Disclaimer: A história pertence a Emma Darcy, Harlequin Books e Mills & Boon Books. Os personagens são de Ryan Murphy e Fox.
Sinopse: O poderoso magnata da televisão Jesse St. James não é um homem que joga para perder. Tudo que tem seu nome envolvido vira sucesso. E quando a vida pessoal de Rachel Berry, estrela de seu mais novo seriado, é destruída por um escândalo, ele vai usar todas as suas armas para protegê-la.
Enredos de Amor
Adaptação por Unsuspecting Sunday Afternoon
Um
Ele a observava. A festa de lançamento do novo sucesso televisivo estava lotada de celebridades, muitas das mulheres estruturalmente mais belas do que a que ele olhava, mas, na mente de Jesse St. James, ela ofuscava todas as outras. Havia uma adorável simplicidade nela que atraía tanto os homens quanto as mulheres, uma qualidade natural que evocava a idéia de que ela jamais enganaria alguém. A estereotípica garota comum de quem todos gostavam e em quem confiavam, Jesse pensou, além da suave sensualidade que fazia todos os homens quererem levá-la para a cama.
Não havia nada de severo, nada de intimidador, na aparência dela. Seus cabelos castanhos estavam em um estilo esvoaçante, longo e suave, e pareciam sempre levemente bagunçados, não fixados no lugar. Surgiam covinhas em suas bochechas quando ela sorria. Seu rosto não tinha linhas abruptas. A não ser pelo nariz, tipicamente judeu, mas que era perfeitamente adequado ao rosto dela. E seu corpo era como o de uma mulher devia ser: nada de ombros ossudos, braços que pareciam gravetos. Cada parte dela era docemente arredondada e suave, não de uma maneira exageradamente voluptuosa, nada ameaçadora às outras mulheres, mas bastante convidativa a qualquer homem.
Nos olhos dela estava o verdadeiro segredo de sua atração. O luminoso castanho-chocolate de alguma forma sugeria que sua alma estava disposta a ouvir e se solidarizar com qualquer coisa que se quisesse dizer a ela. Não havia resguardo naqueles olhos. Eles o sugavam, mostravam cada emoção, transmitindo uma vulnerabilidade quase hipnótica que inquietava os instintos protetores masculinos, assim como os instintos mais primitivos.
Sua boca larga e generosa era quase tão expressiva quanto seus olhos, sua mobilidade suave refletia os mesmos sentimentos, desde um sorriso amarelo de solidariedade a um radiante de felicidade compartilhada. Ela possuía o dom de projetar qualquer coisa que se quisesse dela, e as pessoas acreditariam que ela realmente sentia aquilo, não como uma atriz fazendo um papel. E sim como um dom que poderia transformá-la numa imensa estrela, não apenas no programa de TV que ele havia comprado e ordenado que fosse reescrito para mostrar o que havia visto nela.
Estranhamente, ele não tinha certeza se era o que ela queria ser. Sua dominadora mãe queria. Seu ambicioso marido roteirista também. Ela fazia o que eles queriam, jamais fazendo qualquer objeção, mas houvera ocasiões em que Jesse percebera um olhar perdido em seu rosto, momentos em que ela pensara não haver ninguém olhando, quando ela não precisava ser a criação de alguém, quando não estava na vitrine.
Naquela noite, ela estava na vitrine, e os convidados a cercavam, querendo se aproveitar de seus holofotes, inevitavelmente fascinados por seu carisma único. A multidão à volta dela estava inquieta, em constante mudança, forçada a dar passagem a outros que também queriam um pedaço dela, nem que fosse por alguns momentos. Mas Jesse percebeu que aqueles momentos mais íntimos dela a haviam deixado brilhar sozinha.
Aquilo não o surpreendia. Nem sua mãe, nem seu marido gostavam de ficar em segundo plano, onde eles inevitavelmente ficavam se não se afastassem dela em público. Ele desviou seus olhos dela para observar ao redor, nada surpreso de ver a mãe dela tagarelando com um grupo de executivos da TV, aumentando a rede de contatos que poderia usar. Jesse não gostara de negociar com ela, o que fora inevitável, já que ela se nomeara empresária da filha. Ele mantivera todos os encontros com ela curtos e rechaçara friamente todas as tentativas de uma ligação mais pessoal com ela.
Controladora e egocêntrica, Shelby Corcoran era o pior tipo de mãe de atriz. Seus cabelos negros vividamente tingidos berravam 'Olhem para mim, lembrem-se de mim!', e seu comprimento masculinamente curto acentuava sua atitude sou-tão-boa-quanto-qualquer-homem-e-melhor-que-a-maioria-deles. Mas não havia nada de masculino em seu corpo, vestido com exagerada sensualidade: sempre com decotes, saias curtas, saltos extremamente altos chamando atenção para suas pernas torneadas.
