26 anos atrás...

Ela tinha 20 anos, estava no 3º ano de Medicina, deitada numa cama de hospital. Ela não estava doente; ela daria a vida a duas criança. Sim, gêmeos! Ela estava radiante, mas assustada, pois ainda estava no sétimo mês de gestação. Ela não queria que nada de ruim acontecesse com seus bebês.

O pai? Bom o pai nem sabia que seria pai...

As horas iam passando e a dor aumentando, sua mãe estava lá - a contra gosto, pois não queria que a filha tivesse filhos, ainda mais sem a presença de um pai.

Na hora do parto houve complicações, levaram os bebês para outra sala e ela com o coração apertado. E segundos depois ouviu algo que mudaria sua vida para sempre:

Arlene: Eles não sobreviveram...

26 anos depois...

Nascia uma dia bonito em Princeton naquele 30 de março. O sol saia preguiçoso de trás das nuvens brancas, dando um tom alaranjado no céu azul.

Cuddy já estava no hospital fazendo suas coisas normalmente, mas esse não era um dia qualquer e ela sabia disso. Por várias vezes ela tentou não lembrar da dor, da angustia que passou nesse mesmo dia, só que há 26 anos atrás. Com a chegada de Rachel, as coisas melhoraram muito, mas esse dia era dela, era deles, era pra ser diferente, mas aconteceu tudo errado!

O que ela fez de errado para não ver seus filhos nascerem, crescerem? Ela deu tanto amor e carinho durante a gestação e nem teve a chance de segura-los em seus braços? A vida as vezes é injusta.

Ela passou o dia todo em seu escritório, não queria ver ninguém, mas as 5 da tarde alguém entra correndo.

Rachel: Mamãe! - sempre sorrindo - cheguei! - pulou no colo da mãe.

Cuddy: Oi amor! - deu uma abraço apertado na filha - como foi a escola?

Rachel: Lega! Teve bolo!

Cuddy: Teve? Por que? - dando toda sua atenção para a pequena de 4 anos.

Rachel: Foi aniversário do Doug, ele fez assim - e fez o numero 5 com a mão.

Cuddy: Tudo isso? Uau! Você também vai fazer 5 anos, mas só em outubro.

Rachel: E vai ter bolo? - toda fofa.

Cuddy: Vai sim! - enchendo a filha de beijos - cadê o House?

Rachel: Ele foi na sala do tio Wilson.

Sala do Wilson.

Wilson: O que você fez agora?

House: Nada! Mas você não está achando a Cuddy estranha?

Wilson: Bom, ela ficou no escritório o dia todo. A chamei pra tomar uma café e ela disse que não queria.

House: Exatamente! E é sempre nos 3 últimos dias do mês que ela fica assim.

Wilson: Ela está na TPM ou coisa do tipo? - lendo alguns relatórios.

House: Não, na TPM ela fica louca e agora ela está triste.

Wilson: Você tem certeza que não fez nada? Esqueceu alguma data de vocês, não tirou o lixo, sei lá!

House: Não. Desde de dezembro eu venho observando que ela fica assim entre os dias 28 a 30.

Wilson: 28 a 30?

House: É! - curioso - você sabe de alguma coisa?

Wilson: Não! Talvez seja coisa da sua cabeça, mas se você realmente acha que está acontecendo alguma coisa, você devia perguntar a ela e não fazer uma tabela dos dias que ela fica estranha.

House saiu da sala do amigo e foi pra sala de Lisa.

Rachel: Gregory! - pulou nele.

House: Oi Litlle Monster! O tio Wilson tem uma surpresa pra você lá na sala dele.

Rachel: Uma surpresa? - com os olhos brilhando - o que é?

House: Se eu contar, deixa de ser surpresa! Vai lá!

Rachel: Ok! - saiu correndo.

Cuddy: O Wilson não tem nada pra ela, tem?

House: Não - sorriu.

Cuddy: Ele e a Rachel vão te matar - sorriu também.

House: É bom te ver sorrindo - chegou perto dela - o que você tem?

Cuddy: Eu? Nada! - mentiu.

House: Lisa, você sabe que eu sei quando você mente, mas vou respeitar o que você está sentindo e vou acreditar no 'nada'!

Ela olhou pra ele, o abraçou e chorou muito!

Longe dali, em Boston, numa casa de luxo, num bairro alto padrão, Michael e Emily Grant ajudavam nos preparativos para a festa de aniversário de seus filhos.

Michael Grant era um promotor de justiça famoso e Emily Grant era juíza.

Michael: Que horas eles vão chegar?

Emily: A Jessica chega no vôo das 18 e o do Evan as 18:30. O Victor já está no aeroporto esperando.

A campainha toca.

Rebecca: Oi sogra! - falou baixo, pois estava com o Will, seu filho de 6 meses, no colo.

