Jacob Black era o típico jovem americano descrito nos filmes para adolescentes. Estava no ensino médio, capitão do time de futebol, popular, vivia cercado de garotas e amigos populares e namorava a líder das chefes de torcida. A aparência dele também era o esperado, moreno, alto, musculoso, estiloso e com um sorriso que deixa as pernas das garotas bambas mesmo ele não sendo direcionado a elas. Mesmo assim para mim ele era fascinante, como todas as garotas da escola ou quase todas, eu também sou gamada nele, gamada não, apaixonada. Pois todas que são gamadas nele só prestam atenção na aparência dele, mas eu não, eu enxergo muito mais que isso, eu sei que ele é muito mais do que a aparência demostra.
Apesar dele não mostrar, quando eu olho nos seus olhos eu vejo um vazio, uma infelicidade mesmo estando rindo e brincando com os seus amigos, como se tudo não fosse do jeito que ele queria, como se... Eu não sei dizer e nem posso perguntar. Você deve estar se perguntando o porquê de eu não poder perguntar. Porque apesar de eu ter tirado todas essas conclusões sobre ele e supor o que se passava dentro dele, eu não sou amiga dele ou chegada. Assim como o Jacob era o típico jovem americano, eu também era a típica adolescente. Estava no ensino médio, faço aula avançada de Literatura, não sou popular, muito menos líder de torcida minha coordenação motora não me permite isso.
Minha aparência não me dava popularidade instantânea como no caso de algumas garotas e garotos, sou bem simples, pele branca, cabelos longos cor mogno, olhos castanhos, estilo simples, garota simples. Só tenho dois amigos e ah... Antes que eu me esqueça, me chamo Isabella Swan, mas prefiro que me chamem de Bella.
- Bella... Bella... – Ângela estava balançando as mãos na minha frente fazendo-me sair dos meus pensamentos.
Ângela Weber era a minha melhor e única amiga, ela está namorando o Ben, um nerd bem legal, que por estar namorando ela acabou se tornando meu amigo.
- Vamos Bella, o sinal já tocou, vamos acabar nos atrasando. – Ângela disse olhando para mim de pé segurando a bandeja do almoço. – Estava no mundo da lua Bella? Olhando para o nada. – Ângela riu andando em direção à saída deixando a bandeja em cima da bancada da cantina.
- É, estava pensando na vida como sempre. – falei levantando-me e jogando os restos de pizza que estavam na minha bandeja dentro da lixeira.
Segui- a em silêncio, desde que eu me mudei para Forks há dois anos para viver com o meu pai, eu venho observado Jacob disfarçadamente. Eu havia visto Jacob pela primeira vez no estacionamento da escola, parado ao lado de sua moto e me apaixonado perdidamente.
Obvio que ele não notou que eu o observava, ele nunca me notaria, não tendo Vanessa Wolf como namorada. A monstra do lago Ness e para as amigas dela e para os populares ela era simplesmente Nessie. Eu tento pensar que ele é melhor do que aparenta, mas fica difícil acreditar nisso sabendo que ele namora uma garota que colocou silicone nos seios aos 17 anos e faz bronzeamento artificial só porque em Forks quase nunca tem sol. Fora isso ela o tipo preferido dos garotos de Forks High School.
Alta, magra, siliconada, bronzeada (mesmo sendo artificialmente), líder de torcida, loira dos olhos verdes e burra. Acho que todo garoto gosta dessa combinação: loira + peitos grandes + líder de torcida = garota perfeita. Ele deve gostar dessa combinação também, quase todos os garotos gostam. Não ele não podia ser assim, ele não era assim.
Talvez fosse apenas o que eu queria acreditar. Quem podia me garantir que ele não era mesmo tão fútil quanto parecia? Um garoto rico, bonito e que não se importava com nada nem ninguém?
Mas eu não queria pensar que ele era tão vazio assim. Eu precisava me convencer de que ele era algo mais. Embora o que eu achasse não fizesse diferença. Em meio ano estaríamos formados e provavelmente nunca nos veríamos novamente. Não sabia se ficava triste ou feliz com essa expectativa.
Triste, obviamente, por que não o veria mais e nunca saberia se ele era realmente quem eu imaginava que fosse. E feliz por que finalmente poderia ser uma garota normal.
Eu estava presa a Jacob, de muitas formas. Eu havia tido um namorado, por algum tempo, mas ele sempre teve que conviver com a sombra de Jacob sobre sua cabeça, mesmo que ele não soubesse dos meus verdadeiros sentimentos. Eu sempre o comparava a Jacob, o sorriso não era igual, a forma de olhar também não. Ele nunca seria o Jacob
E com o tempo, aquilo nos afastou.
Depois disso eu não namorei mais e nem sair com nenhum garoto, não era por falta de convite eu não podia não ser espetacular, mas também não era feia. Não seria justo sair com algum garoto enquanto eu só tivesse espaço para Jacob no meu coração.
Então acabei me tornando invisível. Alguém que estava sempre lá, sem ser realmente notada.
Por isso eu imaginava que talvez pudesse ficar feliz. Quando estivesse longe dele, poderia sair namorar, viver, sem que ele estivesse sempre lá, confundindo meus sentidos e me fazendo sentir perdida. Isso finalmente estava quase no fim.
