Olá, tudo bem com você?
Tem um tempão que eu gostaria de postar algo por aqui, mas nunca tive coragem ou algo do tipo. Fora a minha preguiça haha.
Espero que gostem da história. Não sei ao certo que rumo ela tomará, mas espero que gostem. Ela é baseada em outra história que eu escrevi, tempos atrás... porém o anime era outro. Estou modificando-a, com um intuito de aprimorar.
Como sou bastante insegura, não postarei outro capítulo até receber alguma informação de como estou me saindo.
Novamente, espero que gostem!
Beijos!
Giiz.
"...Kiss me like you wanna be loved
You wanna be loved, you wanna be loved
This feels like falling in love
Falling in love, we're falling in love
Settle down with me
And I'll be your safety, you'll be my lady
I was made to keep your body warm
But I'm cold as the wind blows
So hold me in your arms..."
Kiss Me – Ed Sheeran
Olhar para o relógio era tudo que ele podia fazer. 28 dias naquele lugar. Só tinha passado seis dias e já estava entediado. Já estava – pasmem! – com saudades do seu meio-irmão e até do lobo fedido. Ele deu um sorriso de lado com aquele pensamento. Sim, estava enlouquecendo com isso tudo.
Passou o olho pela sala ao sentir um cheiro diferente. A dona daquele cheiro tão peculiar apareceu no seu campo de visão. Seu rosto era abatido e os olhos, de um azul extremamente límpido, eram tristonhos. Bem, era normal ela estar abatida... Estavam numa clínica psiquiátrica. E pelo visto era o primeiro dia dela.
Dirigiu um sorriso tranquilo a ela, que respondeu com um tímido. Ele olhou o relógio novamente. Já iriam passar com o tranquilizante para apagar os pacientes. Queria ter um pouco mais de tempo para conhecê-la. Era a única vez que algo de diferente acontecia naquele lugar... algo que mexesse com ele daquela maneira.
Dito e feito! A enfermeira lhe entregou um potinho com duas cápsulas e como sempre, ele fingiu engolir. Teve uma ideia e lançou um olhar a estranha e ela pareceu entender o recado. Logo foram para os quartos.
23:45
O meio youkai levantou da cama e se olhou no espelho. O corte no supercílio já estava cicatrizado e não deixou marcas marcas. Olhou para os lados, apurou seus ouvidos e saiu do quarto ao constatar que não havia ninguém por perto. Logo foi em direção do quarto da estranha e entrou, encontrando-a sentada na cama.
– Vejo que entendeu meu recado para não engolir aquela porcaria. – Viu que ela não se assustou com a aparição dele.
– Pois é, sou até um pouco esperta às vezes. – ela deu um sorriso gentil, fechando o livro que estava em seu colo e arrumando as mangas da blusa de frio.
– Quer dar uma volta? Conheço uns lugares bacanas por aqui. - Perguntou ele, olhando o quarto. O cheiro dela se assemelhava à uma profusão de flores
– Será que não nos encontrarão?
– Não se a gente correr e se esconder.
Não foi preciso dizer mais nada. O meio-youkai arrastou a morena pelos corredores pela mão.
– Quer saber o que eles falam sobre você? - Perguntou. Ela fez que sim com a cabeça e eles entraram numa sala cheia de arquivos. - Preciso saber primeiramente o seu nome, mocinha.
– Higurashi. Kagome Higurashi.
– Taishou Inuyasha, prazer. Deixe-me ver... ahá! Paciente número 6.903. - Abriu a ficha e passou os olhos antes dela tirar bruscamente da mão dele.
– Hey! Isso é pessoa! - Reclamou ela.
– Feh, desculpa, só fiquei curioso...
Kagome balançou a cabeça negativamente ao ler sua ficha. Bufou e jogou pra dentro do fichario.
– Vamos sair daqui - Disse Inuyasha, ouvindo passos no corredor, mexendo suas orelhas. Kagome rapidamente fechou o armário e saiu de mãos dadas com o rapaz.
Eles foram em direção da piscina, passando por corredores escuros. Kagome se deixou ser guiada por ele, se sentindo confortável e aquecida, segurando sua mão. Ao chegarem, Inuyasha tirou a blusa e o tênis, pulando nas águas. Kagome só tirou a calça e os sapatos, sentando na beira da piscina, observando o meio-youkai nadar.
