TRULY MADLY DEEPLY

CAPÍTULO 1- NA PRAIA

Era final do mês de agosto, havia sido um verão quente e agitado para a família Souma; muitas coisas haviam acontecido e a principal delas foi a libertação da maldição e a revelação do segredo do patriarca, ou deveríamos dizer 'da patriarca'. Apesar de ter vivido anos trancada na sede, sofrendo, Akito tinha decidido continuar vivendo como um Souma e sendo o patriarca, ela não ia deixar para traz tudo o que seu pai havia lhe deixado. A única diferença é que havia deixado de ser Kami-sama para ser simplesmente Akito. Também havia finalmente se acertado com Shigure depois de tantos anos de sofrimento. Finalmente eles estavam juntos, dispostos a esquecer o passado e a construírem um futuro juntos.

Shigure havia deixado sua antiga casa e havia retornado para a sede e para Akito, e agora estava ajudando-a a arrumar as coisas por lá. A maioria dos ex-juunishi haviam continuado vivendo na sede como antes com a única diferença que agora eram livres e não tinham mais a obrigaçao de permanecerem ao lado de Akito. Tinha uma parte da família que não apoiavam muito as mudanças impostas por Akito e muito menos o fato de terem uma matriarca ao invés de um patriarca, mas eles nada podiam fazer pois as decisões do antigo patriarca, Akira Souma, pai de Akito, eram incostestáveis e ele havia deixado em seu testamento todos seus bens para sua única filha bem como seu posto de patriarca. As pessoas gostavam e respeitavam muito Akira souma, por isso, por ele, Akito permanecia onde estava sem enfrentar grandes problemas.

O maior de todos os problemas ainda era Ren. Vez ou outra ela ainda conseguia despistar as empregadas e escapava de seu quarto indo infernizar Akito. Akito já estava farta de tudo isso e decidiu que ia de uma vez por todas colocar um fim nisso... ia lhe informar que iria continuar vivendo como um Souma e que a aposta não fazia mais sentido nenhum pois ninguém a havia abandonado, eles só estavam livres, também iria lhe expulsar de uma vez por todas da sede. A conversa não havia sido nada fácil, Ren não admitia a derrota de forma alguma e tentou varias vezes provocar Akito que havia se mantido firme para não perder o controle, ao menos não na frente daquela mulher.

Mas agora, após a conversa, Akito encontrava-se trancada em seu quarto. De tudo que tinha que ser mudado, Ren era a única coisa que não estava em suas mãos , aquela mulher a havia abandonado e não voltaria atrás, ela estava trancada em seu mundo assim como ela, Akito, um dia esteve no seu. Não conseguia sentir rancor nem mágoas daquela mulher, apenas tristeza. Só lhe restava rezar a Kami-sama para que um dia Ren pudesse encontrar paz.

Shigure estava voltando para a casa sede trazendo o resto de as mudança quando vê Hatori parado na porta do quarto de Akito.

- O que houve com ela, Haa-san? Akito está bem?- pergunta preocupado

- Não sei, ela foi conversar com Ren e está trancada em seu quarto agora. Não permitiu que eu entrasse. Estou com medo que ela tenha tido uma recaída- responde preocupado

- Vou tentar falar com ela

- Não está sendo nada fácil para ela enfrentar tanta pressão. Shigure, porque vocês não saem um pouco da sede por alguns dias? Porque não vão para alguma das propriedades da família e descansam um pouco?

- Seria ótimo!- imaginado- podíamos aproveitar o final do verão e irmos para a praia. O mar iria acalma-la e a brisa amenizar o calor. Mal posso esperar para vê-la usando um maravilhoso biquíni

Hatori suspira- duvido que você consiga convence-la a irem para a praia. E muito menos que consiga faze-la usar um biquíni. Mas se precisar de alguma coisa, mande me chamarem- e se retira

Shigure adentra o quarto de Akito e a encontra sentada na janela pensativa, como nos velhos tempos, ele se preocupa, tanto trabalho para mudar as coisas e agora em cinco minutos Ren parecia ter conseguido acabar com tudo e trazer aquela velha Akito, triste e melancólica de volta; aproxima-se lentamente dela e a abraça por traz.

- Está tudo bem com você?- sorri gentilmente e a beija na bochecha

Akito enxuga as lágrimas- sim

- A conversa com Ren não foi nada fácil, não é? – acaricia o rosto dela- mas eu tenho uma idéia, porque não saímos um pouco da sede e não vamos passar uns tempos na praia? Só nos dois. Assim poderemos descansar depois de tudo que aconteceu.

- Eu não gosto de praia e muito menos do calor- responde ela seca

- Mas o verão já está acabando e além disso lá tem uma brisa fresca. Poderíamos ir para o interior mas lá seria mais quente ainda... e da minha companhia, você não gosta?- faz cara de cachorro pidão

Akito sorri, ainda que um sorriso triste e bagunça os cabelos dele- tudo bem, mas se eu me extressar ou passar mal não diga que eu não avisei. Vou pegar a chave na biblioteca e a visar as empregadas da casa para prepararem nossos quartos.

Ele sorri- não se preocupe, arrume as suas malas que eu vou arrumar as minhas e cuido de pegar as chaves e avisar que chegaremos lá hoje de noite.