Tudo era usado como arma em sua luta para conseguir que as coisas fossem do seu jeito, e Jesse não gostava de nada nela. Até o nome que ela escolhera para a filha, Rachel, parecia deliberadamente artístico, feito para ser lembrado. Rachel Berry. Fluía com facilidade, mas sempre soara falso a Jesse. Parecia tramado demais para a pessoa que ele via em Rachel. Algo mais simples lhe teria caído melhor.
Maria.
Maria St. James.
Sua boca se contorceu quando ele se divertiu com a pomposa adição de seu próprio sobrenome. Jamais se sentira atraído pelo casamento. Não queria uma esposa. Seus ímpetos sexuais eram satisfeitos com uma mulher ou outra, e sua governanta e a cozinheira faziam todo o resto que uma esposa poderia fazer. Além disso, Rachel Berry já tinha um marido, e Jesse era contra roubar a esposa alheia, mesmo que fosse para um caso rápido. Uma vida particular conturbada era tão ruim quanto uma vida profissional conturbada. Jesse controlava severamente as duas.
Ele se perguntou de que maneira o marido dela estaria se aproveitando daquela festa, e seu olhar varreu a multidão buscando o conquistador com quem Rachel se casara, Finn Hudson. Ele tinha um bom nome. O homem era cheio de lábia, mas Jesse não via nada demais em sua habilidade de escrever. Nenhuma das falas que ele criara tinha força emocional. Elas, invariavelmente, tinham que ser editadas, aperfeiçoadas por outros escritos da equipe do programa. Finn Hudson jamais faria parte da equipe, não fosse por sua inclusão nas negociações com Rachel.
Interessante... Finn não estava procurando atenção. Estava longe da multidão, quase de costas para ela, e em uma conversa que parecia bastante tensa com a assistente pessoal de Rachel, Quinn Fabray. No rosto dele, uma furiosa frustração. No dela, uma furiosa determinação. Finn segurou-lhe o braço, seus dedos pressionando com força. Ela se libertou, afastando-se dele, ressentimento surgindo em seu rosto enquanto passava em meio à multidão, indo diretamente até Rachel.
Os instintos de Jesse imediatamente o alertaram para a confusão. Havia gente da mídia ali. Ele não concordava com a ideia de que qualquer publicidade, por pior que fosse, era boa publicidade. Distrações do sucesso do programa não eram bem-vindas, especialmente algo desagradável a respeito da estrela.
Ele se mexeu, abrindo seu próprio caminho pela multidão, mas chegava pelo lado oposto do salão; impossível interceptar Quinn. Ela alcançou Rachel primeiro, empurrando as pessoas que a cercavam e se colocando em posição de confronto; sua linguagem corporal demonstrava claramente sua feroz determinação, suas mãos se fechando em volta dos ombros de Rachel, enquanto ela se inclinava para frente e sussurrava algo carregado de veneno.
Definitivamente carregado de veneno.
O choque no rosto de Rachel, sua aparência totalmente abalada, indicou a Jesse um problema sério. Felizmente, ele chegou apenas alguns segundos depois de Quinn, rápido o suficiente para que seu físico alto e forte bloqueasse o olhar da maioria dos espectadores próximas.
"Saia da minha frente, Quinn", ele ordenou, friamente, assustando a moça, que soltou Rachel e se voltou para encará-lo.
Ele se moveu rapidamente, passando diretamente por ela, envolvendo a cintura de Rachel com um braço, levando-a para longe da confusão, sua cabeça inclinada em direção a ela, falando seriamente, como se tivesse algo a dizer, seu braço livre esticado em um gesto de dispensa que evitaria que qualquer pessoa interrompesse aquela conversa.
"Não crie confusão", ele ordenou em um tom de voz grave e urgente. "Apenas venha comigo, e eu a levarei a um lugar seguro onde possamos resolver esse problema só nós dois".
Ela não respondeu. Olhou perplexa para frente e andou como um robô, carregada pela força do movimento dele. Foi como se ela, de repente, tivesse se tornado apenas um corpo vazio, sem nada dentro. Jesse deduziu que o que quer que Quinn tenha dito a ela deveria ter sido um senhor choque para deixá-la naquele estado.
