Ok, o meu segundo Fic. É sobre vampiros.

Vai haver algumas mudanças da série.

Hanabi é mais velha que Hinata.

Kakashi não usa máscara e não tem Sharingan.

Kurenai, Itachi e Sasuke são trigémeos.

Ino e Deidara são irmãos.

Sakura e Gaara são gémeos e filhos de Orochimaru O.O. Temari e Kankuro não têm nada a ver com Gaara.

Avisos:… hentai, violação e sangue.

Pares são:

ItaHina – Principal.

Secundários:

NejiTema

KakaKure

E um pouco de NejiHina

Naruto não me pertence… Blá, Blá, Blá.


Capitulo um

Lacrimosa.

Lacrimosa

Hyuga Hinata não sabia o que dizer.

A sua irmã mais velha estava linda, com o seu vestido branco, da cor das mais puras pérolas, deslizava com uma cauda pelo chão frio, como uma cascata de neve. O véu era quase tão longo como a cauda do vestido, cobrindo o cabelo castanho da Hyuga mais velha. O rosto da jovem mulher estava cuidadosamente pintado, tornando-a mais bela do que já era. Olhos brancos, da cor do tecido que ela vestia naquele momento, mostravam tristeza, dor e mágoa.

Não era suposto aqueles olhos mostrarem aqueles sentimentos. Deveriam mostrar antes a alegria, excitação… felicidade.

Pela primeira vez na sua vida, Hyuga Hinata não sabia o que dizer.

Hanabi olhava para o espelho, bela, porém, triste. Iria casar-se. Casar-se com um homem que não amava.

_ N-nee-chan…

Hanabi colocou os olhos na sua irmã. Ao fazê-lo sentiu o seu coração a partir-se mais um bocado. Quando Hinata fizesse dezoito, dali a dois anos, sofreria o mesmo que a irmã estava a sofrer naquele horrível e desprezível momento.

Era a última coisa que Hanabi queria. A sua irmãzinha merecia ser feliz, amar e ser amada.

Hanabi olhou para as criadas, que continuavam a arranjar o vestido. Tinha que estar tudo perfeito naquele dia.

_ Vão. – Ordenou Hanabi friamente – Quero ficar a sós com a minha irmã.

As servas anuíram, rapidamente saindo do quarto apressadamente. A porta fechou-se com suavidade e o silêncio reinou sobre a divisão.

Hinata mordeu o seu carnudo lábio, juntando as delicadas mãos num gesto nervoso.

_ Hinata… Imouto… - O coração da Hyuga mais nova rasgou-se ao ouvir os lamentos de Hanabi – É hoje o dia em que a felicidade partirá para longe…

_ N-nee-chan… v-vá lá. Não p-pode s-ser assim t-tão mau… T-tenho a certeza q-que Ibiki-san t-te fará feliz… - Gaguejou a mais nova, um hábito que tinha desde pequenina.

Hanabi sentou-se no banco, lutando para que as lágrimas não caíssem.

_ Hinata… não compreendes… mas eu não quero que compreendas, não quero que passes o que estou a passar. – Colocou os olhos brancos na sua irmã – Mereces casar com um homem que ames. Mereces ter alguém que te abrace e sussurre o seu amor por ti. Mereces um homem que te ame tanto que dará a vida por ti. – Hanabi ergueu o braço, passando os dedos brancos pela suave face da irmã mais nova – Mereces ter um homem a quem entregas o corpo por amor e não por obrigação de esposa.

Hinata sentiu as lágrimas nos olhos, e lutou em vão para que estas não escorressem pelo rosto bonito.

_ N-nee-chan…

Dies illa

Não se ouvia qualquer som na igreja. Hinata poderia jurar que todos os convidados tinham morrido em pé se não fosse pelo facto de os ver respirar.

No altar delicada e trabalhosamente enfeitado com flores, o padre ajeitava as suas vistosas vestes.

Ibiki, o noivo de Hanabi, também já estava presente, ficando em frente do padre, transportando um ar arrogante no seu rosto com cicatrizes.

