APOCALIPSE.
O que esperar de um apocalipse?
De repente, pessoas voltam à vida, com o único intuito: se alimentar.
Sobreviver nesse meio é uma sorte, mas um grupo consegue se formar.
Será que a equipe de Rick esta preparada para mais acréscimo? Será que a tensão de estar em meio a um apocalipse os deixará raciocinar... Como humanos?
Será que em meio a tanta dor e morte, o amor pode sobrepujar?
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Rick era um xerife excelente, um tanto negligente com relação a sua família. Mas um verdadeiro profissional.
Num tiroteio, acabou baleado. Ao despertar, sozinho no hospital deserto. Viu-se em meio ao que tinha sido um caos.
Pois agora restava abandono, podridão e zumbis.
Fez amigos na sua caminhada, tinha esperança de reencontrar sua mulher e seu filho.
Então, como se não fosse o bastante, além de matar tantos walkers pelo caminho, Rick finalmente estava com sua família e novos companheiros.
Rick, Lori, Carl, Shane, Maggie, Beth, Jimmy, Andrea, Glen, Dale, Carol, T-Dog e Daryl estão juntos, mesmo contra vontade.
Hershel, aceita o grupo forasteiro em sua fazenda, apenas porque sua única companhia, a filha Maggie se ligou ao grupo. Mas eles, atrás de Sophia, acabam apagando tudo que lhe lembrava de sua família.
Inicio do episodio: Nebraska / Aqui começa nossa historia.
NOVA YORK, 2010.
― Deixe uma alça da blusa cair Anne, coloca sensualidade no seu olhar, vamos. ― foi dito antes que uma serie de flash voltasse a acontecer.
Anne Potter era uma texana de vinte e dois anos, na verdade, ia fazer vinte e três dali a alguns meses.
Famosa por sua beleza e sensualidade. Também ganhou notoriedade alta ao protagonizar uma célebre serie de TV: PERDIDOS.
Perdidos contava a historia de um grupo de sobreviventes na Terra, depois que a raça humana ficou confinada a um vírus que os transformava em Zumbis.
Ela fazia o papel da única adolescente, tendo que passar pelos dramas e medo naquele ambiente. O fato de ter um metro e cinquenta e um rosto angelicalmente sexy, ajudou.
Agora, a serie enfim tinha terminado e ela fazia um ensaio para a revista Vogue. Tinha recebido alguns convites para outras series e ate mesmo um filme, e seu produtor organizava a agenda.
Estava alheia ao que acontecia com a população.
Alheia com os avisos de vários doentes em quarentena.
Alheia a alguns ataques canibais que aconteciam quando as pessoas se infectavam, ate hoje.
Assim que chegou a sua cobertura, tomou um banho demorado e foi comer qualquer besteira. Ouvia mesmo em baixo tom, buzinas mais descontrolada que o normal. E só quando estava quase cochilando no sofá, que percebeu seu telefone vibrando e vinte e cinco ligações.
Era seu produtor. Michael Todd que também era seu melhor amigo.
― Anne por que não atendeu antes? Esta fora de casa? ― ele perguntava afobado.
― Não, quase morta em meu sofá.
― Quase morta? Anne, você esta mordida?
― Mordida? Ficou louca de vez, sua bicha? Estou cansada! ― disse num tom de brincadeira.
― Que susto sua puta! Preciso que faça uma coisa, pegue tudo que julgar importante e que caiba em uma mala.
― O QUE?
― Tudo Anne, é serio. Comida, tudo o que tiver de pratico, aquelas garravas de agua de sua geladeira, pegue todas e algumas roupas. Ah, e cobertores.
― Michael, posso ao menos saber por quê?
― Não esta vendo na televisão? O mundo ruiu Anne, é um caos, pessoas comendo pessoas, zumbis Anne, zumbis para todo o lado.
A loira mais do que depressa ligou a TV, todos os canais passava a mesma coisa, as coisas saíram dos eixos.
― Como posso sair desse prédio?
― Ann, faça o que eu disse, pegue tudo. Estou ligando da garagem do seu prédio. Estou na minha Land Rover.
― Ok, meu Deus Mike, isso é loucura. Vou pegar tudo e me espera perto do elevador.
― Elevador não. Anne, se a energia for cortada? Desce correndo, não para por nada nem ninguém. E Ann? Pegue esse taco de baseball, qualquer coisa, não tema em usá-lo.
― Estou com medo.
― Não tenha, estou te esperando bi, corra.
Anne nunca se sentiu tão preocupada ou com tanto medo.
Era isso, como na serie em que protagonizou, pessoas estavam comendo umas as outras e não era no sentido cômico e pornográfico.
Pegou uma mochila que comprou quando acampou com seu ex-namorado, imaginou que uma mala a atrapalharia descer os oito andares de escadas, mais o térreo para a garagem.
Colocou duas mantas quentes, algumas roupas, alimentos e agua.
Pegou algumas facas, duas pasta de dentes, cinco sabonetes, um desodorante, uma toalha, um repelente e um protetor solar.
Jogou a bolsa pesadíssima nas costas, pegou sua bolsa da Louis Vuitton o taco de baseball e abriu a porta da cobertura.
Assim que desceu o primeiro lance de escadas, já se ouvia o rebuliço.
