FELIZ ANIVERSÁRIO, SAKURA-CHAN!

PARTE I

A festa tinha sido exatamente como no ano anterior. Regada a bebida e música alta. O som embalava os corpos que se mexiam conforme a batida da música, as bebidas - a muito diluída com várias outras-, preenchiam os copos dos convidados, bêbados demais para se darem conta da bebida adulterada. A dona da festa, Haruno Sakura, uma médica renomada e muito respeitada se encontrava entre os muitos convidados se divertido. Sendo a alma da festa, como muitos falariam no dia seguinte.

Com os seus recém-feitos trinta anos; Sakura considerava-se afortunada. Afinal, ela tinha o emprego que sempre sonhou, um bom salário, uma casa –quase - quitada e bons amigos. Tudo o que uma pessoa poderia querer com sua idade. No entanto, por mais que quisesse acreditar nisso, seu coração lhe dizia que algo estava faltando, que estava incompleto.

E essa sensação se reforçava cada vez que via um amigo de infância, ou dos tempos de escola, ou até mesmo faculdade anunciado o noivado ou casamento, e logo em seguida a presença de mais um integrante na família. Tentava convencer a si mesma que aquilo era apenas um sentimento bobo, uma fase, e sendo assim, dali a alguns anos também teria essa família que tanto esperava.

Com um sorriso no rosto, se lembrou de uma promessa feita ainda jovem, com um amigo de infância. De repente, sentiu saudades garoto que aprendera a amar e respeitar. Ele havia se mudado a pouco para o outro continente; agora se encontrava na América em busca do seu grande sonho. Com o amigo ainda em mente, e um grande copo de uma bebida não identificada na mão, rumou para o notebook desligado e esquecido no canto de uma prateleira.

Após esperar os eternos segundos para o notebook ligar, selecionou uma pasta, olhou para as fotos que havia tirado com o intuito de presentear o ex-namorado. Para quando completassem um ano de namoro. Infelizmente, - ou felizmente, dependendo do ponto de vista -o romance não tinha chegado nem a metade, mas as fotos continuavam ali, guardadas a espera de serem usadas.

Estalou os dedos e entornou o último gole de bebida na garganta sedenta. Então, começou a escolher as fotos. A sessão de fotos tinha sido cuidadosamente feita por um profissional, a pose era sexy sem ser vulgar; algumas eram provocantes, todavia, dentro do bom gosto atuavam em total sincronia com o ambiente. Escolheu a fotografia em que vestia um lingerie preto e cujos olhos verdes destacavam na tela do computador. Uma de suas melhores fotos, sem dúvida.

Abriu sua própria caixa de mensagem, anexou a foto e digitou uma mensagem curta ao destinatário, enviou-o. Fechou o notebook e voltou à festa.

Afinal, a noite ainda era apenas uma criança.

Na manhã seguinte, sua mente era um grande borrão da noite anterior. Sua cabeça doía como se adagas afiadas estivessem cravadas em sua caixa craniana; seus olhos estavam da mesma maneira e duvidou que aquilo fosse passageiro. Por isso, se manteve naquela posição grande parte da manhã, quando sentiu que já era possível se mover sem muita dor, se ergueu lentamente. Só para avistar a bagunça que era a sua casa.

O dia seguinte à festa era realmente uma droga. Principalmente quando já se encontrava sóbria o suficiente para admirar a pilha deforme que era a sala.

Suspirou chateada, caminhou para a cozinha, pegou um comprimido e um copo com água, engoliu-o imediatamente. A priori cuidaria de sua saúde. Física e mental. Em seguida, pensaria no que fazer com a bagunça que agora era a sua casa.

Andou até a sala avaliando os estragos. Pisando com cuidado no chão que estava repleto de salgadinhos pisados, esmagados e outras substancias não identificadas. Jogou-se no sofá, tateou o espaço a baixo do seu corpo, à procura do controle remoto, encontrou-o rapidamente e ligou a televisão. Zapeou por vários canais até encontrar um sobre culinária aonde uma mulher simpática explicava passo a passo de como fazer uma iguaria. Permaneceu por algum tempo naquele canal, contudoa voz da mulher era tão relaxante que acabou dormindo novamente.

Acordou horas depois com estado ainda pior do que o anterior, pois agora o seu pescoço também doía. Soltou um gemido sofrido, e ergueu-se lentamente. Caminhou até o banheiro, pegou uma toalha e ligou a ducha. Precisava de um bom banho antes de começar a pegar no pesado.

