Era uma tarde chuvosa, e Draco malfoy estava sentado no parapeito de uma das janelas da vazia sala comunal da Sonserina observando o céu.

Era seu primeiro final de semana em Hogwarts, e a primeira semana de aulas tinha se arrastado demasiadamente devagar, sem nenhum acontecimento relevante.

A nova professora nova de DCAT, uma tal de Gabrielle Grandid, que por sinal era realmente muito chata e lembrava a profaº Minerva Mac.Gonnagal. Harry estava ignorando suas provocações (acabando assim com o passatempo predileto de Draco), e o máximo que conseguira foi tirar o pobretão do Weasley do sério, coisa que não era lá muito interessante (apesar de ser melhor que nada).

Isso sem contar o fato de que suas férias haviam sido demasiadamente "agradáveis", com ele tendo de aturar seu pai infurecido por quase ter sido capturado pelo ministério e coisas bem piores as quais ele preferia ignorar no momento, pois toda vez que pensava naquilo acabava com uma grande dor de cabeça.

De qualquer modo, era estranho andar por aí sem seus capangas, que dizer, havia passado quatro anos da sua vida com eles o seguindo por todo canto. Mas, agora, depois do acontecido nas férias, Cable e Goyle, os dois mais novos comensais da morte do mundo bruxo, haviam sido transferidos para Dumstrang para aprofundar seu conhecimento nas artes das trevas.

Ele estava ali, observando as nuvens acinzentadas quando ouviu um enorme barulho, que o fez se levantar num salto. Havia um garoto do primeiro ano, aparentemente desmaiado ao pé das escadas que levavam aos dormitórios, e seus materiais estavam espalhados pelo chão.

Os lábios de Draco se contorceram num sorriso desdenhoso para o menino inconciente e ele saltou por cima de sua cabeça seguindo em direção aos dormitórios. Precisava de um banho para relaxar. Ele só não esperava encontrar todos no dormitório espalhados pelo chão ou pelas camas mergulhados num sono profundo e extremamente anormal.

* * *

Gina Weasley, com seus cabelos vermelhos volumosos, rosto arredondado e cheio de sardas, olhos castanhos brilhantes era uma das meninas mais tímidas do quinto ano da Grifinória.

Não que ela fosse o tipo: totalmente-estranha-e-sem-amigos, mas não era exatamente extrovertida, e andava bem assustada com os acontecimentos do ano anterior. Afinal, não era pra qualquer um se infiltrar na base secreta da ordem e enfrentar um bando de comensais da morte.

Claro que ela não estivera sozinha. Estivera com ele, Harry Potter, o garoto que idolatrara por tantos anos, e agora queria bem, mas de um modo diferente.

Porém, naquela tarde, por um capricho do destino ela não estava passeando com suas amigas pelos corredores de Hogwarts como de costume. Ela estava a fim de ficar um pouco sozinha e escrever em seu diário. E era isso que estava fazendo esparramada numa das confortáveis poltronas do salão da Grifinória.

Já estava ali a uma ou duas horas, não sabia dizer com certeza, e sua pernas já estavam começando a ficar dormentes. Então decidiu ir à procura de alguém, cansara de ficar sozinha, já escrevera todas as novidades para aquele que considerava seu melhor amigo, agora ela queria mesmo era conversar.

Guardou o pequeno caderninho na mochila e seguiu para o retrato da mulher gorda. Assim que atravessou a passagem pisou em algo mole. Algo vivo. Soltou um grito de nojo, e quando olhou para baixo viu Neville Logbontom, que continuava adormecido aos seus pés.

Ela se abaixou e começou a chacoalhar o garoto que continuava adormecido. Precisava achar ajuda. Ainda com a mochila nas costas saltou por cima de Neville, e segui pelos corredores em busca de alguém. Com certeza o menino não estava bem. Ninguém poderia ter um sono tão pesado a ponto de ser pisoteado, chacoalhado e não acordar.

Os corredores estavam estranhamente desertos, mas Gina não pensou nisso enquanto se dirigia à ala hospitalar.

Quando chegou lá, se deparou com a figura adormecida de madame Pomfey, que como Neville não acordava de maneira nenhuma.

Gina entrou em pânico. Parecia uma espécie de pesadelo. As poucas pessoas que ela encontrou pelo castelo estavam adormecidas. Ela estava sozinha.

