Capitulo 1 – O Paraíso Perdido

- James só vem, sim? - disse o rapaz na lareira. Ele parecia extremamente nervoso, hora ou outra olhava para trás e desaparecia – Preciso de você, urgente!

- Pa, pa, pa, pa – um meninho, vestindo um macacão felpudo verde combinando com seus olhos, veio andando com um gingado de quem acabara de aprender a fazer aquilo. James instintivamente abriu os braços para apanhar o garotinho que continuava a dizer "pa pa".

- Eu não posso, Wormtail – disse James segurando Harry - Você sabe que eu não posso sair daqui – ele indicou o menino que tentava agarrar os óculos do pai agora – Me diga que aconteceu? Eu posso falar com Sirius, ele vai estar aí em um instante...

- NÃO - Peter gritou assustando James e Harry, este último se encolheu um pouco nos braços do pai – Preciso de você, James, você prometeu... nós prometemos... íamos cuidar uns dos outros... Já não basta, Moony, você também? Depois do que eu fiz por você... eu preciso...

- Calma! – disse James assustado – Fique calmo, eu vou, ok? Eu vou, só preciso falar com Lily antes.

Peter sumiu novamente na lareira e voltou, mais histérico ainda.

- Só venha rápido, por favor – disse já sumindo da lareira.

James se levantou preocupado, ainda com Harry no colo. Saiu pela sala, pegando o seu espelho que jazia sobre o aparador. Harry olhava insistente para o rosto dele, parecia querer entender o que estava acontecendo. James o ajeitou no colo, encostando a bochecha do menino nos seus lábios. O garotinho o encarou com a testinha franzida.

- Papai tem que sair, Harry, você cuida da mamãe para mim? - disse James tentando não soar tão preocupado. Harry deve ter entendido a palavra mamãe, pois começou a chamar por ela, em sua fala quase cantada. - Lily? - ele disse em um tom de voz mais urgente e por cima dos "ma ma" de Harry.

- Aconteceu alguma coisa? - Lily saiu da cozinha parecendo preocupada. O coração de James disparou, como sempre que era pego de surpresa por Lily, ele ainda não acreditava que estavam juntos. Ele não acreditava na sorte que tivera de encontrar o amor da sua vida e de se casar com ele. James ainda se enxergava como o garoto que fora nos tempos de Hogwarts sempre que olhava para os olhos de Lily, jovem, apaixonado, a mercê dela. - James? - Lily continuou, o despertando.

- Peter – disse James passando Harry para ela – Me chamou, estava nervoso, quer que eu vá encontra-lo.

- E porque você ainda está aqui? - Lily questionou franzido a testa. Harry encostou no ombro dela, se aconchegando, o dedo enfiado na boca, demonstrando cansaço. Mas James sabia que ele ainda não estava pronto para dormir, provavelmente relutaria com o sono, da sua maneira teimosa, que sempre fazia James rir.

- Não posso deixar vocês sozinhos aqui – disse James passando a mão pelos cabelos – Estava pensando e espelhar Sirius, pedir para que ele fique com vocês.

- Estamos seguros, meu amor – disse Lily pondo a mão no rosto dele – Se Peter estiver em perigo é melhor que Sirius esteja com você do que aqui.

- Lily... – James gemeu. O medo corroendo seu estomago, não gostava da ideia de deixar Lily e Harry, mas também não gostava de deixar Peter sozinho. As palavras do seu amigo estavam rodeando sua mente. "Depois de tudo que fiz por você". James havia pedido muito para Peter, havia colocado muito nas costas de um dos seus melhores amigos, ele sabia que era um fardo pesado, mas mesmo assim fizera, entregara Lily e Harry, seus bens mais preciosos, a cuidado dele. O mínimo que Peter merecia era a total atenção de James, não poderia abandoná-lo, não depois de tudo que fizera. Wormtail tinha razão, James o devia isso, isso e muito mais, na verdade.

- James – Lily o retirou da sua espiral de culpa. Ela a encarou enquanto ela dizia com o semblante sério e prático - Enquanto Peter estiver seguro, estaremos seguros. Ele é a prioridade. - Lily tentou sorrir. - Ficaremos bem, prometo. - James identificou coragem na voz dela e um pouco de preocupação, mas ela continuou firme - Leve Sirius com você, por favor – Afinal a preocupação era com ele.

- Certo – James disse suspirando - Você está certa, como sempre. Eu vou – James virou-se para o espelho que estava nas suas mãos - Sirius Black.

O rosto de Sirius apareceu quase que imediatamente. Tinha um resto de um sorriso no rosto, como se tivesse sido interrompido no início de uma piada, mas este desapareceu completamente ao olhar para James, assumindo no lugar um semblante preocupado.

- Aconteceu alguma coisa, Prongs? - disse ele – Harry está bem? Lily?

- Estão bem. – disse James nervoso , por cima dos "Pad" que Harry exclamava feliz – Peter me chamou via flu, ele quer que vá até lá.

- Eu vou - Sirius replicou, parecendo se levantar de algum lugar onde estivesse sentado.

