Título: Fever
Autora: Melanie Uchimaki
Rated: K+
Casal: Aomine Daiki & Kagami Taiga
Gêneros: Yaoi, Romance
Avisos: Homossexualidade
Sinopse: "- E porque raio tenho de ser eu a levar esse idiota? - Perguntou evasivo, no entanto quando deu por si já estava a dar meia volta e a dirigir-se para a escola do ex-colega.
- Porque tu consegues e porque, como sempre, não deves ir ao teu treino, logo estás livre.
Aomine deu por si a revirar os olhos uma vez mais e a suspirar nervosamente. - Vou a caminho. - E desligou."
Notas da História: Kuroko no Basket não me pertence (infelizmente). E esta história não tem fins lucrativos.
Foi quando finalmente o ruivo sucumbiu contra o portão da escola que Kuroko teve a certeza de que aquilo não era uma simples constipação como Kagami insistia em dizer.
Aproximou-se cautelosamente do amigo e levou uma mão à sua testa, afastando-se logo depois.
- Kagami-kun, estás a arder em febre! – E realmente estava, Kuroko nem conseguia perceber como raio o outro conseguia andar ou simplesmente manter-se consciente.
- Eu estou bem. – Resmungou tentando erguer-se para logo a seguir voltar a sucumbir apoiando-se de costas numa parede enquanto arfava e suava como se tivesse acabado de dar mais de dez voltas ao campo de basquete a correr, quando na realidade tinham acabado de sair das aulas (às quais Kagami não prestara a mínima atenção) e estava um frio horrível; havia neve por todo o lado e o vento cortante que passava parecia gelar o sangue que lhes corria nas veias.
- Não estás em condições de andar, muito menos de ir ao treino. – Apertou o cachecol à volta do seu pescoço. – Não tens ninguém que te possa vir buscar?
- Eu moro sozinho, caso não te lembres, idiota. – Ofegou fechando os olhos por alguns segundos e abrindo-os lodo depois, esforçando-se por se manter acordado.
- Eu até te levava, mas para além de ter de ir para o treino, não aguentaria com o teu peso. – Calou-se por momentos parecendo pensar em algo. – Só consigo pensar numa pessoa que conseguiria. – Concluiu tirando o seu telemóvel do bolso.
- O quê? Quem? – Perguntou alarmado.
- O Aomine-kun. – Respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- O quê!? – Quase gritou. – Eu não quero a ajuda desse idiota! – E tossiu pelo esforço que exercera sobre a garganta.
Kuroko simplesmente limitou-se a ignorá-lo e a digitar o número do antigo companheiro de equipa.
- Não me chateies Satsuki, eu vou para casa. – Aomine resmungou pela terceira vez, tentando que a rapariga de cabelos rosa o deixasse em paz de uma vez por todas.
- Baka! Não podes continuar a faltar aos treinos. – Voltou a insistir.
- Como queiras. – Bufou aborrecido, decidido a ignorá-la e continuar o seu caminho, mas o vibrar inesperado do seu telemóvel fê-lo parar.
Retirou o aparelho do bolso do seu casaco e franziu a testa estranhando o facto do nome "Tetsu" estar a piscar no ecrã.
- Tetsu? – Indagou confuso, revirando os olhos ao ver a rapariga ao seu lado mostrar-se totalmente interessada no assunto.
- Aomine-kun, podes vir até Seirin? – Kuroko perguntou indo direto ao assunto.
- O quê? Para quê? – Ficou ainda mais confuso. Primeiro Kuroko telefonava-lhe pela primeira vez desde que tinham seguido diferentes caminhos e depois pedia-lhe para ir ter com ele?
- O Kagami-kun está com uma gripe horrível e precisa de alguém que o leve para casa. – Explicou simplesmente.
- E porque raio tenho de ser eu a levar esse idiota? – Perguntou evasivo, no entanto quando deu por si já estava a dar meia volta e a dirigir-se para a escola do ex-colega.
- Porque tu consegues e porque, como sempre, não deves ir ao teu treino, logo estás livre.
Aomine deu por si a revirar os olhos uma vez mais e a suspirar nervosamente. – Vou a caminho. – E desligou.