Pelo menos era o que eu pensava.
Agora eu tinha aula de cálculo e teria que aguentar Jéssica Stanley falando da vida dos outros no meu ouvido, toda aula de cálculo eu rezava internamente para que ela tenha faltado, mas parece que hoje não ouviram as minhas preces.
Sentei em meu lugar que era infelizmente ao lado dela já que a Ângela e o Ben tem essa aula juntos, então eles sentam juntos. Jéssica estava com o corpo virado para trás conversando, ou melhor, fofocando com Lauren Mallory, que por um motivo que eu não sei, não gosta de mim.
Felizmente o professor entrou na sala e elas tiveram que parar de fofocar, mas isso não impediu de Jéssica contar a fofoca para mim.
- Bella você já esta sabendo das últimas notícias? – perguntou se inclinando na minha direção e falando baixo para que o professor não a escutasse.
- Não. – respondi desinteressada tentando prestar atenção no que o professor falava.
- Jacob Black brigou de novo com o pai dele, e dessa vez foi sério. – Parei de prestar atenção no que o professor dizia e me virei para ela. - Dizem que ele pegou a moto e saiu correndo com ela e bateu, por sorte não aconteceu nada de grave com ele.
- Isso é verdade? - perguntei preocupada com ele. Percebi que todos estavam comentando sobre o fato.
– Parece que sim. O rosto dele tem pequenos machucados, você tem que ver a cara do pobrezinho. Parece arrasado, acho que essa deve ter sido a pior briga deles. Ah, como eu queria que ele me deixasse consolá-lo. – Jéssica falou maliciosa. Eu já estava acostumada com seus comentários sem noção, por isso a ignorei.
No momento eu estava mais preocupada com Jacob, ele estava machucado, triste e com raiva.
Segui o resto do dia sem prestar atenção nas aulas, minha mente só conseguia pensar em Jacob. As brigas de Jacob e seu pai são comuns para todos. Eles sempre brigavam, os motivos das brigas são desconhecidos. O pai de Jacob, Billy Black é um empresário muito rico, de aparência austera e fria.
Cruzei com Jacob no corredor. Seus olhos pareciam frios e amargurados. Seu rosto estava triste e um pouco irritado. E tinha uns pequenos arranhões no seu rosto.
Tive tanta pena, e tanta vontade de abraçá-lo, de consolá-lo, que era quase irresistível. Não apareceu na aula de educação física que era a última aula o dia, uma das poucas aulas que eu faço com ele. E sua ausência apenas fez o povo falar ainda mais.
Depois do término da aula fui trocar de roupa e segui para casa, sempre com Jacob em meu pensamento.
Senti-me tão impotente por não poder ajudá-lo que quase sufoquei na minha própria tristeza. E foi então que tomei aquela decisão.
Num dia em que estava com seu pai na delegacia, tivera um surto de loucura e entrara no sistema, conseguindo o número do celular dele. Isso tinha sido há cerca de um ano, mas só agora terá coragem de usar.
Ao chegar em casa, fui direto para o meu quarto. Peguei meu celular e olhei para o número que estava ali a 1 ano com as iniciais do seu nome para identifica-lo. Na agenda do meu celular não tinha muitos telefones, na verdade não tem quase nenhum.
Cliquei em "escrever mensagem" resolvi escrever todas as palavras que estavam no meu coração naquele momento.
Para: JB 10/02/12 – 17:10
Querido Jacob,
Bom, chamo-o de querido por que há dois anos habita o meu coração, todos os meus sonhos e a minha mente, vinte e quatro horas por dia, desde que o vi pela primeira vez no estacionamento da escola. Vivo te observando, apesar de ter certeza de que você nem se quer sabe que eu existo.
Mas isso não importa.
O que importa é que estou preocupada com você. Você sabe que todos estão falando pelas suas costas, fofocando sobre a sua vida, querendo saber os motivos das suas brigas consecutivas com o seu pai.
Mas a única coisa que eu preciso saber é como você está se sentindo. Eu vi o vazio e a tristeza em seus olhos hoje e aquilo me cortou o coração. Você não tem obrigação de me responder, apenas saiba que se quiser conversar com alguém, estarei sempre aqui, esperando-o, pois é o único para mim.
Da sua Bells.
Criei coragem e apertei o "enviar".
Usei Bells, pois é o apelido que Charlie colocou em mim e ele nunca saberia que era eu. Ele nem deve saber quem é Isabella Swan, e muito menos Bella.
Eu sinceramente não esperava que Jacob me respondesse. Desejava apenas que ele soubesse que alguém por aí se preocupava realmente com ele. Duvidava, no entanto, que ele se quer lesse essa mensagem. Ele devia receber várias declarações de amor por dia e ligações de garotas oferecidas, mas aquilo não importava. Um peso havia saído de meu estômago ao enviar aquela mensagem.
Tinha, no entanto, esperanças que ele realmente lesse e que aquilo o tocasse nem que fosse apenas um pouco.
Fui tomar um banho, preparei o jantar e depois fiquei no meu quarto, desenhando no meu caderno/diário.
