Capítulo I

Férias de verão

Início do 5 ano

Sandra debatia-se na cama, suando e gemendo muito, levantou-se de sobressalto ao ver novamente aquela cena do último dia do Torneio Tribuxo que queria a todo custo esquecer. iEle está em perigo e eu não sei como ajudá-lo.

Pegou os óculos que estavam em cima do criado mudo juntamente com o pergaminho que continha poucas palavras rabiscadas, tremulas como se tivessem sido escritas apressadamente pelo autor.

Sandra,

O que está acontecendo? Porque não responde as minhas cartas? Não tenho notícias suas nem de Rony e Mione! Por favor, responda não me deixe no escuro...

seu amigo

HP.

Aquilo era estranho, ele se queixava que não tinha notícias dos amigos e Sandra pensava como isso era possível já que os três viviam grudados o tempo todo. Mais estranho ainda foi à palavra cartas, ele havia mandado cartas e não tinha respostas. Será que estão interceptando as cartas dele? Pelo visto sim, ela olhava para Edwiges que estava parada em cima da cabeceira de sua cama. Aguardando uma resposta. Mas o que ela iria responder? Ela sempre evitava ficar mais que dois ou três minutos perto do garoto sem gaguejar ou quebrar qualquer coisa que estivesse do seu lado. Olhou para a sua mão onde estava envolto um curativo num dos dedos ferido pela ave obedecendo às ordens de seu dono indicando que ele aguardava resposta.

Ao se levantar para pegar o material necessário para a correspondência, ouviu pequenas batidas no vidro da janela. Ao abri-la, uma coruja cinza com pequenas manchas entrou fazendo estardalhaço no quarto enquanto Edwiges protestava pela entrada tempestuosa da outra ave. Sandra pegou o pergaminho que ela trazia presa nas suas garras. Era de Neville, seu amigo.

Bom, aquela correspondência era sempre esperada por ela durante as férias, ao contrário da outra da qual não sabia o que escrever como resposta. Sentou-se na cama rompendo o lacre da correspondência.

Querida Sandra,

Como está? Sei que essa pergunta é meio estranha com todos os acontecimentos no final do quarto ano. Aqui em casa meus avós procuram fazer tudo como se não estivesse acontecendo nada. Só que qualquer um sente a tensão presente nos gestos, nas palavras, nas casas de nossos conhecidos.

Eu não sei o que está acontecendo e quando pego alguma conversa no ar, simplesm

Bem, vamos ao que interessa o motivo de eu estar lhe escrevendo em tão curto espaço de tempo entre a minha última carta e essa. Minha avó está muito preocupada com a sua segurança por isso está enviando junto com este bilhete uma carta endereçada a seus pais comunicando-lhes que iremos buscar você mais cedo nestas férias. Em anexo, também está uma carta de Dumbledore para endossar as palavras da minha avó.

Amanhã estaremos passando aí. Arrume seu malão com tudo que você puder colocar, não sabemos quando você irá poder voltar novamente.

Bjs.

De seu amigo, Neville.

Nossa! a situação era mesmo grave pra Sra. Longbottom estar tão preocupada com a sua segurança. Era uma senhora muito reservada e quase não fazia as vontades do neto devido a seu temperamento forte. A velha senhora pensava que desta forma construiria o caráter dele e o fortaleceria para os desafios que estariam por vir.

Sandra olhara para o papel e para o relógio tinha pouco tempo para arrumar tudo e avisar aos pais. Olhou para a coruja branca de Harry, bom agora tinha pelo menos algo que escrever na resposta. Pegou uma pena e um pergaminho sentando-se em frente à escrivaninha de mogno escuro escrevendo a resposta que a ave deveria levar de volta.

Harry

Assim como você não sei o que está acontecendo. Não recebi as outras cartas, se é que entendi direito, e não tenho notícias dos outros.

Amanhã a Sra. Longbottom virá me buscar. O que é no mínimo estranho, pois falta muito ainda para o retorno das aulas. Disseram que é por questão de segurança.

