Título: Posso Ser Seu Coelhinho?
Autora: Eri-Chan
Beta: Samantha Tiger Blackthorn
Fandom: The GazettE
Casal: Aoi x Uru
Classificação: NC-17
Gênero: Yaoi, Romance, Fluffy
Disclamer: Os direitos autorais dos J-Rockers gostosões não me pertencem, mas sim, à PS Company
Sinopse: Um final de semana com todos os amigos reunidos por causa de um feriado ocidental era tudo o que Uruha mais precisava. Era uma desculpa perfeita para ficar mais tempo perto de seu amado. Mas nem tudo são flores para o guitarrista, afinal é grande a dor de sermos esquecidos por aquele que mais amamos. Mas qual será o motivo dessa indiferença?
Observação: Plot desenvolvido para o 1º Amigo de Páscoa do LJ Secrets Place, e a amiga sorteada foi a amada Yume Vy.
Posso Ser Seu Coelhinho?
Eri-Chan
Parte I
Uruha estava sentado no parapeito da janela de seu quarto naquele início de noite, observando os carros passarem na rua com seus faróis ligados. Estava perdido em pensamentos, recordando tudo o que aconteceu no dia anterior. Durante o ensaio Ruki havia comentado sobre uma reportagem que havia lido, sobre a festa de Páscoa dos ocidentais. O vocalista contou empolgado sobre como eles passavam a sexta-feira santa sem comer carne vermelha, das brincadeiras nas escolas e das reuniões familiares no domingo, em que comiam bacalhoada e trocavam ovos de chocolate. A animação do chibi foi tão grande que contagiou os companheiros de banda que resolveram passar junto o final de semana da páscoa no apartamento de Kai.
O loiro olhou para sua cama, onde estava terminando de organizar as coisas que usaria dentro de uma mochila azul. Roupas, perfume e acessórios estavam espalhados ao lado da mochila. Tinha tanta coisa que parecia que iria viajar durante meses e não passar um final de semana na casa de um amigo.
Ansioso demais para que o tempo passasse e chegasse a hora em que se encontraria com os rapazes para mais um ensaio, o guitarrista saiu do quarto indo até a cozinha preparar uma caneca de chocolate quente, tentando com isso acalmar a agitação que tomava conta de si e ameaçava tirar-lhe o sono.
Enquanto voltava para o quarto com a caneca nas mãos pensava em Aoi. Ele era o motivo de toda a inquietação que invadia sua alma. Há tempos que amava o amigo em segredo e a perspectiva de passar o final de semana inteiro ao lado dele sem ter uma ligação profissional o deixava elétrico.
"O que será que ele está fazendo agora? Será que também está pensando no final de semana?", Uruha tentava imaginar enquanto entrava no quarto, seus orbes chocolates se fixando automaticamente no porta-retrato sobre a mesinha se cabeceira onde havia uma foto dele abraçando Aoi depois de um live.
Kouyou voltou a sua posição na janela, admirando a beleza da cidade iluminada à noite, sorvendo a bebida fumegante enquanto se perdia ainda mais nas expectativas do dia seguinte.
"Graças a Kami-Sama amanhã já é sexta-feira. Não vejo a hora de ver o Yuu. Poder estar perto dele, brincar, trocar doces", um sorriso bobo adornou-lhe o rosto enquanto terminava de tomar o chocolate, pensando em como seria bom ganhar doces da pessoa amada.
Levantou-se lentamente, indo em direção à cama. Colocou a xícara ao lado da foto na mesinha de cabeceira e terminou de arrumar a mochila colocando-a no guarda-roupa. Apagou a luz, jogando-se sobre a cama, sem um pingo de sono, mas, mesmo assim fechando os olhos, esperando que o sono finalmente o envolvesse e assim poder sonhar mais uma vez estar nos braços de Aoi.
ooOoo
Milagrosamente, antes que o celular despertasse Uruha já estava de pé, tomando seu banho. Longe do mau humor matutino, o loiro estava animadíssimo, até mesmo cantarolava 'Sugar Pain'. Não se demorou no banheiro, voando até o quarto onde terminou de se arrumar. Vestiu-se de forma simples e confortável com uma calça jeans preta, uma regata branca e um tênis preto. Realçou seus belos olhos com lápis e completou o visual com alguns anéis e uma corrente com um pingente em forma de K. Olhou-se no espelho, satisfeito com o que via. Sorrindo, pegou sua mochila no guarda-roupa, sua guitarra, a carteira e a chave do carro e sem tomar café da manhã, correu até o estacionamento.
No carro, colocou um CD do X-Japan para tocar enquanto dirigia até a loja de doces para buscar a encomenda de ovos de páscoa que havia feito para presentear os amigos no domingo. Tinha pedido três ovos meio a meio chocolate ao leite e chocolate branco e um personalizado ao leite, escrito Aoi em chocolate branco, com vários bombons de chocolate branco trufado em formato do nome do amigo em kanji recheando o ovo.
Depois de buscar os chocolates, rumou tranqüilo para o apartamento onde Aoi morava para buscá-lo e irem juntos ao ensaio. O trânsito estava livre por causa da hora e não demorou muito a avistar o prédio de dez andares.
Yuu já o esperava na portaria e assim que avistou o carro foi em direção a ele. Um largo sorriso iluminava-lhe o rosto quando entrou no carro e cumprimentou animado:
– Ohayo Uru-chan!
