PS: Uma história U.A.

O Destino de Sakura - capítulo 1

(Harumi Sato)

Uma mulher de vestido rosa, alta, loira, olhos azuis, foi encontrada morta num lago. Seu corpo foi encontrado boiando nesta manhã. Era uma bela mulher. Morta sufocada por mãos que deixaram suas marcas. Mãos que trouxeram angústia à família. Não se sabe muito bem o que aconteceu. Todos achavam que foi o marido dela, mas ele negou e nada podia ser feito para provar que era realmente ele. Foi um mistério para todos. Um mistério que seria revelado cinquenta anos depois.

*****

Sakura tinha 25 anos, professora de artes, casada com Takatoshi Kondou.

Seu marido estava viajando para os Estados Unidos a trabalho. Ficaria um mês fora. Estava somente um ano casada com ele, mas achava que era o marido certo. Era lindo e inteligente. Ás vezes meio violento, mas somente quando se irritava demais. Sakura realmente o amava. Tinha muita certeza disso.

Sakura trabalhava tranquilamente em seu quarto com seus desenhos. Teria que montar um cenário de mar em três dias e estava trabalhando muito para terminar a tempo. Já era tarde da noite, estava morta de sono e adormeceu sobre a mesa.

Naquela noite, Sakura sonhou que estava sendo assassinada na banheira de sua casa. O assassino empurrava sua cabeça para dentro da banheira com muita força. Ela tentava se defender mas não conseguia. Acabou morrendo e viu seu próprio corpo, imóvel com o rosto dentro d'água, agora sem vida.

Sakura acordou de repente respirando fundo e assustada com o que acabara de sonhar. Tinha medo que esse sonho se tornasse realidade. Ela sabia que era somente um sonho, mas muitos sonhos já aconteceram, e se esse também acontecesse? Para tentar evitá-lo, em vez de esquecê-lo, tentou lembrá-lo. Lembrou que no sonho o assassino era uma pessoa que ela conhecia muito bem, mas ao acordar, simplesmente não lembrava do seu rosto. Como iria evitar algo assim? Sua única esperança era contar a alguém. Muitos sonhos deixavam de acontecer ao ser contado a alguém.

Assim foi à escola trabalhar. Passou o dia como todos os outros, tentando ensinar desenho a seus alunos, mas no fundo preocupada com o sonho. Ao voltar para casa, falou de seu sonho para Shaoran, professor de Matemática e super amigo. Falou com ele por telefone, já que não se encontraram no trabalho.

- Olá Shaoran, eu liguei porque gostaria de contar um sonho e achei
que você seria uma boa pessoa para me escutar.

- Claro! Pode falar. Estou sempre aberto a você.

- Ontem eu sonhei que estava sendo afogada.

- E você acha que isso vai acontecer?

- Me deixou preocupada, por isso estou contando a você. Talvez só pelo
fato de ter contado a você, o sonho deixe de acontecer.

- Entendo. Você não faz a menor idéia de quem pode ser? Não tem
nenhuma pista?

- Só senti que o assassino era uma pessoa muito conhecida. Mas ninguém
que eu conheça muito bem pode querer me matar. Todos são super legais,
tão bons e queridos por mim. Nenhuma dessas pessoas poderia fazer algo
assim.

- É mesmo, nenhuma delas faria algo tão terrível assim. - Concordou pensativo e preocupado. - Mas pense pelo lado bom, é um motivo a menos para se procupar. Nenhum dos seus amigos representa uma ameaça a você. E acho muito difícil que algum deles tenha um motivo sério para querer te matar.

- Obrigada Syaoran, me fez sentir muito melhor. - Num tom de
encerramento de conversa.

- Acabou? Achei que seria uma longa conversa. Você não conseguiu
lembrar nenhum traço da fisionomia do assassino?

- Tentei lembrar, mas realmente não consegui.

- Puxa, então não há nada que possamos fazer.

- Você já me ajudou Shaoran, e eu só precisava de que alguém me
ouvisse. Obrigada.

- Você sabe que sempre pode contar comigo. Escutar a sua preocupação
não foi nada. Não se preocupe, foi apenas um sonho.

- Obrigada Syaoran. Boa Noite. Você me fez sentir muito melhor.

- Não precisa agradecer. Boa Noite.

- Um beijo, boa noite. - Desligou o telefone com um sorriso mais
animado no rosto.

Syaoran sempre é muito atencioso e amigo. Sempre está por perto quando ela precisa. A escuta, a entende e cuida dela como se fosse uma filha. Somente depois que falou com Syaoran, Sakura pôde ficar um pouco mais calma para dormir. Sakura conseguiu dormir pesado e sem sonhos, para compensar a noite anterior.

No outro dia, estava menos preocupada. Havia esquecido do sonho por estar muito ocupada com seu trabalho. Trabalhou tranqüilamente até tarde da noite, concentrada em seus desenhos. Exausta, foi dormir e novamente sonhou com sua morte.

