Capitulo 1
A sentença
Era noite. O homem moreno e belo se deitava sobre o corpo de uma bela moça da aldeia. Kveland era um reino da que mais tarde seria chamada Finlândia. O século XIII havia sido uma época de inglórios e heroicos homens. Havia sempre alguma guerra ou batalha acontecendo por terras, tesouros ou somente poder. Todos eram prometidos de alguém. Muitos eram escravos mas haviam muitos livres. Uma liberdade cerceada pelo Rei e seus príncipes que governavam com mão de ferro o povo Kven.
Entretanto aquela noite era somente uma noite de amor entre um polonês e uma serviçal do reino dos Kvens. Ambos arfavam entre os panos de suas próprias vestes pois era uma das noites mais frias do verão. A mulher acariciava os cabelos castanhos do homem mais bonito que já vira. Viril, um amante notável. Um sorriso perfeito dentre todos os vistos na aldeia Kven. A maioria dos homens era mau cuidada pela pobreza, as doenças, as guerras. Mas não aquele homem. Ele tinha uma aura de perfeição e pureza digna de um príncipe. Ninguém sabia a origem da família polonesa da qual ele fazia parte. Só sabiam que seu pai morrera em batalha para proteger os Kvens e ele era o último homem de uma família em que precisava socorrer e proteger a seis mulheres. A mãe e suas cinco irmãs.
O tal homem fazia de tudo, capinava, carregava feno para os mais abastados, carregava lenha, fazia todo tipo de trabalho mas ultimamente o trabalho estava escasso devido ao poder de compra do povo Kven após tantas guerras por terras que o Reino travava. Muitas vezes conseguia uma ou duas moedas de ouro fino ou cobre, que dava para trocar por comida no mercado da aldeia.
Ofegante, ele terminava de fazer amor com a serviçal e a empurrou. As mulheres não eram dignas de palavras, conversas ou carinhos. Ela deixou uma lágrima rolar.
- Um bruto ...- lamentou – Como todos.
Ele a olhou.
- Uma vadia – respondeu – Como todas.
Ela se levantou rapidamente, vestiu-se apressadamente e saiu correndo para sua casa.
O polonês se levantou arrumando-se. Saiu dali e foi rumando para sua casa a passos lentos. Precisava atravessar um milharal quase morto em seu terreno para chegar a pobre casa onde as irmãs e mãe já dormiam. Sentou-se e serviu-se de uma caneca de vinho, a última garrafa da qual dispunha. Tudo acabava, e ele observava tudo com rancor e raiva. Não podia sequer levar a família embora, vendera cavalos e não tinha como levar todas a pé de volta a Polônia.
~x~
Em seus aposentos o príncipe Jensen de Kveland estava entediado tarde da noite. Era um homem romântico e observava da janela todo o Reino Kven e pensava quando teria um homem somente para ele. Mulheres estavam fora de cogitação. As mulheres serviam somente para o casamento e procriação. Os homens sim, eram seres para serem amados. Já tivera namorados com a anuência de seus pais mas em sua maioria eram príncipes de reinos distantes que precisavam voltar as suas terras e por casamentos arranjados entre reinos terminavam desaparecendo. Suspirou. Era um homem muito bonito, loiro, de olhos verdes, forte, entendia das lutas de seu povo, das guerras travadas, dos combates. Não chegou a ser um general ainda mas almejava por isso. Tinha mais outros dois irmãos, Rob e Adam.
~x~
O dia seguinte havia chegado. O polonês sem saída para matar a fome da família e sem trabalho para trocar por comida, foi até o mercado da aldeia planejando qualquer saque, qualquer roubo que pudesse levar para sua mãe e irmãs. Estava com a cabeça coberta como um mouro e vestes pobres apesar de não vestir-se sempre assim. Estava desesperado pois um dos príncipes andava procurando uma de suas irmãs para compra-la como escrava sexual já que toda sua família era muito bonita. Não podia deixar isso acontecer.
Esgueirou-se pelo mercado furtivamente tentando encontrar um pão que pudesse levar para sua casa. Assim que pôs a mão em um dos pães, um guarda real pôs a mão em seu ombro.
- Ah então é você que anda roubando por aqui?!
- N- Não senhor, eu não ia roubar! – mentiu
- Ia sim, guardas! – gritou o guarda para os demais se aproximarem e o levaram para a masmorra.
Ele se debatia. Todos assistiam com tristeza e revolta.
- Por favor, eu preciso voltar pra minha família, eu tenho muitas irmãs! Elas dependem de mim!- Ele chorava e se debatia enquanto os guardas o carregavam impiedosamente. Até que bateram em seu rosto.
- Quieto!
Ele desmaiou com tamanha força do soco e foi sendo arrastado como uma coisa qualquer.
Sentiu forte dor no rosto e braços. Seus olhos se abriam lentamente e podia sentir o odor fétido daquele lugar. Era a masmorra Kven. Estava pendurado em duas algemas com correntes presas a parede da masmorra. Ouvia gritos. Seus joelhos estavam no chão de pedra úmido e doíam muito. Apenas vestia sua calça e calçados. Sentia sangue no canto da boca. Mexeu o maxilar, não estava quebrado por sorte. Viu alguns guardas passarem mas logo reconheceu uma figura feminina que se aproximou dele vestindo um capuz. Tinha roupas finas, de pessoa da realeza. Aproximou-se dele sorrindo.
- Você é o polonês...-sussurrou.
- S-sim, quem é você?