Ao ver o sorriso do moreno Uruha sentiu seu coração falhar uma batida e ouvi-lo o chamando por aquele apelido arrepiou-lhe toda a pele. Contendo um suspiro e tentando manter a voz firme, o loiro respondeu com a mesma animação:
– Ohayo Yuu-chan. Pelo visto você está bem animado hoje.
– E como não ficar? Estou muito empolgado com esse final de semana. Quase não consegui dormir por causa da ansiedade.
– Sei bem o que é isso. Aconteceu o mesmo comigo – Kouyou sorriu, pensando em como quase não dormira naquela noite.
A conversa continuou animada enquanto Uruha guiava pelas ruas até a PS Company. Suas mãos tremiam por sentir Aoi tão próximo, seu rosto estava um pouco corado, mas o amigo parecia não perceber as reações que provocava, continuando a sorrir e a brincar durante todo o caminho.
Assim que chegaram ao prédio da PSC, subiram direto para a sala de ensaios do The GazettE encontrando Kai, que como sempre foi o primeiro a chegar, afinando a bateria. Os dois guitarristas cumprimentam o moreno recebendo um sorriso de covinhas radiante do amigo.
Enquanto preparava sua guitarra para o ensaio, Kouyou observava disfarçadamente toda a movimentação de Aoi, vendo-o arrumar sua própria guitarra enquanto conversava animadamente com Kai. Seus olhos percorreram o rosto de Yuu, memorizando cada traço bonito, descendo para o corpo, admirando cada curva delineada pela regata preta e a calça jeans que ele usava. Sentia-se cada vez mais atraído e mais deprimido por saber que era impossível seu sentimento ser aceito pelo outro. Desviou o olhar começando a dedilhar uma seqüência de notas qualquer para poder conferir a afinação da guitarra.
Nesse instante chegaram Reita e Ruki juntos, cumprimentando a todos entusiasticamente e sem mais delongas o ensaio teve seu início e transcorreu sem problemas. Como sempre no intervalo entre as músicas as brincadeiras, risos e barulhos de coisas caindo ou sendo jogadas eram escutadas por quem passava pelo corredor. Foi um ensaio bem mais curto que o normal, porém, muito produtivo.
Os rapazes não se demoraram muito guardando os instrumentos e organizando a sala, estavam ansiosos demais para começar o final de semana. Combinaram que antes de irem para o apartamento de Kai eles passariam em um supermercado para comprar comida e bebida para a comemoração.
Os cinco desceram até o estacionamento conversando animadamente e fazendo planos. Ruki foi direto para o carro de Reita, que sorriu bobamente vendo a alegria infantil do amigo. Kai foi sozinho em seu próprio carro, enquanto Aoi continuou no carro de Uruha.
Os três carros saíram juntos. Enquanto guiavam pelas ruas tranqüilas por causa do horário brincavam entre si. Mandando torpedos no celular, ou gritando pelas janelas. O clima de descontração era grande entre eles.
Chegando ao supermercado, mal estacionaram os carros e Ruki e Uruha correram até os carrinhos de compras, cada um pulando dentro de um deles. Reita e Aoi entrando na brincadeira pegaram os carrinhos e apostaram corrida até a entrada do estabelecimento. Kai apenas os seguiu, andando calmamente, rindo da infantilidade dos amigos.
A corrida entre os quatro continuou dentro do prédio atraindo os olhares dos presentes. Uns riam, outros reclamavam dos 'arruaceiros'. Ruki era o mais animado de todos, nem parecia o Takanori tímido. Ele gritava instigando Reita a acelerar ainda mais a corrida.
Uruha tentava instigar Aoi, mas a presença dele fazia com que um nó se formasse em sua garganta e sua voz não saísse. Então, limitava-se a sorrir aproveitando o momento, enquanto o moreno acelerava tentando alcançar Reita e o chibi.
Depois de pegarem todas as coisas necessárias, passaram no caixa sem maiores transtornos e retornaram aos carros seguindo direto para o apartamento de Kai. Como não queriam entrar pelo subsolo, ao saírem dos carros caminharam até a rua.
Ao passarem pela portaria do prédio todos cumprimentaram o porteiro que sempre era gentil com eles. Depois de uma rápida troca de palavras amistosas os cinco foram até os elevadores, esperando tranquilamente que um chegasse ao térreo, o que não demorou muito. Já dentro do cubículo cheio de espelhos, apertaram todos os botões, fazendo com que o elevador parasse de andar em andar. Nessas paradas se empurravam, tentando fazer com que um deles acabasse saindo do elevador para ter que subir até o último andar pelas escadas.
Uruha ria e participava das brincadeiras, mas sua cabeça estava no guitarrista moreno. Cada vez mais desejava estar mais perto de Yuu, mas temia que isso entregasse seus sentimentos e causasse um clima desagradável entre eles e tudo o que menos queria era estragar aquela oportunidade de passar um final de semana inteiro perto de seu amado.
No meio da bagunça o loiro teve a sensação de estar sendo observado, o que lhe intrigou muito. Olhando os amigos disfarçadamente, tentava descobrir qual deles o observava com tal intensidade para que até ele, que era meio desligado pra essas coisas, chegasse a perceber. Quando seus olhos caíram sobre Aoi teve a impressão de que ele desviara os olhos e só de pensar nisso seu coração disparou. Mas, ao olhar atentamente se desapontou, pois Aoi continuava a brincar sem nem ao menos dirigir um olhar para si. Fechou os olhos com força, repreendendo sua imaginação masoquista que ficava pregando peças dolorosas ao seu coração.