Com o consentimento de Dumbledore, é claro.

Sua colega

Sandra

Sandra entregou a carta à ave que partiu em seguida. Desceu as escadas que davam acesso aos quartos no andar de cima chamando pela mãe.

_ Mãe, essa carta acabou de chegar.

_ É de quem filha?

_ Da avó do Neville... – A jovem entregou a carta à mãe que leu com ar de preocupação no rosto.

_ Mais, você já vai voltar filha? Faz tão pouco tempo que você chegou...

_ Eu sei mãe, mas é necessário. As coisas estão se complicando por lá...

_ Eu pensei que ficaríamos mais tempos juntas nestas férias.

_ Eu prometo escrever sempre, toda semana, mãezinha.

Ela abraçou a mãe que já estava com lágrimas nos olhos, indo arrumar as suas coisas para o dia seguinte.

No outro dia atravessava a distância que existia entre o mundo trouxa e o mundo da magia, saindo de dentro da lareira para o meio da Sala de estar da mansão Longbottom enquanto dois braços conhecidos a envolviam ansiosos pela sua chegada.

_ Oi, Nev que saudade! – Sandra retribuía o abraço do amigo soltando as alças do malão e o cesto em que transportava o seu gato siamês que caiu de pé soltando um miado indignado pela grande consideração de sua dona para com ele, indo depois enroscar-se nas pernas dos dois amigos pedindo atenção ao dono da casa.

_ Eu também senti sua falta, San e a sua também Aquiles. – Sandra abaixou pegando o gato no colo como se fosse um bebê enquanto Neville transportava o seu malão com um feitiço Locomotor e levava o cesto na outra mão para o andar de cima. _ Vem, seu quarto está pronto e temos muito que conversar.

Foram para um quarto no final do extenso corredor, ela ficava sempre naquele quarto toda vez que o visitava, tinha as paredes pintadas de rosa e uma mobília branca, um quadro de avisos onde ficavam cartas trocadas pelos dois, algumas fotos em que os dois acenavam para o observador para em seguida se abraçarem e rirem um do outro. Sandra colocou o malão do lado do armário enquanto via Neville sentar-se num sofá aos pés da cama de solteiro olhando-a com ar distante.

_ O que foi Neville?Algum problema?

_ Não... quero dizer... eu estou feliz por você ter vindo mais cedo... apesar das circunstâncias.

_ Eu também, Nev. – ela sentou-se ao seu lado segurando uma das mãos do amigo. _ Eu recebi uma carta do Harry... e me deixou muito preocupada... pelo que ele falou estão deixando ele no escuro, sem saber de nada, sem notícias dos outros.

_ Bem... ele não é o único...

_ Eu sei, nós também...

_ Eles pensam que podem nos manter a salvo desta forma...

_ Não acho que isso vá nos proteger... como vamos saber nos defender se não sabemos os passos do inimigo.

_ É você tem razão... – Sandra olhava sorrindo para o amigo, gostava de Neville, de estar ao seu lado, de contar suas aflições, os dois eram muito unidos desde que se conheceram em Hogwarts.

_ San... uma pessoa tem vindo muito aqui em casa... e eu achei super estranho.

_ Quem?

_ O professor Snape.

_ Professor Snape!?

_ Ele mesmo...

_ Você ouviu alguma coisa... alguma conversa entre a sua avó e ele...

_ Aham...

_ E... – Sandra olhava para o amigo ansiosa por também tomar conhecimento sobre aquele fato tão inusitado.

_ Ele dizia algo como precisamos contar a ela... antes que ele a encontre.

_ Mas isso não faz sentido. Contar o quê e a quem?!

_ Bom não deu pra saber mais coisa o morcegão percebeu que eu estava ouvindo a conversa.

_ Ele tem vindo muito aqui?

_ Sim e eu nem sabia que a minha avó o conhecia.

_ Será que era alguma informação importante para alguma auror. Sim, porque ele disse ela. Não foi...