Ele era um rapaz bonito. Cabelos longos prateados, com uma aparência muito macia e belas orelhas de akita no topo da cabeça, instigando ela a querer toca-las. Possuía olhos tão claros de um profundo dourado, aquecidos como mel. Corpo malhado, mas sem exageros e com algumas tatuagens. Não sabia ainda se ele era um youkai ou um meio-youkai.
Levou um susto quando ele submergiu entre suas pernas e corou com o contato tão íntimo, sendo retirada de seus pensamentos.
– Por que você não entra? A água está uma delícia. - Brincou ele, imaginando ela tremer por causa da água gelada. O aquecedor estava desligado, bem como as lâmpadas. A piscina só era iluminada pela clarabóia, da onde se via uma lua cheia enorme.
Kagome sorriu e Inuyasha se perdeu no sorriso dela. O cheiro dela estava mexendo por demais com ele, era algo inexplicável. Apoiou as mãos na lateral da psicina e levantou o corpo, molhando-a e fazendo com que ela chegasse um pouco para trás. Inuyasha estava seduzindo-a. A morena de olhos azuis celestes mordeu o lábio involuntariamente e ele não resistiu. Encostou os lábios nos dela. Não houve resistência. Deitaram no chão molhado pero da piscina e se beijaram de uma forma mais ardente, com Kagome segurando-o pela nuca, numa ânsia por um contato mais caloroso. Ele era quente, mesmo estando em contato com aquela água tão fria, minutos atrás. Delicadamente, Kagome contornou o rosto dele com a ponta do indicador, caminhando lentamente até o topo da cabeça dele, em busca das orelhas.
O beijo foi interrompido bruscamente, assim como o caminho da mão dela. Ele a segurou pelo pulso e as orelhas se mexerem.
Kagome estava sentada na cama com a mão nos lábios, sorrindo. Como os beijos de Inuyasha lhe fizeram bem! Pela primeira vez estava se sentindo aquecida, completa. Depois dos beijos na piscina, Inuyasha ouviu passos no corredor. Era melhor correr ou então estariam mais encrencados. Depois de fugirem dos guardinhas, ela decidiu ir para o quarto, estava com sono, com a promessa de que na noite seguinte se encontrariam novamente. Foi retirada dos seus pensamentos bruscamente.
– Vejo que já está acordada e bem disposta. Vamos, seu avô a espera. - Disse a enfermeira, entrando no quarto.
– Eu não quero ir, por favor... - Insistiu ela, segurando a barra da blusa, num claro momento de aflição.
– Bem, eu não posso fazer nada quanto a isso. Você sabe que é o que deverá fazer. Se não comparecer as terapias e as sessões, você não sairá daqui. Fora que deverá aumentar de peso.
Kagome ficou irritada com aquele assunto.
– De novo com isso? Não tem nada de errado com meu peso. Sempre fui magrela. E pra que terapia? Não vou mais me machucar a ponto de quase morrer.
Foi um erro aquilo...
A senhora suspirou fundo, sentando na cama da garota. Ela aparentava ser bem mais nova que a realidade, mostrando uma fragilidade que ninguém ousava crer que seria real. Deveria ter cuidado melhor de sua menina...
– Kagome... seu avô só tem medo de te perder. Pense por um outro ângulo: ele quase te perdeu da mesma forma que perdeu sua mãe. Faça tudo que ele te pede e em menos de um mês você volta a sua vida normal.
Kaede era amiga da família desde muito tempo. O avô de Kagome, Myouga, havia contratado a enfermeira para cuidar da neta logo após a filha se suicidar. Na época, Kaede era apenas uma recém formada em enfermagem que precisava de um emprego e Myouga, um renomado psicólogo abalado com a morte trágica e prematura da filha, ainda sem ter se recuperado da morte do genro e do segundo neto.
– Ok, vou conversar com ele. - Disse ela, coçando os pulsos. Os pontos ainda não haviam sido retirados e ela não aguentava mais, queria sua liberdade. Kaede olhou feio pra ela, ao perceber o que ela estava fazendo. - O quê? Está coçando!