- Ele quer que eu vá - disse James balançando a cabeça. Parando o amigo. - Me pareceu muito nervoso, acho, acho que ele quer falar comigo.

- Ah, qual é - Resmungou Sirius um pouco irritado – Ele sabe que você não pode sair daí.

- Harry não pode sair daqui, Pads – corrigiu James passando a mão pelos cabelos, um ato cada vez mais ligado a preocupação do que a sua vaidade como antes – Eu devo isso a ele. Eu... eu vou. Eu só queria que fosse comigo, se ele estiver correndo perigo...

- E Lily? - Sirius respondeu.

James olhou para a esposa, ela assentiu séria. Ele sabia que ela podia se cuidar, melhor que ele, inclusive. Lily era uma bruxa poderosa. Haviam se safado de Voldemort por três vezes a final, isso era algo que não se poderia dizer de qualquer um.

- Lily vai ficar bem – respondeu James voltando o olhar para seu amigo – Enquanto Peter estiver seguro, eles estarão seguros – ele ecoou a frase que ela havia dito minutos antes.

- Certo – Sirius deu um meio sorriso – Te encontro em dois minutos nas divisas – Com isso o rapaz sumiu do espelho.

James não demorou um átimo antes de colocar o espelho nas mãos de Lily, e dar um beijo na testa dela.

- Se acontecer alguma coisa chame por Sirius – ele disse.

- Não vai acontecer nada – ela disse, mas mesmo assim abraçou o espelho contra o peito - Você também se...

- Eu te chamo – James concordou e deu um beijo em Harry – Se comporte campeão enquanto papai não volta, cuide da mamãe para mim sim.

Harry sorriu e respondeu com seu costumeiro "papa". James pareceu satisfeito, pois bagunçou o cabelo dele e de um último beijo em Lily antes de disparar pela porta a fora.

James enxergou uma figura no canto da viela fétida, provavelmente só viu porque sabia onde procurar, a figura parecia fundir-se com o cenário. Ele segurou sua vontade de correr, queria ir embora, queria voltar para casa, certificar que Lily e Harry estavam bem, mas ao mesmo tempo queria ver o rosto de um dos seus amigos mais queridos, queria ter certeza que Peter estava bem, a segurança de Peter era a sua segurança, seus medos o seu medo, eles estavam tão ligados agora quanto possível, James dependia de Peter como nunca dependeu de ninguém antes.

Ele fez um pouco de barulho maior do que necessário ao se aproximar, sabia que chegar em alguém em vigilância muito silenciosamente poderia acabar com uma varinha colada em sua garganta se não comum feitiço em seu peito.

- Corri o perímetro - disse Sirius sem nem olhar para trás - As defesas estão de pé.

James tinha vários amigos, ele sempre fora o que costumava-se chamar de Popular. Mas somente quatro (cinco, se contasse LIly, e ele contava) eram seus Amigos, com o "a" maiúsculo. James os conhecia como a palma de sua mão, ele adivinhava o que os outros achariam sobre um assunto ou até mesmo o que eles diriam sobre algo, se amigos são a Família que escolhemos, então Peter, Remus e Sirius eram seus irmãos. Mas havia um, dentre todos, que a conexão era diferente. Ele e Sirius não precisavam dizer nada em voz alta, eles simplesmente sabiam o que o outro sentiam, eles coordenavam ataques, eles cuidavam cada um da retaguarda d'outro, sem se quer planejar isso. Se os marotos eram irmãos, Sirius era seu gêmeo univitelino, a outra parte, outra pessoa feita do mesmo material que James. Portanto, não era a toa que Sirius soubesse que era James que havia chegado, ou que soubesse o que ele iria perguntar. Ele simplesmente sabia. Como os pássaros que se direcionam ao sul no inverso, James sempre se direcionaria a Sirius, e vice-versa.

- Peter? - James respondeu com uma pergunta.

- Não chequei – Sirius olhou para trás com a testa franzida – Ainda sem a capa?

James apenas assentiu, sentia falta de sua capa, mas não era o momento para lamentações.

- Vou entrar. - Ele disse e sentiu Sirius concordando, entendendo o sentido implícito de James, que dizia: "Me cubra" - Fique de olho no espelho. O outro par está com Lily.

Sirius levantou o seu par de espelho mostrando-o a James, o rapaz sentiu-se satisfeito. Ele bateu com a varinha na porta de lata. O esconderijo de Peter ficava em Clapham, um bairro trouxa em Londres, sobre o disfarce de um porão em uma pensão antiga. O porão era encantado contra a investigação de trouxas, que não veriam a porta, Sirius fora o responsável por isso, anos de convivência com seu pai o permitiram aprender este tipo de feitiço.

Já contra bruxos o portão era enfeitiçado, por uma senha, somente quem soubesse poderia entrar, além disso, qualquer entrada soaria um alarme aqui e no esconderijo de Sirius. A porta só se abria mediante a apenas duas senhas combinadas com as respectivas varinhas de seus donos. Os únicos capazes de abrir aquela porta seriam James e Sirius (Remus havia sido excluído, apesar da relutância de James quanto a isso). Nem Peter seria capaz de abrir aquela porta, isso para que não sofresse ameaças ou uma maldição Imperius o acometesse. Peter tinha outra entrada, lateral, onde somente um rato poderia passar.
Era seguro, era o melhor que qualquer um poderia fazer.