Se encostou numa parede e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.Então, para piorar ainda mais a situação, um pensamento horrível lhe ocorreu. Era ele. Só podia ser ele. Valdemort estava por traz disso tudo.

Afinal, deste o final do ano anterior,o mundo bruxo andara em completa desordem com a volta "oficial" dele e os ataques que haviam ocorrido durante o período de férias. Trouxas e Comensais da morte encontrados mortos por toda parte.

De qualquer forma, não havia outra explicação. Ele havia voltado, e agora resolvera agir. Enfrentar Dumbledore.

Gina chorava encolhida no meio do corredor quando sentiu como se o mundo começasse a girar num imenso turbilhão de cores. Abraçou os joelhos com força, fechando os olhos, queria que aquilo acabasse.

Sentiu seu corpo cair enquanto sua mente mergulhava na escuridão total.

* * *

Draco foi acordado por uma enorme dor de cabeça e permaneceu alguns segundos de olhos fechados, tentando colocar os últimos acontecimentos em ordem em sua cabeça.

Lembrava-se de uma queda... Cair no vazio...

Abriu os olhos que foram instantaneamente invadidos por uma claridade insuportável, fazendo o garoto levar as mãos em direção a estes para protege-los.

Sentou-se rapidamente, provocando o ruído de folhas secas embaixo de si e, com uma mão ainda protegendo os olhos, olhou em volta.

Fosse o que, ou melhor, onde fosse, aquilo definitivamente não era Hogwarts.

Estava em uma espécie de floresta, e o sol que atravessava a copa das árvores atingia seu rosto dando uma aparência sagrada ao lugar.

Draco se levantou limpando a sujeira das vestes, e foi quando notou que não mais usava vestes, e sim uma roupa preta de linho com uma bela capa presa em eu pescoço por um broche em formato de cobra.

- O que diabos é isso? - perguntou para si mesmo já ficando irritado.

Afinal, havia ido parar (só deus sabe como,) em um lugar totalmente desconhecido, com roupas que apesar de bem escolhidas, não eram as suas, com uma enorme dor de cabeça e sem ninguém a quem culpar ou descontar sua raiva.

Passou a mão pelos cabelos pensando "Ótimo, o que mais falta me acontecer?" . Antes não tivesse feito isso, pois a cena que se seguiu pareceria pelo menos um pouco menos irônica.

***

Gina estava dormindo, mas foi acordada por uma dorzinha irritante. Algo estava machucando suas costas.

Queria continuar dormindo, mas fosse o que fosse, estava mesmo incomodando.

Com alguma relutância, abriu os olhos e levou um susto ao dar de cara com folhas.

Folhas? Dentro do dormitório? Mas como... então se lembrou. Se lembrou das pessoas dormindo, se lembrou da sensação de queda e sentou- se num impulso.

O que não podia imaginar, era que estivesse num galho de árvore. Isso mesmo, num grosso galho de árvore a uns dois metros do chão, que apesar de grosso, não pode comportar a menina sentada, fazendo-a se desequilibrar e, pela segunda vez naquele dia, cair.

Sabia que não era a hora adequada, mas não pode deixar de notar que aquilo estava se tornando repetitivo. Mas para sua sorte, sua queda foi amortecida, e ela sentiu seu corpo aterrissar em algo macio. Algo macio que soltou um estrondoso "Ai" no impacto.

* * *

Draco havia decidido que ficar onde estava não iria adiantar nada. E sem ter conseguido ter alguma idéia de onde estava ou de como fora parar lá, resolvera dar uma volta para reconhecer o terreno.

Já estava andando há alguns minutos, quando ouviu um ruído. Folhas se mexendo. Parou e ficou escutando atentamente com a varinha em punho. Só não esperava que fosse atingido por cima.

Não pode entender muito bem o que aconteceu, mas em um segundo estava em pé com os sentidos alerta, e em seguida estava de cara no chão com algo pesado sob suas costas.

Sentiu uma onda de raiva invadi-lo. Como alguém se atrevia atacá-lo?

Mas mesmo com a cara no chão, as costas doendo e muita raiva, ele pode ouvir movimento ali perto Havia alguém ou algo vindo em sua direção. Ele havia sido treinado. Podia odiar seu pai, mas tinha de reconhecer que ele o treinara muito bem.

