Através dos Tempos...

Por Stephane Nelle

Os Ritos da Ilha Sagrada

A iniciação

Sentia o vento bater em seu rosto e agitar seus cabelos à medida que cavalgava, em um cavalo manso, com campos de trigo a sua volta, fazia umas três horas que saíra da casa de seus pais em companhia de uma mulher pequena de cabelos negros marcados com alguns fios brancos, com olhos castanhos bondosos. Seu nome era Morgana, mais conhecida como a Senhora do Lago.

Estava ainda em estado de choque, sem nem que nem ao menos conseguisse guardar o caminho a sua volta. Nem podia acreditar estava indo para Avalon, a ilha das fadas, das grandes sacerdotisas e dos Druidas, sonhava com esse dia desde que descobrira ter a Visão. Sua mãe era sacerdotisa, e havia sido criada em Avalon, aprendendo seus costumes e seus ensinamentos. Mas agora era a vez dela, Sakura a ir seguir seu destino. Tinha apenas dez anos, mas com uma mentalidade de vinte, sempre segura do que queria, e estava pronta para seu treinamento.

Sua mãe nunca lhe contara o que tinha por trás das Brumas, nem o que esperar de lá.

Sete verões depois...

A ansiedade que sentira ao chegar a Avalon, parecia ter retornado com força total. Seus testes já haviam terminado, pode curar um doente, trazer a chuva e produzir o fogo, controlar o vento e fazer crescer as plantas. Sua visão era avançada, e com isso conseguia se lembrar do que previa. Era uma das sacerdotisas mais novas da Casa das Moças a se formar. Nem mesmo a lendária Viviane, havia sido consagrada tão cedo. Mas agora o verdadeiro teste a aguardava, em quanto saía da ilha pela primeira vez, depois de sete anos, mas agora em pé sobre a barca em quanto, enquanto descia os calafrios voltavam.

A sacerdotisa que a acompanhara lhe entregou um punhal curvo, fez uma pequena prece e voltou para a nevoa.

Respirando fundo, entrou pela mata, e logo encontrou o caminho secreto, e enquanto seguia por ele com seu punha na mão, encontrou um homem caído no meio da trilha, e pelo seu estado ao que pode notar, estava gravemente ferido. Com um pequeno encantamento um gamo apareceu ao seu lado e com muito esforço, colocara o guerreiro sobre seu flanco e o levou junto com ela pela trilha secreta.

Após algumas horas, chegou a uma nevoa e ao que pode sentir, pela magia emanando pelo local, havia chegado à fronteira. Porém em vez de ficar aliviada, um medo surgiu e adentrou sobre seu corpo, o medo de não conseguir abrir a nevoa, pareceu cada vez mais forte e fechou os olhos. "Se concentre" pensou e depois de meditar um pouco ergueu suas mãos ao céu, e desejando com toda a sua força, as abaixou.

Ao abrir os olhos, viu que havia chegado ao pomar de maças, e lá estava Morgana e Tsunade, a sua espera. E guiando o Gamo, com seu passageiro desacordado, voltou para o mundo da Magia, seu lar.

OoOoO

- Mas o que é que você estava pensando ao trazer um homem para esta ilha? – dizia uma furiosa Morgana – Não sabe que é expressamente proibido um homem por os pés nesta parte da Ilha? Só permitidos homens na parte dos Druidas, você sabe bem disso.

- Me perdoe, mas ele estava ferido na trilha, secreta e ela o deve ter protegido da morte, pois estava gravemente ferido, e para aceitar a proteção ele deve ter o Poder, por isso não vi problema.

- Está bem, você cuidou dele, e ele já está melhor, e se tiver mesmo o Poder ele será treinado pelos Druidas, e no próximo verão, será consagrado em Beltane. Mas isso ocorrerá somente se ele for da antiga crença.

- Muito obrigada.

- Não agradeça, você errou ao ter trazido, ele para cá. Por isso eu escolherei seu voto. Pode ir.

Não podia acreditar, Morgana era quem iria escolher seu voto, e seu destino estaria na mão dela. Quando ela escolhia os votos quase sempre, era de silêncio ou de castidade. O voto que escolhera seria nunca deixar a ilha, mas seus planos estavam arruinados. E com alguma determinação ela rumava para o circulo de pedras, para fazer os votos e receber a marca sagrada da lua da Deusa em sua testa.