_ Foi...

_ Então se trata de uma mulher... uma informante...

_ Ele disse também... Antes que ele a encontre...

_ Quem não pode encontrá-la, quem não poderia encontrar uma informante...?

_ Voldemort!!!

_ Nossa... Precisamos descobrir mais sobre isso... Talvez isso ajude o Harry de alguma forma. Desde quando ele começou a freqüentar a casa da sua avó?

_ Desde o começo das férias...

_ Ou seja, desde o retorno de você-sabe-quem!

_ San, o que faremos. Precisamos saber o que está acontecendo se quisermos ajudar o Harry e nos proteger também.

_ Vamos ter que dar um jeito de participar da próxima conversa, sem sermos notados. – Aquiles pulou no meio deles enrodilhando-se na própria calda fazendo com que os dois se assustassem com o gato, tamanha era tensão que pairava naquele quarto.

_ Bom, o que vamos fazer agora, podemos jogar uma partida de xadrez bruxo?

_ Pode ser, mas primeiro preciso desfazer o meu malão. Depois nós jogamos... – Ele concordou com um aceno de cabeça sem sair do lugar. Passou a observar os gestos feitos pela sua amiga na simples tarefa de dobrar e organizar as roupas por cores e tipos, parecia um balé lento e preciso.

Desde o baile de inverno vinha tendo sonhos estranhos em relação a ela, às vezes esses sonhos se davam também quando ele estava acordado fazendo com que andasse como se estivesse em outro mundo, com a cabeça literalmente nas nuvens. Neville olhava para as peças que sua amiga retirava do malão detendo seu olhar numa peça íntima. Virou o rosto sentindo o sangue subir para a sua face, o que diabo estava acontecendo com ele. Vez ou outra ela lançava-lhe sorrisos e olhares de cumplicidade e ele se envergonhava por estar tendo pensamentos tão impuros; os dois naquele quarto, naquela cama, como seria a peça que ela estaria usando por baixo daquelas roupas trouxas?

_ Vamos, já terminei... – Neville foi chamado de volta à realidade pela doce voz da ninfa de seus sonhos.

_ Ah, sim vamos...

Seguiram para a biblioteca onde ficava o tabuleiro com as peças do jogo. Passaram a tarde toda jogando, conversando, lendo um para o outro, rindo com as novidades trouxas que ela contava sobre suas amigas ou os programas que ela assistia na televisão. Só saíram de lá perto da hora do jantar, onde tudo era mais discreto diante da Sra. Longbotton que os olhava com seriedade e altivez, mas no fundo adorava ouvir os sons das risadas dos dois transbordando pela casa.

Sandra se debatia na cama; estava tendo o mesmo pesadelo com o labirinto onde ocorrera a última prova do Torneio Tribuxo, via a taça dos campeões num determinado ponto ao mesmo tempo em que Cedrico e Harry se aproximavam dela. Tentava gritar impedi-los de tocá-la, mas era arrastada junto com eles pela abertura do portal da chave para um outro lugar, uma espécie de cemitério. Em seguida, via Cedrico sendo atingido pela maldição imperdoável enquanto Harry era preso a uma estátua na forma de anjo e no outro ponto havia um caldeirão onde um bruxo com cara de rato mexia uma poção com aparência estranha.

#- Osso do pai, dado sem saber, renove filho!

A superfície do túmulo aos pés do garoto rachou. Horrorizado, Harry observou um fiapo de poeira se erguer no ar à ordem de Rabicho, e cair suavemente no caldeirão.

A superfície diamantífera da água se dividiu e chiou; disparou faíscas para todo o lado e ficou um azul vivido e peçonhento.

Rabicho choramingou. Tirou um punhal longo, fino e brilhante de dentro das vestes. Sua voz quebrou em soluços petrificados.

- Carne... Do servo... Dada de bom grado... Reanime... O seu amo.