Seu objetivo imediato era protegê-la, proteger seu investimento nela, e ele o fez da maneira impetuosa com que buscava todos os seus objetivos. Não se importava com o que a mãe ou o marido dela pensariam daquela ação. Ele a levou diretamente para fora do Salão Adrenaline, o principal salão de festas daquele hotel cinco estrelas, ignorando pedidos de atenção e reprimindo qualquer tentativa de perseguição a eles com um olhar proibitivo. Ninguém queria ficar mal com o barão da TV da Califórnia. Ele tinha poder demais para ser desafiado, e Jesse não tinha escrúpulos a respeito de usá-lo da maneira que lhe conviesse.
Reservara a suíte da cobertura para sua conveniência naquela noite. Querendo desfrutar de sua própria satisfação particular com Rachel Berry, não convidara sua atual amante para a festa, para não haver risco de uma cena desagradável no caso de ele levar Rachel até lá. Era uma fuga rápida e eficiente para ela.
Ele nem se importou em perguntar se ela concordava. Ela não ouvia nada. Também parecia não prestar atenção a nada. Não houve palavra ou sinal de protesto dela enquanto ele a levou até o elevador, subiu até o último andar, acompanhou-a para dentro da suíte, trancou a porta e a fez sentar em uma confortável poltrona.
Ela não relaxou contra as almofadas macias. Jesse não sabia ao certo se ela sequer tinha noção de que estava sentada. Foi até o bar e serviu uma dose generosa de conhaque. Serviu para si uma dose de uísque, tentando não parecer ameaçador, mas companheiro, quando o conhaque a trouxe de volta à realidade.
Ela não se sentia confortável com ele, jamais se sentira. O objetivo dele não era conquistar as pessoas, e tinha uma personalidade forte demais para que ela gostasse facilmente. Mas, naquele momento, era ele quem mandava e queria que ela aceitasse a situação, confiasse nele, contasse o problema e deixasse que ele o resolvesse, porque, claramente, ela era incapaz de lidar com aquilo sozinha, e ele precisava que sua estrela continuasse atuando como só ela poderia. Jesse St. James não aceitava derrotas em qualquer projeto de sua autoria.
"Beba isto!"
Um grande copo foi empurrado à força para as mãos que estavam prostradas no colo dela. Sua mente entorpecida registrou que ela teria que beber ou o líquido derramaria. Ela segurou o copo com ambas as mãos para que ele não chacoalhasse.
"Beba!"
A severa ordem fez com que ela erguesse o copo até os lábios. Ela bebeu, e o líquido queimou o céu da boca, criando um caminho de fogo garganta abaixo. O calor tomou seu pescoço, inundou suas bochechas e tirou seu cérebro do estado de torpor. Os olhos repletos de um doloroso protesto automaticamente fitaram o homem responsável por tudo aquilo.
Jesse St. James.
Um tremor percorreu seu corpo quando ela percebeu que [b]ele[/b] se inclinava sobre ela, o poder que sempre emanava dele penetrava em seu coração e fazia seu abdômen se contrair.
"Assim está melhor", ele disse, a satisfação reluzindo nos olhos azul-acinzentados que cintilavam com uma inteligência brilhante demais, invariavelmente dando a ela a impressão de que nada passava despercebido por ele. Ele via tudo, sabia de tudo e só se importava com que vantagem poderia tirar daquilo no mundo em que mandava.
Foi um alívio quando ele se virou para longe dela, abrindo uma distância física entre eles, enquanto caminhava até a poltrona de frente para a dela, do outro lado de um sofá e de uma mesa de centro de vidro. Ele se sentou, curvando seu corpo alto e forte na cadeira, as mãos elegantes segurando casualmente o conhaque.
Era um homem estonteantemente belo, apesar de essa ser uma descrição totalmente inadequada a ele. A beleza morena, com cabelos pretos cacheados, rosto delicadamente esculpido, profundos olhos cinza-azulados, pele clara, boca perfeitamente desenhada, acrescentava ao ar de distinção que ele tinha, mas era a aura de poder indomável que lhe proporcionava um impacto carismático, o que fazia todo o resto parecer apenas uma moldura adequada para o homem dinâmico que podia pegar qualquer coisa e fazê-la funcionar.
De alguma forma, isso aumentava sua sensualidade, transformando-a quase em um ataque mental e físico a tudo o que havia de feminino em Rachel. Ela queria se afastar, mas não conseguia se livrar do magnetismo que ele exercia, aflorando sentimentos que ela não deveria ter por aquele homem. Era alarmante se perceber sozinha com ele.
O olhar dela percorreu o cômodo, absorvendo o que era obviamente uma suíte executiva. Com uma cama king-size. O que imediatamente a lembrou de uma que Finn insistira para que comprassem para o quarto deles.