– Pensasse nisso antes de cortá-los. Agora, segura as pontas na cicatrização. Humpft. - Brigou Kaede, ao sair do quarto. - E coma!
Kagome não conseguiria ficar, de fato, irritada com a bondosa senhora. Era a figura materna mais próxima dela. Sorriu para o nada.
Vovô Higusahi estava organizando seu escritório. A clínica era agradável e ele só estava esperando Kagme terminar seus estudos para passá-la e finalmente, viajar pelo mundo. Quem sabe, acompanhado por uma bela enfermeira... Ah! Kaede foi muito mais que uma simples enfermeira para ele. Cuidou com tanto afeto de Kagome, como se fosse a mãe dela, com a idade para ser sua irmã mais velha.
Na época em que Mizuko faleceu, o senhor Myouga ainda estava se recuperando da perda do genro e do seu segundo neto, num cruel acidente de carro Caiu em depressão quando encontrou a filha morta e sua neta de 5 anos aos prantos no chão do banheiro. Sentiu que seu mundo havia desmoronado, de uma vez por todas.
Foi a mesma coisa que sentiu ao ver sua pequena Kagome desmaiada na banheira cheia d'água avermelhada de sangue, tal qual sua filha. Não podia perder tudo mais uma vez. Foi por isso que, mesmo com Kagome se desculpando pelo fato e dizendo que havia bebido demais e errado na intensidade dos cortes no braço esquerdo, a internou na própria clínica.
Em quatro dias de internamento descobriu mais sobre a neta do que em todos esses anos que cuidou dela. Descobriu o estranho gosto da neta por auto-mutilação leve, porém séria, tendência de desordem alimentar.
Kagome sempre foi uma pessoa alegre e por causa disso o senhor Higurashi achou que o trauma de ver a mãe se matando na frente dela nunca afetaria o psicológico da neta. Talvez estivesse errado, afinal. Nem todos os anos que passara estudando a mente o prepararam para este tipo de coisa. Se sentia culpado por não perceber as inclinações da neta mais cedo. Talvez pudesse evitar tudo, bem como com sua amada filha Mizuko. Assim como com a neta, Sr Higurashi nunca percebeu nada de errado com ela.
Olhou para sua listagem de pacientes. Antes do almoço teria mais uma conversa com Inuyasha e a falta das crises de abstinência já o preocupavam. Será que ele estava encontrando alguma droga, mesmo trancafiado na clínica? Não... isso era praticamente impossível. Fora que, nessa semana de internação, ele não conseguiu arrancar nada do passado do meio-youkai. Ah! Ele já estava ficando velho para isso. Suspirou e olhou pra porta, que sua neta acabava de abrir.
Depois de conversar com o avô, Kagome fora liberada das mais diversas terapias no dia. Finalmente teria tempo para dedicar as suas ikebanas. Colocou seu kimono tradicional, prendendo seus longos cabelos negros num coque, prendendo com um pente da sua falecida mãe e se sentou para começar o trabalho. Sorriu a perceber que todas as suas ferramentas estavam no lugar e que nem mesmo a mais afiada tesoura havia sido retirada. Seu avô cumpriu sua palavra e finalmente, após confidenciar que se cortava, voltou a confiar nela.
Durante os quatro dias que estava trancafiada naquele lugar não saíra do quarto. Estava ora grogue, ora frustrada, ora com raiva do avô, principalmente. Mas compreendeu a dor dele ao vê-lo chorar. Ele morria de medo de perdê-la. Talvez esse medo era tão grande que ele ainda não havia percebido a pobre Kaede e sua "paixãozinha". Eram 15 anos de convivência. Kagome torcia para que o pai sacasse logo, antes que Kaede desistisse dele. Se isso acontecesse, ela socaria o avô.
Começou mais um arranjo delicado. Olhou para fora da estufa. Logo as cerejeiras estariam em flor. Sentia falta de sua grande amiga e companheira de bebedeira. Estava tão compenetrada no arranjo que nem percebeu que alguém havia invadido seu pequeno espaço da estufa com moldes tradicionais japoneses.
