. Ele também. Ao seu lado sentou Rabicho, concentrado demais em seus chocolates.

– Foi... estranho. Passei uns bocados com meu irmão, como sempre. – respondeu Sirius. – Régulo descobriu por acaso que sou um animago e fez questão de me chamar de cachorro pulguento o verão inteiro. Cheguei ao ponto de morder a perna dele. – retrucou, fazendo todos rirem.

– Minha irmã entrou para o "ensino médio" na sua escola trouxa. É como se tivesse se formado em uma escola pra passar para outra. – explicou Lily.

– Ensino médio? O que você estuda nisso? – perguntou Lupin, curioso.

– Coisas comuns, tipo a história do mundo, o corpo humano...

– Corpo humano? – zombou Sirius – Mas o que a gente sabe sobre isso não é suficiente?

– Aparentemente, não. Lá você aprende as coisas mais inúteis possíveis do corpo humano. A não ser...

– A não ser... – encorajou Marlene.

– Tem uma aula só sobre sexo. – completou Lily, baixinho, preocupando-se em ocupar a boca com doces para não falar mais.

– Aposto que você queria estar no lugar dela agora, né Lily. – gargalhou Sirius.

Tiago acompanhou a gargalhada de Sirius, se deliciando com a expressão envergonhada e irritada de Evans.

De repente, no meio de tantas gargalhadas, alguém adentrou no vagão de supetão, falando "LILY!". Era Snape.

– Severo, você está bem? – se preocupou a ruiva.

Tiago parou de gargalhar e se calou, olhando para Sirius. Este se ofereceu em silêncio para zoar o garoto de cabelos sebosos, mas Potter disse que não. Sirius deu de ombros.

– Me desculpa, Lily. – sussurrou Snape ainda mais preocupado agora que vira que Sirius e Tiago estavam ali. – O que eles estão fazendo aqui? – perguntou ele olhando para os marotos.

– Pediram para sentar aqui e...

– Ranhoso, menos. A gente senta onde a gente quiser. – disse Sirius, ríspido.

– Almofadinhas, relaxa. – pediu Tiago.

Todos no cômodo o encararam. Tiago não iria enfrentar Snape. O garoto de cabelos sebosos se assustou tanto que saiu correndo do vagão. Lily fixou os olhos em Potter e ficou nessa posição até Andy pigarrear, sentando-se logo depois.

– Enfim... meu irmão passou o verão inteiro checando se o emblema de Sonserina havia descosturado. – falou Sirius. – Até que, um dia eu deixei, acidentalmente, um cachorro pulguento entrar no quarto dele e, acidentalmente, descosturar o emblema de Sonserina. – todos no vagão riram, menos a ruiva.

Tiago agradeceu Sirius com a cabeça por ter mudado de assunto. Lily ainda encarava Potter, embasbacada com sua postura e atitude, rezando para que continuasse assim até o final do ano.

– Sinto lhe informar, mas esse ano vamos ganhar do seu irmão no Quadribol. – disse Tiago para Sirius, depois de um bom tempo.

– Pode enfiar a mão na cara daquele pirralho se quiser. E você não defende ele! – Sirius virou-se para Andrômeda.

– Você só maltrata o pequeno! – choramingou Andrômeda. – Mas vamos ganhar dele, verdade...

– Ele é o capeta na roupa de Sonserina! – exclamou Black.

Todos voltaram a rir. A esse ponto, só restavam uns três sapos de chocolate e feijõezinhos sabor fígado, vômito, meleca e cera de ouvido.

– Quer? – perguntou Tiago para Lily, oferecendo um a ela.

Lily, ainda surpresa, pegou-o e agradeceu. Tiago estava satisfeitíssimo com a reação da ruiva.

Os sete amigos passaram mais um longo tempo conversando sobre seus respectivos verões.

– Meu pai disse que já usou a Maldição Cruciatus numa formiga. Me disse que era para ver se funcionava e disse que funcionou. Mas eu duvido, é um coração muito amanteigado pro meu gosto. – comentou Marlene.