Ele a teria usado com Quinn?
Teria sido nela que cometera a pior das traições sem sequer se importar?
"O que Quinn Fabray falou a você?"
A pergunta levou seu olhar de volta a Jesse St. James, forçando-a a encarar seus pujantes olhos azul-acinzentados; não havia como não lhe dizer a verdade. Ela podia sentir a pressão da força de vontade dele martelando em sua mente e sabia que ele não toleraria tentativas de se esquivar. Além disso, não havia como acobertar. Quinn não queria que fosse acobertado. E ela também não. Argumento algum poderia fazê-la retomar o casamento depois daquilo.
"Ela tem um caso com o meu marido". Uma traição dupla, da mulher em quem ela confiara como amiga e do homem que fingira amá-la. "E ela está grávida... dele". O filho que Finn lhe negara porque aquele novo programa de TV era uma oportunidade grande demais para se deixar passar. Sua boca tremeu ao dizer as últimas e nauseantes palavras. "Ele não queria me deixar por ela porque sou... sou a galinha dos ovos de ouro dele".
Ela fechou os olhos enquanto lágrimas de amargura se acumulavam.
"Com certeza ele não irá querer deixá-la", foi o comentário cínico. "A pergunta importante é: você quer deixá-lo?"
Uma imensa raiva irrompeu nela, abrindo uma montanha de velhas mágoas que ela enterrara na vida que a mãe havia lhe forçado a seguir desde a infância, lhe cortando todas as opções, deixando-a sem escolha que não seguir o caminho traçado por ela. Seu casamento com Finn fora parte daquilo... O bebê que ela fora convencida a não ter também. Chega, chega, chega! Pensou.
Ela enxugou as lágrimas com as costas da mão e encarou o homem que exigia sua resposta àquela situação.
"Sim", ela respondeu, veementemente. "Não deixarei você, ou o Finn ou a minha mãe varrerem isso pra debaixo do tapete. Não me importo se vai abalar minha imagem. Jamais vou aceitá-lo de volta como meu marido".
"Ótimo!" Ele disse com um gesto casual de dispensa. "Só queria saber a melhor maneira de lidarmos com a situação, dada a nossa abrupta saída do Salão Adrenaline".
"Também não quero voltar pra lá!" Ela retrucou em total revolta. "Não quero ver ou falar com o Finn, nem ficar perto dele. E também não quero ouvir a minha mãe".
Ele a observou, pensativo, durante um longo momento, os poderosos olhos cinzentos sondando, avaliando, especulando, fazendo-a se sentir como uma borboleta presa a um alfinete, minuciosamente examinada. Ela afastou o olhar e bebeu um gole de conhaque, querendo que seu fogo incinerasse a humilhação de não ser nada além de uma galinha dos ovos de ouro para as pessoas que a haviam posto naquela situação.
Jesse St. James não era diferente, ela disse a si mesma. Só se importava com ela por causa do imenso investimento que fizera no programa, projetando-o para o que achava ser o talento especial dela. Seja lá o que fosse. Mas estava agradecida por ele tê-la tirado do Salão Adrenaline. Ela não se lembrava dele ter feito isso, mas ele, obviamente, observara o impacto da revelação de Quinn e agira para minimizar o efeito que teria na festa de lançamento.
O show deve continuar.
Mas não naquela noite. E não para ela.
"Já que não quer ser importunada por sua obstinada mãe e nem pelo seu marido que, sem dúvida, vai pensar em como jogar a culpa em Quinn Fabray e se fazer de inocente vítima de uma mulher louca de ciúmes..." Ele se calou por um instante, vendo a reação dela à situação.
Rachel estremeceu.
"O que, eu te garanto, será uma mentira", ele continuou mordazmente. "Observei os dois em uma conversa bastante íntima pouco antes de ela abordar você. Estava furiosa com ele. A ligação entre eles não é fantasia".
"De qualquer forma, o bebê provará isso", ela resmungou, amargurada.
"A menos que a Quinn seja convencida a fazer um aborto".
Aterrorizada, Rachel olhou para ele, que balançou a cabeça.
"Não por mim".
Finn. A mãe dela. Ela soube sem ele precisar dizer que os dois veriam aquilo como uma saída para um escândalo desagradável, um jeito de suavizar tudo para que ela continuasse a fazer o que mandassem. A cabeça de Rachel começou a pulsar, pensando em todos os argumentos a que eles a sujeitariam.
"Preciso fugir deles. Preciso..." Ela mal percebia que dizia as palavras em voz alta. Sua mente estava desesperadamente em busca de uma forma de escapar, mas tudo que ela possuía estava preso a Finn ou à mãe: o dinheiro, a casa... a vida inteira.