- Eu, Prongs, juro solenemente não fazer nada de bom – James sussurrou com a varinha apontada para porta. O velho lema deles emitiu um brilho suave na porta e ele ouviu vários cliques, das fechaduras se destravando. - Peter – James sussurrou quando já estava entrando, sentiu Sirius atrás de si fechando novamente a porta e a trancando – Wormtail, sou eu, James.

Ele desceu as escadas silenciosamente, Sirius vinha logo atrás anormalmente quieto. James sentiu um aperto na boca do estomago, um medo o atingiu, onde estava Peter? Será que James havia chegado tarde demais? Será que ele negligenciara Peter? Logo Peter, que havia feito tanto por ele.

- Peter – James chamou novamente. A varinha erguida e apertada na mão direita.

- James. Aqui – a voz tremida lhe respondeu de volta, de algum lugar adiante.

- Graças a Merlim – James ouviu Sirius sussurrando, James também suspirou de alivio, suas mãos estavam suando e ele só tinha tomado conhecimento disso depois de ouvir a voz de Peter. James se adiantou ainda com a varinha em punho, mas seu coração voltava ao compasso normal.

O esconderijo de Peter parecia um loft pequeno. Um espaço onde havia a cozinha. Uma geladeira estilo antigo, muito parecida com as usadas nos anos cinquenta, algum dia deveria ter sido azul clara, mas a ferrugem já estava tomando conta, na pia a louça de alguns dias jazia suja. Logo após a área da cozinha viria um misto de sala e quarto. Uma cama de ferro ocupava parte do espaço. Assim como um sofá pequeno com jeito de desconfortável, em um cinza puído, e uma poltrona no florido mais feio que James já havia visto. Ao lado do velho rádio, haviam duas portas, uma era um armário pequeno, e a outra, levava ao banheiro, e foi de lá que Peter saiu.

Estava bem vestido, vestes bruxas creme caiam um pouco grandes a sua volta, fazendo James perceber como o amigo havia emagrecido nos últimos meses. Sirius fez um muxoxo, provavelmente percebendo que a urgência não era tão urgente assim. Mas James estranhou, Peter estava nervoso, mais nervoso que o normal, suas mãos não paravam quietas, ele mordia os lábios e desviava o olhar de James a todo minuto. James começou a se sentir inquieto também.

- O que aconteceu, Peter? - disse James nervoso, ele olhou sobre o ombro de Peter com a testa franzida. Peter não respondeu. - Alguém te ameaçou? Descobriram seu endereço? O que você tinha para me falar?
Peter continuou em silencio, seus olhos buscando qualquer coisa exceto os olhos de James.

- Peter? - James questionou novamente, ele sentiu Sirius encostando do seu lado, a varinha em punho estava em riste, diferentemente de James que a sustentava para baixo, frouxa. - O que aconteceu?

Peter olhou para ele, depois olhou para Sirius e a varinha dele. James estranhou, um peso no estomago o atingiu.

- Não aconteceu nada, não é mesmo? - James não esperou ele responder - Você quer deixar de ser o fiel do segredo? - Perguntou ele em um quase um sussurro.

- Isso – disse Peter quase animado demais. Depois seu rosto caiu para uma máscara de pesar e tristeza – Me perdoa James, mas não posso fazer isso...

- Por que? - Sirius rugiu bravo - É James, Peter, James, seu melhor amigo...

- Sirius! – disse James em um suspiro – Ele tem o direito, não posso empurrar isso para ele... Não posso pedir para que ele arrisque a vida por mim.

- Por que não? - Sirius rugiu novamente, Peter encolheu e James olhou para seu melhor amigo frustrado, Sirius aparentemente não gostou da repreensão silenciosa porque virou sua ira para James – Era suposto sermos melhores amigos, nós defendemos uns aos outros, você morreria por ele, qualquer um de nós morreria por ele. Por que ele não pode guardar o segredo?

- Faremos a troca – disse James olhando para Peter muito sério - Serei o novo fiel do segredo, não deveria ter colocado você nisso, em primeiro lugar, nenhum de vocês.

- Prongs... – disse Sirius nervoso.

- Pads, é justo. Faremos o feitiço. Vamos hoje mesmo para Godric's Hollow, tenho certeza que Lily concordara. Assim fica tudo bem para você, Wormtail?

Mas antes que Peter respondesse uma voz veio de dentro da jaqueta de Sirius:

- James! James! - Sirius pegou o espelho e encarou os olhos verdes desesperados de Lily – É ele. Ele está aqui.

Sirius estava de boca aberta tentando absorver o que estava acontecendo, enquanto o espelho ficava escuro novamente. James sentiu sua espinha gelar, ele encarava o espelho na mão de Sirius, esperando que Lily aparecesse novamente. Sirius se recuperou mais rápido que James, pois foi o seu grito que o despertou:

- O QUE VOCÊ FEZ? - Sirius apontava a varinha para Peter, a raiva exalando pelos seus olhos cinzas. Peter tremia nervoso e gaguejava coisas incoerentes. James sentiu seu estomago despencar ao tomar consciência do que havia ocorrido.

