N.A.: Bem, essa fic nasceu da minha vontade de escrever um artigo sobre como eu não acho que o Sev seja realmente mau. Então eu desisti do artigo e resolvi que uma fic explicaria muito melhor. Originalmente é só uma one-shot, mas já me disseram que eu deveria escrever mais... Num sei, ainda tô indecisa. Deixem suas reviews e digam se vale a pena. carinha de cachorro molhado no meio da rua morrendo de frio

De qualquer modo, espero que vocês gostem...

Disclaimer: Nenhum desses personagens aqui é meu, eles pertencem à JKR, nossa querida, amada, idolatrada, salve, salve, viva todo mundo!

E esse 'viva todo mundo' pertence ao Maurício, assistente do Júlio, rei dos lêmures... hehehehehe... tudo bem, eu sou louka...

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Ali estava ela, escondida num canto da Sala Precisa. Ainda não conseguira assimilar tudo o que acontecera nos últimos dias. Por uma das poucas vezes em sua vida, a senhorita sabe-tudo estava errada. Severus Snape era uma farsa, um traidor. Como ela podia ter se deixado enganar tão facilmente? Como fora estúpida e nunca acreditara nas suspeitas do Harry. Mas afinal, até mesmo Dumbledore havia sido enganado. Ao pensar no diretor, lágrimas silenciosas começaram a lavar seu rosto. Ela ainda não conseguia acreditar na morte de Dumbledore. Não conseguia acreditar que no começo do próximo ano, ela não o veria abrir os braços no banquete de início de ano, e dar a todos as boas vindas; que quando Harry tivesse algum problema, ela não poderia dize-lo para procurar o diretor; que quando finalmente chegasse o dia da batalha final, ele não estaria lá para lembrar a todos, antes de começar a luta, que não importava o que acontecesse, eles deveriam lembrar que o amor é capaz de transpor qualquer obstáculo.

Tudo isso era culpa dele! De alguma forma, essa traição havia deixado-a muito mais abalada que aos outros. Eles nunca pareceram ter realmente perdoado Snape, apenas o aceitavam porque Dumbledore confiava nele. Mas com ela era diferente. Ele sempre fora uma espécie de refúgio. Sim, refúgio. Não importava o que estivesse acontecendo do lado de fora do castelo, ele sempre continuava o mesmo. Todos os outros professores não conseguiam esconder o medo que sentiam da nova ascensão de Voldemort, mas Severus Snape nunca demonstrara nada. O mundo em guerra e ele apenas preocupado com alguém derretendo mais algum caldeirão. Esse seu comportamento sempre a confortou. Ele a dava esperança de que, mesmo passando por tudo que sabia que ela e seus amigos deveriam passar, sempre haveria um lugar seguro ao qual retornar.

"Sua burra." pensou "Ele não se preocupava, porque qualquer que fosse o lado vitorioso, ele sairia ganhando."

Ela levantou-se e começou a vagar pela Sala, sem saber ao certo onde estava indo. Assim ficou, durante o que lhe pareceram horas, apenas vagando. Ocasionalmente parando para observar um objeto ou outro. Parecia que a Sala havia se tornado uma espécie de depósito de coisas velhas. Velhas e perigosas, ela notou, ao passar por um machado coberto de sangue.

"Parece que quem deixou isso aqui, realmente estava tentando esconder alguma coisa." Pensou.

Mais à frente, ela viu um armário, provavelmente corroído por algum ácido. Ela já tinha se afastado alguns passos, quando uma sombra de compreensão passou pelo seu rosto. Voltou, então, ao armário e abriu-o. E, como havia pensado, ali estava ele. O livro que outrora pertencera ao homem que agora ela mais odiava na face da terra.

Um pouco incerta, sentou-se no chão, na frente do armário e começou a folhear o livro. Ela tinha que admitir que ele realmente era inteligente. Mesmo as mais complicadas poções, ele sempre arranjava um jeito de simplifica-las. Para ela, era simplesmente ultrajante que uma pessoa tão inteligente pudesse ser igualmente vil.

Lá pelo final do livro, ela achou uma página com umas inscrições que ela não conseguia decifrar. Conhecia apenas uma palavra: 'mors', que ela sabia ser 'morte' em Latim. Resolvendo que depois se preocuparia em achar um dicionário, ela resolveu prestar mais atenção na poção daquela página. Era um dos venenos sem antídoto que o professor Slughorn mencionara durante o ano. Era feita para matar exatamente como o Avada Kedavra, sem deixar nenhum vestígio. Ao ler aquilo, um arrepio passou pela sua espinha. Contudo, decidira ignora-lo e concentrar-se na inscrição em latim no topo da página:

Ignavus Mors: coquinare plus trini hora et addere trini gutta de vinum. Acquire immodicus claritas virens.

"Ótimo," pensou "onde vou arranjar um dicionário de Latim? A essa hora a biblioteca já deve estar fechada!"

