Titulo Original: A Husband in Time
Tradução: Michele Gerhardt
Autora: Maggie Shayne
ATENÇÃO!
Espero que eu não tenha demorado para postar uma nova adaptação! Hahaha, mas estava esperando achar o livro certo, e este daqui é um conjunto das melhores emoções, ação, romance, aventura, luta, viagens no tempo, e muito mais romance.
É uma adaptação de um dos melhores livros que eu li.
Uma história realmente emocionante e acredito que vão gostar - e se emocionar - tanto quanto eu.
Sendo adaptação de um livro considerem UA (aviso para os mais distraidos)
Espero que gostem do prólogo e comentem para que eu poste a continuação da fic ;)
Beijos!
Harry chega até Hermione Granger vindo sem saber de onde nem quem era. Mas James, o filho pequeno de Hermione, logo resolve a situação: o escolhe para ser o pai que sempre desejou! Até mesmo Hermione não podia negar que Harry era estranhamente familiar, além de ser o marido com quem sempre sonhou. Só que Hermione descobre que somente uma grande mudança no tempo poderia manter aquela família unida para sempre…
HERMIONE GRANGER: Mãe solteira que secretamente sonha em encontrar um marido e um pai para seu filho de dez anos. Quase perdeu sua esperança até que um homem misterioso apareceu em sua vida vindo do nada…
HARRY POTTER: Ele não é capaz de explicar quem é ou de onde veio. Sente-se em casa com Hermione e seu filho, mas poderá ficar com eles para sempre?
PRÓLOGO
4 de agosto de 1897
O menino Benjamin Potter, de seis anos, descansava recostado em uma pilha de travesseiros em seu quarto, o primeiro à esquerda no andar de cima. Não podia sair da cama com muita freqüência, não sem a ajuda do pai. Mas ele havia virado a cama para a janela e aberto as cortinas para que Ben pudesse ver o céu enquanto estivesse deitado. E hoje, enquanto apreciava o céu noturno, viu uma estrela cadente… E outra, e depois outra. Cortaram aquele céu azul-escuro, deixando um rastro branco, e apesar de não ser nada científico, Ben fechou os olhos e desejou com toda a sua força.
— Três estrelas cadentes, três pedidos para mim. Eu desejo… — Pensou bastante para certificar-se de pronunciar os desejos corretamente e não desperdiçá-los. — Desejo ficar bom de novo para poder correr e brincar lá fora e montar meu pônei e não morrer como todos acham que vou, apesar de não falarem.
Puxou o ar e escutou o chiado que fazia ao alcançar seus enfraquecidos pulmões. A cabeça doía. Sentia dores em todo o corpo e sentia-se exausto. Os olhos tentaram se fechar, mas ele não deixou. Isso era importante e ainda tinha dois pedidos a fazer.
— Desejo uma mãe. Uma mãe de verdade, que me ame, que leia para mim… E que não tenha medo de pererecas como a Sra. Haversham. — Sorriu depois de fazer o pedido, pois tinha certeza de que falara certo.
Benjamin apertou os olhos e fez o terceiro pedido, que sempre desejara:
— Desejo um irmão mais velho. Prometo que nunca vou brigar nem implicar com ele. Quero que seja esperto, corajoso e forte, como meu pai. Até posso dividir meu pônei com ele.
Ben abriu os olhos, olhando pela Janela. Não havia mais nenhum rastro das estrelas. Mas ele as vira. E agora um sentimento estranho e cálido tomava conta dele, como se fosse um grande cobertor de lã. Sabia que tudo ficaria bem.
4 de agosto de 2008
James Granger olhou por cima do laptop que ganhara da mãe no décimo aniversário, virando a cabeça bem a tempo de ver três estrelas cadentes cortarem o céu em direção às estradas desertas e estreitas do Maine, avançando para a costa.
— Uau — suspirou ele, esticando o pescoço para ver melhor. De todas as coisas que vira na viagem desde Minnesota, essa fora a mais inacreditável. Três de uma vez. Isso não podia ser normal.
— Você viu, mãe?
— O quê?
— Três estrelas cadentes, uma atrás da outra!
Ela sorriu para o filho, tirando os olhos da estrada por apenas um segundo.
— Então por que você não faz um pedido? Ou é muito cético para isso?
James era muito inteligente para acreditar em pedidos para estrelas cadentes. Mas sabia que a mãe não gostava de vê-lo levar a vida com tanta seriedade, e um toque de capricho o fez fechar os olhos e murmurar coisas que vinha pensando ultimamente.