Ele esticou a mão direita à frente, a mão em que faltava um dedo. Segurou o punhal com firmeza na mão esquerda e ergueu-o # arrancando outro dedo deixando cair no interior do caldeirão para logo em seguida direcionar-se ao menino e com o mesmo punhal rasga-lhe a carne de seu braço direito; Sandra gritou ao ouvir os gemidos de dor de seu amor, mas não podia fazer nada para impedir o que estava acontecendo e o que estaria por vir.

#- S-sangue do inimigo... Tirado à força... Ressuscite... Seu adversário.

E então, de repente, as faíscas que subiam do caldeirão se extinguiram.

Uma nuvem de vapor branco se ergueu, repolhuda e densa, tampando tudo que havia na frente de Harry, impedindo-o de continuar a ver Rabicho, Cedrico ou qualquer outra coisa exceto o vapor pairando no ar...# E uma coisa se ergueu do caldeirão com uma pele esbranquiçada, sem cabelos e com um nariz achatado de uma cobra. A coisa caminhou na direção dela parando a sua frente enquanto lhe dizia palavras inteligíveis erguendo a mão com dedos longos e finos na altura de seu rosto.

_ Não!!!!! – Sandra levantou-se de forma brusca tentando controlar as batidas do seu coração que parecia querer pular para fora do seu peito e a respiração ofegante. Levou as mãos na cabeça sentindo-a latejar de dor. "Que sonho horrível". Devia estar muito preocupada com ele para ter tido aquele pesadelo. Jamais tinha sonhado com o retorno de você-sabe-quem. Desde o início das férias vinha tendo muitos pesadelos com Harry, mas eram sempre com as provas do torneio Tribuxo ou com o retorno do labirinto, nunca com a ressurreição do lorde das trevas. Olhou para um dos lados da cama dando de cara com Neville observando-a.

_ O que faz aqui... a essa hora? – Ele estava sentado em uma poltrona e parecia bem preocupado.

_ Tinha ido beber água e na volta ouvi você gritar...

_ Eu estava tendo um pesadelo... Foi só isso... Não se preocupe... – Neville levantou-se indo sentar na beirada de sua cama. Seus olhos expressavam preocupação com o bem estar de sua amiga e também tentavam não descer o ângulo de sua visão para o colo da garota vestida com uma camisola de algodão com a estampa do ursinho Poof na frente.

_ Quer me contar sobre o que era...

_ Eu sonhei... com o... Harry... e com o retorno... de você-sabe-quem...

_ É dá pra entender o porquê de seus gritos...

_ Neville... eu venho... venho tendo... pesadelos... com ele... com o Harry...

_ Que tipo de pesadelos? – Neville sentia seu estomago despencar ao ouvi-la mencionar que estava tendo sonhos com Harry Potter ao invés de serem sonhos com eles dois, mesmo que fossem pesadelos.

_ São sempre com o Torneio Tribuxo... as tarefas... a morte de Cedrico, mas hoje... hoje foi diferente... foi como se eu estivesse lá... e eu via... a ressurreição de Voldemort... só que no final do sonho ele vinha na minha direção e falava algo que eu não conseguia entender... aí eu acordei... apavorada... Eu nunca havia sonhado com isso antes... já havia sonhado com o Harry gritando, ele voltou... ele voltou... Lembra no retorno do labirinto?

_ Eu lembro... foi horrível... Você deve estar impressionada com a carta dele e com o que aconteceu no verão passado... é só isso... – ela suspirava tentando se convencer de que era apenas isso.

_ Pode ser... Mas porque estes sonhos estão ficando tão freqüentes?! Estou com medo, Neville... Eles podem significar alguma coisa... que algo ruim vai acontecer a ele... ou comigo... conosco.

