Capítulo 1- O telefonema

A minha vida estava mais do que perfeita. Eu morava com Lucy, o amor da minha vida... e nos amávamos sem ter medo, vivíamos sem regras. Já faziam alguns meses que eu havia voltado legalmente para Nova York, estava com ela, morávamos com os nossos grandes amigos... JoJo, Sadie, Maxwell e Prudence. Melhor vida impossível.

É claro que quase sempre fugíamos da polícia por conta dos protestos a favor da paz... sem falar dos problemas financeiros.

- Eu te amo, Jude - ela beijou meu pescoço.

Beijei a sua boca. Aquela era uma noite como qualquer outra. Depois de um dia cansativo - trabálhavamos como cachorros -, nos amávamos. Também rolavam algumas drogas, mas o que importava é que nos amávamos.

Ela estava arrancando a minha camiseta, quando JoJo abriu a porta do quarto. Fiquei irritado:

- Sua mãe não te ensinou a bater na porta?!

- Foi mal aí. É que tem um telefonema pra você.

- Não dá pra ele atender depois? - Lucy me abraçou.

- Parece ser urgente... vem de Liverpool.

Olhei pra ela e suspirei. Levantei sem vontade e fui até o telefone - que ficava na sala:

- Oi, é o Jude.

- Jude! - era a minha tia Maggie, ela parecia estar chorando - Meu Deus, Jude! - ela soluçou.

- O que houve tia? - comecei a me preucupar.

- Você vai ter que ser forte, meu queriddo...

- Por favor, diga-me o que está acontecendo. Eu... - precisei respirar fundo... na verdade eu estava morrendo de medo - Não sou mais o paqueno Jude. Já posso aguentar qualquer coisa...

- Sua mãe, Martha - ai... fodeu - Sua mãe faleceu a algumas horas. Ela pegou uma pneumonia forte demais - ela começou a soluçar descontroladamente - Eu sinto muito...

Não consegui dizer nada. Comecei a chorar pra caramba e só ouvi ela dizer que o enterro seria no dia seguinte. Aí o telefone caíu no chão e todos da casa apareceram em minha volta, querendo saber o que houve.

***

Juntamos todo o dinheiro que tinha em casa para pagar duas passagens de avião para Lodres. Uma era pra mim. Não. A outra não era para Lucy! Era para Maxwell. Eles todos disseram que era melhor alguém me acompanhar, pois o risco de eu passar mal era enorme. Lucy só nãopodia ir junto porque ela iria ser líder de um protesto enorme no dia seguinte... e não dava para desmarcar.

Eu e Max fomos em seu táxi para o aéroporto. Na mala, poucas roupas e o dinheiro para comprar as passagens da volta.

- Ai cara... que situação péssima! Tava tudo tão perfeito... como que...? Não consigo entender.

- Hey, Jude... não fique assim.

Cantamos juntos:

"Take a sad song

and make it better"

- Seu pai sabe?

- Acho que não. A minha tia não tem contato com ele.

Pegamos o primeiro voo para Londres e de lá pegamos um trem para Liverpool. Durante a viagem inteira pensando em Lucy... Nunca vai ter um amor tão grande como o nosso. Aproveitei que Max dormia feito uma pedra - na cabine do trem só estávamos nós dois - e comecei a cantar quando vi o sol nascendo:

"Here comes the sun, here comes the sun, And I say it's all right Little darling, it's been a long cold lonely winter Little darling, it feels like years since it's been here Here comes the sun, here comes the sun And I say it's all right"

- Ai... que pesadelo da porra! - Max se esprequiçou e eu parei de cantar constrangido.

- Pesadelo? - resolvi puxar conversa.

- Sei lá como foi... só sei que tinha algo relacionado a fogo.

Max piradão... depois da guerra ficou mais maluco do que antes.

***

Chegando em Liverpool, só deixamos as malas no hotel e tomamos um banho. Aí fomos direto para o enterro.

***

- Você tem umas primas bonitas - disse Max enquanto votávamos a pé para o hotel. O sol já estava se pondo.

- Mas você é um imprestável! - eu ri - Minha tia ficou puta ao te ver puxando conversa com as filhas dela.

- Elas são gostosas... - ele deu um sorrisinho pervertido.

- Quando é que você vai parar de dar em cima de todas as garotas que encontra? Você precisa de alguém para amar.

- Não vem com esse papo, cara! Já falei... - ele cantou:

" I'm gonna die with a little help from my friends"

Eu ri e continuamos andando.

Que estranho... tem uma fumaça no céu.