Hinata não gostava muito de Ibiki. Achava-o desagradável, frio, arrogante e com pouca consideração pelas mulheres. Além disso tinha idade suficiente para ser pai de Hanabi. Mas era dono de uma enorme percentagem de terrenos, possuindo várias casas e uma enorme fortuna. Candidato ideal, no ponto de vista do pai das raparigas Hyuga.

A rapariga ajeitou o seu modesto vestido azul, esperando pelo momento em que a sua irmã entrasse pelas portas da igreja. Ao seu lado, Hyuga Hiashi contemplava a igreja, tentando ver se existia algum erro e imperfeição. Sorriu satisfeito quando notou que tudo estava perfeito.

Tinha que estar. Era o casamento entre duas famílias riquíssimas.

Os portões de madeira da igreja abriram-se lentamente e a suave música começou a tocar.

Hanabi entrou na casa sagrada, caminhando elegantemente pelo tapete vermelho. Faltava aquele sorriso maravilhoso que ela costumava fazer, o brilho dos seus olhos brancos.

Hinata mordeu o lábio inferior. A sua irmã estava tão infeliz, tão miserável. Olhou para o noivo de Hanabi, que olhava para a rapariga vestida de branco com desejo. Hinata prendeu a respiração. Não era desejo por alguém que se ama. Era um simples desejo carnal, ao ver um jovem mulher tão bela como Hanabi.

Hinata viu pelos olhos brancos de Hanabi que esta morrera por dentro.

Qua resurget ex falvilla

Passaram dois meses. Dois meses desde que Hinata vira a sua irmã mais velha. Sentia saudades de Hanabi. Saudades das conversas, dos passeios, das brincadeiras. Sentia-se só. Perguntava-se constantemente se ela estaria bem, se Ibiki a tratava como deve ser.

Levantou-se da cadeira onde estava sentada, colocando o livro que lia em cima da mesa. Talvez poderia perguntar ao seu pai se haveria alguma possibilidade de visitar a sua irmã.

Caminhou lentamente pelos corredores frios da mansão dos Hyuga. Quadros estáticos de antepassados estavam expostos nas paredes brancas, mostrando todos rostos gelados e inexpressivos, com olhos brancos como a neve. Olhos dos Hyuga.

Hinata tentou ignorar os olhos frios dos seus antepassados e continuou a avançar até ao escritório do seu pai.

Ergueu a mão, pronta para bater á porta.

_... não levou a bem, senhor.

Hinata paralisou ao ouvir as palavras, baixou o braço, querendo ouvir a conversa.

_ Não irei entregar as minhas terras a uma criatura tão desprezível como aquela. – Disse a voz fria do seu pai.

_ Na minha opinião deveríamos chamar os Uchiha.

Uchiha?

Hinata não sabia quem eram. Nunca tinha ouvido tal nome.

_ Não irei entregar a segurança da minha propriedade nas mãos de uma mulher. Seria imprudente. – Hinata conseguia ouvir a indignação na voz de Hiashi – O que sabe uma mulher para além de cuidar de crianças e tratar do marido? Nada.

Era a vez de Hinata ficar indignada. Ela sabia muito mais do que cuidar de crianças e tratar de um marido! Ela deveria ser uma das pessoas mais sábias da casa, estudara tanto, lera todos os livros da biblioteca e chorava por mais!

_ Senhor, Kurenai-san nunca age sozinha. Está sempre acompanhada pelos irmãos. Seria prudente chamá-los.

_ Não. Eles são criaturas tão desprezíveis como aquele Orochimaru. Vai, monta a guarda.

_ Sim senhor.

A porta abriu-se e Hinata fitou Kotetsu, o chefe da guarda dos Hyuga. Ele fez uma pequena vénia antes de continuar a caminhar.

Hinata suspirou e entrou dentro do limpo e arrumado escritório do seu pai, que a fitou friamente.

_ Hinata. – Fez ele num tom monótono como cumprimento – Desejas algo?

A rapariga anuiu fracamente, aproximando-se um pouco da secretária de Hiashi.