"Posso protegê-la, Rachel".
Assustada por uma declaração que não esperava, ela o encarou, angustiada e confusa. A expressão de uma arrogante confiança no rosto dele a lembrou do quão poderoso ele era. Os olhos cinzentos penetravam os dela com uma força implacável que a deixou com os nervos à flor da pele. Claro. Jesse St. James podia protegê-la se quisesse. Mas o que isso significaria?
"Você precisa ir para um refúgio seguro, onde a segurança seja tão boa que ninguém poderá vê-la, a menos que você queira", ele disse de maneira casual. "Não terei dificuldade em conseguir isso".
Um refúgio de paz, um paraíso... ela pensou. Mas as questões práticas imediatamente mostraram as dificuldades.
"Preciso ir em casa pegar minhas roupas".
"Não. Profissionais de mudanças podem empacotá-las e entregá-las a você".
"Sequer estou com meu cartão de crédito!"
"Contratarei um advogado para resolver sua situação financeira. Enquanto isso, criarei uma conta bancária para suprir suas necessidades até que você possa se encarregar de seu próprio dinheiro".
Ela recuou.
"Minha mãe lutará para manter o controle".
"Duvido que ela tenha mais armas do que eu", ele falou lentamente, uma impetuosa determinação cintilando nos brilhantes olhos cinzentos.
Ele estava certo. A mãe dela não era páreo para ele. A liberdade parecia ao alcance dela.
"Confie em mim, Rachel. Não há nada que eu não possa fazer para lhe dar independência. Se for o que você quer".
Palavras sedutoras, atraindo-a na direção dele. O [b]sim[/b] formigava na sua língua. A única coisa que a conteve foi a súbita sensação de que sairia de uma forma de dominação diretamente para outra.
"Por que você faria isso por mim?" As palavras saíram numa onda de medo, medo de que ele pretendesse moldá-la ao seu jeito e de que a promessa de independência fosse a isca para prendê-la em algo pior ainda.
"Não quero que nada atrapalhe o programa, um projeto que planejei durante muito tempo. Você é o mais importante para ele, Rachel. Preciso de você trabalhando como só você pode. Se para tanto eu tiver que libertá-la de tudo que a aflige e garantir que não será importunada por pessoas que lhe causarão dor, farei isso. Criarei um perímetro de segurança ao seu redor que ninguém poderá violar sem sua permissão. Tudo que peço em contrapartida é que continue trabalhando no programa até quando durar o contrato".
Protegendo o investimento.
Fazia sentido
Jesse St. James sempre estivera ligado ao sucesso, jamais ao fracasso.
Não era pessoal para ele. Eram negócios. Ele apenas não queria que a vida particular dela afetasse de maneira ruim o que ele projetara.
De súbito, seus temores pareceram ridículos. Estranhamente, ela sentiu uma enorme confiança de que poderia fazer o que ele pedisse, continuar com seu papel no programa, se não tivesse que lidar com a mãe, ou com Finn, ou com Quinn enquanto isso.
"Farei com que eles desapareçam", ele falou suavemente, como se lesse os pensamentos dela. "É só falar, Rachel".
A mente cansada dela começou a ser tomada pela visão de um cavaleiro branco, lutando contra todos os seus dragões, em vez de um vilão planejando usá-la para algum sórdido fim próprio. Era mais do que sedutor. Empurrava-a para que aceitasse a oferta sem sequer pensar mais a respeito.
"É o que quero", ela disse.
"Sim", ele respondeu, como se já soubesse e estivesse apenas esperando que ela confirmasse. Jesse se levantou da cadeira com o ar de um homem que saboreia a batalha por vir. "Você ficará em perfeita segurança enquanto me espera aqui. Provavelmente precisará comer algo. Peça o que quiser do serviço de quarto. Fique à vontade e relaxe, sabendo que não terá de enfrentar nenhum tipo de perturbação esta noite".
"Aonde vai?"
"Ao Salão Adrenaline". Ele abriu um sorriso de imensa satisfação pessoal. "Quando terminar lá, duvido que alguém vá importuná-la a respeito de sua decisão".
A decisão dela.
Uma decisão independente.
Ela se sentiu estranhamente fascinada por aquilo enquanto observava o homem que tornara tão facilmente possível fugir começar a pôr o plano em prática. Jesse St. James. Que tinha o poder de fazer qualquer coisa que quisesse. E estava prestes a usar seu poder para livrá-la da vida da qual sempre quis fugir.