"Peter nos traiu" - ele pensou amargamente - "ele nos traiu, ele contou para Voldemort onde Lily esta. Onde Harry está."

- Lily – James gemeu. E ignorando Peter e Sirius, saiu em disparada pela porta – Por favor, a Lily não, o Harry não, meu menino, meu menininho. Não a Lily – ele implorava baixinho, sentindo-se doente, ele só corria, direto para a zona onde a aparatação passava a ser permitida.

James ouviu um grito, alguém chamava seu nome, era Sirius que logo se juntou a ele. Ele não disse nada, não precisava. Sirius apertou sua mão no braço de James, ele parou, olhou para os olhos cinzas de seu melhor amigo, ele enxergou pânico ali, deveria ser o mesmo pânico que o dominava. Sirius falou alguma coisa que James não processou corretamente, então sentiu seu estomago apertando. Sirius estava aparatando com ele.

Eles chegaram na praça de Godrics Hollow, era dia das bruxas, várias crianças fantasiadas olhavam para o céu, nem percebendo a chegada de dois homens repentinamente. James ainda estava tentando se localizar, quando Sirius olhou para o céu, sua respiração parou atraindo James a olhar a mesma coisa. Na noite fria, no céu sem estrelas, a marca negra brilhava doentiamente verde, a cobra saindo do crânio parecia zombar dele - "Tarde demais, James" - ela parecia sibilar.

James correu, torcendo que a marca não estivesse na sua casa, torcendo para que fosse um sonho. Sirius vinha logo atrás dele, ele sabia e agradecia por isso, mas ele não esperou por seu amigo, ele não esperou por nada que não fosse que sua esposa e filho estivessem vivos. Seu coração gelava de imaginar o pior. Quanto mais perto da sua casa ele chegava, mais medo ele sentia, a Marca Negra se aproximava junto, não demorou muito para ele ter a certeza que ela estava sob sua casa. James parou, escorregando no cascalho, a porta estava aberta, escancarada.

James podia se sentir tremendo, quando ele ergueu a varinha a sua frente ele podia se ver tremendo, mas ele entrou porta a dentro. Não havia sinal de luta. Nada fora do lugar, apenas silêncio. A esperança de James aumentou, talvez Lily tenha conseguido fugir. Ele entrou, sem fazer barulho, segurando a vontade de gritar por Lily. Com um breve olhar pelo térreo ele decidiu subir, nada estava mexido ou diferente por ali.

Ele subiu, os degraus rangendo levemente sob seus passos. Sirius, que havia estado atrás dele, foi para o outro lado, provavelmente checar a sala e a cozinha. James subiu em passos rápidos, mas silenciosos. Cada respiro uma prece - "Eles estão bem". Assim que chegou ao topo, porém, toda a sua esperança havia desvanecido, um vento frio vindo do lado direto chamou a atenção e lá, sob o brilho esverdeado da marca negra, onde deveria estar o quarto de Harry, havia apenas um amontoado de escombros.

A respiração de James ficou lenta e espaçada, como se fosse difícil se manter respirando. Ele viu a porta destruída, caixas esparramadas, que antes deveriam estar bloqueando a porta, o berço de Harry coberto por parte do telhado, o mobile quebrado no chão, perto de um amontoado de cabelos acaju. Então ele viu Lily, caída no chão, os olhos verdes abertos, refletindo a marca negra. Seus lábios entreabertos no que provavelmente foi seu último suspiro.

James gritou. Um grito de dor, gritou pelo nome dela. Largando a varinha ele foi em direção a ela, tropeçando, caindo em meio aos escombros. Suas mãos a alcançaram, seus pés escorregaram em algum brinquedo de Harry e ele caiu, meio estatelado, as mãos procurando o pulso de Lily. James não conseguia enxergar, e só assim ele percebeu que estava chorando, ele segurou a mão frouxa de Lily.

- Acorda, Lily, acorda, meu amor, por favor... - ele balbuciava enquanto tentava sacudi-la.

- James? - ele ouviu a voz de Sirius atrás dele.

- Sirius, me ajude – ele disse ainda tentando acordar Lily – Precisamos levá-la para St. Mungus.

- Prongs. Não adianta, chegamos... chegamos tarde. Ela esta...

- Não diga! - James virou para Sirius bravo e encarou o amigo, Sirius chorava e olhava para ele com pena. Isso irritou James demais, mas ele não tinha tempo, então virou para Lily, os olhos dela permaneciam abertos, mas o verde esmeralda não brilhava mais, estava sem vida. James sentiu como se tivessem arrancado seu coração, uma dor o atingiu tão forte que ele perdeu o ar. A consciência da morte de LIly o atingiu com força, deixando vazio.