Neville a abraçou sentindo o quanto à amiga estava tensa e tremula. Afagou seus cabelos com uma das mãos na tentativa de acalmá-la, mas ele próprio sentia-se tenso pelo que ela dissera, e se aqueles sonhos significavam alguma coisa, e se fossem um aviso que algo ruim ia acontecer com o amigo deles... com ela... Ele fechou os olhos tentando dissipar aqueles pensamentos de sua mente; não suportaria se algo acontecesse com ela, com a sua amiga... com aquela que sempre estava do seu lado... nos momentos mais difíceis...Sentia uma dor lucilante no seu coração só a simples menção dessa possibilidade, mas ela não estava no fronte de batalha, então não teria com o que se preocupar... O perfume dela invadia as suas narinas, lembravam dias chuvosos de outono quando a terra fica molhada.

Sentiu uma vontade enorme de protegê-la, de abraçá-la, de beijá-la. Sem perceber sua cabeça descia na direção dos lábios dela que estavam entreabertos num mudo convite, mas ela se assustou afastando bruscamente de encontro à cabeceira da cama. Suas mãos buscavam os lençóis levando-os quase até o queixo.

_ Boa noite, Neville...

_ Boa noite, San... – Ele era mesmo um idiota, pensava enquanto saia do quarto, como pode se aproximar dela dessa forma, estando os dois sozinhos no quarto dela. O que ela iria pensar, agora. Pôs em risco o que tinha de melhor em Hogwarts, a amizade daquela garota tão meiga, tão bonita.

Jogou-se em sua cama chamando-se de burro e idiota até quase o dia amanhecer.

As férias chegaram ao fim; Sandra e Neville caminhavam pela plataforma 9 ¾ indo ao vagão destinado aos despachos dos malões e gaiolas de animais de estimação dos alunos. Aquiles estava meio ressabiado, miando e remexendo-se constantemente dentro do cesto; Sandra achou melhor leva-lo para a cabine com ela. Mas o gato começou a lançar silvos e seus pelos se arrepiaram de repente, chamando a atenção de sua dona que olhou para a direção que o animal indicava como se algo ameaçador estivesse ali no meio daquele pequeno nevoeiro. Sandra sentiu um frio invadir-lhe ao ver os contornos do que parecia ser um homem e ao se aproximar mais notou quem era fazendo-a olhar para os lados para depois olhar novamente pensando se deveria avisar aos outros e sacar a varinha que estava na parte de dentro de seu casaco... Mas ao olhar novamente não havia ninguém no lugar e Aquiles estava calmo em seu cesto como se nada tivesse acontecido.

"Devo estar ficando louca... mas eu vi, ele estava aqui... será que mais alguém viu?"

Sandra olhou novamente para o nada e ouviu o apito do trem anunciar que já estava na hora de embarcar. Sendo puxada pelo braço por Neville que já a chamava há algum tempo. Os dois caminharam pelo corredor a procura de alguma cabine vazia encontrando uma no final do trem. Ela tratou de sentar olhando atentamente pelo vidro da janela para ver se via algo suspeito no lado de fora, colocando o cesto com o gato na poltrona ao lado enquanto Neville acomodava-se a sua frente. Por precaução, Sandra sacou a varinha deixando-a ao alcance de sua mão ora no seu colo ora entre os dedos como se tivesse brincando com o instrumento.

"Eu vi, tenho certeza... Será que devo contar a alguém... ao Prof. Dumbledore... ao Harry..."

_ San, aconteceu alguma coisa?

_ Ah, não nada... Não aconteceu nada... Por quê?

_ Você parece preocupada com alguma coisa... Está procurando alguém na plataforma? – Ele temia que a resposta fosse sim... Porque sabia exatamente quem a amiga ansiava por ver desde o dia anterior aos preparativos para a viagem.

_ Não... Não estou procurando ninguém... É impressão sua... – Sandra voltou à atenção pro amigo que a olhava intensamente como se quisesse se certificar que estava tudo bem. Ela pegou-lhe uma das mãos tentando garantir-lhe de que não estava acontecendo nada demais, dando-lhe um sorriso tímido enquanto o trem já começava a se afastar da plataforma em direção a Hogwarts para mais um ano... De provas e trabalhos, amizades sendo colocadas à prova, amores que surgirão... a guerra sendo oficialmente declarada... tudo era incerto... o futuro era incerto... tanto do mundo bruxo quanto do mundo trouxa... Pegara-se pensando em seus pais; precisava lutar, precisava protegê-los... mesmo que para isso... desse a vida...

