Sopro e Sangue Quente

A menina lembrava um desses seres que encantam, talvez uma ninfa dos bosques; era como ele gostava de pensar. Entrelaçava os dedos compridos sobre o colo do vestido cor-de-rosa; ele desejou que ela não estivesse sentindo dor.

Ela o olhou, o garoto tinha um ar lupino nos traços entre seu nariz e boca, e ela adorava pensar nisso.

-- Assopra, Teddy. - Ela disse manhosa e aflita, sentada naquela pedra sob um Sol de pleno verão.

-- Quê? - Ele talvez não tivesse entendido o que ela dissera. Inclinou o corpo em sua direção; os olhos castanhos eram fendas carameladas, e os cabelos (ela se perguntou se ele escolhera ficar ruivo ou se estava nervoso por que ela caíra) caíram-lhe pela testa.

-- Assopra. - Foi realmente o que ele ouvira. E, de fato, ela apontava o ferimento no joelho magro.

Ele ficara ali com ela para esperar tia Ginny, que seria chamada por Jim. Victoire caíra enquanto brincavam e corriam naqueles campos próximos à casa dos Potter. Machucara a pele das mãos e dos joelhos, e um ferimento fora mais fundo. E agora ela queria que Teddy o fizesse parar de doer.

Ele pôs-se de joelhos à frente da amiguinha (que não era mais tão "-inha" assim, em seus 12 anos) e, segurando com suas mãos, rudes demais, o joelho fino e um pouco ossudo de Vicky, assoprou.

Ela suspirou parecendo aliviada, olhou o amigo com gratidão e um sorrisinho nos lábios róseos. Ele devolveu o olhar, esquecendo o ferimento na imagem do rosto dela corado pelo calor; um pouquinho de suor fazia os fios louros colarem no pescoço comprido. Pensava se algum dia ela cessaria aquilo: ficava a cada dia mais linda.

-- Assopra mais. - Disse a voz que ele ouvira a vida inteira de pertinho.

Ele franziu o cenho, ainda achando aquilo estranho. Nunca acreditara nessa coisa de soprar ferimentos para aliviar a dor, mesmo com madrinhas e avós a lhe fazerem isso.

Mas assoprou, e ergueu os olhos enquanto o fazia, porque era bonito vê-la assim, de olhos fechados em alívio, inclinando o rosto para trás quando passava algum ventinho por ali. Soprou porque queria há tempos uma desculpa para admirar o Sol iluminando suas cores, fazendo dos cílios longos pincéis curvados e castanhos que na pontinha refletiam a luz.

E quando veio um ventinho mais forte, e ela pendeu o pescoço para trás, os fios livraram seu rosto de vez; ele tentou se erguer um pouco, sem parar de soprar, para ver a garotinha inocente e delicada que ela podia ser. (Às vezes ele procurava isso nela, em meio a gritos atrevidos e discursos mandões, em meio às brincadeiras brutas de que ela sempre queria participar, principalmente quando ele dizia que não era para ela brincar. Afinal, ele era mais que um ano mais velho que ela, tinha que protegê-la.)

Ele assoprou até quando pôde, e achou o tempo curto, porque aquilo queria dizer o que não conseguira explicar desde que Vicky nasceu.

O modo como ela sempre fizera seu sangue esquentar bem mais que o Sol.

"Seus olhos fechados sob o Sol

E o sangue tão quente

Me dizem mais do que eu sei

Por frases medidas"



N/A:esse texto (uma fic, vai) tava escrito e eu não sabia pra que casal adaptar. Achei mais a cara do Teddy e da Victoire do que do Sirius e da Lene. o q vcs acham?

é minúscula, eu sei. demorei tanto pra publicar tambem por isso: é muito estranho!!! rs. tanto o modo como surgiu na minha cabeça (essa música tocando e um dia quente), quanto o fato de ser pequena e...... estranha. rs

é por isso, beeeem por isso, que preciso da opiniao de vcs! reviews, por favor!! gostaram? odiaram? eu não devia ter publicado? não tem nada a ver com teddy/vicky??

me contem ;)

bjao