Ela cheirava a primavera.
Aquele odor adocicado no ar, das plantas em flor. Das pétalas cor-de-rosa, brancas e lilás que começavam a vestir as árvores dos parques e passeios. Cheirava a erva, recém-cortada. À terra húmida, dos cada vez menos dias de chuva, à base secreta acabada de jardinar. Ela cheirava a vida, a calor. Aquele calor agradável, que de tão aguardado e inesperado após os dias de inverno, provocava arrepios confortáveis ao longo da sua espinha.
Ela cheirava a amor, a felicidade, a partilha. A morangos. A algodão doce nas mãos das crianças do parque. E ela trazia consigo o som dos risos, dos jogos corre-corre infantis, dos guizos pendurados nos templos e beirais. Toda ela cheirava, respirava, ERA vida.
Era luz, aquela tão aguardada após dias e dias ou noites, não saberia dizer a diferença, na cela improvisada de Akito.
Era o som do mundo lá fora, alheio aos Toc Toc dos passos do outro lado da porta, do som frio e metálico das grades que outrora tomara como casa.
Era esperança. Era a verdade que ele julgara um sonho.
Era a inocência, que o salvava da malícia, que o curava da crueldade e solidão que tentaram passar por futuro.
Sorriu e puxou-a para si, abraçando-a com toda a delicadeza que a sua ânsia permitia.
Uma fração de segundo, talvez menos. Aquele quase nada que era tudo. Por aquele ínfimo instante, coração com coração, pele com pele, ela era só sua. Era Tohru.
Fechou os olhos, ignorando o ar surpreso daquela pessoa tão única, tão especial, tão esperada. E, no seu pequeno corpo peludo, inspirou bem fundo.
Ah… Como ela cheirava a Primavera.
Passaram-se mais de 10 anos desde a minha última publicação no Fanfiction. Não sei dizer quantos desde a última vez que escrevi algo e pensei em partilhar. Na verdade, nem sei o que despoletou o reacendimento da minha antiga paixão por Fruits Basket. Uma parte de mim interroga-se se alguém irá ler este texto- e se alguém ainda se lembra desta história adorável e repleta de lições de vida.
Mas sei que voltar a rever estes personagens tão intensos me deixou muito feliz. Confesso que o casal Yuki/Tohru não era aquele que eu mais apoiava mas, rever a série e o mangá desde o início, fez-me sentir a necessidade de deixar a minha homenagem a estes dois.
Caso alguém leia estas palavras: o meu mais sincero obrigada!