Emily: Ele está dormindo?

Rebecca: Finalmente! - cansada - ele não dormir quase nada essa noite com cólica.

Emily: E vocês acharam que cuidar de criança é fácil? - brincou - quer colocar ele na cama?

Rebecca: Eu quero - ela subiu e colocou o filho no quarto e desceu - oi sogro!

Michael: Oi Becca! - abraçando a nora - como vai meu neto?

Rebecca: Ele está bem, só que essa noite ele estava com cólica, mas nada de mais!

Rebecca Holt era jornalista e a namorada de longa data de Evan.

Rebecca: Cadê o Brian?

Michael: Ele está na Califórnia com meu pai - arrumando alguma coisa na cozinha.

Rebecca: Ah! - ajudando - eu falei com o Betô e ele conseguiu um vôo mais cedo.

Emily: O vôo das 18:30 né?!

Rebecca: Isso! Eu avisei o Victor.

Emily: E ele nos avisou! - sorriu.

Aos poucos os convidados chegavam.

Emily: Será que eles vão gostar? - ansiosa para ver os filhos.

Michael: Conhecendo os dois, eu diria que o Betô vai gostar e a Jess não! - riu.

Emily: Também acho que ela não vai gostar! - abraçou o marido - mas ela vai ter que ficar na festa.

No aeroporto.

Victor Blake, engenheiro civil, aguardava a namorada e o cunhado na porta do desembarque.

Ele chegou as 17:50 e o cunhado saio as 18:50.

Victor: Até que enfim! - cansado de ficar em pé.

Evan: Já ta reclamando? - abraçando o cunhado - nem demorei; não tinha bagagem! Cadê a Jess?

Victor: Alfândega! - foram para outra porta de desembarque.

Evan: Ela trouxe a Europa nas bagagens? - sorriu.

Victor: Talvez - sorriu também - e como foi a feira?

Evan: Foi boa! - abriu o sorriso - amo essas feiras!

Evan "Betô" Grant, adorava carros novos e antigos, tinha duas oficinas e sempre que podia, ia em feiras de carros antigos.

Uma hora depois, Jessica aparece empurrando dois carrinhos cheio de coisas.

Jessica: Uma ajudinha, por favor!

Evan: Tudo bem que você ficou 3 meses viajando, mas não precisava trazer tudo o que você via! - empurrando um carrinho.

Jessica: Esqueci que você era engraçado - sem rir.

Victor: Oi amor! - abriu os braços para ela.

Jessica: Olá! - e o abraçou - senti sua falta!

Victor: Eu também!

Evan: Gay! Será que podemos ir? Quero ver meu filho crescer!

Jessica: Como você é exagerado! - resmungando.

Evan: E como você é chata!

E foram para o carro.

Jessica Grant, irmã gêmea de Evan, sua paixão era a arte. Ela ficou 3 meses viajando pela Europa para aprender mais.

Evan: Parabéns irmã! - deu um tapa na cabeça dela.

Jessica: Idiota! - revidou o tapa - parabéns! - e os dois olharam para o Victor.

Victor: Eu não posso dar parabéns agora - sorriu.

Evan: Festa! - gritou do banco de trás.

Jessica: Não! - de cara feia - festa não! Eu to cansada!

Evan: Nem parece que você é minha irmã; toda sem ânimo, chata, velha!

Jessica: Eu sabia que tinha algo! - ignorando o irmão - a mãe não me ligou hoje, nem ninguém.

Evan: Ela não me ligou também!

Jessica: Ahh... - passou as mãos no rosto - eu quero dormir!

Evan: Por que você não dormiu no avião?

Jessica: Porque tinha uma criança idiota que não calava a boca e a mãe mais idiota ainda, não conseguia controlar a desgraça da criança!

Evan: E você ainda quer ter filhos com ela? - perguntou pro cunhado. Rindo.

Victor: É um risco que quero correr! - sorriu.

Eles chegaram em casa, estava tudo escuro.

Jessica: Odeio festa surpresa - gritou propositalmente na porta.

Todos: SURPRESA! - tinha umas 25 pessoas.

Evan: Festa! - se jogando na galera.

Emily: Parabéns filho - o abraçando.

Evan: Obrigada mãe! - beijando-a.

Emily: Parabéns Jess! - abrindo os braços pra filha.

Jessica: Odeio festa surpresa, mãe! - abraçando.

Michael: A gente ouviu seu grito! - abraçando também.

Jessica: Sabendo disso por que vocês fizeram? - ainda indignada.

Evan: Cala a boca e curti a festa! - com o filho no colo.

Eles receberam os parabéns; Evan todo sorridente e Jessica nem tanto, que depois dos parabéns, foi para o quarto.

Victor: Melhora a carinha, amor - todo carinhoso, sentando ao lado dela - é seu aniversario!

