Capítulo Único.

"Two sides of the same coin." — Kilgharrah & Hunith.

O coração do jovem mago ardia, assim como o do rei. Eles necessitavam chegar ao lado, Merlin tinha que salvar Arthur, salvar seu melhor amigo, salvar o seu rei, o seu amor.

— Só... só me segure, por favor... — Arthur sussurrou a Merlin.

No mesmo instante o servo obedeceu-o, segurando o mais forte possível o rei. Aquela situação fazia seu coração praticamente sangrar, afinal Arthur Pendragon não poderia simplesmente morrer.

— Tem algo que quero dizer — o loiro murmurou preso ao céu, fitava-o um tanto perdido.

— Não vai se despedir — o moreno comentara de imediato

— Não, Merlin. Tudo que você fez eu sei agora. — Arthur sussurrou ajeitando seu corpo e seus olhos, até encontrarem os de Merlin. Se ele morresse naquele momento ele saberia que morreria feliz, pois sabia que morreria olhando aqueles olhos, os olhos de seu servo, do seu amor proibido. — Por mim, por Camelot. Pelo Reino que me ajudou a construir.

— Você teria feito sem mim — o jovem mago dissera no mesmo momento, arrancando assim um pequeno sorriso dos lábios do rei.

— Talvez — o loiro respondeu ainda com o belíssimo sorriso preso em meio aos lábios. — Quero dizer algo que nunca disse antes... Obrigado.

E então o rei levou suas mãos ao rosto de Merlin, tocando-o. O jovem mago se assustou inicialmente, no entanto cedeu ao toque.

Obrigado, Merlin — Arthur sussurrou novamente, olhando fixamente os olhos azulados de Merlin. Realmente ele não se importava em morrer nos seus braços.

— Arthur... — Merlin sussurrou-o com o peito sôfrego, sem conseguir-se conter lágrimas escaparam dos seus olhos.

— Não me solte, por favor — o loiro suplicou com lágrimas em seus olhos também. Ele não queria chorar, não queria permitir-se chorar, pois se chorasse saberia que quebraria o coração do moreno. E ele não poderia dar-se ao luxo disso.

De todas as coisas do mundo, de todos os sentimentos do mundo, o sentimento que sempre reinara entre aqueles dois homens fora amor. Sim, o tal amor proibido. Eles sempre souberam que não poderia ficar juntos, sabiam que nunca poderiam entregar-se ao sentimento que tanto vinham escondendo com o passar de anos.

— Nunca... — O mago soluçou, segurando ainda mais firme – na medida do possível – o seu rei. — Nunca irei te soltar.

Arthur sorriu fracamente com aquilo, porém em meio a aquele sorriso lagrimas escorreram de seus olhos, fazendo-o tudo ficar ainda mais triste, mais desesperador.

Definitivamente um precisava do outro, afinal eles eram os dois lados da mesma moeda.

— Obrigado... — Arthur agradeceu mais uma vez e então sem pensar duas vezes deixou as palavras mais sinceras escaparam por entre seus lábios já um tanto sem vida: — Eu te amo, Merlin.

Aquelas benditas palavras não pegaram o jovem mago de surpresa, pois ele sempre soubera. Pelo menos deduzia. A amizade dele e do rei não era normal, era diferente, era especial. E mesmo que nunca tivessem deixado aquelas benditas três palavras saírem de suas bocas... Mesmo assim ele sabia.

— Eu também te amo, Arthur... — Merlin sussurrou e assim outro soluço escapou entre seus lábios.

O rei sorriu mais uma vez, olhou-o no fundo dos olhos outra vez e assim fechou os olhos com pesar. Infelizmente o grande rei não era mais dono do seu corpo, nem de seu destino.

— Arthur... Não! — o moreno suplicou, sacolejando o corpo do loiro. — Arthur! Arthur! Por favor... Arthur!

Nenhum sinal viera-o. Arthur havia partido.

— Eu não posso te perder, você é meu amigo — soluçou desesperado. — Você e eu somos destino.

Tudo aquilo deixava o pobre mago ainda mais desolado, nada poderia modificar-se, nada voltaria a ser como antes. Merlin sempre quis que Arthur soubesse de tudo. Não só dos seus sentimentos quanto a ele, mas também quanto à magia, quanto ao que iriam construir juntos.

— Eu sempre soube que não ficaríamos juntos... — Merlin sussurrou, acariciando os cabelos loiros em seguida. — Você sempre teve o dever com o seu povo, e eu sempre tive o dever de te proteger. Mas eu falhei, eu não te protegi... Eu prometi que te protegeria ou morreria ao seu lado...

O jovem mago respirou com certa dificuldade e então, sem pensar muito levou seus lábios aos do rei, selando-os. Era o primeiro e último beijo deles. Os lábios vivos de Merlin presos aos lábios mortos de Arthur.

— Eu nunca vou esquecer você... Nós somos destino, nós somos melhores amigos, somos rei e servo, somos Arthur e Merlin.

O moreno sorriu fracamente ao dizer aquilo, e então juntou seus dedos aos dedos gélidos do amado, tocando-os.

— Eu nunca vou deixar de te segurar...

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