James chorou, urrou de dor, ele abraçou Lily, deixando suas lágrimas rolarem sobre o torço frio dela. James quis morrer, queria ir junto, ele pediu para ir junto. Ele nem sentiu quando Sirius se aproximou e fechou os olhos de Lily, ele não sentiu o amigo colocando a mão sobre seu ombro, ele não sentiu mais nada, e duvidava que um dia voltaria a sentir.

Sirius ficou um tempo ao seu lado, o aperto firme em seu ombro, servindo de ancora, a única parte de James ligada ao mundo real onde nem tudo era dor e vazio. Então Sirius partiu, seu aperto não mais existia no ombro de James, e ele sentiu falta. James ficou com medo, medo de ficar sozinho, ele sempre tivera medo da solidão, nunca gostou muito dela, e naquele momento, com o corpo frio de Lily em seus braços, a falta de um contato humano vivo quase o fez cair em desespero.

- James! - Sirius gritou.

James olhou para onde ele estava, de pé perto do berço, estava tentando tirar os pedaços do telhado de lá, e mais uma verdade o atingiu, Harry. O corpo do seu garotinho deveria estar naquele berço, já que não estava em nenhum outro lugar. James achou que morreria, não queria ver o corpo sem vida de Harry, não podia fazer isso, não outro par de olhos verdes sem vida.

- James – Sirius gritou novamente, tentando tirar os escombros mais rápido - Preciso de ajuda aqui, companheiro.

James balançou a cabeça negando, voltando a chorar, ele se balançava para frente e para trás, como um bicho ferido, e negava com a cabeça, balbuciando "nãos" doloridos. Sirius bufou, mas não disse mais nada, ele tirava os entulhos sem parar. Até que ele parou:

- Harry! – gritou Sirius – Graças a Merlim, Harry, venha cá, bebê!

Então James ouviu o som que ele jamais achou que ouviria novamente. Um choro forte e assustado do seu filho. Os olhos de James foram atraídos de novo para Sirius, ele parou assustado, com medo que tivesse sido enganado. Mas então viu Sirius resgatar do berço um menininho, os cabelos pretos estavam esbranquiçados de pó e já não podia se ver a cor de sua roupinha flanelada, mas ele chorava a plenos pulmões, reivindicando sua vida.

Harry nunca havia sido um bebê muito choroso, chorava quando estava com fome, obviamente, e a época do nascimento dos dentes havia sido particularmente difícil. Mas fora isso, Harry era um bebe alegre e silencioso, se acordava cedo demais, ele esperava pelos pais se entretendo sozinho, se caia ou batia parte do corpo em algum lugar seus olhos enxiam de lágrimas, mas ele experimentava, se não doía mais ele continuava a fazer o que estava fazendo antes. Então James raramente ouvia-o chorar daquele jeito, e em outras condições ele estaria assustado com o choro dolorido, mas agora ele não tinha reação, ele sabia que era o filho, mas tinha medo de acreditar mesmo assim.

Sirius deu beijo no menininho que se aconchegou no ombro dele chorando e agarrando com toda força o casaco do padrinho. - Ele está com medo – Pensou, James. Mas mesmo assim não conseguia esboçar reação.

- Shiu – disse Sirius em uma voz suave, enquanto esfregava as costas de Harry – Está tudo bem agora, Harry, tudo bem!

Harry foi parando de chorar, ele só emitia suspiros trêmulos. James ainda olhava para ele incrédulo, então Harry fixou seus olhos em James, os olhos verdes pareciam dois pires de tão grandes, e aquosos, James não gostava daquela visão. O menino pareceu confuso por um momento quase temeroso, mas assim que pareceu de fato perceber que James era seu pai ele começou a se contorcer no colo de Sirius, os braços estendidos em direção a James, murmurando baixinho. Sirius pareceu perceber a inquietação do menino, pois também olhou para trás direto nos olhos de James.

- Ele está vivo, Prongs - Sirius disse em um sorriso quase maníaco – Merlim, não sei como, mas ele está vivo. Harry está vivo.

James ainda não havia saído do seu choque, o corpo de Lily deitado em seu colo. Ele se sentia uma bagunça, como se tivesse decido muito rápido em um dos carrilhões de Gringotes, ele se sentia vazio e com vertigem, nada parecia certo até que a decida parou bruscamente, Harry fez a decida parar e agora ele sabia que não estava mais caindo, mas algo havia se perdido nesta descida vertiginosa. Ele colocou Lily carinhosamente no chão e estendeu o braço lentamente para Sirius, pronto para segurar Harry.

Sirius sorriu animado, provavelmente por James demonstrar alguma reação que não fosse chorar ou gritar. Ele se encaminhou com cuidado, com Harry em seus braços ele não correria o risco de tropeçar em alguma coisa. Mas um grito no andar debaixo fez Sirius parar, os dois olharam para a porta. A varinha de Sirius subindo por puro extinto.

Eles ouviram passos apressados pela escada, quem quer que estivesse vindo não tinha medo de ser descoberto, e provavelmente conhecia James e Lily, pois gritava por eles a pleno pulmões. O rosto aflito de Remus apareceu na porta, os cabelos castanhos, geralmente arrumados estavam uma bagunça, a barba por fazer e uma série nova de cicatrizes salientavam em seu desespero, Remus nunca havia parecido tão selvagem.