Jessica: O meu e de todos que nasceram nessa data! - seca.

Victor: Seu mau humor vai melhorar se eu pedir pra você casar comigo? - sorriu.

Jessica: Oi? - o olhou confusa.

Victor: Casa comigo? - tirou uma caixinha do bolso.

Jessica: Você está falando sério? - levantou.

Victor: Sim! - se ajoelhou - Jessica Grant, casa comigo?

Jessica: Sim! - pulou no pescoço dele - sim, claro, claro que sim!

Victor: Estava com medo de você recusar - aliviado.

Jessica: Nunca amor! - o beijou - eu amo meu Vitinho! - ela era toda apaixonada por ele.

Victor: A gente pode falar pro seus pais amanhã.

Jessica: Por que amanhã?

Victor: Porque hoje é aniversário do seu irmão também!

Jessica: E?

Victor: E você quer falar pra todos que estão aqui? - ela pensou.

Jessica: É melhor falar amanhã - sorriu.

Os dois voltaram para a festa, Jessica ficou mais sociável e a festa foi rolando.

Emily: Vamos cantar 'Parabéns'! - chamou os convidados.

Jessica: Pra que mãe? A gente não tem mais 10 anos!

Evan: Vamos cantar 'Parabéns' - tapando a boca da irmã.

Cantado o 'Parabéns', os convidados foram embora e os moradores da casa ficaram conversando.

Evan: Adorei a festa, mãe! - sentado ao lado dela.

Michael: Eu que tive a idéia! - 'indignado'.

Evan: Obrigado, pai! Foi a melhor idéia que o senhor teve! - riu.

Michael: Obrigado! - sorriu - e você, meu anjo, gostou?

Jessica: Não! - séria.

Emily: Meu Deus, Jessica! - brava - você tem que ser bocuda assim? Você não pode ser grata por algo que fizemos para você?

Jessica bufou e foi para o quintal.

Evan: Eu falo com ela - foi atrás da irmã.

No enorme quintal, Evan viu Jessica sentada na beira da piscina.

Evan: Vamos nadar? - sentou ao lado dela.

Jessica: Não - triste - vai lá com a sua família.

Evan: Você é minha família!

Jessica: Por que ela faz isso?

Evan: Sejamos sinceros que você foi grossa e com todo mundo!

Jessica: Eu sempre sou grossa! Ai quando não agrada, ela joga na minha cara que sou adotada!

Evan: Ela não disse isso!

Jessica: 'Você não pode ser grata por algo que fizemos para você?', foi o que ela disse.

Evan: Ela se referia a festa!

Jessica: Acho que não foi só a festa.

Evan: Você está ficando paranóica Jess! - sorriu - não vamos estragar nosso aniversario por má interpretação. Vamos entrar - levantou.

Jessica: Eu quero procurar nossos pais biológicos.

Evan: O que?

Jessica: Isso mesmo.

Evan: Por que? - sentou de novo.

Jessica: Porque sim! Vai que eu me encaixo na família deles!

Evan: Você sabe o significado de 'adoção'?

Jessica: Evan... - tentou argumentar.

Evan: Adoção, do grego 'sua mãe não te quis'! - falou sério.

Jessica: To falando sério!

Evan: Eu também estou! Nenhuma mãe teria um filho e entregaria para a adoção por filantropia! - bravo - ainda mais gêmeos! Você já tem uma mãe e um pai e eles estão ali dentro te amando porque querem e não porque foram obrigados a amar!

Jessica: Eu não vou deixar de ser filha deles, mas eu quero saber quem são meus pais de verdade! Eu tenho esse direito!

Evan: Seus 'pais verdadeiros' tiraram esse direito de você, quando eles nos abandonaram 10 dias depois que nós nascemos!

Jessica: Não me importa! Eu quero saber e vou com ou sem você!

Eles ficaram em silêncio por um tempo.

Evan: Você é teimosa!

Jessica: Eu sei!

Evan: Eu vou com você!

Jessica: Sério? - surpresa.

Evan: Eu sou seu irmão e eles são meus pais também! E eu também quero estar lá pra dizer na sua cara 'eu te disse'!

Jessica: Obrigada! - abraçou o irmão - Ah! Adivinha.

Evan: Você está grávida!

Jessica: Não! - tipo 'que absurdo!' - o Victor me pediu em casamento!

Evan: Jura? - feliz - até que enfim! Ela já estava te enrolando há muito tempo! 6 anos é muita coisa!

Jessica: Diz o homem que enrola minha melhor amiga há 11 anos! - sorriu.

Evan: Você não precisa casar pra ser feliz! É só você ser feliz com a pessoa que você ama!

Jessica: Obrigada por suas palavras sinceras sobre meu casamento!

Evan: Não me refiro a seu casamento! Me refiro a todos!

E os dois ficaram conversando lá fora por um bom tempo.