- Era o Tetsu-kun? O que é que ele queria? Onde vais? – Satsuki disparou perguntas ansiosas umas atrás das outras não dando tempo ao amigo para responder. Se bem que ele também não fazia questão em fazê-lo.
- Leva a mina mala, tenho de ir a Seirin. – Disse simplesmente, ignorando displicentemente as perguntas da rosada, e passou-lhe descuidadamente a sua mochila para os braços.
- O quê? Mas… - Não teve tempo para dizer mais nada pois Aomine disparou a correr no sentido contrário. – Ele é realmente rápido! – Bufou aborrecida.
- Eu não acredito que o chamaste mesmo! – Kagami resmungou assim que viram Aomine correr na direção dos dois.
Kuroko não lhe respondeu e fixou os seus olhos azuis no ex-colega de time que parou à sua frente sem parecer, de todo, afetado pela corrida. Tendo em conta a distância razoável entre as duas escolas era de esperar que estivesse, no mínimo, um pouco ofegante, mas é de Aomine que estamos a falar afinal.
- Ainda bem que pudeste vir Aomine-kun. – Kuroko estendeu a mão dando-lhe um papel. – Está aí a morada do Kagami-kun, caso ele adormeça pelo caminho. Ja ne! – E, num piscar de olhos, desapareceu.
- Oi, Kuroko! – O ruivo ainda tentou protestar, mas já não via o menor em lado nenhum.
De repente uma onda de tosse assolou-o novamente e as suas pernas estremeceram quase levando-o ao chão se não fossem os braços fortes do moreno a segurá-lo a tempo.
- Bakagami, és mais idiota do que eu pensava para saires de casa com uma gripe!
- Cala a boca Ahomine. – Resmungou roucamente para espirrar logo depois.
Aomine revirou os olhos e um sorriso malicioso começou a desenhar-se nos seus lábios. – Escolhe: queres que eu te leve ao colo ou nas costas?
- O quê? – Corou furiosamente. – Eu posso andar! – Protestou.
- Muito bem, então levo-te ao colo. – E o seu sorriso alargou-se.
- Nas costas! – Disse rapidamente, sentindo como as suas bochechas ficavam cada vez mais quentes – e não era por causa da febre.
Com cuidado Aomine largou-o e baixou-se à sua frente, e Kagami sabia que não tinha outra hipótese a não ser subir para as costas do moreno. Aomine suportou o peso do outro com os seus braços e apoiou-o com as suas costas sentindo as mãos do ruivo juntarem-se no seu peito em busca de apoio. Kagami apoiou a cabeça no ombro do moreno e suspirou, fechando os olhos e permitindo-se relaxar, já que parecia não ter outra opção.
- Baka, não adormeças, senão ficas mais pesado. – Aomine falou, só mesmo pelo prazer de provocar o rival.
- Urusai! – Resmungou cansado.
O moreno apenas sorriu vitorioso e olhou para a morada no papel que Kuroko lhe tinha dado; não era muito longe.
…
- Oi, Kagami, acorda! – Abanou-o ligeiramente tentando fazê-lo voltar da sua semi inconsciência.
Kagami não tinha realmente adormecido; derivava entre a realidade e o mundo dos sonhos, não percebia nada do que se passava à sua volta, mas tinha consciência do corpo que o carregava para casa. Abriu os olhos lentamente e piscou algumas vezes tentando focar a sua visão no que quer que fosse que estivesse à sua frente. Quando finalmente conseguiu, reconheceu que estavam à porta da sua casa.
Aomine fez com que o ruivo descesse das suas costas com cuidado e apoiou-o com a lateral do seu corpo, passando um dos braços dele pelos seus ombros e rodeando a sua cintura com um dos seus.
Kagami percebeu que precisariam da sua chave para entrar e levou a sua mão livre ao bolso das suas calças, tirando as chaves e, mecanicamente, entregou-as ao moreno que logo tratou de abrir a porta.
Assim que deitou o ruivo na cama, Aomine tomou a liberdade de ir à cozinha e depois de muito procurar acabou por encontrar um recipiente, que encheu de água, e um pano, voltando para o quarto logo depois.
