Título: It's never too late to try
Categoria: 1ª Gincana de les mis Goodness borders on grandeur; Slash M/M; Javert-centric; Modern!RA; Drama.
Advertências: Spoilers do canon.
Resumo: Javert sabia que não devia estar ali.
Música: Proud - Heather Small

It's never too late to try

Javert sabia que não devia estar ali.

Afinal, se nem conseguia prendê-lo, muito menos encontrar uma razão plausível para tanto, por que continuava perseguindo-o? E o que estava impedindo-o de abandonar isso? Já passara e repassara tudo o que acontecera em sua vida. Como conhecera Jean quando trabalhava num presídio e o outro cumpria pena lá. Vira Jean conseguir condicional e uma nova identidade ao entregar outros criminosos. Na época não acreditara quando este disse que não fizera por sua liberdade, mas para impedir que mais mal fosse feito.

Anos depois, encontrara-o com a nova identidade, de inicio não tinha certeza, mas aos poucos foi suspeitando. Claro que não poderiam falar sobre o assunto, Jean, agora chamado Madeleine, estava legalmente em tal posição e era um risco de vida qualquer ligação com seu passado. Entretanto, ele cometeu outro crime, ou melhor, quase. Fora acusado de raptar uma menina. Demorou, mas ele conseguiu provar, com o testemunho de uma freira que a mãe da garota pedira para ele cuidar da menina como último desejo, sendo, portanto, as acusações dos Thénardier completamente sem fundamento. Mesmo assim, ele acabara atraindo muita atenção para si e precisou novamente mudar de nome e cidade. Javert deveria nunca mais vê-lo, e nem pudera se desculpar pelas palavras cruéis que dissera dessa vez.

Quando acabou encontrando-o novamente, Jean –preferia esse nome, afinal, era o verdadeiro- o tratou como se nada tivesse acontecido ou como se nenhum dano tivesse sido feito. Javert se enganava todo dia, dizendo que voltava ali para ter certeza que nenhum crime mais aconteceria.

A verdade era muito assustadora para se enfrentar.

Como podia lidar com o fato que um ex-presidiário era mais honrado do que ele? Que era mais corajoso e compreensivo do que ele? Javert se percebia agora como uma vergonha para o distintivo que carregava. Como podia se orgulhar do que fazia quando estivera tantos anos tão errado sobre aquele homem? Que outros erros cometera nesses anos?

-Javert? Você precisa ir, já vamos fechar...

-Oh, me desculpe, preciso pagar a conta...

-Não, bobagem, fico contente em poder atender um ajudante da lei.

-Oh... -ele olhou ao redor, vendo que as mesas já estavam todas vazias. Teve um estranho impulso e agiu de acordo, pois pensar demais sobre o assunto parecia apenas leva-lo ao erro –Permita-me então ajudá-lo com as mesas...

-Isso não é necessário, eu não quero nada em retorno...

-Eu sei que não. Eu só... gostaria de ajudar...

-Se é assim...

Sim, era isso que ia fazer, uma pequena boa ação de cada vez, era como ia se redimir e, enfim, poderia se sentir orgulhoso de quem era novamente.

The end.