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O loiro sorriu ao visualizar uma nova mensagem em sua caixa de mensagem. Sakura. Leu o assunto do texto e nada entendeu, era uma série de palavra desconexas impossíveis de decifrar. Fez uma careta e abriu o e-mail. Dentro uma mensagem de feliz aniversário saltava da tela, ou ao menos ele achava que era. Franziu o cenho e balançou a cabeça negativamente, não era o seu aniversário, na certa a rosada tinha errado o destinatário. Já ia excluir o e-mail quando notou que junto à mensagem tinha um anexo.

Uma foto.

A curiosidade logo se fez presente, e antes de avaliar a situação, clicou no link que abriu a fotografia em poucos segundos. Ficou paralisado tempo o suficiente para sentir uma sombra atrás de si se mexer, provavelmente, se aproximando da tela. Olhou para suas costas e um gemido angustiado floresceu em seus lábios. Merda.

– Não é nada disso que você está pensando. – Naruto soltou imediatamente em sua defesa. Era uma frase patética, ele sabia, mas era a única que vinha a sua mente naquele momento.

– E o quê, exatamente, eu estou pensando? - replicou calmamente o homem de cabelos negros. O loiro sentiu um frio na espinha. Para qualquer outra pessoa que não conhecesse o moreno bem, o tom de voz passaria despercebido, contudo, Naruto que o conhecia há muitos anos; sabia que ele estava zangado, muito zangado.

– Eu não sei. Mas o que quer seja, não é a verdade. Eu nem sabia do que se tratava.

– Claro que não. Uma garota pela qual você foi idiotamente apaixonado, manda uma foto praticamente nua e você não tem nada com isso. É claro. - redarguiu, sarcástico, o vinco se formando entre as sobrancelhas escuras.

A foto era bastante sensual, daquele tipo que só se manda para o namorado ou... A um amante. E essa conclusão, só o deixou mais irritado. Tão irritado que não pensou em outra coisa exceto se afastar do loiro, pois, caso contrário faria algo que pudesse se arrepender muito depois. Bateu a porta do apartamento que dividiam com força. E só depois de estar do lado de fora do prédio parou para respirar.

Sua cabeça rodava e embora não quisesse ter uma atitude infantil, como bater no loiro até que o mesmo perdesse os sentidos e depois exigiruma explicação para os dois, uma parte de si dizia para fazer exatamente isso. Respirou diversas vezes, e quando conseguiu raciocinar com um pouco mais de clareza, caminhou para a casa de Suigestu onde sabia que Naruto não pensaria em procurar. Pelo menos por enquanto.

Tocou insistentemente a campainha, e só largou quando o homem de cabelos claros apareceu.

– Meu Deus, tire a merda desse dedo da minha campainha. Basta tocar uma vez. - resmungou enquanto abria a porta. Estacou ao encontrar o olhar do moreno. - Nossa, o quê aconteceu com você? - perguntou preocupado, sem realmente esperar uma resposta por parte do moreno. Pelo tempo que conhecia Sasuke sabia que ele não era uma pessoa de muitas palavras tampouco de muitos amigos, portanto, se ele estava ali era porque a algo grave tinha ocorrido. Deu espaço para o moreno adentrar a sua moradia e fechou a porta em seguida.

Rumou para a cozinha, acendeu o fogão e colocou uma boa quantidade de água numa das panelas que possuía. Pelo estado do moreno sabia que ele precisava de algo forte, e o mais o forte que ele se permitia naquele momento era uma xícara de café amargo.

Sentou-se do lado do moreno enquanto a água fervia e esperou até que o mesmo tomasse a iniciativa de falar, todavia, depois de vários minutos de silêncio desistiu. Voltou para a cozinha e terminou de preparar o café. Preparou duas xícaras caprichadas e olhou para o moreno, sentando no sofá da sala. Talvez, a situação exigisse um pouco de álcool, pensou ao adicionar um pouco de conhaque a bebida amarga.

– Toma, - entregou uma xícara de café para Sasuke, e bebericou o seu próprio. - Isso vai melhorar o seu humor.

– Duvido que algo melhore o meu humor. - comentou o moreno ranzinza. Pegou a sua xícara, tomou o primeiro gole e instantaneamente sentiu o calor se instalando no seu âmago. - O quê você colocou no café?

– Um pouco do meu ingrediente secreto. - comentou com um sorriso de dentes pontiagudos. - E então, vai me contar o que houve?

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