Os olhos dele logo encontraram os de James, e ele parou quase chegando no batente da porta. Um sorriso genuíno e aliviado apareceu brevemente em seus lábios, mas foi passageiro, James percebeu que agora ele olhava para Lily, deitada no chão na sua frente. Remus olhou para ele novamente como se não acreditasse em algo, provavelmente que Lily havia morrido ou que James ainda estivesse vivo.

- Moony, você nos assustou. – Sirius disse abaixando a varinha e arrumando Harry em seu colo. Harry voltara a ficar quieto, ainda agarrado ao padrinho, olhava atento para todos ao seu redor.

Remus pareceu perceber Sirius pela primeira vez, pois seu olhar incrédulo foi direcionado ao amigo. James poderia admitir que Remus parecia tão chocado quanto ele. Mas seu rosto foi de incredulidade, para alivio e logo em seguida para raiva, completa e pura, assustando até mesmo James.

- Me dê Harry, Black – disse ele estendendo a varinha na direção de Sirius – Largue a varinha e me dê Harry.

Sirius parecia embasbacado, ele instintivamente apertou Harry mais em seu colo. James olhava para os dois como se assistisse uma partida de tênis.

- Me dê Harry, agora, Sirius, ou vou te azarar – Remus disse entredentes.

- Ta maluco, Moony? – Sirius disse confuso se afastando, seus passos cuidadosos o levaram para trás e sua varinha foi levantada com a mira em Remus – O que deu em você?

Remus jogou uma maldição silenciosa na direção de Sirius, a maldição explodiu algo atrás do ombro direito dele. Por mais que tenha passado longe de Harry isso deixou Sirius irado e James alarmado, ele procurou a varinha perto dele, mas ela não estava em lugar nenhum.

- VOCÊ ENLOUQUECEU, LUPIN? - Sirius gritou assustando Harry, que voltou a chorar - Você poderia ter ferido Harry - ele abaixou a voz enquanto sacodia o menininho de leve . – O que deu em você?

- O que me deu? - Remus disse de uma maneira muito insana – Aparentemente a porcaria de Voldemort foi embora, estão todos pirando, eu chego aqui e tem a merda de uma marca negra lá fora e Lily... Merlim, Lily está morta – Remus começou a chorar – E você é a porra do fiel do segredo. Isso refresca sua memória? Você deveria estar protegendo esta casa e se... Se Voldemort veio aqui então o que diabos você é se não o maldito traidor?

James gelou, eles não haviam contado a Remus sobre a mudança, e o que era pior, Remus estava certo, havia um traidor, não era Sirius, mas também não era Remus, como eles haviam imaginado.

- Ah, merda! - Sirius resmunou nervoso – Moony, não é nada disso que você está pensando...

- Claro que não. Este buraco no teto é redecoração? Você não vai levar Harry. Eu não vou deixar – disse Remus bravo.

- Sirius não era o fiel do segredo – James disse baixinho, sua voz saiu estranha, quase baixa demais, sua garganta raspava e doía, como se estivesse ferida. Mas mesmo assim, Sirius e Remus pareceram o ouvir, pois ambos viraram para ele assustados. James pigarreou na tentativa de melhorar a voz – Sirius nunca foi o fiel do segredo. Peter era, nós trocamos

Remus olhava de um para outro incrédulo, James quase podia ver ele tentando encaixar as peças, ele se sentiu extremamente culpado. Haviam desconfiado de Remus, Sirius, principalmente, mas James tinha se deixado convencer. Não contaram a ele nada, obviamente deram acesso a Remus a casa, mas ele não andava frequentando ultimamente, ele havia sumido, estava cada vez mais distante. Vê-lo ali era uma surpresa.

- Peter? - Remus gemeu. - Mas Sirius me deu o endereço. Dumbledore disse que Sirius era o fiel... Não pode ser Peter.

James sinalizou com um aceno. Seus olhos doíam de tanto chorar, mas as lágrimas pinicaram novamente, não sentiu raiva, sabia que chegaria o momento que sentiria, mas não era este agora. Ele não conseguia sentir mais nada a não ser tristeza e culpa. A escolha de Peter era sua culpa, a morte de Lily era sua culpa.

- Não te contamos. Não contamos para ninguém, na verdade – sussurrou Sirius com pesar – A culpa é minha, eu achei que eu era muito obvio, eu sugeri Peter – a voz de Sirius aumentou e ficou cheia de ódio incrustrado – Afinal quem desconfiaria do jovem Peter? O mais sem talento, o maroto medíocre. Achei que estava sendo tão genial – Sirius também parecia maníaco - Eles viriam atrás de mim e Peter estaria a salvo, James e Lily estariam a salvo... Voldemort nunca desconfiaria de Peter... Claro que não... Mas fui burro, entreguei o segredo de bandeja para ele.

