"Sa-Su-Ke" Eu lembro de brincar com o nome dele na ponta da língua

Era uma tarde quente quando mamãe o trouxe para casa. Enrolado em um pequeno manto branco com o símbolo Uchiha, lá estava ele. Minúsculo. Uma pequena fração de um Uchiha. Uma coisinha feia que apenas mamãe o achava fofo. E era só isso.

E eu lembro de brincar com o nome que ela deu a ele. Trancado em algum lugar escuro do meu quarto, eu pronunciava "Sa-Su-Ke". E soava diferente, soava conhecido, soava agradável.

E as flores foram embora com o tempo daquela estação. E foram mais uma vez, e outras vezes até ele formar a primeira palavra. "Nii-san", coberto por folhas de uma árvore qualquer, foi a primeira palavra que ele pronunciou. E eu ainda posso ouvir o tom fraco de sua voz.

E as folhas caiam mais uma vez. E novamente continuavam a cair. E sempre com o cair de cada folha, eu podia perceber algo nele. E ele era solitário. Era ele e a sua ambição de ser igual ao seu Nii-san.

E um dia, eu lembro bem disso, era um dia em que as folhas caiam naquela estação do ano. Era uma estação como eu, era fria e matava. Era o outono dentro de mim. E naquele dia, ainda era outono, e ele disse à ela "Quando eu crescer eu serei mais forte que o Nii-san". E foi exatamente isso o que ele disse. E eu ouvi bem. E ela sorriu e concordou. E ele sorriu. E depois daquilo, ele treinou como se a sua vida dependesse de sua força.

E ele treinou para se tornar igual a mim. Ele queria ser igual a mim. Ele queria ser melhor. E esse era o sonho do meu irmãozinho.

Esse era o sonho dele.

E eu o amava. Então eu lhe dei uma oportunidade... Não! Eu lhe dei "A" oportunidade. Cada oportunidade perdida em folhas mortas pelo outono, mas aquela era a única. Era a chance dele. Superar todos a partir da perda. Ficar mais forte que o Nii-san. Era a oportunidade.

E agora eu ainda me pergunto, por que o meu irmãozinho me odeia?

E o meu sonho é dizer à ele:

"O seu sonho, irmãozinho, eu realizei o seu sonho".

E naquele dia de chuva, naquele dia em que a chuva caindo sobre meu rosto e formava lágrimas. Naquele dia em que a chuva levava embora meu sangue. E minhas lágrimas. Naquele dia... Com um último suspiro desesperado, eu descansei.