Quando Kouyou deu por si sentiu o elevador chegar ao último andar, abrindo os olhos lentamente, ainda perdido em seus pensamentos, viu que os outros o esperavam do lado de fora do elevador. Reita segurava a porta para que ele saísse.
– Vai demorar muito Uru? – Ruki chamou enquanto cutucava Reita tentando fazer com que ele soltasse a porta e prendesse Uru lá dentro.
– Não, Ruki – O loiro se apressou em sair do elevador antes que ficasse preso, não podendo evitar o rubor que invadiu sua face – Apenas me desliguei um pouco.
– Mais? Como isso é possível? – Ruki não pode conter a alfinetada. Uruha fez seu bico habitual arrancando mais risadas gostosas de seus companheiros de banda.
Ao passar por Aoi, o loiro pensou ter visto um sorriso malicioso dirigido a si, mas tentou não se prender a isso para não afundar ainda mais no turbilhão de sentimentos que ameaçava seu autocontrole.
Assim que entraram no apartamento de Kai, Ruki foi direto para o sofá, deitando-se no mesmo, enquanto os outros levavam as sacolas com as compras para a cozinha.
Depois de deixar as sacolas sobre o balcão que Kai indicou Reita voltou à sala, onde sentou no sofá em que o chibi estava deitado e ligou a televisão em um canal de filmes. Ruki, aproveitando-se, colocou a cabeça no colo do baixista que sem hesitar começou a mexer em seus cabelos em uma caricia suave.
Na cozinha, os dois guitarristas ajudavam Kai a guardar tudo o que compraram. A conversa entre eles era animada, fazendo planos para o cardápio do almoço. Kouyou sentiu seu coração falhar uma batida e depois acelerar loucamente quando a mão de Aoi e a sua se tocaram acidentalmente ao colocarem alguns enlatados no armário. Um calor gostoso envolveu seu corpo e sua respiração se alterou, deixando-o ofegante. Temendo que o moreno mais velho percebesse o efeito que tinha sobre si, Uru deu uma desculpa qualquer e foi para a sala, sentando-se na poltrona ao lado do sofá onde os loiros estavam, pregando os olhos na televisão, mas na verdade, sem nada ver.
"Esse final de semana promete", Uru respirou fundo, tentando controlar suas emoções.
Aoi permanecia na cozinha auxiliando Kai no preparo do almoço, mas vez ou outra seus olhos procuravam pelo guitarrista mais novo. Um sorriso enigmático brincando em seu rosto enquanto observava mais uma vez Kouyou assistindo televisão. O brilho intenso em seus olhos negros denotando a força de seus sentimentos.
Kai percebendo as olhadas do outro na direção da sala, começou a prestar mais a atenção nas reações do amigo, pegando no ar os pensamentos do mais velho. Sorrindo docemente, se aproximou do amigo, postando-se atrás dele quando mais uma vez ele olhava para Uruha alheio a tudo. Tocando em seu ombro perguntou com a voz meiga permeada de certa malicia:
– A visão está boa Yuu-chan? – Dando um passo para trás, encarou o amigo quando este voltou seu olhar para si. Observava com atenção as sutis mudanças no semblante dele, que variou de surpresa para satisfação em frações de segundos.
Aoi ficou em silêncio alguns instantes. O brilho nos olhos negros intensificou ainda mais, enquanto sustentava o olhar de Kai. Sabia que o amigo já havia reparado em suas atitudes e já havia descoberto seus motivos. Não demorou muito e um ar brincalhão tomou conta de seu rosto. Assim, respondeu a pergunta com um tom totalmente malicioso:
– Você nem imagina o quanto Kai – E seu sorriso se alargou, contagiando o baterista que exibiu suas lindas covinhas enquanto voltava a atenção para o almoço.
Lançando uma última olhada para Uru, Aoi voltou aos seus afazeres na cozinha, concentrando em tudo o que Kai lhe pedia pra fazer.
Graças ao empenho dos morenos o almoço não demorou a sair, para alivio dos três que estavam na sala. Quando Kai disse que o almoço estava pronto Ruki praticamente flutuou até a mesa, sendo seguido de perto por Reita e Uruha que ficaram muito admirados pelo ótimo trabalho dos companheiros de banda. Sem economizar elogios todos se sentaram à mesa.
Kai e Aoi esmeram-se ao fazer o salmão assado com batatas, o risoto, a salada multicolorida e o pão. Como não podia deixar de ser, a mesa estava toda arrumada no melhor estilo ocidental com garfo e faca no lugar dos hashis. Vinho tinto substituía o saquê.
Depois de agradecerem pelo o alimento, como de costume, quase todos começaram a comer. Reita, Ruki e Kai conversavam animados e não perceberam que o guitarrista moreno não desgrudava os olhos de Uru, atento a todas as suas ações.
Kouyou corava meio embaraçado. Já fazia muito tempo desde que comera pela última vez com garfo e faca e sentir os olhos negros sobre si não o ajudavam em nada, só aumentava seu nervosismo.
Trêmulo, Uruha pegou um pouco do risoto, provando do agradável sabor agridoce que as uvas passas lhe davam. Sorrindo de leve, o loiro tomou um gole do vinho tentando, enquanto sentia a garganta seca se refrescar com a bebida, esquecer que os olhos de Aoi continuavam seguindo seus movimentos implacavelmente. Uru fechou os olhos com força, respirando fundo, procurando acalmar as sensações incômodas em seu corpo.