_ Tou-san, q-queria s-saber se a-algum dia p-poderia visitar H-Hanabi-nee-chan…

Hiashi fitou a sua filha mais nova durante algum tempo, olhos brancos como o puro gelo analisando a rapariga. Hinata estremeceu, sentindo-se um pouco incomodada.

_ Mandarei uma mensagem a Ibiki, anunciar que os visitarás dentro de cinco dias.

Hinata sorriu, contente. Veria a sua irmã.

Judicandus homo réus

Hanabi não estava feliz. Na verdade, parecia mais miserável que nunca. Emagrecera consideravelmente, ficando as roupas largas, como se pertencessem a outra pessoa.

Ibiki tinha ido a algum lado, fazendo sabe Kami o quê. Hinata sentava-se num banco em frente da irmã, que a olhava sem qualquer vida nas pérolas brancas.

Hinata mexeu-se nervosamente na cadeira, sentindo-se um pouco incomodada pelo olhar fixo da irmã mais velha. Tirou uma madeixa azul escura do rosto, engolindo se em seco.

_ Hanabi-nee-chan….

Ela não respondeu, limitando-se a olhar para a janela.

O que acontecera a Hanabi? Porque estava ela assim, tão triste, tão… miserável…? Aquele homem tinha roubado a vida que a alma de Hanabi continha.

Lacrimosa dies illa

_ É maravilhoso que nos tenha visitado, Hinata-san.

Estavam a jantar. As criadas colocavam a comida na mesa, tentando ao máximo afastar-se dos olhares de desejo carnal vindos do seu senhor.

Hinata tentou não se sentir enojada por tais olhares vindos de Ibiki. Não teria o homem qualquer decência?

_ Está a gostar da sua estadia?

Hinata anuiu, enfiando o bocado de peixe na boca. Na verdade estava a odiar cada momento passado naquela casa. Sua vontade era pegar em Hanabi e levá-la para longe. Longe daquela vida, daquela casa, daquele homem nojento.

_ O seu pai disse-me que já lera a biblioteca inteira. É verdade?

Hinata odiava a voz dele. Odiava a forma como ele falava, como ele a olhava.

_ S-sim…

_ Estudiosa, então, não é? – Perguntou ele com um sorriso arrogante no seu feio rosto – Ler tantos livros não é demasiado para a cabeça de uma mulher?

Hinata franziu o sobrolho, indignada.

_ A-a cabeça das mulheres não é menos q-que a dos homens, Ibiki-san. – Ela reprimiu um sorriso. Quase não gaguejara.

Ele semicerrou os olhos, obviamente não estava habituado que as mulheres lhe respondessem.

_ E que mais sabe, Hinata-san?

_ M-matemática, filosofia, h-história, um pouco de a-artes, algo de agricultura…

_ Interessante. – Interrompeu Ibiki, claramente irritado. Passou o guardanapo de pano pelos lábios, limpando-os dos resíduos de comida – Parece que sebe muito, Hinata-san. É pena que Hanabi não tenha esses conhecimentos.

Hanabi não respondeu, limitando-se a comer lentamente, como se não tivesse vontade. Hinata pestanejou, antes de semicerrar os olhos.

_ Nee-chan sempre foi aquela que me ajudava numa dúvida. Ela é tão sábia quanto eu. Se não mais ainda.

Ele tomou um rosto inexpressivo, colocando o copo com Sake na mesa. Hinata prendeu a respiração, intimidada pelo olhar do homem.

Qua resurget ex falvilla

_ Nee-chan?

Bateu á porta. Ibiki tinha saído naquela noite, dizendo que voltaria no dia seguinte. Hinata achava aquela uma oportunidade perfeita para tentar recuperar um pouco da alma perdida da irmã.

_ Nee-chan, a-abre a porta. – Ouviu algo do outro lado, como um choro de dor.

Sem mais rodeios, abriu a porta, paralisando.