O circulo de pedras, era um lugar de ritos de iniciação e de força. Tinha gigantescas pedras todas em circulo e apenas uma pedra chata no meio. O lugar estava enfeitado com flores do campo e rosas, a magia que emanava dali era impressionante, e ao mesmo tempo acolhedor. E alguém percebeu um vulto escondido, que não deveria estar ali.

Usando somente uma rúnica preta meio transparente o que deixava seu corpo um pouco exposto, mas não havia problemas, estaria cercada apenas de mulheres e todas já iniciadas.

Com seus longos cabelos rosa trançados entrelaçados com pequenas flores, estava deitada na pedra do centro. As mulheres dançavam a sua volta, entoando cânticos desconhecidos aos ouvidos de quem não acreditava. Morgana pintava o crescente em sua testa, marcando-a serviço da Deusa. Ao final Sakura se levantou e entrou em transe, ajoelhou-se nos pés da Senhora do Lago, que dizia:

- Eu Morgana das Fadas, Senhora do Lago, serva da Deusa, em todas as suas formas, e aparências, consagro esta noviça a sacerdotisa, em nome da Deusa. Que o crescente em sua testa não lhe deixe ir para o caminho errado, jurando sua lealdade e serviço. E agora deixe que ela faça os votos de entregar a castidade e virgindade a Deusa quando lhe for necessário.

- Eu Haruno Sakura, agora chamada de Sakura das Fadas, lhe entrego minha castidade e virgindade, para vossa divindade.

Então um vento forte soprou, e todas souberam que Sakura das Fadas, havia finalmente se tornado uma sacerdotisa de Avalon. Agora ela compreendia o verdadeiro poder da Deusa em seu Corpo.

OoOoO

Durante a cerimônia, o vulto assistiu tudo e ficou admirado, nunca havia visto um ritual, com tantos mistérios escondidos. Vivia naquela crença desde os quinze anos, conhecia muito pouco dos ritos, muitos ainda eram desconhecidos. Os únicos em que havia participado eram os ofertórios oferecidos para a Deusa no fim da colheita, como benzer a terra com leite e mel.

Os ritos do início da colheita, só haviam ouvido que tinha fogueiras no meio, mas não sabia exatamente do que se tratava.

- Você deveria estar deitado e certamente não deveria estar espionando um ritual, somente para servos da Deusa...

- Ai... - Virou a cabeça tão rápido que estralou o pescoço. E foi ai que viu a sacerdotisa de cabelos rosa que fora iniciada no ritual...

- Mas não se preocupe, não vou contar nada... Mas você terá que responder as minhas perguntas. Feito?

- Feito.

- Quem é você?

- Uchiha Sasuke.

- Da onde você veio? O que você faz? Por que estava caído no caminho secreto? Sua família?...

- Tá pode parar, é melhor eu contar tudo do começo... Bom eu sou Uchiha Sasuke, vim de um apequena aldeia, perto de Carleon, meus pais morreram quando eu era um bebê, durante a batalha entre Arthur e Mordret, fui criado nessa vila como cristão, e quando tinha quinze anos, fui procurar minha família, e soube do que tinha acontecido, tomei posse das minhas terras, mas o povo era pagão e para que me aceitassem virei um também, e agora eu não posso acreditar que era cristão e agora eu sinto que sou completo, mas seus sacerdotes haviam morrido durante a guerra e por isso não havia quem celebrasse os ritos... E me disseram dessa ilha e vim buscar ajuda...

- E acabou de encontrar. Continue.

- Mas fui atacado, por um grupo de ladrões, e senti que podia com todos eles, mesmo sem espada, e foi o que fiz... Venci quase todos, e os que sobraram fugiram, mas não sem antes me atacarem pelas costas, cai desacordado e aqui estou eu...

- Preciso que você, pegue este punhal, é meu como sacerdotisa... E acerte naquele tronco depois das pedras...

Pegou o punhal, e olhou a distancia não era tão longe, mas seria quase um milagre acertar já que nunca havia feito aquilo antes, mas mesmo assim resolveu tentar...

Arremessou o punhal e fechou os olhos, e quando os abriu, viu que tinha acertado no meio do tronco e olhou abismado para Sakura, como se perguntasse como tinha feito aquilo...

- É porque você tem o Poder, de vencer exércitos, comandar soldados, força para lutar agilidade para desviar de flechas e espadas, provavelmente sua família vinha do povo das fadas.

- E o que eu faço?

- Você será treinado, e depois consagrado, receberá o dragão em seu braço, e seu povo o aclamará como rei.

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