Mal terminara de pensar e um dicionário de Latim já encontrava-se em seu colo. Sem entender nada, ela olhou pros lados e, após mais alguns segundos de confusão, falou:

- Lógico, Hermione, você está na Sala Precisa, não é? – E sem mais delongas, foi procurar o significado das palavras inscritas.

Cinco minutos depois, ela encontrava-se olhando para a seguinte frase:

Morte lenta: cozinhar mais três horas e adicionar três gotas de vinho. Adquire brilho verde extremo.

Aquilo ainda não fazia sentido algum. Porque alguém iria querer matar lentamente, podendo acabar com o serviço logo de uma vez?

- A não ser que... – falou para si mesma - que ele quisesse dar tempo o bastante para a pessoa confessar alguma coisa.

Tomada de uma súbita inspiração, Hermione pegou sua varinha e apontou para a página do livro.

- Specialis revelio!

Seu coração deu um pulo quando, em cima da inscrição em Latim, apareceram as palavras:

Para o Lorde das Trevas.

E embaixo da inscrição vinha:

Primeiramente causa apenas alucinações, depois, dor severa e, finalmente, rompe cada umas das veias do corpo.

Hermione ficou parada durante muito tempo, ainda fitando a página, embora mal a estivesse vendo. Sua mente estava trabalhando furiosamente. Harry havia contado, detalhe por detalhe, da noite em que Dumbledore morrera, inclusive o incidente na caverna. Seria possível que essa fosse a poção que Dumbledore tomara para pode chegar ao Horcrux? Logo quando soube da poção, Hermione logo cogitou a idéia de que provavelmente fora Snape quem a preparara. Os meninos haviam concordado, mas até agora, ela ainda não tinha levado muito a sério essa idéia, a encarava apenas como mais uma coisa pela qual culpar Snape. Mas será que fora mesmo ele quem preparara a poção? Talvez ela estivesse apenas ficando maluca. Então leu a inscrição de novo.

Acquire immodicus claritas virens.

- É claro! – disse para si mesma - Harry disse que o brilho verde da poção chegava até as margens do lago! Tudo faz sentido! Como Dumbledore disse, Voldemort iria querer saber como a pessoa havia chegado lá, para poder melhorar as suas defesas, mas se ele não percebesse que alguém havia chegado lá, não haveria problema, pois a pessoa ia morrer mesmo assim, já que não existe antídoto pra essa poção! Mas então...

Mais uma vez, uma sombra de compreensão passou pelo seu rosto.

- Então Dumbledore já estava morrendo quando chegou aqui. – Mais um arrepio passou por sua espinha.

Lembrou-se, então de Harry contando sobre os últimos momentos do diretor.

"Então – dissera ele – Snape chegou e olhou toda a cena, então eu ouvi Dumbledore pedindo por favor, a sua voz estava muito fraca. Foi aí que Snape foi até ele e os dois se olharam por um tempo, até que Dumbledore disse: 'Por favor, Severus'. Foi aí que aquele bastardo levantou a varinha e..."

- Lógico! Como eu pude ser tão estúpida? Eles se olharam! Como é que dois fantásticos Legilimens se olhariam sem ocorrer nenhuma troca de informações? É lógico que ali, Dumbledore passou tudo o que tinha acontecido para Snape. Ele já estava morrendo, mas ainda assim, Snape tinha que mata-lo para cumprir o Unbreakable Vow (Voto Inquebrável), senão quem morreria era ele. Então, quando Dumbledore falou 'Por favor, Severus', ele não estava implorando por sua vida, e sim pela sua morte!

Parecia que todo o ar havia saído de seus pulmões. Certamente era uma teoria bastante absurda, mas, por algum motivo, ela não conseguia deixar de acreditar em cada parte dela.

- Eu preciso contar isso pros meninos. – E saiu tão apressada da sala que na primeira esquina colidiu com algo muito sólido que lembrava terrivelmente...

- Professora McGonagall!

- Senhorita Granger! O que está fazendo, correndo pelos corredores assim? – perguntou Minerva, apertando o coração por conta do susto.

- Desculpa, professora. É que eu precisava muito falar com o Harry e com o Ron.

- Tudo bem, isso pode esperar. O retrato de Dumbledore me pediu que a chamasse.

Hermione levou pelo menos 30 segundos para absorver as palavras de Minerva.

- Como assim? – perguntou Hermione, totalmente perplexa.

- Isso mesmo que a senhorita ouviu. Parece pouco ortodoxo, mas é isso mesmo. Então, por favor, me siga.

Hermione, ainda perplexa, concordou e seguiu a professora até a sala do diretor, que agora pertencia a ela.

Assim que entraram, o retrato de Dumbledore disse:

- Ah! Senhorita Granger! Como fico feliz em vê-la.

- Olá, professor Dumbledore. – respondeu, meio incerta.