- Certo – Remus pareceu um pouco mais crédulo, sua varinha abaixou um pouco, mas seus olhos não saiam de Sirius – Certo! O que aconteceu afinal? Como... como Lily? James e Harry... - Remus não conseguiu articular nada, ele engoliu em seco e continuou olhando para Sirius. James imaginou que deveria estar um caco emocional tão grande que seus amigos estivessem com medo de olhar para ele e ve-lo quebrar. Mal sabiam eles, pensou James, que ele já estava quebrado.

- Peter chamou James para ir no esconderijo esta noite. Ele insistiu na verdade. Eu fui junto. Voldemort apareceu aqui quando ainda estávamos lá. Quando voltamos Lily já estava... - a voz de Sirius quebrou – Então eu ouvi o choro de Harry, parte do telhado estava sobre o berço e ele estava bem assustado, mas vivo. - terminou Sirius ajeitando Harry para que ele deitasse em seu ombro. James olhou para o filho, que estava demonstrando cansaço, mas não era aquele sono suave que o acometia sempre que brincava muito no dia, era um cansaço estressado, como se Harry estivesse com medo de dormir, mas seu sono impiedoso o empurrava para isso.

- Merlim – Remus abaixou completamente a varinha. James sabia que ele havia compreendido tudo e aceitado, sem julgamentos. Provavelmente um dia a desconfiança que tiveram nele voltaria a tona, mas não agora, haviam assuntos mais dolorosos e importantes no momento – Peter! Não posso acreditar...

- Nenhum de nós poderia – disse Sirius com um suspiro – Como você soube? - A voz de Sirius não passava de um sussurro enquanto ele sutilmente apontava para Lily.

Remus olhou para Sirius espantado, parecia que ele ainda estava tentando entender como Peter os havia traído. Então foi como assistir uma daquelas coisas trouxas que Lily gostava tanto, filmes ou algo do gênero, pensou James, como uma fita cassete rebobinando, o semblante de Remus foi voltando a expressão original de quando ele chegara ali.

- Acho que Voldemort se foi – disse Remus, como se recordasse de algo importante, ignorando a exclamação surpresa de Sirius - Estão dizendo que ele se foi... O ministério está um caos, algumas pessoas importantes foram livradas da maldição Imperius, aparentemente, do nada e ao mesmo tempo, em contrapartida, alguns comensais da morte começaram a gritar e se contorcer de dor. Acho que a marca negra estava queimando. Bolton e Trevers estavam no meu acampamento, eles começaram a chorar segurando o braço... Se Noah não tivesse puxado as mangas deles e eu não tivesse visto com meus próprios olhos eu não acreditaria, a marca negra praticamente sumiu, Sirius – os olhos de Remus estavam distantes e James estremeceu – em um minuto estava lá no braço deles, negra e brilhante no momento seguinte já quase não podíamos ver. Bolton estava gritando de dor, por um minuto achei que ele estava delirando, mas Trevers se juntou a ele dizendo "ele se foi".

- Então eu sai correndo do acampamento, queria saber o que tinha acontecido. Se mais alguém tinha visto o que eu vi – Remus continuou olhando para Sirius – Encontrei Dumbledore e Moody antes de chegar aqui, eles também perceberam algo de errado, Moody tinha presenciado o caos no ministério, acho que um dos aurores dele foi um que estava sobre a Imperius, Dumbledore tinha visto a marca desaparecer. Dumbledore estava vindo para cá, mas eu disse que viria, então ele foi checar os Longbotton.

- Mas ele estava aqui, Lily nos disse, minutos antes de chegarmos – Sirius disse assustado - Você acha que Lily matou ele?

- Lily não teria deixado Harry desprotegido – James disse, assustando tanto Sirius quando Remus, Harry também pareceu ouvir a voz do pai e estendeu o bracinho em direção a James murmurando. Sirius, ao invés de acomodar Harry melhor avaliou James, que engoliu em seco, deveria estar um caco, para seu amigo hesitar em lhe passar Harry, mas algo fez Sirius acreditar que James estava em condições de segurar um bebê, pois lhe passou Harry.

James segurou Harry meio estranho, ainda se sentia vazio, olhar para os olhos verdes dele doía, mas o cheiro tão característico de Harry invadiu seu olfato e era como se ele estivesse em casa de novo. Parecia que Harry também se sentia assim, pois se arrumou no colo de James para que pudesse ter o rosto colado no pescoço do pai. Toda a vontade de chorar veio novamente para James, mas ele se segurou. Harry estava vivo, estava vivo e quente em seus braços. Então, como se levasse um balde de água, toda a consciência que Harry estava vivo lhe veio, toda a consciência que ele poderia estar morto, que havia um telhado sobre o berço dele. James tirou Harry de seu ombro, ignorando o resmungo dele. E olhou para o filho analisando metricamente procurando algo de errado.

- Você está bem? - James apoiou Harry nas suas pernas dobradas. E apalpou os braços do menino, depois as pernas. Harry permaneceu quieto, ele estava com sono, percebeu James, mas não estava mais assustado, ou não parecia. Mas James estava em pânico, a ideia de que também poderia perder Harry estava o consumindo, se tivesse algum ferimento interno – Dói alguma coisa, bebe? Você precisa ajudar o papai.