— Desejo ter um pai — disse ele baixinho. — E um irmão menor, porque é chato demais ser filho único. Nós nos divertiríamos muito juntos. E desejo… — Abriu os olhos e fitou o céu. Sentiu lágrimas nos olhos, mas as enxugou depressa. — Desejo que a minha mãe seja feliz. Sei que ela não é, e não consigo lembrar se algum dia já foi.
Abaixou a cabeça, e a mão macia da mãe afagou seu cabelo.
— É claro que sou feliz, Cody. Tenho você e uma casa nova em uma cidade pequena como sempre sonhei. Do que mais preciso?
Cody sorriu. É claro que ele sabia, mas nunca conseguira fazer com que admitisse que sua vida fosse menos do que perfeita.
— Você percebeu que eu acabei de fazer pedidos para três pedaços de pedra queimada?
— Você foi até generoso em gastar um pedido inteiro comigo.
Ele voltou sua atenção para o laptop. Não foi tão ruim se deixar levar por fantasias infantis. Era como a mãe sempre dizia, ele ainda era criança, mesmo tendo o cérebro de um físico nuclear adulto.
— Então, pensou sobre o que lhe contei? — perguntou ele.
— Sobre o quê, James?
Quando passou o final de semana com os avós, ouvira algo por acaso que devia ser importante, mas sua mãe, como sempre, não podia ligar menos para os negócios da família
— Aquilo que escutei quando o vovô me levou para trabalhar com ele, na semana passada. Não lembra? Aquela bruxa da Mônica estava lá e…
— James, isso não é legal.
— E daí? Ela também não é. De qualquer forma, ela estava tratando a tia Tracey muito mal. Disse que sabia de um segredo e que se Tracey e o namorado… Wayne não fossem embora ela contaria a todos o segredo.
— Eu não me preocuparia com isso, James. Todos sabemos que Mônica está tentando colocar as mãos nos negócios. Provavelmente vê a tia Tracey como uma rival.
— É, mas tia Tracey descobriu que é uma Granger.
— Se ela for uma Granger, conseguirá lidar com as ameaças de Mônica Malone. Este é apenas mais um exemplo do por que não quero tomar parte nos negócios da família. Tanta briga e desavença para tomar conta deles. — Olhou pela Janela para o contorno acidentado da costa. — Vai ser muito melhor aqui.
James suspirou. Era inútil conversar com ela sobre negócios. Simplesmente não ligava. Ele olhou para o oceano escuro e para as ondas brancas que estouravam na areia, e pensou que talvez ela estivesse certa. Era realmente bonito aqui.
— Então, quanto ainda falta para chegarmos?
— Eu acho… que esta é… Ah, James, esta é a casa. Olhe só!
James olhou para a casa iluminada pelos faróis do carro enquanto entravam na rua.
— Parece que saiu de uma história de Stephen King.
— Não é maravilhosa?
Ele fez uma careta para o entusiasmo da mãe enquanto ela parava e desligava o carro.
— Pensei que gostasse dos livros de Stephen King.
— Gosto, mas não quero viver em um.
Ela sorriu para ele, que olhou mais uma vez para a casa e congelou. Pelo canto do olho, ele viu uma luz na janela do andar de cima. Como de uma lanterna ou algo parecido. A mãe já estava abrindo a porta do carro quando ele colocou a mão em seu braço e a fez parar.
— Acho que tem alguém aí dentro.
— O quê? — Ela olhou para onde ele apontava. — Não vejo nada.
— Às vezes foi só um reflexo. — Mas não achava isso. Fechou o laptop e pegou sua caneta-lanterna do bolso. Nunca saía sem ela, não que fosse uma boa arma, mas, pelo menos, conseguiria ver a criatura que se aproximasse dele. — Melhor eu ir à frente, mãe, só para garantir.
Ela bagunçou o cabelo dele, coisa que ele odiava.
— Meu herói. — Mas ele podia perceber que ela não estava nem um pouco nervosa em entrar naquela casa enorme, vazia e escura. Devia ser louca.
Faróis passaram pelo pára-brisa traseiro e Cody virou-se para ver um segundo carro subindo a rua. Um carro de polícia.
— Graças a Deus! — disse ele, apesar de ainda estar nervoso.
Nos livros de Stephen King, os xerifes das pequenas cidades do Maine sempre eram homens bons, mas geralmente eram assassinados logo, deixando uma mãe inocente — e o filho, que o tempo todo sabia que tinha alguma coisa errada, mas que ninguém escutava — tendo de se defender sozinha.