Hanabi estava apenas com uma modesta peça de roupa interior, mas que deixava os seus braços totalmente á mostra. Nódoas negras cobriam a pele docemente branca da rapariga mais velha, que tratava das feridas com um pouco de óleo curativo.

_ N-nee-chan! O que é que se passou contigo?

_ Fecha a porta!

Hinata anuiu, fechando a porta atrás de si. Correu para ao pé da cama, sentando-se ao lado da irmã. Agarrou um dos braços feridos com delicadeza, observando as nódoas negras.

_ Quando não queremos satisfazer os seus desejos ele trata-nos assim.

As palavras da Hyuga mais velha suaram fracas, dolorosas. Hinata mordeu o lábio com força, desejando agarrar na faca mais longa e afiada e espeta-la no peito de Ibiki, obrigá-lo a morrer da forma mais dolorosa possível.

_ T-tens que dizer ao pai!

_ Não! Eu não quero a pena daquele homem. Eles os dois são a mesma coisa. Provavelmente irá dizer-me que estou a falhar como esposa e que a culpa é minha. – Baixou a cabeça, olhando para o chão com lágrimas a escorrer-lhe pelo rosto – Se calhar tem razão.

_ Como pode ele ter razão? – Perguntou Hinata exasperada – Como pode alguém dizer que isto é culpa tua? Não és tu! É ele! Eu… eu tenho que te tirar daqui!

Hanabi abanou a cabeça tristemente.

_ Não vale a pena, Imouto. Não te metas. Não te quero ver magoada.

_ M-mas…

_ Deixa.

Judicandus homo réus

Hinata abraçou a irmã com força, tentando reprimir as lágrimas. Hanabi retribuiu com o mesmo desespero, como se não quisesse largar a rapariga mais nova.

_ Adeus, Hinata. – Murmurou a mais velha – Faz boa viagem querida e doce Imouto.

_ Nee-chan…

Afastaram-se. Hinata mordeu o lábio, reprimindo as lágrimas dolorosamente. Não queria deixar a sua Nee-chan com aquele homem horrível.

Ibiki sorriu-lhe com alguma arrogância, e Hinata teve vontade de lhe atirar com o seu mais grosso livro.

_ Faça uma óptima viagem, minha cunhada. – Disse ele, pegando-lhe na mão e dando-lhe um pequeno beijo.

Hinata reprimiu um vómito ao sentir os lábios nojentos daquele homem tocar-lhe nas costas da mão.

_ O-obrigada. – Murmurou, forçando um sorriso.

Huic ergo parce Deus

O seu pai andavam ainda mais distante que antes. Gritava constantemente para os guardas, como se tivesse medo que algo fosse atacar a qualquer momento.

Hinata não entendia tal comportamento, mas quando perguntava o seu pai apenas lhe dizia friamente que tal assunto não era com ela.

Ela não percebia a razão para tal frieza. Era mais que evidente que o homem estava preocupado com alguma coisa, e deveria ser séria. Constantemente a falar como poderia vencer aquilo sem a ajuda dos Uchiha, e que conseguiria passar por os problemas sem ter aquela mulher de olhos vermelhos a estragar as suas coisas.

Hinata não sabia de que raio estava o seu pai a falar, não sabia quem eram os Uchiha e nem sabia se existiam pessoas com olhos vermelhos, mas pelos vistos era gente que Hiashi queria afastada o mais possível.

Infelizmente, Hiashi não a deixara visitar Hanabi mais nenhuma vez. Dizia que era demasiado perigoso fazer viagem tão longa e quando ela lhe perguntava qual era o perigo e dizia que era ele quem mandava, e Hinata não iria visitar a irmã

Sentada no alpendre de madeira, Hinata lia um dos livros da biblioteca. Era novo e ela devorava-o com os olhos com uma fome voraz. Tinha acabado de anoitecer e uma lamparina tinha sido acesa para a ajudar na leitura.

_... Se assim o deseja, não seremos responsáveis pelas consequências.

Ela paralisou ao ouvir a desconhecida voz. Era tão profunda, rouca, sedutora. Hinata olhou para a porta de entrada, perguntando-se de quem visitara o seu pai. A porta abriu-se e ela prendeu a respiração.