- Minerva, será que você poderia nos dar licença por alguns minutos?

- Certamente, Albus. – respondeu a professora. Hermione pode notar a tristeza em seus olhos e a compreendia perfeitamente. Era extremamente doloroso ver Dumbledore em um retrato e saber que, esse era o único jeito de vê-lo.

Assim que Minerva fechou a porta, como se lesse os pensamentos da menina, Dumbledore disse:

- Não fique assim, minha querida. Como certa vez eu disse para o Harry, para a mente bem estruturada, a morte é apenas a grande aventura seguinte.

- É claro, professor. Mas ainda assim, o senhor faz muita falta. – agora Hermione não conseguia mais conter as lágrimas teimosas que cismavam em rolar pelo seu rosto.

- Senhorita Granger, ouça o que eu vou lhe dizer e guarde isso pelo resto de sua vida: não chore nunca pelo que não vale a pena. Lembre-se disso. – o mesmo sorriso de sempre iluminava o seu rosto – Mas agora vamos ao assunto que a trouxe aqui. Se eu não muito me engano, provavelmente, a senhorita já deve ter descoberto a verdadeira razão da minha morte.

Hermione sentiu suas pernas fraquejarem e sentou-se na cadeira de frente para a mesa, que agora pertencia a McGonagall. Como ele poderia saber?

- A-acho que sim, professor.

- Então conte-me, que eu corrigirei seus possíveis erros. – Dumbledore falava como se tratasse de apenas mais um tópico discutido em sala de aula.

Hermione contou-lhe tudo o que acontecera na Sala Precisa, todas as suas suspeitas e suas conclusões. Dumbledore permaneceu calado enquanto ela falava.

Quando Hermione terminou seu relato, Dumbledore finalmente falou.

- Senhorita Granger, se quadros pudessem dar pontos às Casas, certamente eu daria pelo menos 100 pontos para a Grifinória pela sua brilhante dedução.

- Quer dizer que eu estou certa, professor? – perguntou Mione, um pouco abismada.

- Completamente, senhorita Granger.

- Então por que o senhor não conta isso para os outros?

- Simples, porque ninguém iria acreditar. – ao olhar intrigado de Hermione, ele continuou – Em vida, eu sempre confiei cegamente em Severus. Todos sempre acharam que eu havia dado uma segunda chance a ele, simplesmente pela minha "obsessão", diriam eles, de ver o bem em cada um. Agora, todos têm certeza de que eu estava errado em relação a Severus. Agora pense bem, se a senhorita não tivesse descoberto nada daquilo e eu, na condição de retrato, falasse que Severus não havia me traído, a senhorita acreditaria ou acharia que era apenas minha determinação em ver apenas o lado bom das pessoas?

- Eu... – Hermione sabia que não precisava nem pensar antes de responder – eu acharia que era apenas a sua determinação de ver apenas o lado bom das pessoas. – disse, sentindo-se um pouco envergonhada.

- Não há porque se envergonhar, senhorita Granger. Se eu estivesse em seu lugar, também pensaria a mesma coisa, afinal eu nunca dei uma razão realmente convincente a ninguém sobre a minha total confiança no professor Snape.

- E qual razão seria essa, professor?

- Por que a senhorita não faz essa pergunta ao professor Snape quando encontra-lo?

- Como assim, quando eu encontra-lo, professor?

- Senhorita Granger, certamente a estudante mais brilhante de Hogwarts já deveria ter percebido o que eu vou pedir-lhe. – Hermione ficou vermelha ao ouvir tamanho elogio de Dumbledore.

- O senhor quer que eu vá atrás do professor Snape?

- Certamente, minha querida. Só você pode provar a inocência dele. Mas eu sugiro que a senhorita, antes de qualquer coisa, conte aos seus amigos a sua descoberta.

- Mas, professor, eu não tenho nem idéia de por onde começar! – disse, um pouco amedrontada com o que Dumbledore estava lhe pedindo para fazer.

- Ah, senhorita Granger. Certamente um cérebro como o seu, irá encontrar a resposta facilmente. A senhorita e seus amigos sempre me pareceram muito bons em descobrir tudo que lhes era escondido. Contudo, a senhorita tem todo o direito de não aceitar essa missão, afinal, o que estou lhe pedindo pode ser extremamente perigoso.

- Eu aceito, professor Dumbledore. – disse, tomada de um súbito impulso de coragem - Eu não poderia viver comigo mesma sabendo que, por minha causa um inocente está sendo julgado erroneamente. Eu lembro perfeitamente de como era com o Sirius e não quero que o professor Snape acabe que nem ele. Eu farei o que o senhor me pediu e pode contar que não vou desaponta-lo.

- Eu tenho certeza que não, Hermione.

Assim, ela deixou o escritório de McGonagall com a certeza de que, aconteça o que acontecer, ela terá seu refúgio de volta.

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