– Então é aqui que você se esconde, né?
Kagome já virou o pescoço com lágrimas nos olhos. Era inexplicável a saudade que sentia daquela louca... Voou para cima da amiga, abraçando-a e ignorando completamente suas belas flores.
– Fiquei sabendo que você me ama tanto que tentou se matar quando eu viajei pela Europa. - Disse a morena, no meio do abraço.
– Viajou? VOCÊ DEU A LOUCA E SIMPLESMENTE ME MANDOU UMA MENSAGEM: Vou ali na Europa e volto ano que vem. Se cuida. Sério... que tipo de amiga é você?
Sangô estava se sentido culpada por toda aquela situação, mas nunca voltaria atrás. Não era do feitio dela, mesmo se tratando de Kagome, sua melhor amiga e praticamente irmã.
– Pff... ah, Ka-chan. Você não precisava de tanto escândalo. Mas, me diga. Como você está? - Perguntou Sangô, encarando a amiga com lágrimas nos olhos. - Droga, Ka-chan. Você tá me fazendo chorar. Odeio chorar.
– Há! Nem parece a garota chorona que eu conheci a décadas. - Disse Kagome, se lembrando do passado de ambas.
– Credo. Assim eu me sinto velha. Vem, vamos dar uma volta e você me conta tudo que tem feito nesses meses. Sabe... você me fez deixar um belo russo na mão, literalmente, quando dona Kaede me achou.
– Literalmente? - Perguntou Kagome, com a sobrancelha arqueada.
– Literalmente. Fiquei até com dó dele...
E as duas caíram na risada. Fazia um tempo que Kagome não sorria assim. Foram caminhando para fora da estufa, indo em direção ao pequeno bosque com vários bancos brancos.
Kagome e Sangô eram amigas desde que Sangô se mudara para a casa de dona Kaede, sua tia-avó. No começo da amizade, Sangô era um tanto arisca, para não dizer selvagem. Depois de se adaptar a nova vida e a nova família, passou a mostrar sua verdadeira face: uma garota brincalhona, forte, decidida e que realmente não tinha medo de encarar a vida. Foi com esse espírito que decidiu, de uma hora pra outra, pegar o primeiro voo para Londres e assim, curtir um ano de "folga" como mochileira, percorrendo toda a Europa.
Dona Kaede não fez objeções, a garota havia se mudado desde que completara sua maioridade. Mesmo com a distância, o carinho era explicito e mútuo. Porém, a doce senhora ficou extremamente irritada com a sobrinha-neta por apenas saber da viagem quando Sangô já estava embarcando.
Sangô cursava medicina na mesma faculdade que Kagome cursava psicologia. Resolveu trancar a matrícula e sair pra conhecer o mundo. Se arrependeu amargamente de não ter carregado a amiga junto. Em pensar que quase havia perdido ela para sempre. O mínimo que poderia fazer, depois de sua tia-avó lhe comunicar o ocorrido, era pegar o primeiro voo de volta para casa e cuidar da amiga. Mesmo que isso significasse largar a mão de um belo russo.
Droga. Nem era hora de se apaixonar. Era hora de cuidar da sua Ka-chan. Cuidar dela como ela sempre fez. É o mínimo, depois de tudo.
– Bem, me conte... o que tem feito por aqui?
– Não vai me interrogar sobre o motivo de eu ter parado aqui? Sério... só falta você.
– Não. Você sabe que eu já larguei de mão isso. Se você quiser falar, você fale. Mas, sinceramente, estou mais curiosa em relação ao que você tem feito por aqui. E, oh! Que beleza é essa?
Sangô olhava para a porta de vidro da sala de relaxamento. Kagome percorreu os olhos por lá e a ficha caiu. Ela estava observando aquele belo rapaz que ela ainda não sabia se era youkai ou meio youkai. Não que aquilo de fato fizesse diferença para ela...
– Uh, você está falando do Inoyasha? Bem... tenho passado meu tempo com ele. - Disse sapeca.
E as duas começaram a rir novamente. Os olhos de Inuyasha e Kagome se cruzaram. E, mesmo com a distância, Kagome se sentiu novamente aquecida.
Bem, aguardo os feedbacks.
Beijo