Era o homem mais belo que ela alguma vez tinha visto. O seu rosto era prefeito, com delicados ângulos angelicais. A sua pele era branca, pálida e parecia ser estranhamente suave para pertencer a alguém do sexo masculino. O seu cabelo era longo, preso com um baixo rabo-de-cavalo, negro como a escuridão que os rodeava. E os seus olhos… vermelhos. Tão sangrentos como a morte.

Hiashi vinha atrás do jovem homem desconhecido, olhando-o friamente.

_ Nunca pedi a vossa ajuda, Uchiha. Vai! Vai e diz á tua irmã que nunca necessitarei do auxilio de alguém como ela.

Hinata pestanejou. Então aquilo era um Uchiha… perguntava-se se todos os outros seriam incrivelmente belos como o que estava presente.

O Uchiha olhou para Hiashi, olhos vermelhos brilhando ferozmente. O chefe Hyuga engoliu em seco.

_ A vossa espécie continua tão arrogante que às vezes me pergunto porque é que vos ajudamos. – Murmurou ele com frieza – És louco, se pensas que vencerás aquele homem com os teus patéticos guardas.

Hiashi não parecia ter resposta perante tal comentário. Olhou para o chão, fechando o punho.

_ Arranjarei uma maneira. Agora vai, não quero os da tua laia nas minhas terras.

E entrou dentro de casa, fechando a porta com violência. Tanto o homem como Hinata pestanejaram com a rudeza do Hyuga.

Com um suspiro silencioso, Hinata ergueu-se, decidindo que deveria pedir desculpas ao desconhecido pelo comportamento do seu pai. Quase saltou quando reparou que os olhos vermelhos do homem já estavam postos nela. Ainda á um centésimo de segundo estavam na porta!

_ Hum… Peço d-desculpa pelo c-comportamento do m-meu pai, senhor. – Murmurou, olhando para o chão. Sentiu as faces aquecerem e sabia que estava a corar. – E-ele tem estado sob m-muita pressão.

O homem não disse nada por alguns momentos, limitando-se a analisa-la atentamente. Começou a afastar-se, caminhando com elegância em direcção da escuridão que se fazia nos campos.

_ Que pena. – Ouviu ela – O único humano decente neste sítio e vai ser chacinado.

Hinata não entendeu aquelas palavras. Viu o homem desaparecer no escuro, não deixando qualquer vestígio da sua gloriosa presença.

Pie Jesu domine

Ibiki tinha vindo fazer uma visita, enojando Hinata com a sua mera presença. Não tinha trazido Hanabi, mas entregou a todos a noticia que achava maravilhosa.

_ Hanabi engravidou! – Disse ele orgulhosamente, fazendo Hiashi sorrir e Hinata quase vomitar. Kami sabe as dores que a sua irmã deve ter passado para que aquele homem conseguisse colocar as suas sementes no seu ventre. – Deve estar por volta de quatro meses. Tenho sérias esperanças que seja um rapaz.

Hiashi suspirou, o seu sorriso alargando-se. Hinata calculou que a notícia fosse um pouco confortante para o seu pai, apesar de ela achar absolutamente nojento.

_ Maravilhoso… absolutamente maravilhoso. Tenho esperanças de que daqui a alguns meses estará Hinata na mesma situação…

A dita rapariga prendeu a respiração com as palavras do pai. O quê? Já tinha o homem escolhido um noivo para ela? Era também um homem velho, mal criado e nojento? Com a sorte dela, provavelmente seria.

_ Hinata. – Fez Hiashi friamente, fazendo com que a rapariga erguesse o olhar para ele – Vai até á biblioteca ler alguma coisa. Tenho assuntos a tratar com o Ibiki-san.

_ Hai, Tou-san.

Ela levantou-se, caminhando até á porta. Reparou no desejo carnal que impregnava os olhos de Ibiki.

Dona Eis

A noite ia alta. A lua cheia, esfera branca iluminando a escuridão matreira.