Aoi olhou a sua volta, satisfeito ao ver que ninguém prestava atenção aos seus movimentos, entretidos na conversa sobre o novo single da banda. Sorriu ao perceber que seu olhar deixava Kouyou inquieto a ponto de ter que fechar os olhos para se controlar. Quando o loiro abriu os olhos, Yuu não resistiu e erguendo a taça de vinho em um brinde discreto e silencioso, lançou seu sorriso mais maroto antes de tomar um gole da bebida.
Ante tal gesto inesperado por parte do moreno Uruha perdeu o pouco controle que ainda tinha sobre si fazendo com que o garfo que levava aos lábios caísse da mão trêmula e suada, chamando a atenção de todos.
O alvoroço que se seguiu fez com que Kouyou quisesse enfiar a cabeça debaixo da terra. As provocações que Ruki faziam Kai e Reita quase chorarem de tanto rir e essa atitude fez surgir um bico emburrado no rosto do guitarrista loiro.
Ao olhar para Aoi, Uru ficou chocado com o sorriso discreto dele enquanto comia calmamente como se não tivesse nada a ver com o acontecido. Abaixando a cabeça o loiro tentou entender o porquê da atitude do moreno, mas desistiu ao ver que isso só criaria as falsas esperanças que tanto evitava ao longo daqueles anos. Assim, depois que conseguiu terminar de limpar a bagunça e contornar as provocações e zoações dos amigos, ele voltou a comer, tentando não olhar para ver se Aoi ainda o observava.
O almoço terminou de forma tranqüila e animada, dissipando toda a inquietação de Kouyou. As brincadeiras continuavam soltas e a vítima principal continuava a ser Uru que apesar de já estar tão interativo quanto antes era o desligado do grupo. Ruki e Reita que já o conheciam desde a adolescência não perderam a oportunidade de contar situações embaraçosas e engraçadas e quando o guitarrista revidava tentando se defender resultava em discussões acaloradas que eram sempre pontuadas pelas risadas gostosas de Aoi e Kai.
Enquanto comiam a sobremesa Kai notou que Uruha estava um pouco pálido e trêmulo e isso o preocupou um pouco. Preocupação essa que se dissipou ao perceber que vez ou outra o guitarrista loiro lançava um olhar incrédulo e confuso a Aoi, que o observava descaradamente ostentando um enorme sorriso.
Já fazia algum tempo que Kai reparara nos sentimentos que Uru nutria pelo guitarrista moreno. De seu lugar na bateria conseguia ver todos os olhares de admiração, todos os suspiros que o loiro disfarçava. Kouyou praticamente comia Aoi com os olhos.
O baterista sabia também que Aoi não era imune a esses sentimentos, afinal inúmeras vezes flagrou o amigo seguindo Uru com os olhos negros cintilando e um discreto sorriso no rosto. Era questão de tempo até que esses dois sentimentos se confrontassem e juntasse os dois, e Kai torcia para que aquele final de semana juntos ajudasse.
Reita e Ruki conversavam animadamente entre si, tão concentrados que não notavam toda a troca de olhares entre os companheiros de banda. O vocalista parecia enlevado com cada gesto e palavra de Akira, denotando um interesse maior que o normal, e isso ficava ainda mais evidente, pois toda a timidez do pequeno parecia sumir ainda mais com o passar do tempo. E o baixista não ficava atrás, vez ou outra dava um jeito de se aproximar e tocar o amigo.
Kai não pôde deixar de notar isso e começou a se sentir um intruso em seu próprio apartamento. Sentia-se sobrando ali no meio dos dois casais. Por mais que soubesse que era besteira de sua cabeça, queria ter pelo menos alguém que lhe fizesse companhia sem que tivesse que atrapalhar a aproximação dos amigos. Como se lesse seus pensamentos a campainha começou a tocar insistentemente. Meio intrigado Kai apressou-se a atender. Ao abrir a porta nem teve a chance de ver quem era o visitante, pois braços fortes o agarraram, levantando-o do chão e rodopiando enquanto uma voz conhecida invadia o ambiente:
– KAI-CHANNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN!!! – O grito de Miyavi ecoou pelo apartamento chamando a atenção dos quatros amigos que ainda estavam na mesa e que levantaram rapidamente para ver o recém-chegado. – Me senti muito sozinho e como sabia que vocês passariam o final de semana aqui resolvi aparecer.
Quando Kai foi solto abaixou a cabeça tentando ocultar sem sucesso o rubor que lhe subira ao rosto. Percebeu a mochila que o cantor carregava e não pôde evitar um sorriso.
"Agora não ficarei mais sobrando e terei uma ótima companhia", o baterista pensou enquanto observava Miyavi agarrando os outros em seu escândalo habitual.
Depois de toda essa comoção, os cinco companheiros começaram a arrumar a bagunça do almoço enquanto Miyavi se fartava da sobremesa na cozinha. Não demorou muito e todos estavam acomodados na sala, se divertindo ao relembrar momentos engraçados em ensaios e shows e trocando informações sobre o que haviam pesquisado sobre a páscoa cristã.
No começo da noite pediram algumas pizzas e ficaram jogando vídeo-game. Risos e piadas não faltaram com Myv presente, pois para cada gesto, palavra ou imagens dos jogos um comentários 'espirituoso' era feito pelo espalhafatoso cantor.