Um homem magérrimo, vestindo um uniforme cinza com um distintivo brilhante, saiu do carro e se aproximou, enquanto Hermione saía do seu.
— Quigly 0'Donnel. Acredito que seja a Srta. Granger. Chegou bem na hora. — Ele tinha o mesmo sotaque que o velho que morava em frente à casa dos personagens principais de "Cemitério Maldito". James arrepiou-se.
— Pode me chamar de Hermione — disse ela, apertando a mão do xerife. — E este é meu filho, James.
James apenas o cumprimentou com a cabeça, sem apertar a mão. Estava muito ocupado observando a casa.
— Acho que vi alguma coisa lá em cima — disse ele, apontando, com a esperança de que o xerife enfrentasse o sujeito e o matasse.
— Ah, não me preocuparia com isso. Deve ser o fantasma.
— Fantasma?
— Dizem por aí que o fantasma de Harry Potter ainda anda pela casa. Não que eu acredite nisso, imagine. É apenas uma lenda que os mais antigos gostam de contar de vez em quando. Dá assunto para eles conversarem enquanto jogam damas.
— Damas — disse James. — Viu, mãe. Obrigado por me trazer para essa Meca cultural.
— Olhe os modos, James. Xerife 0'Donnel, se o senhor trouxesse as chaves, eu…
— Aqui estão — disse ele, forçando o sotaque. A mãe achava esse sotaque charmoso e diria que era o tempero local. James achava isso irritante, como toda a situação, O xerife segurava uma grande chave antiga em uma argola de bronze. Parecia uma chave de cela de cadeia de um faroeste antigo. Ou a chave da masmorra de um filme de terror. James sentia o tom mudar de King para Poe. Isso não era um bom sinal.
— Vou ajudá-la com a bagagem, se quiser. A energia foi ligada e tudo deve estar preparado.
— Muito gentil de sua parte, xerife.
— É — acrescentou James. — Fico feliz em saber que temos um "buuuhhhh".
Hermione cutucou suas costelas, mas o xerife distraído parecia não notar a imitação de James.
— E o mínimo que eu poderia ter feito por sua avó. Kate Granger era uma mulher extraordinária, se me perdoa o modo de falar. Quando me pediu para tomar conta da casa, fiquei mais do que satisfeito. Pena que a perdemos.
Hermione assentiu.
— Sinto muito a falta dela. — Ela passou os braços em volta dos ombros de James. — Nós dois sentimos.
O xerife concordou, limpando a garganta.
— Bem, vamos lá. Sigam-me, vou lhes mostrar tudo. E já que estou aqui, aproveito para contar tudo sobre o único motivo de fama de nossa cidade. O primeiro dono deste lugar, o fantasma, se acreditam nesse tipo de coisa, Harry Potter. — Ele andava enquanto falava, daquele jeito mole e preguiçoso que faz cada frase parecer uma pergunta. Eles o seguiram pelas escadas da varanda, até a porta da frente, que era alta e escura, e, do ponto de vista de James, um pouco assustadora.
Então Quigly abriu a porta da frente e acendeu uma luz, e James decidiu que estava errado.
Era muito assustadora!
Era fabulosa!
Tudo que Hermione sempre sonhara para um lar tinha nessa casa. Ah, ela sabia que a maior parte de sua família a achava uma mulher sem esperanças e antiquada, mas não gostava da sociedade moderna e nem de sua aparência. Os valores modernos foram o que a deixaram grávida e sozinha dez anos atrás, e aquele choque a guiara para seu próprio, e talvez antiquado, código de moralidade.
Esta casa era a encarnação da vida que queria para si e para James. Uma vida simples, à moda antiga. Com uma considerável exceção. Não haveria pai nessa tradicional família americana. Hermione era pai e mãe e tudo o mais. Todos diziam que não podia fazer tudo, que se cobrava muito. Mas ela podia. E faria isso sem o dinheiro da família. Não queria parte do negócio e nem a riqueza que vinha com isso. Era uma raça desgraçada, todos brigando para assegurar sua fatia na fortuna e sempre se preocupando com alguém que estava tentando tirá-la. Não. Não queria se envolver.
Isto, contudo, era perfeito.