Hinata levantou-se da sua cama, tendo a boca seca e a implorar por água. Calçou os seus chinelos para não arrefecer os pés com o gelado chão da sua casa. Caminhou até uma cadeira que estava situada no canto do quarto e pegou no roupão, cobrindo o corpo pobremente vestido.

Abriu a porta, fechando-a em seguida na forma mais silenciosa que conseguiu. Caminhou por entre os corredores escuros da mansão do seu pai. Não necessitava de lamparina, pois as grandes janelas recebiam a fraca luz pérola do luar, iluminado debilmente o interior da enorme casa.

Tentava ignorar os olhares gélidos e estáticos dos seus antepassados, que na escuridão da noite ficavam ainda mais sombrios nos seus quadros pintados há tanto tempo.

Chegou á porta da cozinha, surpresa por notar que vinha uma luz de lá de dentro. Estaria alguém acordado? Não era normal.

_ P-por favor… deixe-me em paz! – Era um pedido choroso, vindo de Sasame, uma criada ruiva não muito mais velha que Hinata.

_ Vá lá, queridinha… - A voz nojenta de Ibiki – Abre-te para mim. Sabes que queres isto tanto quanto eu.

_ Não!

Ao ouvir o choro desesperado de Sasame, Hinata não se conteve e abriu a porta de repente. Ibiki largou a pobre rapariga, que correu assustada para trás de Hinata, agarrando-se á sua senhora.

Ibiki pestanejou um pouco, antes de se aperceber que era só Hinata.

_ Hinata-san, o que faz por aqui a estas horas?

A fúria da rapariga era tão grande que ela esqueceu qualquer timidez.

_ O mesmo poderia perguntar-lhe, Ibiki-san. - Respondeu a rapariga friamente.

Ele lançou-lhe um sorriso arrogante, encostando-se á mesa da cozinha com os braços cruzados. Hinata queria fazer tantas coisas horríveis com aquele homem. Coisas que o fizessem gritar de agonia, implorar para que ela o matasse de vez.

_ Estava apenas a ter uma conversa inofensiva com a jovem Sasame. Não é minha cara?

Sasame encolheu-se de medo, agarrando-se com mais força a Hinata, que semicerrou os olhos em direcção do homem.

_ Sasame-chan. – Disse Hinata calmamente – Vai para o teu quarto.

_ Hinata-sama…

_ Vai.

A rapariga anuiu, indecisa se deveria deixar a sua senhora sozinha com tal desprezível homem. Mas o olhar de Hinata dizia-lhe que não tinha escolha senão obedecer.

Hinata cruzou os braços por cima do peito, olhando para o cunhado com frieza.

_ Qual é a razão de tal comportamento?

_ Ela é bonita e eu desejo-a. Simples.

Ela semicerrou os olhos, sentindo nojo pelo homem que estava á sua frente.

_ Como pode ser tão egoísta que tenta tirar a inocência a um pobre rapariga? Já não chega o facto de ter estragado a vida da minha irmã, também quer fazer com que as minhas servas nunca se casem? A virgindade é algo muito importante para as mulheres.

_ E o dever das mulheres é servir um homem. Quem quer que seja. Eu sou um homem e aquela rapariga é uma mulher. Ou seja, tem de me servir. – Ele aproximou-se dela e tocou-lhe na bochecha, acariciando-a lentamente. Hinata reprimiu o vómito. – Tal como Hinata-san tem de me servir – Desceu a mão pelo pescoço até chegar ao seio, apalpando-o vorazmente.

Foi um reflexo. O seu joelho levantou-se violentamente, batendo no meio das pernas de Ibiki, que ficou sem fôlego e largou-a, levando as mãos até ao local.

_ O senhor é nojento!

Agarrou num jarro e atirou-lhe para cima, partindo-o em cacos. Virou-se e correu para a segurança do seu quarto, traçando a porta mal entrara.

Requiem

Hinata olhou para a lua. Tinham passado dois dias depois do seu encontro com o cunhado na cozinha. Não referira nada disso ao seu pai, tinha sempre os olhos postos no homem, para ver se ele não fazia nada com a pobre Sasame.