* Era um dia de chuva, nublado e escuro. Estava assistindo TV em sua sala, somente a luz da televisão a iluminava. De repente, alguém bateu em sua porta e ela foi atender. Ao abrir a porta, ela reconheceu a pessoa que estava a sua frente e sabia que iria matá-la. 'O que você quer? Não há nada para fazer aqui. Vá embora! Me deixa em paz!'- gritava desesperadamente. Mas ele continuava a se aproximar. Sakura se afastava, até que ficou no canto da parede, sem mais espaço para fugir. Estava paralisada de medo e sem esperanças. Observou ele tirar uma arma do bolso e apontar para ela. Indefesa, Sakura não pôde fazer nada a não ser ouvir o barulho do gatilho e sentir a bala entrando em seu coração. *

Acordou assustada e começou a chorar desesperadamente. Iria morrer e tinha mais certeza ainda, agora com esse sonho. Mas seria a tiros ou afogada? Como se defender desse assassino? Tentar lembrar do sonho só lhe dava mais desespero, já que não lembrava do rosto do homem que iria matá-la.

"Quem será que quer me matar? Como me defender sem saber direito como ele vai me matar? Esperar acontecer, não parece ser uma boa opção. Então o que fazer?" Muitas perguntas atormentavam a cabeça de Sakura. Não conseguia mais dormir. Resolveu então trabalhar com seus desenhos até amanhecer.

Seu trabalho rendeu bem e ela acabou os desenhos. Não estava muito bem naquele dia. Estava muito cansada por não ter dormido direito, preocupada com tudo que estava para acontecer. Ao mesmo tempo, como ainda não havia sido ameaçada de morte por ninguém, tentava se acalmar. Mas mesmo assim tinha medo de que tudo viesse a acontecer de repente, como no sonho.

Como sempre, ela foi para a escola às oito horas da manhã. Encontrou-se com Syaoran, na sala dos professores. Sakura falou tudo o que aconteceu no seu último sonho. Embora Miho, a namorada de Syaoran, também estivesse na escola, Sakura contou o sonho somente para Syaoran. Tinha uma certa insegurança se outra pessoa ficasse sabendo. Nem ela sabia o porquê, mas era isso que ela sentia. Não por desconfiar de Miho, que era uma pessoa muito legal com ela. Eram muito amigas desde que se conheceram. Miho e Syaoran começaram a namorar um mês depois que Sakura se casou com Takatoshi.

Depois de contar seu sonho a Syoran, Sakura ficou mais tranquila. Syoran prometeu ajudá-la de alguma forma. Nem ele mesmo sabia como, mas fez uma promessa.

Syaoran se preocupava muito com Sakura. Tinham uma grande ligação desde crianças. Assim como Syaoran era uma pessoa muito importante para Sakura, Sakura também era uma pessoa muito importante para Syaoran. Mas como amigos. Syaoran chegou a amar Sakura uma vez quando criança, mas tudo mudou. Agora ela era uma mulher casada, amava muito seu marido e Syaoran também tinha sua namorada.

Ao voltar para casa, Sakura em vez de desenhar como nas noites anteriores, ensaiou uma peça teatral que seria apresentada no encerramento do primeiro semestre, na escola em que trabalhava. A experiência de anos de teatro fez com que Sakura não precisasse de muito esforço para decorar as falas e pensar como transmitir as emoções. Gostava muito de ensaiar as peças teatrais. Ao se concentrar naquilo, ela esquecia que poderia estar no fim de seus dias.

O cenário de mar era exatamente para sua apresentação teatral. A apresentação seria em duas semanas, mas o cenário teria que estar pronto antes. Ela precisava de algum tempo para ensaiar com seus alunos, que iriam apresentar a peça.

No outro dia, inesperadamente, Syaoran disse que talvez teria conseguido cumprir sua promessa do dia anterior. Syaoran entregou à Sakura um cartão de um psicólogo. Esse psicólogo era Eriol, amigo de infância de Sakura. Fazia muito tempo que não se viam. Depois do colegial, Eriol mudou de cidade para cursar a faculdade e nunca mais se viram. Foi uma surpresa saber que reveria Eriol depois de tanto tempo. Mataria muitas saudades e estava muito feliz.

Nesse mesmo dia, Sakura ligou para Eriol, mas quem atendeu foi a secretária dele. Eriol estava sempre muito ocupado com suas consultas. Ao falar com a secretária, Sakura ficou impressionada com seu amigo. Percebeu como o tempo havia passado. Seu amigo agora havia se tornado um grande profissional, muito ocupado e procurado. Nunca o imaginou assim.

Marcou sua consulta para um dia depois de sua apresentação teatral. Era o dia em que ela e ele estariam um pouco mais livres. Ficou muito ansiosa com a possibilidade de rever seu amigo Eriol. Além de querer saber como seu amigo estava, queria muito que seu problema com os sonhos fosse resolvido.

Continua.

Esse é meu primeiro capítulo. Eu sei que ficou curto em comparação ao de vocês. Mas prometo que publico o segundo logo.

Beijos, Harumi.