— Nunca pensei que minha avó, com a cabeça tão moderna, tivesse alguma pista do que fazer para mim — murmurou ela enquanto andava pelo modesto hall de entrada e entrava na sala de estar gótica, com seu teto alto e sua complexa estrutura de madeira escura. — Mas vovó Kate me conhecia melhor do que eu poderia imaginar. Devia conhecer, para me deixar esta casa. — Em volta deles, os móveis estavam cobertos por lençóis brancos, como um exército de fantasmas. — E aquela casa de hóspedes na frente será perfeita para meu antiquário. - Não conseguia evitar o sorriso. A casa era a realização de um sonho.
— Isso não é nem metade da casa. É a história que a acompanha que a torna tão especial. — Ele carregava duas malas que colocou no chão. — A senhorita deve ter ouvido falar sobre a febre quinaria, não é?
— Ouvir falar de quê? — Hermione olhou para trás, mas James já estava explorando todos os cantos e gretas, iluminando com sua sempre presente caneta-lanterna os armários e estantes. Seu coração se apertou no peito à mera menção da doença. — Quase perdi meu filho para essa doença. Ele foi exposto ainda bebê. Graças a Deus, descobrimos a tempo.
— Bem… Uma baita coincidência, senhorita, se me perdoa a expressão.
— Por que, xerife?
— Bem, Harry Potter foi o homem responsável por encontrar a cura. Triptonina, você sabe. O mesmo remédio que tomamos hoje, com algumas modificações, é claro. Se não fosse ele… Ah, aqui está a sala de jantar. Estantes de madeira de lei indo do chão até o teto em duas paredes. Como na cozinha. E aquelas entre… — Ele abriu uma porta da estante, a deixou aberta e então foi para a cozinha. Abrindo a porta daquele lado, olhou para Hermione. — Viu isso? Acessível pelos dois lados.
— Muito legal. — Mas ela estava mais interessada na história que ele estava contando antes.
James se juntou a eles neste momento, tendo ouvido a história e os comentários do xerife.
— O senhor está completamente errado sobre a triptonina, xerife — disse ele, dando um sorriso forçado para a mãe, e acrescentou: — Se me perdoa a expressão.
— James!
— Ah, mãe! Todo mundo aprende isso na quarta série. O vírus da quinaria e a cura para a doença foram descobertos por Bausch e Waterson em 1898.
Hermione franziu as sobrancelhas e balançou a cabeça.
— Você é uma enciclopédia ambulante ou o quê?
Ele deu de ombros e seu olhar passou da mãe para o xerife.
— Nossa, que menino brilhante você tem, Srta. Granger. James, não é? Bem, parte disso está certo. Mas você não conhece a história toda. Você sabia, por exemplo, que Wilhelm Bausch e Eli Waterson passaram a maior parte de suas vidas competindo um com o outro? Grandes pesquisadores, porém, mais preocupados em ser melhor do que o outro do que com a importância de seu trabalho. Cegos de ambição, podemos dizer.
Hermione viu que James estreitava os olhos em suspeita. Mas escutava.
— Foi finalmente o amigo deles, Harry Potter, quem os uniu. E foi apenas trabalhando juntos que conseguiram encontrar a cura. — Ele balançou a mão indicando que eles deveriam segui-lo e se virou em direção à sala de estar. - Venham, quero lhes mostrar uma coisa.
Hermione sabia que estava com um sorriso idiota nos lábios, mas não conseguia evitar.
— Não é fantástico, James? Uma casa completa, com fantasma e história?
— Mãe, você está muito interessada na história. Volte para a realidade, tá?
— Tudo bem. Vamos, quero escutar o resto. — Seguiu o filho, percebendo o jeito que ele parou na porta do quarto, no topo das escadas. Ficou parado por um momento, encarando a porta. Então estremeceu e esfregou a nuca.
— Você está bem, filho?
— Estou. Claro. Vamos.
Xerife 0'Donnel foi em direção a um quarto no final do corredor, acendeu a luz e sinalizou para que entrassem. Hermione prendeu a respiração.
— Meu Deus! — sussurrou, piscando ao ver o retrato na parede oposta. — Parece um Rockwell! — Ela se aproximou, passou os dedos pela moldura ornamentada, depois tocou a obra em si. — Mas não pode ser. Isso deve ter no mínimo cem anos.
— Você tem bons olhos, Hermione.
— Conheço antiguidades. É o meu negócio. Não está assinado. Você sabe quem fez?
— É verdade, não está assinado, e não sei quem foi o artista — respondeu O'Donnel. — Mas é seu, junto com tudo o que está na casa. Incluindo o antigo cofre que está no sótão, ainda trancado. Podem até ser anotações de Harry Potter presas lá. Tudo seu, para fazer o que quiser, como o testamento de sua avó especificou.