Isso se estendeu até de madrugada. Ruki foi o primeiro a sucumbir ao sono, tendo que ser carregado no colo por Reita até o quarto que dividiriam com os guitarristas. Kouyou aproveitou e se espreguiçando levantou do sofá seguindo os amigos no intuito de escapar dos olhares que Aoi lhe lançara a tarde inteira e que o deixava sem ação, totalmente sem jeito.
Estava terrivelmente cansado por causa daquilo, pois travara uma batalha entre sua mente e seu coração, pois lutava para não se iludir e criar falsas esperanças preferia sofrer em silêncio, amando à distância. Mas, Uru não teve muita sorte em seu intento, pois assim que deu alguns passos Aoi se levantou do sofá e o seguiu com a desculpa de estar muito cansado por ter lavado toda a louça do 'jantar'.
"O que está acontecendo com Aoi? É impressão minha ou ele tirou esse final de semana para me torturar", Uru suspirou enquanto entrava pelo quarto se dirigindo até seu colchão previamente arrumado por Kai pegando em sua mochila uma roupa mais confortável e rumando até o banheiro para se aprontar para dormir.
Aoi sorriu ao entrar no quarto e ver todo o cuidado de Reita ao trocar as roupas de Ruki enquanto esse dormia. Era nítido todo o carinho em cada gesto. Ampliando o sorriso desviou seu olhar para a porta do banheiro onde sabia que Kouyou estava. Um brilho intenso faiscou em seu olhar antes que caminhasse até seu colchão, onde deixara suas coisas e começasse a se arrumar para dormir.
Ao ver-se sozinho com Miyavi, Kai sentiu seu rosto corar ante o sorriso maroto do exótico cantor. Sabia o que passava pela mente dele, afinal ele chegara sem avisar e não havia lugar preparado para ele ficar, então o jeito seria dormir em seu quarto. Suspirando, caminhou lentamente até a cozinha apagando todas as luzes, passando pela sala até finalmente chegar ao seu quarto, em todo esse percurso sendo seguido de perto por Miyavi.
Ao entrar no quarto ouviu a porta sendo trancada e logo depois se sentiu sendo abraçado por trás pelo maior, arrepiando-se com a respiração rente a sua nuca, o sussurro rouco ameaçando sua sanidade:
– Vamos nos divertir muito essa noite Kai-Chan.
ooOoo
Uru já estava deitado em seu colchão. O quarto totalmente imerso na escuridão da madrugada. Todos já dormiam, ou pelo menos era isso que o guitarrista loiro pensava. Sua mente estava de pernas pro ar, a confusão daquele dia deixando sem saber o que fazer para voltar a sua estabilidade. Estava sendo terrivelmente difícil refrear seu corpo das reações provocadas pelas ações do moreno.
Fechou os olhos com força, relembrando cada atitude de Yuu naquele dia, cada olhar diferente que ele lhe lançara. Procurou o sentido de tudo aquilo e a única coisa que lhe passou pela cabeça foi que o guitarrista moreno brincava consigo como fazia com todos os outros.
Abriu novamente os olhos chocolates, encarando o teto. Recriminava-se por procurar ver algo impossível de acontecer. Ainda sonhava em ter seus sentimentos correspondidos, em ter uma chance.
Não agüentando mais ficar deitado, Uru levantou-se lentamente, tomando cuidado para não fazer barulho e acordar os outros. Não queria falar com ninguém, só queria pensar sobre tudo o que estava acontecendo e achar um ponto de equilíbrio no meio do caos do seu coração.
Caminhou lentamente até a janela, sentando-se no parapeito, admirando a bela lua cheia que iluminava o céu naquela noite.
Daquela posição Kouyou não pôde ver o olhar terno com que Aoi o observava deitado em seu colchão. As cobertas disfarçavam a expressão de deleite de Yuu ao ver o loiro iluminado pelo luar. Parecia um anjo com aquelas feições tão tristes e confusas. Um aperto em seu peito quase o fez se levantar e abraçar aquele ser divino, mas algo lhe dizia para ficar onde estava e assim ficou ali, observando-o em silêncio enquanto as horas passavam.
E dessa forma, os dois passaram a noite em claro, sem sono, esperando o amanhecer de um novo dia.
ooOoo
Sábado passou muito rápido para os seis amigos. Todos levantaram bem tarde, cada um com seu motivo. E o que marcou aquele dia foram as conversas animadas na hora das refeições.
Miyavi se aventurou na cozinha, arriscando ajudar no almoço e arrancou muitas risadas de todos com as brincadeiras e apostas sobre quem era corajoso em experimentar o que ele fez.
Kai ria bobamente ao olhar Myv brigando com todos, vendo como o cantor parecia uma criança birrenta quando era contrariado, irradiando toda aquela jovialidade característica. Mas, o que mais o encantava era o seu modo camaleão, em como ele se transformava entre quatro paredes, deixando de ser uma criança e se tornando um amante quente e carinhoso.
Reita e Ruki também estavam bem dispostos e animados, rindo muito mais que o normal. Depois que dividiram a cama na noite anterior era impossível negar que algo havia mudado entre eles. Agora passavam todo o tempo juntos, aos sussurros no pé do ouvido e sorrisos bobos. O sentimento que os unia era algo palpável.