O carrinho de doces passou e Sandra perguntou a Neville se ele queria algo que negou com a cabeça. Ela comprou algumas varinhas de alcaçuz, voltando novamente à cabine. Mas antes que pudesse entrar sentiu um esbarrão forte no seu corpo fazendo com que derrubasse parte dos doces no chão. Olhando logo em seguida na direção de quem a havia atingido vendo dois brutamontes fazerem o mesmo antes de ouvir o loiro platinado resmungar um pouco mais a frente de onde estava.

_ Saia da frente sangue-ruim não está vendo que está sujando a passagem...

Ela encarou por uns instantes o olhar de deboche dele pensando se valeria a pena enfrenta-lo ali no meio do corredor, mas ela estava sozinha e sem a varinha que havia deixado dentro da cabine... Achou melhor entrar e não se rebaixar ao nível de Malfoy e sua gangue... Mas algo no olhar de Malfoy a prendia ali... um sentimento diferente... não era o ódio e a rivalidade que os dois sentiam gerados pela a oposição de casas... era algo familiar...

_ Tá encarando o quê sangue de lama, eu sei que sou gostoso... mas não me uno a gente do seu nível...

Sandra ficou pálida com o comentário, mas não deixou de levantar o queixo numa atitude de altivez e de lançar-lhe um olhar que mataria os três sonserinos se tivesse algum tipo de poder desse nível, entrando novamente na cabine que ocupava.

O trem chegou à estação de Hogsmead à noite; após pegarem os objetos mais pessoais como às gaiolas e alguns livros que muitos alunos traziam nas mãos, todos caminharam em direção as carruagens. Neville trazia um espécime de planta que lembrava muito um cacto e Sandra carregava Aquiles nos braços dispensando a cesta com um feitiço redutor, guardando-a no bolso do casaco. Procuravam uma carruagem quando deram com o trio maravilha de Hogwarts parado observando uma carruagem com algumas meninas da corvinal, entre elas Cho Chang, partiam na direção do castelo.

_ Oi gente...

_ Oi Neville... – Os três responderam ao mesmo tempo antes de se voltarem e verem Sandra parada ao lado do amigo olhando a carruagem que havia partido antes levando o objeto de desejo do seu amado, fazendo com que a garota sentisse um nó na garganta ao constatar mais uma vez que nunca seria admirada por ele daquela maneira, com aquele brilho que refletia mais ainda aqueles olhos verdes.

_ Oi Sandra... – Hermione sorria de forma carinhosa.

_ Oi... tudo bem...

_ Tudo... é como foi suas férias?

_ Foram boas, não é Nev.

Harry que olhava para os espaços vazios na frente da carruagem voltou-se nos calcanhares olhando-a de forma fria enquanto perguntava se os outros também estavam vendo o mesmo que ele.

_ Vendo o quê? Eu não vejo nada...

_ Puxando a carruagem... – Ele voltava-se novamente na direção anterior.

_ Harry, não tem nada puxando as carruagens; elas sempre andaram sozinhas...

_ Você não está louco... eu também os vejo... – Disse uma menina loira que já se encontrava sentada na carruagem.

Sandra puxara Neville pelo braço pedindo que esperassem por outra carruagem. O garoto não entendera o porquê, mas achou que devia fazer a sua vontade. Depois que a carruagem afastou-se ele perguntou o porquê ela não quis seguir com os outros.

_ Você viu como Harry nos olhou... depois que Hermione perguntou sobre as nossas férias?

_ O que tem...?

_ Ele estava estranho... você não percebeu...?

_ Não... foi impressão sua...

_É pode ser... – Pegaram à carruagem que veio em seguida rumando também para o castelo.