Even in the quietest moments
Hay Lin chegava a casa, cansada. Os seus poderes tornaram-se um fardo pesado nos seus ombros. E, como sempre, o Oráculo não estava disposto a dar uma ajuda. Sem as gotas astrais a missão era difícil. Felizmente, naquele momento, já não tinham nenhuma tarefa.
- Hay Lin? Hay Lin!
A mãe estava à porta com um ar preocupado.
- Onde estiveste? Estás atrasada.
- Desculpa, mãe, mas estou tão cansada…
-Isso não tem nenhuma importância. Temos de falar, e já, é um assunto muito importante.
Hay Lin seguiu a mãe até ao quarto. Não sabia o que fazer nem o que dizer. Nunca antes a mãe a tinha chamado com tal urgência.
- Hay Lin, uma prima e um tio teus vêem para Heatherfield e eu e o teu pai aceitámos oferecer-lhes apoio, e isso significa que eles vão ficar cá em casa. Tu e a tua prima vão partilhar o quarto. Era isso que eu te queria dizer, e avisar-te: a tua prima não te conhece muito bem. Tenta dar-te bem com ela, sem lhe tirares o espaço dela. E, por favor, não puxes muito pelos assuntos de família. Duvido que eles queiram falar sobre isso.
Hay Lin sabia que no mês passado a tia tivera um acidente e falecera. Não era um assunto interessante para falar.
- Era só isso?
- Sim, querida. Eles chegam amanhã.
Entretanto as WITCH tiveram de voltar a Kandrakar. Tinham sido convocadas para um confronto. Endarno, o guardião da Torre das Sombras, a prisão de Kandrakar, culpava o Oráculo de todo o mal que tinha ou não acontecido naquele local de paz.
Uma por uma as WITCH foram chamadas a depor. Mas, no fim do confronto, a terrível notícia caía como uma enorme pedra, mergulhando tudo e todos num silêncio abismal. Os sábios da congregação sustiam a respiração enquanto recebiam a horrível notícia. O Oráculo perdera. Fora deposto e seria substituído por Endarno, que aceitaria então tomar as rédeas do poder sem se desviar do seu caminho. Nenhuma das raparigas fora capaz de impedir que o Oráculo fosse deposto. Ele mesmo aceitara o facto de que tinha desafiado as regras milenares de Kandrakar.
Porém Endarno ainda tinha uma pergunta para o Oráculo, agora simples mortal:
- Diz-me, ainda te lembras do teu nome?
- Senhor… se sabeis o meu nome, dizei-mo-lo, porque eu já não me lembro.
Hay Lin não aguentou mais. Era demasiado para uma pessoa só. Era muita tortura e pressão junta.
- Hay Lin! Espera por nós!
- Meninas! Eu não queria…
- Não te sintas culpada, Hay Lin. Nenhuma de nós era capaz de aguentar semelhante coisa! Vamos para casa…
No dia seguinte Hay Lin estava em casa a dar uma ajuda com o restaurante quando o tio e a prima chegaram. Estavam ambos arrasados e magros.
Hay Lin levou Jade ao quarto. Os cabelos estavam presos num coque apertado e não olhava de frente. Limitou-se a colocar as suas malas ao lado da sua cama e deitou-se, a olhar para os desenhos da prima.
Hay Lin esforçou-se por conversar um pouco com a estranha familiar:
- Então… gostas de desenhar?
- Um pouco… às vezes.
- Tens algum passatempo?
- Violino.
- Tocas violino!? Podias tocar um bocadinho?
- Não me apetece.
Hay Lin não insistiu. Saiu do quarto para ir ajudar no restaurante. Ia, porém, no corredor quando lhe pareceu ouvir música de violino e um chorar incontrolável.
Lacrimosa, dies illa,
Qua resurget ex favilla
Judicandus homo regus.
Havia uma barreira espessa entre as duas. E Hay Lin sabia que seria difícil mudar isso.
Mesmo assim iria apresentá-la às amigas no dia seguinte. Talvez tivesse sorte. Podia ser que ela se animasse com uma das piadas de Irma ou desabafasse com a compreensiva Will.
Jade tivera sorte. O Instituto Sheffield aceitara-a, mesmo que já passasse um pouco do início do ano. Iria ficar na mesma turma de Will e Cornelia.
Logo à entrada as duas primas foram ter com as outras. Hay Lin vinha confiante e bem disposta. Jade vinha cabisbaixa e muito pouco faladora.
- Olá Hay Lin! Quem é ela?
As quatro olhavam na direcção da prima. Não a conheciam de lado nenhum e não sabiam de onde vinha ela.
- Olá meninas! Esta é a minha prima, Jade. Vai ficar a morar comigo por agora. Ela teve um problema e não fala muito ainda, mas tenho a certeza que se vai habituar. Vai ficar na turma da Will e da Cornelia. Vocês vão ajudá-la, certo?
- Claro!
Porém a campainha tocou, tirando o tempo para mais explicações. As seis raparigas separaram-se, prontas para irem para as aulas e voltarem para continuar a conversa.
Quando Will passou por Jade, sentiu aquele aviso do seu sexto sentido, tal e qual como quando se aproximava de um portal. Mas não era possível. A missão da muralha e de Meridian já tinha terminado há muito tempo. Não havia explicações para aquilo.
Desviou-se um bocado para falar com Cornelia antes de entrarem na sala. Sussurrou:
- Temos de falar as cinco e é urgente. É sobre a prima da Hay Lin…
Nota de Autora: Esta história das WITCH, ou pelo menos o início dela situa-se na revista nº 37. Porém a partir do próximo capítulo as fics vão-se afastar mais da revista. Deixem Reviews, por favor, porque vai haver um pequeno concurso de propostas para o nome do Oráculo. Todas as idéias são bem vindas!