Em contraste com os dois, Uruha estava com um aspecto lastimável. Estava sonolento e cansado e olheiras denunciavam a noite que passara em claro. Mas, mesmo assim não deixou que isso o abatesse e participava de todas as brincadeiras, lutando contra o sono que o perseguia. Mas, em compensação os sorrisos surgiam com mais naturalidade do que no dia anterior. Era nítida a calma em seus gestos e ações e já não olhava tanto para Aoi.
Aoi também estava morrendo de sono, mas tentava disfarçar ao máximo para não denunciar que passara a noite toda velando por Kouyou. Sorria ao lembrar-se da visão daquele ser angelical na janela.
No começo da tarde todos resolveram se divertir um pouco com o Karaokê. Ruki havia conseguido alguns com músicas pascoais ocidentais e todos estavam animados para ver como seria cantar em idiomas desconhecidos, além é claro da própria música nipônica.
Miyavi foi o mais zoado entre eles. Sua voz rouca combinada a sua agitação e às palhaçadas fizeram com que as músicas tradicionais ficassem cômicas, arrancando altas gargalhadas de todos. Mas, a grande sensação da tarde foi Uruha, que agitou a todos cantando as músicas do próprio GazettE.
Aoi nem piscava, vendo o brilho do loiro totalmente entregue às músicas, o jeito tímido de dançar, o sorriso infantil ao conseguir uma boa pontuação, o rosto corado ao ser aplaudido, toda aquela singeleza contrastando de quando estavam no placo enlouquecendo as fãs. Ruki não era o único que se transformava nos palcos. Cada vez mais estava sendo difícil para Shiroyama refrear as reações que o loiro inconscientemente provocava em si.
Kai sorria ao ver os amigos se divertindo. Era bom vê-los relaxando depois da tensão dos últimos dias em que preparavam tudo para a nova turnê. Estava mais do que feliz por Reita e Ruki terem se acertado e estava amando a companhia de Miyavi, mas notou a sutil mudança no comportamento dos guitarristas. Uru parecia mais alheio, mas distante e Aoi continuava o observando à distância. Uma notável tristeza começava a surgir nos dois e isso alarmou o baterista. Mas, uma idéia se formou na mente do moreno que aumentou o sorriso, exibindo ainda mais suas covinhas enquanto se dirigia para o meio da sala, pegando o microfone da mão do loiro, pois era sua vez no karaokê.
"Agora é só esperar as oportunidades. Duvido que depois disso Yuu não tome um jeito e se declara de uma vez", Kai pensou enquanto olhava Aoi e começava a cantar 'Agony'.
Uruha se jogou no sofá, totalmente satisfeito pela nota máxima que conseguira alcançar cantando 'Guren', ao lado de Miyavi que babava descaradamente por Kai. Ficou feliz por sua voz ter agradado a todos mesmo não tendo o costume de cantar em público. Não pode deixar de sentir seu ego sendo massageado ao ouvir de Ruki que era afinado e harmonioso e que se não se cuidasse acabaria tendo o lugar na banda roubado pelo guitarrista. Mas, o melhor de tudo foi receber mais alguns olhares de Yuu. Valeu a pena superar toda a vergonha e timidez, assim, pôde ver seu amado olhando-o admirado como sempre quis, mesmo que fosse apenas um olhar de amigo.
Algumas horas mais tarde, cansados de cantar e dançar, todos resolveram jogar Twister. Cada vez que um deles se 'encoxava' ou caía, a algazarra era total.
Aoi ficou frustrado durante o jogo, pois cada vez que tentava se aproximar de Kouyou Kai se colocava em sua frente impedindo qualquer contato. E isso se repetia todas as vezes que o moreno tentava alguma aproximação. Começando a se irritar achando que o baterista fazia de propósito, chegou perto de Kai querendo perguntar o que estava acontecendo, mas recebeu um lindo sorriso 'inocente' de covinhas e preferiu não dizer nada, se afastando indo até a janela de onde observou a nova rodada do jogo.
Os seis ficaram um bom tempo jogando até que sentiram fome. Revezando-se no banheiro, tomaram banho e aguardaram na sala jogando vídeo game até o jantar ficar pronto. Novamente Kai e Aoi prepararam tudo. Dessa vez fizeram uma enorme lasanha e uma torta de morango para a sobremesa.
Como não podia deixar de acontecer, todos zoaram Miyavi chamando-o de preguiçoso e medroso por ele não ter se oferecido para ajudar na cozinha por birra por causa das brincadeiras do almoço. Isso causou novos chiliques e ataques por parte do cantor, para diversão de todos.
Depois de mais uma rodada de conversa à mesa, todos decidiram assistir a um filme para fechar a noite. Reita havia levado um que contava um pouco da história da páscoa e de seu significado pro cristianismo. Depois de algumas pesquisas ele achara que todos gostariam de ver "A Paixão de Cristo".
Enquanto Kai foi pra cozinha fazer pipoca, os outros foram até a sala para se organizarem. Jogaram algumas almofadas no chão para que Reita e Ruki se acomodassem de frente pra televisão, enquanto Uruha e Aoi se instalavam no sofá e Miyavi na poltrona. Enquanto passava o trailer do filme, Uruha ajudou Kai a trazer as coisas da cozinha para a sala e tão concentrado que estava em não derrubar os copos em cima de um deles que não viu o longo olhar que Aoi lhe lançou, coisa que não passou despercebido por Kai.
O filme começou e o silêncio dominou o apartamento. Vez ou outra Kai olhava para Aoi que prestava mais a atenção em Uruha, que estava entre eles no sofá, do que no filme.