- O que estás a fazer? – Kagami perguntou ainda meio tonto pela febre.
- O que é que te parece idiota? – Resmungou. Molhou o pano na água fria e dobrou-o, colocando-o sobre a testa do ruivo.
Kagami estremeceu com o contacto frio, mas logo depois sentiu-se relaxar sob as cobertas quentes. Queria perguntar ao outro porque raio ele parecia estar a preocupar-se tanto, queria perguntar se ele estaria ali quando acordasse; sabendo, apesar de tentar negar a si próprio, que sim, queria que ele estivesse. No entanto, não pôde perguntar mais nada já que a inconsciência abateu-se sobre si de vez.
…
Aomine acordou num sobressalto com um barulho vindo da cozinha, tinha acabado por adormecer na cadeira que tinha puxado para o lado da cama para vigiar o ruivo. Normalmente não acordaria nem que uma bomba explodisse lá fora, mas por alguma razão os seus sentidos estavam mais alerta que o normal.
Olhou para a cama onde o outro estava deitado… "estava" sendo a palavra-chave pois neste momento a cama encontrava-se vazia.
De repente lembrou-se do barulho que tinha ouvido e pulou da cadeira correndo até à cozinha; perto da bancada Kagami estava desmaiado no chão de barriga para baixo.
- Merda, Kagami! – Apressou-se para junto do ruivo e virou-o pondo uma mão na sua testa e constatando que a febre tinha piorado e suava sem parar. – Baka. – Resmungou baixinho e, com cuidado, pegou-o ao colo levando-o de volta ao quarto.
Tirou-lhe a roupa que ele ainda vestia, deixando-o apenas em boxers para poder limpar todo aquele suor que lhe escorria pelo corpo. Feito isto voltou a tapá-lo e a pôr um pano húmido na sua testa. Ficou, por momentos, a olhar para o ruivo deitado na cama, pensando no que fazer a seguir. Olhou a cadeira e voltou a olhar para o outro decidindo-se.
- Daiki… - Kagami sussurrou meio acordado ao sentir um corpo deitar-se ao seu lado e um braço fazer peso na sua cintura.
Aomine prendeu a respiração por momentos ao ouvir o seu primeiro nome, mas logo se recompôs clareando a garganta. – Dorme. – Pronunciou baixinho ao seu ouvido.
- Hum… - Gemeu ensonado virando-se de frente para o outro. Abriu os olhos lentamente fixando as suas iris vermelhas nos olhos azuis-escuros do moreno que o miravam atentamente.
Por instantes Aomine sentiu-se perder nos olhos febris do ruivo e logo uma força invisível parecia puxá-lo na sua direção.
O beijo não durou mais que alguns segundos, apenas um tocar de lábios; no entanto, fora o suficiente para despertar algo desconhecido dentro de cada um, mesmo que nenhum deles se desse conta disso no momento.
Talvez fosse o ponto de partida para algo, mas por agora o que importava era que o ruivo estava doente e precisava melhorar.
- Ao… - Hesitou. – Daiki? – Indagou confuso. Por alguma razão parecia certo chamá-lo pelo primeiro nome. Ou talvez fosse o seu estado febril que não lhe permitia pensar coerentemente.
- Dorme. – Repetiu. Sentia-se confuso com tudo aquilo, mas não valia apena pensar nisso agora.
Por fim, Kagami deu-se por satisfeito (ou simplesmente não conseguiu resistir mais ao sono) e rendeu-se à inconsciência.
Aomine olhou para o relógio em cima da mesa-de-cabeceira e depois para a janela do quarto constatando que já tinha anoitecido. Decidiu que ficaria ali, afinal, alguém tinha de tomar conta daquele idiota.
Aquilo que acontecera há minutos atrás fora estranho, confuso e impensado, mas ao mesmo tempo parecera tão certo. Talvez no dia seguinte eles discutissem por causa daquilo, pois ambos eram teimosos e orgulhosos até dizer chega. Como Kuroko costumava dizer, ambos eram dois grandes idiotas que não sabiam quando dar o braço a torcer. Oh sim, eles iriam discutir. Mas talvez o resultado disso não fosse ruim.
Owari!