- Eu quero retirar você daqui... sou prima dos príncipes – ela sorria feliz – Quero você pra mim...
- O que? – ele não entendia
- Só preciso que me prometa que será meu escravo...
Ele ficou observando -a por um tempo. Refletiu. A partir do momento em que estivesse solto poderia matá-la e fugir. Consentiu. A moça ainda pegou em seu órgão sexual.
- É grande não é? Como você?
Ele se remexeu.
- Meu Deus mulher, o que é isso?
- Você não entendeu, polonês? Eu quero você só pra mim...O homem que andam falando no reino que é o homem mais bonito em muitas terras, a perder de vista...
- Eu? Como andam falando de mim?
- Não temos mais tempo para conversa seu estúpido, vamos eu vou retirar você daqui...
A moça conseguiu soltá-lo com um par de chaves que possuía mas assim que ele conseguiu se livrar, socou-a no rosto, fazendo-a desmaiar e mesmo com isso não foi muito longe. Os guardas o pegaram em um dos corredores da masmorra fétida e o levaram de volta.
- Agora não haverá intervenção da realeza, ladrãozinho, você irá ficar sem sua mão amanhã mesmo!
- O que?!- gritou ele- Não podem fazer isso comigo, minha família passa fome!
- Cala a boca!
Os guardas saíram levando a moça desacordada de volta ao castelo Kven.
Perder minha mão? Não podem fazer isso...
Meu Deus preciso sair daqui!
Ele puxava com toda sua força as correntes, inclusive colocando os dois pés na parede e puxando com força até ver o sangue brotar dos pulsos. Debatia-se. Em vão. Não havia como se soltar dali e finalmente deixou o corpo descansar.
~x~
Era manhã e o príncipe Jensen soubera que haveria uma execução e uma punição na aldeia. Era raro tomar parte nesse show de horrores que o Rei fazia exibir a todos como exemplo e castigo. Porém aquela manhã foi diferente. Ele foi convocado a estar presente. Mesmo detestando cada momento daquela demonstração fúnebre. Vestiu-se apropriadamente em vermelho, a espada na cintura, jóias de ouro no peito, pulsos e dedos. Subiu em seu cavalo e em alguns minutos estava presente na arena funesta onde faziam execuções a céu aberto.
Os abutres lá no céu já aguardavam o banquete.
Os guardas traziam três condenados. Condenados pelo Rei Roger. Era o único que podia decretar a sentença de morte por decapitação, estrangulamento ou a sentença a mutilação por roubo. Era o caso do polonês.
- Aquele é o moreno lindo que te falei – Jensen ouviu a prima falar para outra – Mas ele me bateu, espero que perca as duas mãos!
- Ele é realmente um sonho de homem, eu já o vi antes...
Jensen prestou atenção no homem, que estava algemado a uma biga , de pé com uma mão presa a biga e que aguardava pela punição. Ele não derramava nenhuma lágrima, trazia apenas um corte no canto dos lábios, os cabelos estavam um pouco emaranhados mas eram bonitos, compridos a altura dos ombros. O pouco que sua vestimenta dava a ver seu corpo, parecia muito atlético e bonito. Jensen ficou interessado. Nesse momento o moreno avistou o príncipe o encarando e se encararam por alguns minutos. Que rosto! – ambos pensaram-
- Quem é esse homem?- Jensen sussurrou – Quem é aquele homem?! – gritou para os guardas
- Alteza, ele é um ladrão, tentou roubar pão no mercado ontem!
O príncipe montou seu cavalo e foi até ele.
- Quem é você?
O polonês levantou a cabeça e o encarando respondeu:
- Padalecki, Jared, filho da minha Polônia!
Ele olhava a beleza inigualável, jamais vista naquele reino de brutos, horrorosos e sem dentes com barbas cheias de piolhos e mandou soltarem-no.
- Mas alteza, ele roubou!
- Eu vou leva-lo a presença de meu pai!
- Sim, alteza.
Dois guardas aprisionaram Jared e foram levando-o para o castelo. As primas estavam furiosas.
Assim que se afastaram da vista de todos, Jensen quis conversar com o rapaz.
- Você tem família? – parecia encantado
- Sim, tenho, minha mãe e cinco irmãs...devem estar com fome, príncipe, por favor solte-me que preciso ir ve-las... eu lhe imploro
- Pode se acalmar, eu tenho um pensamento muito melhor...
- Por favor, ser escravo de sua prima não!
Jensen sorriu.
- E meu? Você aceitaria bem?
Jared reparou na beleza do príncipe e baixou a cabeça. Não podia dizer que não gostava de homens também e ser escravo sexual de um príncipe não era má ideía. Mas e suas irmãs? E sua mãe?
- Alteza, lhe estimo, tenho profundo respeito mas como posso aceitar bem se minha família não irá mais comer?
- Me de o endereço de onde moram e eu mando guardas levarem tudo que precisam, desde comida, até sementes e uma cabra, o que acha? É pegar ou largar... – virou-se de costas de olhos fechados torcendo para que o lindo homem aceitasse por bem.
- Como posso saber se é verdade?
- Como pode duvidar da palavra de um príncipe? – virou-se e desferiu-lhe um tapa no rosto.
Jared sentiu muita raiva mas pensou em aceitar e na primeira oportunidade sem algemas, fugir dali. Jensen chamou dois guardas para ajudar a carrega-lo até seus aposentos. Mandou darem um banho nele. Só o veria quando estivesse limpo e cheiroso.