Apesar de todos discordarem, ninguém comentou nada. O expresso finalmente parou e todos os alunos saltaram. Os novatos foram com os barquinhos como diz a tradição. O resto foi pelas carruagens sem cavalos até o castelo. Todos rumaram para o salão principal para a Cerimônia de Seleção dos alunos novos. Os já antigos se sentaram em suas respectivas mesas.

– Quero mais meninos na Grifinória esse ano. – comentou Sirius.

Todos pararam e o olharam incrédulos.

– Quero mais cobaias, gente! Os pirralhos se acham muito com os mais velhos, então fazem o que você manda. As pirralhas são muito marrentas. – justificou ele.

– Não imagino o porquê. – repreendeu Marlene entredentes.

– Ai! – exclamou Sirius, passando a mão esquerda pelo braço direito.

Ela havia o beliscado. E pelo tom de roxo que assumiu, foi forte. A Cerimônia de Seleção ocorreu e, como Sirius queria, Grifinória ficara com mais garotos que garotas.

– Mais gente pra nós enchermos o saco, Pontas! – exclamou Almofadinhas, alto o suficiente para todo o salão ouvir.

Eles bateram as mãos no ar e podiam jurar que Dumbledore sorria. Junto com ele, todo o salão começou a rir, tirando a mesa de Sonserina, onde Snape estava com cara de quem comeu e não gostou. Depois que todos se sentaram, Dumbledore se levantou e disse alto e claro:

– Bom apetite e bem-vindos!

E com um gesto de sua varinha, um enorme banquete se formou diante de seus olhos. Os alunos estavam famintos. Avançaram na comida como se não a visse haviam semanas. Lily foi primeiro a sua taça de suco de abóbora. Mas foi errado. Sua mão esbarrou na taça e não teve tempo de segurar. Foi suco de abóbora para todos os lados. Toda a mesa da Grifinória prorrompeu em aplausos.

– Tava demorando! – gritou Sirius.

Lily se segurou para não expor um dedo bonito. Seu rosto estava vermelho como o brasão da Grifinória. Dumbledore, rindo, se levantou e, com outro aceno da varinha, todo o suco desapareceu da mesa, a taça voltou a se colocar de pé e com suco novinho em folha. Lily agradeceu com a cabeça e o diretor devolveu e se sentou. Os alunos voltaram a se concentrar no banquete e comeram como ursos. Comeram tanto que mal conseguiam andar até suas respectivas casas.

– Trasgo montanhês. – disse o monitor.

O quadro se abriu e todos entraram no salão comunal da Grifinória. Depois daquele banquete, o sono invadiu os corpos dos alunos, fazendo-os rumarem para seus dormitórios. Mas Lily segurou o braço de Tiago e esperou todos subirem, restando apenas eles no salão.

– Potter, você está bem? – perguntou ela, pronunciando cada palavra com cuidado.

–Eu estou maravilhosamente bem, Lily, e você? – sussurrou ele, mais próximo do que ela gostaria.

– Bem. Então tá. Boa noite. – ela subiu correndo para o seu dormitório. Ele foi logo atrás.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou Andrômeda curiosa, já deitada em sua cama.

– Não. Segundo ele, não. Eu espero honestamente que ele continue assim. – respondeu Lily, trocando de roupa.

– Aí sim você vai se apaixonar por ele, né? Porque você não está agora não, magina. – caçoou Marlene.

– Não adianta dormir em um dormitório bem longe do Sirius se você vai continuar com o espírito dele do meu lado. – repreendeu a ruiva.

Marlene e Andrômeda soltaram risadinhas. "Elas estão certas." pensou Lily. Conseguia admitir para si mesma, mas não para os outros. Era sim apaixonada por Tiago Potter e aquilo era claro. Desde o ano anterior. Só não estava preparada para transformar isso em voz, porque o negara por muito tempo e ele era rude com Severo.

Agora tudo parecia ter mudado. Esse pensamento a arrepiou.

E, perdida em pensamentos, adormeceu.