Adeus
"Não." Roderich acabou dizendo aquela palavra.
Por que ele foi dizer aquilo? Será que a causa era aquele abraço forte que Gilbert estava lhe dando? Não iria se preocupar com aquele albino que lhe causava tantos problemas! Não iria sentir falta do escândalo, da risada, dos xingamentos, claro que não. Não iria. Nunca! Ele estava indo com Rússia, então significaria para Áustria que ficaria livre dele.
Então por que ele abraçou o albino de volta?
"Não..." Repetiu o austríaco fechando os olhos e querendo chorar.
"Por que essa cara, aristocrata?" O prussiano olhou para ele tentando manter aquele sorriso de sempre "Já sei! Por essa você não esperava, neh? Mas é melhor se cuidar. Eu posso ter que ir com o Rússia, mas você também está com problemas."
"Eu sei, idiota. Eu posso desaparecer"
Prússia ficou sério de repente. Afastou-se apenas o suficiente para pegar uma das mãos de Áustria e a colocar sobre o peito.
"Não vai desaparecer coisa nenhuma! Vai dar um jeito de voltar a ser independente e calar a boca de todos esses aliados de merda! Não quer voltar a tocar aquele piano chato como sempre quis?"
O prussiano repousou as mãos nos ombros do austríaco e esperou até o moreno olhar para ele. Violeta e vermelho se encontraram e a fusão dessas cores ficaria registrada pra sempre nas memórias deles.
"Olhe, depois da guerra dos sete anos eu me declarei o seu rival, ta bom? Considere-se um sortudo. É um privilégio para poucos. Então você não pode desaparecer, mauricinho! Vai ter que dar um chute na bunda de todos que estão tomando conta do seu território, ta? Eu não quero descobrir la na casa do Rússia que o rival de alguém tão incrível quanto eu bateu as botas!"
Gilbert terminou de falar e já esperava uma série de palavras difíceis e mentirosas de Roderich. Ele queria tanto que isso acontecesse agora. Era bem melhor do que ver aquela expressão triste no rosto do austríaco.
Mas não foi isso que aconteceu.
O moreno abaixou a cabeça e ao invés de responder, perguntou:
"Por que me abraçou?"
Por essa o albino não esperava. Amarrou a cara fazendo uma careta e comprimiu a boca enquanto seu rosto corava, mas resolveu falar a verdade:
"Porque eu não sei quando vou lhe ver de novo e eu sou incrível demais para perder oportunidades"
"..."
"Tome" Prússia pegou a ave de sua cabeça e colocou nas mãos de Áustria enquanto segurava "Cuide dele enquanto eu estiver com o Ivan. Ele ainda é muito pequenino."
"Não sou babá de ninguém" Apesar do moreno ter falado isso, acolheu a pequena ave nas mãos "Volte pra buscá-lo..."
"É claro que eu vou voltar! Ele precisa de alguém incrível como eu pra ficar cuidando dele! Mas vou deixá-lo com você"
Depois disso os dois ficaram em silêncio. Um olhava para o outro sabendo que não havia muito o que ser dito, mas ambos pensavam a mesma coisa. Aquele momento poderia durar um pouco mais. Mais um século, na verdade.
"Prússia..."
"Gilbert"
"Que?"
"Me chame de Gilbert. Ou só Gil. Ou me chame como você quiser." Quando viu o austríaco balançar a cabeça sem entender, continuou "Se eu não voltar como Prússia, vou voltar como Gilbert. Prometo"
"Idiota... Não prometa o que não tem certeza que pode cumprir."
"Eu só prometo o que posso cumprir, aristocrata imbecil. Por isso estou dizendo isso"
Gilbert passou a sorrir com mais tranquilidade e segurou o queixo de Roderich. Se aproximou e a medida que fez isso, os olhos do austríaco se fechavam.
Um beijo selou a promessa.
...
A porta foi aberta por Ivan e trouxe com ele o frio do inverno.
"Vamos, da?"
Roderich se assustou com a entrada e a voz repentina do Russo, mas Gilbert somente passou por ele e se dirigiu a Ivan.
"Ta bom, ta bom..." Sua voz era melancólica.
Depois que a porta se fechou, a pequena ave olhou para Áustria, moveu a cabeça e deu um pio longo e triste, como se perguntasse onde está seu dono. O austríaco acariciou sua cabeça e sorriu deprimido:
"Não chore. Se ele prometeu que voltaria, é porque vai voltar"
Eu adoro esse casal. Deveria ter mais fics deles! Mereço reviews? *-*