O garoto se levantou, jogando o que quer que estivesse nas suas costas no chão com um movimento rápido, e olhou para "aquilo" somente tempo suficiente para ver que não passava de um humano, sendo assim, não apresentava uma ameaça imediata, ao contrario do ser que estava a sua frente, e era o dono dos ruídos que ele ouvira.

Nunca havia visto algo tão grotesco quanto aquilo. Era simplesmente repugnante!

Uma espécie de rinoceronte negro com três chifres, dois pares de olhos vermelhos e uma boca enorme cheia de dentes de cobra.

O animal rugiu um rugido apavorante, mas isso não intimidou Draco, que na verdade tinha um sorriso de triunfo no rosto.

Ele podia ouvir a voz de seu pai em sua mente : " Regra número dez do combate: Sempre que enfrentar um inimigo consideravelmente maior que você concentre seu ataque em seu ponto fraco - as pernas." Pelo menos para alguma coisa seu pai havia lhe sido útil.

Draco se concentrou. O melhor feitiço para usar nesse caso... Claro! Como não pensara nisso antes?

- Congelitos - disse o garoto um tanto preguiçosamente.

Naquele exato instante, o "monstro" decidira atacá-lo, e foi atingido pelo feitiço no ar, tendo suas quatro pernas congeladas e caindo no chão com um baque surdo.

Aquilo aliviara sua raiva. Estava precisando descontar em alguém...Draco se virou para ir embora, e se deparou com a figura de uma garota de cabelos ruivos totalmente desalinhada e parecendo realmente amedrontada.

Mesmo estando vestindo roupas trouxas, ele a reconheceu. Claro que a conhecia. Afinal, como poderia esquecer? Ela fisera algo imperdoável. Ela o derrubara no ano anterior.

- Weasley?! - Exclamou ele sem conseguir esconder sua surpresa.

* * *

Gina não sabia o que esperava, afinal coisas suficientemente estranhas estavam acontecendo com ela naquele dia. Mas ela sabia que definitivamente não esperava ser salva ou sequer encontrar justo o Malfoy ali.

Não tinha certeza se era uma coisa boa ou ruim ele estar ali, afinal, ele a havia salvo! Mas de qualquer modo, não queria estar em um lugar desconhecido com o malfoy, não mesmo!

Se cérebro parecia estar trabalhando numa velocidade exepcional pra processar todas as informações e possibilidades. Ela já o havia enfrentado e vencido no ano anterior, mas se ele a atacasse, estaria vulnerável, sentada ali, e com esse pensamento levou a mão até o bolso das vestes a procura de sua varinha.

Foi só então que percebeu que não mais usava suas vestes de Hogwarts, mas sim uma calça jeans e uma camiseta branca. Pelo menos sua varinha estava lá. Nom bolso daquela calça que sequer era sua.

Os dois mantiveram contato visual por um tempo, até que Draco quebrou o silencio

- O que diabos você esta fazendo aqui? - perguntou, como sempre, "educado".

- Tá aí uma coisa que eu gostaria de sabre, Malfoy. Tem certeza que você não sabe?

Depôs dessa resposta a altura, Gina segurou com mais força sua varinha, esperando que ele fosse fazer algo, mas ele simplesmente revirou os olhos e se virou indo embora e resmungando algo do tipo: "Maravilha!".

Ela realmente não esperava por isso, não mesmo. E não sabia ao certo o que fazer.

Pelo visto ele também não sabia onde estavam, estava tão perdido quanto ela.

Olhou para frente e encarou o monstro imóvel no chão. Não queria ficar vagando sozinha nesse lugar estranho. Ainda mais com aquelas coisas a solta. Mas o que poderia fazer? Seguir o Malfoy? Não!

"Por que não? " ou viu uma vozinha perguntar dentro da sua cabeça. "Ele já salvou sua vida uma vez... Será muito mais seguro andar com ele." A verdade, era que ela realmente não sabia o que fazer.

Olhou mais uma ver para a criatura que a olhava furiosamente. De quem tinha mais medo, daquela "coisa" ou do Malfoy?

Com esse pensamento, se levantou em um salto e segui o garoto que já ia desaparecendo entre as árvores.

* * *

Draco só podia pensar o quanto a vida era "boa" enquanto deixava a Weasley descabelada e totalmente abestada para traz.

Podia estar preso em uma ilha pardiziaca com uma garota deslumbrante e rica bebendo Um drink daqueles com chapeuzinho, mas não. Estava preso em uma floresta desconhecida com uma Weasley.