Suspirando, a jovem rapariga Hyuga fechou os seus olhos de pérola. Por momentos, o bonito rosto do Uchiha que aparecera dias atrás passou-lhe pela mente e ela sentiu-se corar. Como era possível que alguém fosse tão bonito?

Abriu os olhos de novo, pegando no livro que estava a ler antes de se distrair com a estática lua. Entrou no mundo de imaginação que o monte de folhas escritas lhe proporcionava, voando para longe da realidade.

Um estrondo vindo do outro lado da mansão acordou-a do seu mundo de fantasia, fazendo com que ela deixasse cair o livro.

Levantou-se com uma corrida, abrindo a porta do quarto.

Os corredores estavam mais gelados que o habitual. Era um gelo diferente, um frio sem vida. A temperatura da morte.

Respirando pesadamente, Hinata caminhou com passos silenciosos, notando que os olhares frios e estáticos dos quadros dos seus antepassados diziam-lhe em silêncio que fugisse. Mas ela não o fez, nunca o faria. Tinha que saber o que se passava. Qual era a razão de tal barulho estridente.

Chegou até ao escritório do seu pai, tremendo de frio e medo. Estavam pessoas para lá daquela porta fechada, ela sentia e ouvia o respirar ofegante. Engoliu e seco e estendeu a mão para abrir a porta, mas uma voz paralisou-a.

_ Hum… era obvio que ele não deveria ter feito aquilo. Já viste, Hyuga, o que aconteceu ao teu querido cunhado?

Hinata nunca tinha ouvido voz mais fria e cruel em toda a sua curta vida. Tal voz fez com que os seus cabelos longos se eriçassem, e as suas mãos tremeram inutilmente, com suores frios escorrer-lhe pelo corpo.

_ Deverias ter-me entregue as terras quando eu te pedi, Hyuga. Assim deixava-te viver a tua patética vida. – Ouve uma pausa e Hinata prendeu a respiração – Kabuto, abre a porta para o nosso convidado, por favor.

A porta abriu-se e Hinata deu um passo para trás, tentando escapar. Uma mão pálida agarrou-lhe o pulso e ela viu-se a olhar para um jovem e belo rapaz de cabelos de prata, que a puxou para dentro do escritório com alguma violência.

Hinata pensou que iria vomitar de horror.

No chão jazia os corpos de Ibiki e Kotetsu, desfeitos, mutilados. Sangue escorria pelo chão escuro de madeira, encharcando a cara carpete que o seu pai tanto gostava.

Hiashi estava preso á cadeira, em frente de um estranho homem de cabelos longos e olhos dourados.

O homem sorriu-lhe docemente, fazendo o seu estômago revoltar-se violentamente.

_ Bem, bem… o que temos nós aqui? – Fez o homem de olhos de ouro enquanto se aproximava da rapariga – Tu deves ser a filhinha de Hiashi, não é?

_ Não lhe toques! – Gritou Hiashi quando o estranho homem levantou a mão para tocar na face de Hinata.

Ela afastou a mão branca do estranho com violência, enojada por ser tocada por alguém que matava pessoas de uma maneira tão horrível.

_ Hum… é brava, a rapariga. – Comentou o homem com um sorriso malicioso – Tens uma filha muito bonita, Hyuga. Uma bela, delicada mas brava flor. – Ele virou os olhos para Hiashi, o seu sorriso alargando-se até ficar sombrio – Sabes… acho que matar-te não será suficiente. Porque é que eu não te dou um pequeno espectáculo com a tua filhinha?

Ambos os Hyuga esbugalharam os olhos com horror.

Hinata viu-se ser agarrada por uma força incrível e foi atirada para cima da secretária, lançando um pequeno grito de susto e dor. Sentiu algo pesado em cima dela e abriu os olhos.