Com a aproximação do final do filme os seis amigos se chocaram com as cenas pesadas. A cada imagem mais forte, Ruki se apertava entre os braços de Reita, se aninhando numa tentativa de se proteger do impacto causado. Miyavi colocou a mão sobre a boca para evitar os gemidos chocados ante a tais cenas de depredação humana.
No sofá, Kouyou começou a tremer incontrolavelmente. Lágrimas banhavam seu belo rosto e essa cena provocou um forte aperto no peito de Aoi que o observava, torturando-o mais do que o próprio filme. Tentava se segurar o máximo que podia para não envolvê-lo em seus braços e aninhá-lo em seu colo para acalmá-lo, com medo de uma reação negativa por parte do loiro, mas, quando os soluços vieram não conseguiu mais resistir estendendo os braços para abraçá-lo.
Ao perceber o desespero de Uruha, Kai sabia que não demoraria muito para que Aoi esboçasse alguma reação e esperava pacientemente que isso acontecesse, para assim poder dar o maior passo em seu plano para juntar os dois. Quando viu o moreno pronto para abraçar Kouyou, o baterista se adiantou e o agarrou, colando seus corpos de uma forma no mínimo estranha para simples amigos.
Aoi paralisou, chocado com a atitude de Kai, pois jurava que o amigo estava tendo um caso com Miyavi. Chegou a pensar que poderia ter sido coincidência, afinal Kai cuidava deles como uma mãe cuida dos filhotes, mas ao ver o sorriso quase malicioso no rosto do baterista e as carícias delicadas que fazia nas costas de Uruha o demônio dos ciúmes o dominou, fazendo-o encarar a televisão com o cenho fechado, quase bufando de raiva.
Kai sabia que estava passando dos limites, mas não podia deixar essa oportunidade passar. Queria que Yuu sentisse muito ciúmes, pois só assim ele perceberia o tamanho dos sentimentos por Uruha e decidiria se declarar. O moreno então notou o olhar intrigado de Miyavi e sentiu uma leve pontada de culpa. Não queria estragar o momento que passava com o cantor, mas agora não podia voltar atrás. Ajudaria aos dois guitarristas a se entenderem primeiro e depois daria um jeito de explicar tudo a Myv, pois tinha certeza que ele o entenderia e apoiaria sua decisão.
Ao término do filme, Ruki e Uruha choravam como crianças enquanto Reita e Kai tentavam acalmá-los. Miyavi e Aoi ostentavam a mesma expressão emburrada, os ciúmes imperando entre eles.
Uruha se comoveu muito com o filme. Não sabia que o Deus dos ocidentais havia sofrido tanto por um motivo tão belo. Estava perdido ali naquele mar de sensações quando sentiu o abraço carinhoso de Kai e não pôde se segurar mais, desabando de uma vez, chorando como uma criança, descarregando toda a tensão daquela semana e as incertezas dos motivos e ações de Aoi, sobre os ombros de Yutaka, sentindo-se leve como há muito tempo não se sentia. E ao sentir as delicadas carícias do amigo nas costas e o calor gostoso do corpo menor aos poucos começou a relaxar sentindo o cansaço da noite não dormida finalmente abatê-lo por completo.
Ao ver Uru praticamente se derretendo nos braços de Kai, Aoi enlouqueceu. Já não via mais nada além da cena protagonizada pelos amigos. Não suportando mais, levantou-se e alegando uma forte dor de cabeça foi para o quarto, se segurando pra não soltar a orla de palavrões que lhe vinha à mente e resistindo à tentação de bater a porta do quarto como queria fazer com a cara do baterista.
Um pouco envergonhado com a perda total de controle, Kouyou preferiu continuar com o rosto enterrado no pescoço de Kai. Não queria encarar os amigos e ser alvo das piadinhas da noite, não se sentia bem pra isso. E foi desse jeito, aninhado nos braços de Kai que ouviu Aoi se despedir, comentando algo sobre uma dor de cabeça que o assolava. O loiro se surpreendeu com o tom de voz estranhamente seco usado pelo amigo ao falar para eles continuarem se divertindo. Apesar do sono, Uru ficou preocupado com o bem-estar de Yuu, pensando mesmo em ir ver se ele estava bem, mas as forças faltaram. Então se permitiu ficar aconchegado no colo de Kai.
Miyavi se mordia na poltrona enquanto olhava o comportamento de Kai. Queria entender o que se passava na cabeça do moreno para fazer aquilo, pois não era normal depois de tudo o que fizeram ele simplesmente se esfregar descaradamente em Uruha em sua frente. Sua vontade era voar em cima daquele guitarrista abusado que se aproveitava do calor do seu moreno. Respirando fundo, Myv desviou o olhar antes que perdesse totalmente as estribeiras e cometesse uma loucura.
Kai sorriu internamente ao olhar para Miyavi. Era nítido o ciúme que o corroia. Apesar da sensação de culpa o assolar não podia negar que gostava de saber que era capaz de provocar tais sensações no cantor. Cada vez mais gostava daquele ser extravagante e extrovertido e a certeza de que era ele sua alma gêmea crescia a cada segundo que passava.
Olhando para a porta do quarto de hóspedes, Kai exultou por ver seu plano dando certo. Depois que a poeira baixasse Aoi veria que tudo aquilo que sentiu só podia ser fruto de uma paixão. E o moreno torcia muito pela felicidade dos amigos.
