Créditos: Harry Potter e seus personagens pertencem à J.K. Rowling.
Essa fanfic é continuação de Orgulho e Preconceito, mas não é necessário ter lido ela para entender o que acontece aqui.
Fazia quase dois meses que eu e Scorpius havíamos começado a namorar, no começo todos acharam isso muito estranho, principalmente meus primos, os quais só se convenceram de que eu não estava louca depois de um interrogatório na sala comunal da Grifinória, James até tentou me mandar fazer sua lição de poções para provar a minha lucidez, mas eu disse que não faria isso nem sobre o controle de um imperius e isso pareceu convencer ele da minha sanidade mais do que qualquer coisa que eu pudesse ter dito. Com o tempo, eles acabaram aceitando e viram que Scorpius realmente tinha mudado e não era mais o garoto arrogante de antes com quem sempre brigávamos.
Mas ainda tinha um problema que me preocupava: meus pais. Eles ainda não sabiam nada sobre o meu namoro e eu tinha feito meus primos jurarem que não contariam nada pra ninguém da nossa família que não estivesse em Hogwarts até que eu decidisse o momento certo para isso. Eu estava esperando pelo natal, quando eu iria para casa e então poderia conversar com calma com eles, eu já tinha planejado tudo o que iria falar, mas ainda tinha a impressão de que nenhum de meus esforços iria tornar aquela conversa mais tranqüila, não queria nem pensar na reação que meu pai iria ter quando ouvisse as palavras namorado e Malfoy juntas na mesma frase. Mal sabia eu que as coisas iriam sair bem pior do que qualquer um podia imaginar.
Faltava apenas uma semana para que embarcássemos no Expresso de Hogwarts em direção à Londres e, conseqüentemente, eu estava uma pilha de nervos, me distraia facilmente e mal conseguia prestar atenção nas aulas. Foi em um desses momentos que esbarrei em Hillary Silverstone, quando estava à caminho da aula de Aritmancia.
– Vê se olha por onde anda Weasley. – Guinchou ela. – Eu não sou obrigada a ter que agüentar uma mestiça nojenta como você atrapalhando o meu caminho. – Ela terminou jogando uma mecha de seu cabelo negro, que havia caído na frente de seu rosto, para trás.
– E eu não sou obrigada a ouvir tanta idiotice quanto as que saem da sua boca Silverstone.
– Garota, se você está achando que só porque está namorando o Malfoy agora você pode falar desse jeito, tá muito enganada e se eu fosse você eu ficava bem quietinha. Você pode pensar que seus problemas acabaram, mas eles só acabaram de começar. – E com isso ela saiu andando, jogando os cabelos para trás e agindo como se estivesse em uma passarela.
Eu continuei meu caminho em direção à aula e a principio ignorei o que Hillary havia dito, nada fazia o menor sentido também. Mas ao longo do dia a última frase dela começou a incomodar. O que ela queria dizer com aquilo? Que ela ia continuar me irritando e me ofendendo toda vez que me visse? Bom, isso não era novidade, eu tinha convivido com isso os últimos seis anos. Mas o jeito como ela dissera aquilo me preocupava, ela tinha um brilho louco em seus olhos e foi só então que eu percebi que nos últimos dias ela parecia ainda mais magra do que já era e mais pálida, havia uma sombra roxa sob seus olhos como se ela não dormisse há muitos dias. Com certeza havia algo de errado com aquela garota.
Mais tarde encontrei Scorpius enquanto íamos os dois para a aula de Transfiguração, fui até ele e fiquei na ponta dos pés para beijá-lo.
– Oi.
– Oi, como foi a aula de Adivinhação? – Eu tinha desistido dessa matéria esse ano. Eu havia passado três anos freqüentando aquela sala que cheirava à incenso e nunca pude predizer nem o que aconteceria dali a cinco minutos, então resolvi ocupar meu tempo com outras matérias, que pudesse aproveitar melhor.
– O mesmo de sempre.
– Muitas previsões de morte?
– Sim. Se fossemos levar a sério o que aquela mulher fala, pelo menos cinco pessoas da nossa turma já teriam morrido esse ano.
Eu ri, lembrando de que essas eram as previsões favoritas da Profª Trelawney e que em nossa primeira aula de adivinhação ela havia me dito, aterrorizada, que eu sofreria de uma doença mortal naquele mesmo ano, o mais perto que eu cheguei disso foi uma dor de garganta depois de um jogo de quadribol em um dia de chuva.
De repente, eu fiquei séria. Por algum motivo, que eu não saberia explicar, as palavras de Hillary voltaram à minha mente. Eles só acabaram de começar.
– Que foi Rosie? – Scorpius percebera minha súbita mudança de humor.
– Nada. É só uma coisa que a Silverstone me disse hoje de manhã, mas é besteira.
– A Hillary? Ok, agora você vai ter que me contar.
– Não é nada, sério. – Eu não queria contar, provavelmente ela só tinha dito aquelas coisas por ciúmes e, além do mais, alguma coisa me dizia que era melhor eu ficar calada sobre isso.
– Rosie, se está te preocupando é alguma coisa, e você sabe que pode confiar em mim. – Ele agora olhava nos meus olhos e estava sério.
Eu acabei contando. Nunca foi boa em guardar segredos. Uma hora eles sempre escapavam da minha boca, mas normalmente era para Katy que eu contava, ela sempre foi minha melhor amiga e confidente, não tinha problema contar um segredo para ela, eu sabia que podia confiar nela.
– A Hillary faz isso só pra te irritar, você sabe. – Scorpius disse após ouvir o meu relato sobre o "encontro" com Hillary. – E, de qualquer forma, ela não faria nada com você, eu não deixaria. – Ele disse isso com determinação e isso, ao invés de me deixar tranqüila, me deixou mais preocupada ainda. Mas, naquele momento a aula ia começar e eu tentei afastar esses assuntos da minha cabeça e me concentrar na matéria, o que eu realmente estava precisando fazer esses dias.
O resto do dia passou tranqüilamente e eu já estava quase esquecendo os assuntos que me preocupavam quando chegou a hora do jantar.
– E aí, já decidiu como você vai falar com seus pais? – Roxanne me questionou enquanto ela, eu, Al e Katy comíamos sentados na mesa da Grifinória.
– Já. Bom, na verdade não sei, eu acho que nada do que eu fizer vai adiantar, quero dizer, vocês conseguem imaginar meu pai aceitando tudo numa boa?
– Não, não mesmo. – Respondeu Al. – Mas você tem que contar pra eles que está namorando o Scorpius, antes que eles descubram por outra pessoa.
– Eu sei. Você tem razão.
Eu acabei de comer e me levantei para ir para a sala comunal, eu tinha tarefas de Poções e Aritmancia para fazer e depois precisava de uma boa noite de sono.
Estava no sétimo andar quando aconteceu. De repente um grito agudo, desesperado e horripilante ecoou pelo castelo, eu vi um brilho verde-esmeralda emanando de um corredor que ia à direção sul cerce de cinco metros à minha frente. E depois veio a risada fria, que parecia carregar a maldade consigo, preenchendo cada lugar pelo qual passava de desespero.