- Tudo bem, mas eu não sei arrumar malas.

- Err.. bem... separe as roupas que gostaria de levar que eu te ajudo a colocar na mala assim que eu voltar.- beija ela delicadamente nos lábios e sai do quarto.

Quando ele retorna alguns minutos depois com suas malas já prontas e trazendo as chaves da casa , vê que Akito separou metade das roupas do armário e estava tentando colocar tudo em uma mala pequena.

Shigure ri e vai até ela- você não nega que é uma mulher em suas atitudes. Acho que tem roupa demais aí Akky, deixe-me te ajudar.

Pacientemente ele a ajuda separar algumas das roupas e colocar tudo dentro da mala; cerca de meia hora depois os dois já está a caminho da casa de praia dos Soumas. Um dos motoristas da sede os levam. Na metade do caminho, Akito começa a se sentir indisposta e deita a cabeça no ombro dele que sorri e acaricia seu rosto e nota que ela tem um pouco de febre.

- Sempre essa febre- pensa- Será que eu deveria mesmo tê-la trazido?- questiona-se

Cerca de 3 horas depois o motorista estaciona o carro diante da casa que fica localizada em uma pequena cidade litorânea. A casa fica praticamente de frente para a praia , cercada por um bosque florido. Trata-se de uma casa enorme de dois andares com uma varanda de frente para a praia. Aos fundos tem uma outra casa semelhante a essa e onde Akito tinha ficado no verão passado.

Akito que havia adormecido, acorda assim que o carro pára, esfrega os olhos ainda sonolenta. Os dois descem do carro e são recepcionados pelas empregadas da casa que lhes mostram seus aposentos. Ela adentra o quarto e se joga na cama cansada. Shigure se sente ao lado dela e lhe acaricia o rosto.

- Porque não toma um banho e descansa? Está um pouco febril.

- Não, antes eu queria dar uma volta, ver o mar, sentir a brisa, estou com muito calor nesse quarto. Aqui é muito quente.

- Então vamos, mas se a febre piorar voltamos imediatamente- diz um pouco a contragosto, pega na mão dela e a ajuda a se levantar.

Saem da casa e caminham em direção à praia. Akito senta-se no degrau que dá acesso para a praia e fica olhando o céu estrelado, o mar calmo, a noite que está bonita e agradável. Shigure senta-se ao lado dela e fica apenas observando-a

-Akito...- ele a chama um tempo depois.

Ela se vira e o olha. Ele sorri e leva a mão ate o rosto dela e o acaricia, aproxima seu rosto lentamente, encosta seus lábios nos dela e a beija apaixonadamente. Akito fecha os olhos e se entrega ao beijo enquanto uma brisa suave esvoaça seus cabelos e a lua crescente sorri para os amantes.

Depois de segundos que parecem uma eternidade, os dois se separam e Akito deita a cabeça no ombro dele. Os dois permanecem um bom tempo envolvidos na magia do momento até que ele percebe que a febre dela tinha aumentado muito e que ela tremia de frio.

- Vamos Akito, você está queimando de febre e isso não é nada bom- pega na mão dela e a ajuda a se levantar, mas ela se sente tonta e fraqueja- isso não é bom também- ele a pega no colo e a leva até a casa. Vai direto para o quarto e a coloca na cama, então procura na caixa de remédios o termômetro. Ele abre um pouco a blusa dela e coloca o termômetro- vou buscar água para você poder tomar o remédio, já volto- beija a testa dela e sai do quarto retornando instantes depois com um copo de água.

Ele coloca o copo de água em cima de uma cômoda e vai até Akito, retira o termômetro- 39 º- acaricia o rosto dela preocupado- não gosto nada disso, mas não se preocupe, vou cuidar de você e ficará boa. Tome isso que logo irá se sentir melhor- e lhe entrega um anti-térmico e o copo com água.

Ela toma o remédio e lhe devolve o copo, tem o rosto corado da febre bem como um olhar febril

- Porque não toma um banho? Vai ajuda-la a relaxar e a aliviar a febre. Quer ajuda?

Ela olha feio para ele- Não, obrigada- e se levanta, pega roupas limpas na mala e vai para o banheiro.

Shigure fica parado na porta atento caso aconteça alguma coisa. Cerca de 10 minutos depois ela sai do banheiro usando um yukata de dormir.

- Sente-se melhor?- pergunta acariciando o rosto dela.

- Um pouco, gomen ne por te dar trabalho.

- Não se incomode, procure dormir um pouco, amanhã estará melhor.

Ele pega ela no colo e a ajeita na cama- também vou tomar um banho e já volto para cuidar de você- beija o rosto dela e vai tomar o banho.

Quando retorna, um tempo depois, encontra Akito dormindo tranqüila. Então entra por baixo das cobertas e a abraça, percebe que o corpo dela esta suado da febre, retira uma das cobertas e passa um pano úmido sobre o rosto dela para enxugar o suor deixando depois o pano na fronte dela. Mantem-se acordado a noite toda controlando a febre que se mantém alta, até que , vencido pelo sono e pelo cansaço, acaba adormecendo abraçado a ela.