Hermione não conseguia tirar os olhos do retrato na parede. Uma pintura bem no estilo Rockwell de um homem de cabelo escuro e desalinhado, olhos apaixonados e intensos, camisa branca desabotoada no pescoço. Em uma das mãos, segurava um pequeno aparelho com molas e fios saindo em todas as direções, e na outra, uma pequena chave de fenda. Óculos com aro dourado pendiam do nariz, e aqueles penetrantes olhos verdes nos encaravam através da obra. E ao lado dele, bem ao lado, vestindo roupas idênticas — apenas menores — estava sentado um menininho que não devia ter mais de cinco ou seis anos. Tinha cachos ruivos e olhos verdes brilhantes, e segurava sua própria chave de fenda. Os dois estavam sentados tão juntos que deviam estar encostados. E o vínculo entre eles era tão forte que era palpável, apesar de nem estarem se olhando. Na parte inferior da pintura, tinha uma palavra: Inventor.
— Este é Harry Potter, senhorita. E o menino é o seu filho, Benjamin.
— Benjamin — murmurou ela. — Era o nome do meu avô e essa criança parece tanto com James que poderia ser seu…
— Irmão mais novo — completou James, entrando ainda mais no quarto.
— Potter era amigo de Wilhelm e Bausch. De fato, os dois disseram publicamente que o consideravam uma das mentes científicas mais brilhantes da época. Uma das poucas coisas em que concordavam. Bem, quando o pequeno Benjamin morreu de febre quinaria…
Hermione soltou um grito sufocado, seus olhos procurando os olhos verdes do menino.
— Ah, não. Aquele menininho lindo?
— Isso. No dia em que o menino morreu, Harry Potter perdeu a cabeça. A dor era muita, dizem. Trancou-se no quarto do menino e se recusava a deixar as pessoas entrarem. Quando finalmente arrombaram a porta, ele já tinha ido embora e levara consigo o corpo do menino. Nunca mais se ouviu falar de Potter. Depois, Bausch e Waterson ficaram tão perturbados que prometeram encontrar a cura para a doença que levara Benjamin. E foi exatamente o que fizeram.
Hermione brigava com as inexplicáveis lágrimas que vieram aos seus olhos enquanto escutava a história.
— É tão incrivelmente triste!
— É sim. Posso tirar a pintura e guardá-la em outro lugar se for incomodá-la.
— Não — respondeu ela rapidamente. — Deixe-a onde está. — Seus olhos encontraram os do inventor, quase podia sentir sua dor.
— A casa não mudou muito com o passar dos anos. Tirando algumas pinturas, está quase a mesma que Potter deixou. Como se estivesse… esperando…
Hermione franziu a testa para o homem.
— Mas tem um século.
— É. Depois que Potter desapareceu, seus amigos, Bausch e Waterson, tomaram conta da casa. Pagaram os impostos e tudo o mais, sempre insistindo que Potter voltaria algum dia. Claro que nunca voltou. A casa foi deixada sozinha por um período curto depois que os dois morreram. Por causa dos impostos atrasados, a prefeitura a tomou e resolveu mantê-la com a esperança de conseguir vender. Nunca conseguiu. Até sua avó Kate aparecer. E mesmo quando comprou, se recusou a mudar qualquer coisa.
Hermione conseguia entender aquela relutância em mexer na casa. Ela tinha uma alma própria, como se fosse uma entidade viva — ou era a presença prolongada do cientista morto que ela sentia neste quarto?
— Ei, mãe?
Ela virou-se, surpresa de a voz de James vir de uma certa distância e não bem de trás dela, onde ele estava há poucos segundos.
— James? Onde você está? — Ela saiu do quarto principal para o corredor. James estava parado em outra porta, na frente do quarto no topo das escadas. Aquele que parecia o ter assustado antes.
— Quero este quarto, se não tiver problema.
Preocupada, ela foi para onde ele estava, perto da porta que agora estava aberta. Olhou para o quarto com aparência normal, exceto pela enorme lareira de mármore em uma parede.
— Eu tive a impressão de que esse quarto lhe causou arrepios. Não foi aqui que achou que viu coisas mais cedo?
— É por isso que quero este — disse James. — Se tem algum tipo de fantasma por aqui, quero saber.
— Vai analisá-lo até convencê-lo de que possivelmente não pode existir?
— Talvez — respondeu ele, com um sorriso. — Então, quando a mudança vai chegar com meu nintendo?
