Nota: Pós 4x8. Como não tenho todo o tempo que queria pra escrever (principalmente sobre os Winchesters), vou continuar a postar shorts, assim não fico parada. Bom, pros que não curtem Hurt/Angst/Dean, shuuuuuush. Eu tenho fixação (involuntária) por isso :D. Ah, só mais uma coisa, não sou dona de nada.
Dreamscapes
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Ele ainda podia sentir o perfume sufocante do quarto recentemente limpo do hotel White Moon e a textura áspera do lençol embaixo de si. O sono arrastava sua consciência para cada vez mais longe da realidade, enquanto parte de si se agarrava àquelas sensações humanas.
Não sabia pra onde seus sonhos o levaria daquela vez, ou se poderia chamá-los de sonhos. Pesadelos, por outro lado, era um termo a muito rejeitado por Dean, já que sabia, e preferia não saber, que pesadelo era algo terrível inventado por nossa subconsciência. E de inventado, aquilo não tinha nada.
- Dean – um sussurro, perto de seus ouvidos – DEAN – um grito, à distância ecoando várias e várias vezes pelas paredes humanas na imensidão do inferno – ...Dean.
Uma maldição corria pela sua mente enquanto sentia as últimas gotas de sangue de seu corpo pingarem pelos braços do demônio à sua frente. Não tinha forças para gritá-la. Não tinha vontade de gritá-la. Sua frustração era como um segredo enclausurado em sua mente, uma corda que o atava à moralidade, ao que era certo.
- Certo? – disse o demônio – Certo é algo aplicável apenas àqueles que ainda tem uma alma pra perder. Aqui, você aprende a amar os seus pecados, porque com o tempo, será a única coisa que ainda restará de você, Dean. – seu nome era pronunciado em tom de vitória, como quem saboreia algo – uma tentação.
Sangue. Sangue. SANGUE. Sangue por todos os lados e todos os cantos. Cheiro de sangue, gosto de sangue, cor de sangue. Com o tempo Dean aprendeu a odiar o vermelho, assim como odiava o amarelo, o preto e o prata. Cores dos olhos dos filhos da mãe que o cercavam. Ódio era a única coisa em que conseguia pensar, dor, a única que sentia.
E então ele saiu. Sentiu o corpo reagir a liberdade com dificuldade, os primeiros passos atrapalhados e sem força o guiavam para o objeto que lhe era oferecido. Uma faca.
Agarrou a arma com toda a força que encontrou. E então, estava inteiro de novo. Cada parte sua reconstruída e refeita. A primeira alma foi posta em sua frente, ou ele fora posto em frente à ela, não ligava. Partes, pedaços, barulhos, sangue. Sangue.
Inteiro? Não. Quem sabe remendado. Algo tinha sido arrancado de si, e Dean tinha medo que fosse sua humanidade.
Encarou os olhos da menina que estava destroçando, não podia ter mais que 16 anos. Seu corpo tremia e sua voz gritava em súplicas.
Algo dentro de si se quebrou.
- Dean – um sussurro, perto de seus ouvidos – DEAN – um grito, à distância ecoando várias e várias vezes pelas paredes humanas na imensidão do inferno – ...Dean.
Dedos finos e frios tocaram sua face por um segundo, e estava acordado.
Sam chamava seu nome, uma expressão de pânico em seus olhos.
Estava de volta...
De novo.
