Revolução Bolchevique, Russia, Fevereiro de 1917. Faziam algumas semanas desde que a família real havia sido tirada do poder embora Ivan , Russia, tivesse reclamado, batido o pé e dito que não ele seria sempre obrigado a obedecer ao que o povo queria. Abraçou as quatro grã-duquesas, afagando-lhe os cabelos com carinho, sussurrando que tudo ficaria bem, que as protegeria, que protegeria seus pais e que protegeria a si mesmo, promessa feita em especial a Nicolau Romanov, que mesmo sendo expulso de seu palácio mantinha um sorriso nos lábios escondidos pelo espesso bigode.

Ivan agachou-se e beijou o rosto do pequeno e enfermo Alexei,. sorrindo, prometeu que iria buscá-los quando tudo estivesse bem e que eles poderiam, uma vez mais, brincarem juntos.

Mas isso nunca aconteceu. A família Romanov saiu daquele palácio para nunca mais retornarem.

17 de Julho de 1918.

Passos apressados deixam pegadas no tapete branco que é o chão daquela pequena vila próxima a Sibéria. Uma respiração pesada e o som do baque de um corpo ao cair no chão. Ele se levanta apressado e continua a correr, sua respiração formando nuvens em frente ao seu rosto. Precisava se apressar, precisava correr. Como, como podiam ter decidido isso sem o consultarem? Eles não ousariam, eles não podiam...

Ivan deteve-se em frente a casa em que os Romanov vinham habitando por mais de um ano. Suas pernas estavam trêmulas e ele sentiu seus joelhos falharem quando percebeu que vários homens armados lhe sorriam. Como podiam lhe sorrir? Então Yakov, aquele maldito Yakov, saiu da casa, arrumando as luvas em suas mãos. Quando seus olhos negros encontraram Ivan ele abriu um grande sorriso.

-A RÚssia está livre da ditadura dos Romanov para sempre.

Foi o combustível que faltava, Ivan disparou para dentro da casa e o que viu o fez uivar de dor e desespero. Todos os membros da família Romanov jaziam no chão, seus corpos perfurados por balas. Alexandra, a czarina, e suas filhas, tinham tentado proteger o caçula, pois seus corpos estavam sobre o dele, agarrando-se firmemente. Olhos inocentes, bocas abertas num eterno grito de horror, sangue espalhado por toda a sala. Pobre Alexei, sempre vivera tão doente e mesmo assim, mesmo não apresentando perigo algum... Ivan arrastou-se até os corpos, sentando-se ao lado deles, afagando-lhe os cabelos, tentando afastar o sangue de seus rosto, buscando deixar-lhes como os membros da realeza que eram. Cantarolava a canção preferida das meninas e de Alexei enquanto isto, as lágrimas caindo por seu rosto.

Esticou o braço e tocou o rosto da pequena Anastásia, sua adorada Anastásia, a que na despedida o abraçara com mais força e lhe dissera que não importava o que acontecesse, os Romanov sempre serviriam a Russia, aonde quer que estivessem. Deitou-se sobre os corpos e chorou, seu coração se despedaçando em mil a cada lágrima expelida. Não podia crer...

-Acredite, está melhor sem eles. É uma nova era para a Russia.

Era Yakov mais uma vez. Ele sorria para Ivan, esperando um sorriso em retorno. O silêncio pairou sobre eles por um longo momento enquanto a nação ainda estava abraçada aos cadavéres de seus antigos chefes. Então Ivan ergueu-se lentamente, enxugando os olhos e quando olhou para Yakov não havia vida em seu olhar, não havia brilho, não havia...sanidade naquele sorriso.

-Sim, é uma nova era que chega.