E para melhorar, podia sentir a garota o seguir.

Ela iria desistir. Teria desistir, pois ele realmente não estava a fim de ter de pasear com uma grifinória pobretona e pirralha. Sequer sabia o nome da garota! Também, com tantos Weasley no mundo, Draco duvidava seriamente que a própria mãe soubesse o nome de todos os filhos.

Ele não estava com animo para parar e bater boca com a Weasley, então decidiu que iria despistá-la.

Apressou o passo e começou a andar em zigue e zague entre as árvores, mas a garota continuava a segui-lo, apesar de Draco notar que sua respiração começava a ficar ofegante.

Andou assim por mais uns dez minutos, até que sua paciência finalmente se esgotou e ele se virou para encara a menina que vinha um pouco atrás totalmente suada e ofegante.

Ele andou alguns passos até a garota que havia parado também e tentava recuperar o fôlego.

- Será que você poderia fazer a gentileza de parar de me seguir , Weasley? - perguntou rispidamente a encarando nos olhos.

- Escuta, Malfoy. Eu também não gosto de você, mas você não acha que seria bem mais seguro para nós dois...

- Pode parar por aí! Eu estou pouco me lixando pra o que é mais seguro para nós dois. Primeiro por que nunca existiu nem nunca existirá nos dois, e segundo por que tudo que me interessa é a MINHA segurança, que eu não acho que vá aumentar com a presença de uma pirralha grifinória. Então recolha-se a sua insignificância e suma da minha frente.

Aquilo fora a gota d'água! Gina estivera se segurando para não explodir. Não era sensato brigar agora, mas ele havia extrapolado todos os limites possíveis e imagináveis.

- Olha aqui! Você acha que é o bom, o gostoso. Mas você não passa de um idiota mimado e nojento que... -

Draco estava com dor de cabeça, e aquela gritaria toda só estava fazendo-a piorar. Iria matá-la. Sim. Estava prestes a pegar sua varinha para lançar um feitiço suficientemente forte que fisesse com que aquela garota calasse a boca, quando algo lhe ocorreu.

Um pensamento daqueles que vem quando menos se está esperando e simplesmente brota em sua mente.

E se fosse tudo um teste? A garota... O lugar... Sim, pois esse era bem o tipo de coisa que seu pai faria. Um teste.

Não pode deixar que uma onda de raiva o invadisse ao pensar em seu pai, mas não era hora para isso. Precisava sair dali, e se fosse realmente um teste, só sairia se passasse, e então poderia se vingar de seu pai.

Mas o que significava aquela garota então? Deveria matá-la? Não. Não era esse o tipo de pensamento que corria na cabeça de Lúcio. Ele iria querer a garota viva. Sim. Uma amiguinha do Potter. Uma isca perfeita para agarrar o quatro-olhos de vez!

Era isso! A Weasley era seu passaporte de saída dali. Ou talvez não... Talvez não fosse nada disso. Talvez essa idéia de teste fosse apenas loucura. Mas, de qualquer modo, não valia a pena arriscar. Devia levar a garota com sigo, por mais horrível que isso pudesse ser, ao menos até entender melhor o que estava acontecendo ali.

- Escuta, Weasley. - disse Draco cortando a garota que continuava a gritar e já estava com o rosto quase da cor dos cabelos. - Faça o que você quiser. Só aviso que não pretendo ficar salvando a sua vida ou dando uma de Babá, entendeu?! - e com isso, o garoto se virou e continuou andando. Sabia que ela ira atrás dele.

* * *

Gina parou sem entender o que havia acontecido. Ela estava gritando com ele! Xingando ele. E derrepente, do nada ele vira e simplesmente diz que ela pode ir com ele se quiser. Teria ele recuperado o juízo? Não, ele era um Malfoy. Algo estranho estava acontecendo, mas deixaria isso para mais tarde, por hora, aproveitaria que ele havia parado de implicar e seguiria com ele para tentar achar uma saída daquele lugar.

Dali em diante, os dois continuaram a caminhar entre as árvores. Draco sempre a frente com o rosto inexpressivo, e Gina atrás perdida em seus pensamentos.

Mal sabiam eles que aquilo era só o começo e que muito ainda estaria por vir. Mal sabiam eles que dali para frente suas vidas jamais seriam as mesmas.