Aqueles olhos de ouro miravam-na com luxúria. Vários tipos de luxúria. Hinata sentiu-se ser invadida pelo pânico e tentou lutar, esbracejando violentamente, mas em vão. O homem tinha uma força tremenda e parecia conseguir prever cada movimento que ela fazia. Rapidamente as suas mãos femininas foram guilhotinadas por uma maior, enquanto a outra arrancava-lhe com violência o tecido da sua roupa.

_ NÃO! PÁRA! DEIXA-A EM PAZ, ELA NÃO TEM NADA A VER COM ISTO! – Berrou Hiashi, horrorizado por ver a sua filhinha a ser maltratada daquela maneira tão cruel.

O homem de olhos dourados não respondeu, limitando-se a sorrir com malícia. A sua mão livre apalpou o firme seio de Hinata, e ela gritou de dor e nojo. Ela não queria estar ali, não queria perder a sua inocência para um homem que nem sequer conhecia.

_ Pare! Por favor! – Pediu num choro desesperado.

O sorriso do homem alargou-se e Hinata abriu a boca em choque, dor e agonia.

Ele era horrivelmente grande dentro dela, rasgando-a e mutilando-a violentamente, enquanto se mexia com movimentos rápidos e certeiros. A voz fugira-lhe, chocada com a imensa dor que sentia no corpo. Lágrimas brilhantes escorreram pelo seu rosto e algures no fundo da sua mente continuava a ouvir as súplicas do seu pai.

Finalmente sentiu aquela coisa horrível sair de dentro dela e pensou que a agonia passaria, que agora a matariam.

Gritou com um novo tipo de dor ao sentir os dentes afiados do homem de olhos de Ouro espetaram-se no seu pescoço, chupando a vida em si.

Como se Kami tivesse ouvido as suas preces, a escuridão levou-a dali para fora, apagando dores e gritos.

Dona Eis Requiem

Orochimaru sorriu, virando costas aos corpos presentes no escritório. Limpou os lábios, apagando os restos de sangue de Hyuga Hiashi. Saiu pela porta, olhando para o seu ajudante.

_ Kabuto, certifica-te que estão todos mortos.

O rapaz de cabelos brancos anuiu, observando o seu mestre sair da divisão. Olhou em volta, passando os olhos negros como o carvão nos cadáveres presente.

Utilizando a sua avançada audição, Kabuto procurou algum batimento cardíaco. O cheiro a sangue fresco era forte, escorrendo lentamente pelo chão e secretária.

Paralisou, ouvindo um som lento e profundo.

Thum… thum… Thum… thum…

A rapariga. A rapariga ainda vivia. Aproximou-se da secretária sangrenta, onde Hinata jazia de olhos ligeiramente abertos, vidrados, sem vida. Não respirava, mas o seu coração batia. Se tal coisa acontecia então algo iria acontecer.

Ela deixaria de ser humana.

Pegou numa faca, não querendo morder as coisas que o seu mestre mordera. Ergueu a arma de metal, pronto para arrancar a cabeça da rapariga de cabelos azuis. Prendeu a respiração.

Ela era tão bela, mesmo com o pescoço mutilado e o corpo violado. Tão bela, delicada. Uma flor. Tal beleza não deveria ser destruída.

Guardou a faca, fechando os olhos escuros por momentos.

Virou costas ao corpo quase sem vida da rapariga.

Percorreu os corredores da mansão lentamente, saindo pela porta principal, onde Orochimaru o esperava com um sorriso.

_ Então?

_ Estão todos mortos, senhor.

O homem de olhos dourados sorriu e fez sinal com a cabeça para o rapaz o seguir. Ambos começaram a correr, desaparecendo na escuridão da noite.

No meio dos cadáveres frescos onde o sangue escorria gloriosamente, um grito de pura agonia ecoou, pois o corpo de quem o lançara morria para abrir as portas para a imortalidade.

Amen


Primeiro capitulo! Gostaram, não gostaram?

Vou demorar mais com esta história porque "A cor do Gelo" é a prioridade.

Até ao próximo!

Bjs

Evil

P.s: O negrito é o substituto das linhas de passagem. São os liricos da Musica "Lacrimosa" de Mozart.