Pessoas machucadas, arranhadas, chorando, crianças sozinhas...
Desceu sem olhar para o lado, com o taco a postos nas mãos.
Quando terminava de descer o segundo andar, uma mulher gritava com uma criança de quase dois anos agarrada em seu pescoço. A criança a mordia com toda força, comendo o que visse por ali.
Se curvando para vomitar, Anne limpou de qualquer jeito a boca e voltou a descer.
No primeiro andar era um verdadeiro inferno.
Pessoas de fora tentando entrar e se proteger das que estavam pelas ruas, correu para ultima escada e sentiu algo gelar dentro de si.
A garagem era acessível apenas pelo elevador e se tivesse o cartão magnético, algo que somente os moradores tinham.
Anne agradeceu com todas as forças por ter trazido sua bolsa tão cara com seus documentos e seu cartão magnético. Passou o objeto e entrou na garagem enorme e abafada.
Ali tinha porcas pessoas. Famílias que saiam do elevador para tentar encontrar seus carros e fugirem.
Anne sentia-se só. Não via o carro de Michael e seu conversível provavelmente não a protegeria de zumbis famintos.
Mas logo o carro enorme de seu amigo buzinou discretamente e abrir a janela.
― Esta machucada? Mordida ou arranhada? ― foi a primeira coisa que ele perguntou.
― Não. Juro.
― Entre e vamos fugir daqui.
Sair do prédio e ir para as ruas era doloroso.
Pessoas sãs, sem mordida ou machucados pediam, por favor, para lhes dar carona. Mas parar no meio do caos era arriscado.
― Aonde vamos Mike?
― Não faço ideia.
E eles seguiram sem olhar para trás. O mundo que viviam antes, com todo glamour e câmeras, tinha acabado. Só restava sangue e dor. Morte e mortos-vivos.
O carro parou apenas para abastecer e fizeram isso com toda rapidez possível, e claro, alternaram no volante algumas vezes. Conforme iam andando, as cidades pareciam cada vez mais desertas.
Como se os walkers já tivesse há muito tempo, invadido tudo ali. Prova disso eram as cercas antigas que separavam as cidadezinhas da capital.
Não tinha vida, nem conhecidos.
Os dias iam passando. Onde passavam pegavam tudo. Comida, dinheiro, ate mesmo arma de fogo. Remédios, tudo que pudesse vir a ser útil.
Há quase um mês não comiam uma comida quente, apenas tudo pronto e frio. Somente para mantê-los vivos. Não tomavam banho, só se lavavam em qualquer piscina, rio ou com lenço humedecido, mesmo tendo sabonetes. Tinham medo que algum "monstro", como Ann costumava chamar, aparecesse.
Nunca tinham matado um walker.
Mas já tinham corrido de alguns. Ann tinha um metro e cinquenta, magra e mesmo em meio a toda essa loucura, mantinha unhas grandes, lixadas e pintadas.
Michael tinha mais estrogênio que Anne, era um gay escandaloso e frouxo.
Mas pelo menos, estavam sobrevivendo. Dormiam no carro, sempre com a chave na ignição e no local mais calmo.
Um protegia o outro.
Mas ao ligar seu celular depois de tanto tempo, Anne olhou no calendário e viu que era seu aniversario. Grande presente, pensou.
E resolveram tentar achar algo na pequena cidade que passavam.
Anne insistiu para que Mike parasse numa farmácia, precisava de absorventes, sabia que não teria muito tempo ate a próxima regra e nem imaginava quando encontrariam outra farmácia.
Olhando para os lados e sem reparar nenhum movimento, ela corre para farmácia, pegando vários pacotes do que precisava, curativos e tudo que via pela frente, jogando dentro de sua sacola.
Mas ao se virar para saída, tem um walker em seu sentido, frente a ela. Separados apenas por uma bancada de vidro.
Ela sabia que se corresse para porta, ele a alcançaria.
Então não sabia o que fazer, ate ver os sprays de pimenta ao seu lado.
Segurou dois frascos, já sacudindo, e espirrou com força, quando o monstro a atacou. Isso não pareceu incomoda-lo, mas fez Anne espirrar e gritar enquanto se desvencilhava e tentava correr.
Sabia que Mike estaria na porta da farmácia, mas o difícil era sair dali com vida.
Ela empurrou uma prateleira contra ele, fazendo frascos caírem pelo chão e correu. O barulho com certeza chamaria mais deles.
Quando estava próxima a saída, escorregou. Sentiu a mão do zumbi na sua perna e gritou de pavor.
Sentia o cheio de morte e podridão, quando uma flecha cortou o ar, acertando no centro da testa do monstro, fazendo-o tombar em seu joelho.
Um homem.
Homem mesmo. Ela não via há tanto tempo um... Ele veio com o semblante franzido e bufando ate onde ela estava.
Anne chegou a erguer a mão, achando que ele a ajudaria a levantar. Mas o rapaz se curvou apenas para pegar a flecha que estava fincada na cabeça do zumbi, deixando-a ali no chão.
― Seu escândalo deve ter chamado todos os walkers da cidade. ― foi à única coisa que disse, com um mau humor total.
― Obrigado. ― ela disse, ele deu ombros, sem encará-la.
― Foda-se.