Algum tempo depois Reita e Ruki se despediram, indo para o quarto, pois o sono começava a ganhar espaço e eles queriam estar bem dispostos para a caçada aos ovos de páscoa que haveria no dia seguinte.
O baterista então percebeu que Uru estava praticamente adormecido em seu colo e não pôde deixar de achar que Aoi tinha um excelente bom gosto. Pensando em levar o loiro para o quarto, Kai o sacudiu levemente, fazendo sentar-se direito no sofá enquanto ficava de pé. Vendo que precisaria ajudar, puxou Kouyou, levantando-o e apoiou-o em seu corpo, pois ele estava bêbado de sono. Amparando o mais alto, Yutaka caminhou lentamente com ele até o corredor dos quartos, sentindo o olhar de Miyavi acompanhá-lo insistentemente, fazendo-o sorrir levemente.
Aoi estava tão agitado no quarto que andava de um lado para o outro tentando conter o turbilhão de sentimentos que o invadia. Ao ver Ruki e Reita entrando no cômodo obrigou-se a sentar na janela, no mesmo lugar que Uruha passara a noite anterior. Perguntava-se quanto tempo mais o loiro iria demorar em ir para o quarto, pois sabia que só ia conseguir deitar quando o visse por perto. Toda essa agitação lhe deu muita sede, pensando em ir até a cozinha tomar água e assim aproveitar para espiar a sala, Aoi levantou-se e saiu para o corredor.
Quando chegava em frente ao seu próprio quarto, Kai viu a porta do quarto de hóspedes se abrindo e Aoi saindo. Parou de caminhar, apoiando o corpo do loiro na parede e olhou para Yuu que estacara no ato de andar e os observava com uma expressão indecifrável no rosto. Aumentou o sorriso ao ver o brilho quase mortal cintilando nos olhos do mais velho e isso o impeliu a apelar em seu plano.
Aoi simplesmente não sabia o que fazer. A visão de Kai prensando Uruha na parede o sufocava de tanta raiva... E inveja. O moreno cerrou os pulsos, tentando se impedir de fazer o que lhe passava pela mente, focando-se em deixar o semblante o mais neutro possível.
Lançando um olhar para Yuu e sorrindo maliciosamente, Kai encostou-se ainda mais em Uruha, beijando o rosto andrógeno que estava quase adormecido. Afastou-se o mínimo para abrir a porta de seu quarto e voltou a colar-se no corpo maior, não sem antes ver Aoi respirando fundo consternado, o puxando suavemente e conduziu-o para dentro do cômodo. Fechou a porta e trancando-a logo em seguida, se controlando para não cair na gargalhada ante a face furiosa de Shiroyama.
Miyavi, que ainda seguia Kai com os olhos, correu até a porta do quarto tentando, inutilmente, abrir a porta. A incredulidade estampada em sua fisionomia. Uma dor aguda em seu peito. Seus olhos adquiriram um brilho triste. Achara que poderia construir um futuro com o baterista, mas descobrira-se enganado. Conformando-se com a triste realidade, Myv caminhou até Aoi que continuava parado no meio do corredor e entrou no quarto de hóspedes. Esperaria até o amanhecer antes de dizer adeus para sempre àquele que roubara seu coração.
Aoi ficou muito tempo parado, sem mover absolutamente nada, tentando processar tudo aquilo que acabara de ver. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Vira o estado que Miyavi ficara e sabia exatamente o que ele sentia, pois era o mesmo que ele passava naquele momento. Cansado e furioso por tudo, lançou um olhar magoado para a porta do quarto do baterista e voltou para o quarto de hóspedes.
No quarto, Kai deitou Uru, que já estava de pijama, na cama e apagou as luzes, caminhando rapidamente até o banheiro adjacente ao cômodo. Enquanto trocava de roupa olhou-se no espelho, encarando profundamente os olhos de seu reflexo. Não pôde deixar de rir de sua pequena travessura. Descobrira-se muito mais apaixonado do que imaginava e notara que esse sentimento era recíproco.
"Espero que Miyavi me deixe explicar antes de tirar conclusões erradas ao meu respeito. Afinal fiz tudo isso por uma boa causa", apressando-se, Kai apagou as luzes e voltou para o quarto, deitando-se ainda sorridente ao lado de Kouyou.
Continua...
*flutuando pelos céus, jogando pétalas de rosas vermelhas para cima, enquanto anjos fazem som de fundo*
Por Kami, eu simplesmente AMO a minha amiga secreta de páscoa.
Ela é simplesmente fofa, meiga, gentil, atenciosa, paciente. Sempre me socorrendo e cuidando de mim. Junto com a Mommis Anúbis, sempre está ao meu lado, dando o apoio necessário para continuar prosseguindo.
Em todo o vasto vocabulário português, faltam palavras para descrever essa pessoa que a cada dia que passa se torna ainda mais importante para mim.
Minha Amiga Secreta é a minha maninha linda, Yume Vy.
Yu-Chan sei que o presente é singelo, mas foi feito com todo o meu amor e carinho. Cada palavra aqui é totalmente dedicado à você. Obrigado por me deixar participar ao menos um pouco da sua vida.
Agradeço à minha beta e amiga Samantha Tiger Blackthorn por seu trabalho incrível. *gruda no estilo Coalinha*
Agradeço ainda mais a minha Mommis ADORADA Lady Anúbis. Obrigada mais uma vez pela força. Sem você não sou nada.
Espero que gostem e comente.
Beijos,
Eri-Chan
14 de Maio de 2009 - 11h:00min