- Ele está bem James – Sirius o parou segurando seu braço firmemente – Nada caiu nele, o berço segurou todo o telhado. - James se acalmou e Sirius pareceu perceber isso, pois o soltou novamente.

James suspirou cansado, deixando Harry apoiado nas suas pernas, tentou espanar um pouco do pó que cobria o cabelo bagunçado do filho. Harry espirrou, arrancando um frisar de lábios de James, o máximo de um sorriso que ele chegara esta noite. James lembrou que não fazia dois dias Lily havia reclamado que o cabelo de Harry estava muito cumprido, James gostava dele assim, mas tinha que admitir que a franja dele já estava chegando aos olhos, ele tirou ela do caminho, com pesar de que não teria mais Lily para perceber este tipo de coisa, então viu, sobre a testa de Harry uma cicatriz vermelha em um formato estranho, como um raio.

- Você disse que nada tinha caído nele – resmungou James sem olhar para Sirius, a voz soava com raiva

- Não caiu. Não que eu tenha visto. – respondeu Sirius com a testa franzida, se aproximando e olhando para a testa do seu afilhado. Não sangrava, mas estava vermelha e quente, apesar de não parecer incomodar Harry quando James tocou. - Epskey – disse Sirius com a varinha apontada para a testa de Harry, mas nada aconteceu. - Epskey – ele disse novamente confuso.

A testa de Harry continuava com a cicatriz, mas o menino não se incomodou com isso. James o abraçou novamente, aquilo não parecia certo, mas nada parecia fazer sentido para ele. James o embalou levemente, como cuidaria de Harry sozinho? Lily era boa nisso, ela era o Norte, James não podia viver sem ela, não existia James sem Lily... James engoliu seco, sua garganta estava apertada, mas seus olhos estavam secos. Ele olhou para Sirius que olhava confuso para Harry e depois Remus, que ainda estava na mesma posição, parecia estar tentando entender o que havia acontecido, sua mente lógica tentando achar alguma razão naquele caos.

Passaram alguns minutos neste silencio constrangedor, até uma luz branca quase os segou. O patrono de Dumbledore apareceu na frente de Remus, o bico da feniz abriu e a voz de Dumbledore, bastante energética apareceu.

- Os Longbottom estão bem! A marca negra foi avista em Godric's Hollow, vou mandar Hagrid para aí. Cuidado, Remus.

Moony piscou enquanto a Fenix desaparecia, ele pareceu tomar um grande folego antes de falar para ninguém, aparentemente.

- Preciso avisa-lo – disse Remus – Precisamos avisar sobre Peter e sair daqui, antes que o resto do telhado despenque. - Remus olhou então para Sirius que assentiu com um aceno e depois olhando para o telhado, calculando o quanto mais aguentaria. Remus encarou James, parecendo pedir sua autorização. James deu um aceno, sabia que seria duro deixar sua casa, mas precisava.

- Expecto Patronum – Remus disse com a varinha estendida na sua frente. Nada aconteceu, exceto uma fumaça prateada. Remus franziu a testa, James não lembrava de algum momento em que o patrono de Remus ter falhado, mesmo que seu amigo não gostasse muito da sua forma. Moony, olhou para Lily e para SIrius, os olhos arregalados. Sirius o encarou fortemente, antes de Remus abandonar o olhar e encarar James. - Expecto Patronum – ele disse mais forte, e um lobisomem prateado saiu de sua varinha e o encarou, com olhos brilhantes.

- Avise Dumbledore – disse Remus com uma careta – Estou em Godric's Hollow. Peter é o traidor e não Sirius, eles trocaram o fiel na última hora. Lily esta... - Remus engasgou – Lily morreu, James e Harry estão vivos. Estamos indo – Remus olhou novamente para os amigos – para minha casa.

O Patrono de Remus pareceu concordar antes de desaparecer no meio de uma corrida. Remus se moveu e estendeu a sua mão para James, que ajeitou o sonolento Harry em seu braço antes de delicadamente retirar LIly de seu colo, com um último beijo na mão fria de sua esposa, James aceitou a mão de Remus, que hesitou um segundo antes de abraça-lo rapidamente assim que James levantou.

- Tem algo que você queira pegar para Harry? - Remus questionou – Podemos cuidar do restante depois...

James concordou com um aceno, e pegou dentro do guarda roupa uma mala de bebê vermelha e dourada. LIly a mantinha sempre pronta, caso precisassem fugir rapidamente. James sentiu um pouco de falta de ar, ao lembrar disso, mas não disse nada, apenas colocando a mala no ombro e olhando para Remus.

Sirius passou por ele, e, delicadamente segurou Lily em seu colo, antes de se colocar do outro lado de Remus, que segurava um dos bichinhos de pelúcia de Harry que havia sofrido com a explosão. Com um aceno da varinha Remus disse o feitiço para criar uma chave de portal.

James estendeu a sua mão, com a mão de Harry presa. Sirius fez o mesmo com Lily, em menos de cinco segundos eles desapareceram em uma espiral tão caótica como a vida de James havia se tornado nos últimos minutos.

Experimentando... Gostaram?
Devo demorar para os próximos. Mas queria ver este início é bem aceito.